quarta-feira, 3 de junho de 2020

FLYING LAPS – MAIO DE 2020

            E o mês de maio já se foi, e estamos agora em junho. Praticamente metade de 2020 já se passou. Infelizmente, apesar de algumas boas notícias, ainda estamos em um grande panorama de incerteza em muitos lugares do mundo, como o Brasil, ainda envolvido com a pandemia do coronavírus covid-19, que fez todo o mundo entrar em parafuso, com muitas consequências. Os principais campeonatos do mundo do esporte a motor tentam planejar o que podem fazer em relação ao restante de 2020, com o início de algumas disputas já serem retomadas em julho. Enquanto aguardamos o início do segundo semestre, vamos repassar nesta sessão Flying Laps alguns acontecimentos do mundo da velocidade que tivemos neste mês de maio, com alguns comentários rápidos, como de costume. Uma boa leitura para todos, e esperemos ter notícias melhores no mês que vem, com a melhores condições do mundo voltar a ter um pouco de normalidade, e deixarmos este momento cheio de incertezas para trás... Até breve, então...

 O piloto alemão Daniel Abt acabou perdendo o emprego na equipe oficial da Audi na Formula-E, devido a uma burla das regras em uma corrida virtual disputada neste mês de maio. O ePrix virtual de Berlim, que fazia parte de um campeonato de eSports, viu o piloto usar um “dublê” em seu lugar na corrida, no caso, Lorenz Hoerzing, piloto profissional de eSports. O desempenho de Abt na etapa chamou a atenção pelo bom desempenho do piloto, que até então vinha tendo um desempenho medíocre nas etapas disputadas anteriormente, terminando a etapa virtual na terceira colocação. Mas a farsa acabou descoberta. Abt pediu desculpas pelo que fez, e ainda tentou justificar como uma brincadeira, para mostrar o que um piloto de simulador poderia fazer numa competição contra pilotos reais em uma prova virtual, e que não teve nenhuma intenção desonesta de trapacear, alegando que revelaria tudo depois. Os pilotos desconfiaram de como Daniel, de repente, passou a ter um desempenho tão bom, chegando até a liderar o maior número de voltas da corrida virtual disputada no traçado de Tempelhof. O piloto acabou desclassificado, e tomou uma multa de cerca de US$ 10 mil, cujo valor seria destinado a uma instituição de caridade. A princípio, Daniel acabou suspenso pela Audi, enquanto seu “dublê”, Lorenz Hoerzing, foi banido das atividades virtuais desenvolvidas pela Formula-E. Mas, pouco depois, a Audi resolveu dispensar Daniel Abt, cujo contrato ia até o final da atual temporada da F-E, que encontra-se paralisada em razão da pandemia do coronavírus. O desempenho do piloto, que estava bem abaixo de Lucas Di Grassi na atual temporada, já vinha dando margem a boatos de que ele poderia não ter o seu contrato renovado para a próxima temporada. Agora, com sua dispensa imediata, quando o campeonato recomeçar, o piloto brasileiro já terá um novo companheiro de equipe na escuderia da marca alemã. Embora nunca tenha tido os mesmos resultados que Lucas, Daniel até que conseguia ter alguns bons desempenhos, chegando a vencer algumas corridas. A Audi era o único time que manteve a sua dupla de pilotos desde o início da F-E até agora, caso raro de estabilidade na categoria dos carros elétricos.


Por mais que muitos tenham entendido a punição da Audi a Daniel Abt, diversos pilotos, contudo, preferiram contemporizar, criticando o castigo como excessivo. E muitos já pensam em não participar mais destas provas virtuais, com receio de alguma atitude que cometerem acabar lhes custando um castigo desmedido na vida real. De certa forma, não estão errados. As corridas virtuais foram criadas para oferecer aos fãs algum tipo de diversão durante este momento crítico da pandemia do coronavírus, que suspendeu praticamente todos os campeonatos esportivos mundiais, incluídos os de automobilismo. A desclassificação e multa, para muitos, já teria sido punição suficiente para Abt, até porque ele tentou se desculpar publicamente. Infelizmente, para outros, sua atitude foi considerada nociva, uma vez que como piloto da Audi, ele representa a imagem da empresa alemã na competição dentro da pista, e uma trapaça de ter deixado outra pessoa correr em seu lugar aparentemente deixou alguém na cúpula da empresa irritado. E também acho que foi exagerado o que fizeram. Regras são regras, é verdade, mas em uma competição virtual, por vezes acabamos cometendo certos atos que nunca faríamos na vida real. Talvez por ser uma competição “oficial” tenha pesado, e até demais. Muitos pilotos não tem participado destas provas virtuais que vem sendo realizadas, por não terem a mínima vontade, além de não considerarem uma disputa real, e depois de verem o que aconteceu com Abt, apesar da culpa do piloto alemão, irão ficar ainda mais longe de competições de simuladores. Mas campeonatos de esportes virtuais também podem ser levados muito a sério, e quando se concorda em competir em algo assim, é preciso respeitar as condições impostas, sem mencionar que a Audi tem responsabilidade para com seus patrocinadores, e uma trapaça como a que seu piloto fez rende pontos negativos para a empresa, e não vamos esquecer que, há pouco tempo atrás, o Grupo Volkswagen, ao qual pertence a Audi, foi pego em um escândalo em resultados fraudulentos das emissões de gases poluentes de seus carros movidos a diesel, o que rendeu uma multa bilionária ao grupo, além de outros percalços. Portanto, não é de se admirar que a tolerância para atitudes consideradas falsas esteja bem curta. Foi um lapso que infelizmente poderá custar muito caro a Abt, que vinha até então em uma boa relação com a Audi, e que agora, quando as competições voltarem ao normal, terá o trabalho de ter de arrumar uma nova ocupação, e ter esse fato no currículo poderá pesar na decisão de potenciais empregadores para o agora desempregado piloto.

Enquanto a pandemia continua fazendo estragos financeiros no mundo inteiro, pelo menos uma categoria automobilística acabou indo para o vinagre por causa da paralisação causada pelo coronavírus. O Jaguar i-Pace e-Trophy, a categoria de turismo de carros elétricos que vinha tendo etapas disputadas em parte dos fins de semana da F-E, será descontinuada pela marca inglesa ao fim da atual temporada. O campeonato teve agora sua primeira temporada, encerrada no ano passado, tendo como campeão o brasileiro Sérgio Jimenez. A Jaguar justificou sua decisão alegando que a pandemia forçou a empresa a rever seus investimentos mundo afora, e teve também o agravante de que a categoria não conseguiu “pegar” junto ao público, como ocorreu com a Formula-E. Os grids contaram com poucos participantes, e as corridas também não apresentaram toda a emoção que os fãs esperavam, uma vez que os tamanho dos carros competindo nas pistas estreitas dificultavam as ultrapassagens, impedindo que as disputas fossem mais viáveis para quem não largava nas primeiras posições. De fato, se para os monopostos do certame da F-E as pistas já vinham sendo muito “travadas”, os carros de turismo de fato ficavam com as disputas ainda mais difíceis. Infelizmente, com as montadoras tendo suas finanças impactadas de forma contundente pela queda da atividade comercial provocada pela pandemia, não é de admirar que as empresas estejam repensando seus projetos que ainda estivessem para gerar frutos, a fim de se concentrarem no que já está consolidado. E por causa disso, o Jaguar i-Pace e-Trophy acabou sendo o escolhido para se puxar a tomada. A iniciativa era muito válida, e quem sabe pode ser retomada em um futuro breve, repaginada, e com melhores condições de oferecer o show que os fãs do esporte a motor anseiam...

 Enquanto o campeonato da MotoGp não começa, algumas peças se movem para a temporada de 2021. E uma delas foi a contratação de Jack Miller pelo time oficial da Ducati, para guiar para a escuderia italiana no próximo ano. Miller atualmente é piloto da Pramac, time satélite da Ducati. Mas o time ainda não definiu quem será seu companheiro na escuderia, que para este ano conta com Andrea Dovizioso e Danilo Petrucci. Andrea foi vice-campeão nas últimas três temporadas, tendo sido o mais frequente rival para Marc Márquez na classe rainha do motociclismo. Porém, apesar do empenho de Dovizioso, comenta-se que o time estaria começando a ver estas derrotas pelo lado negativo da situação, e não pelo lado positivo. Pela lógica, Petrucci, que chegou ao time no ano passado, seria o mais indicado a ser dispensado, o que acabou se confirmando em uma declaração do piloto nesta semana. Até então, nenhum dos dois pilotos titulares da equipe de Borgo Panigale estava garantido para a temporada do ano que vem. Por outro lado, a Ducati também está jogando no escuro, uma vez que, com o campeonato paralisado pela pandemia do coronavírus, não tem como avaliar o desempenho de seus atuais pilotos. E com isso, o risco de tomar a decisão errada sobre quem seria dispensado aumenta. Restava saber quem iria sobrar nesta história, e acabou sendo Danilo, que agora terá de procurar um lugar para correr na próxima temporada da MotoGP...

 E a classe rainha do motociclismo contabiliza mais duas baixas nas provas potenciais da temporada de 2020, que nem teve chance de ser iniciada pela pandemia do coronavírus. As novas etapas a capitular foram as provas da Grã-Bretanha, que seriam disputadas no circuito de Silverstone; e a etapa da Austrália, no circuito de Phillip Island. Com o governo inglês impondo quarentena de duas semanas a quem vier de fora do país, para controlar a pandemia, acabou-se criando um empecilho que inviabiliza a presença dos profissionais da categoria para a disputa da prova. Por motivos parecidos, mais ligados à logística, e por ainda não haver uma data para reabertura das fronteiras, a corrida na Austrália também ficou complicada de ser realizada neste ano, pelo que os organizadores resolveram tomar a decisão mais factível, e aguardar até o ano que vem para a corrida voltar a ser disputada. O mesmo tipo de decisão que optou por deixar a prova de Silverstone para 2021. Apesar da possibilidade de exceção aberta pelo governo inglês para esportes de elite, que pode ajudar a realização das provas de F-1 em solo inglês programadas para o início de agosto, a MotoGP preferiu o cancelamento da corrida, programada para o fim de agosto. A MotoGP trabalha agora com a chance de dar início à temporada 2020 no mês de julho, inicialmente com duas etapas na Espanha, mas tudo ainda depende do governo espanhol permitir a realização das corridas.


Outra prova da MotoGP que corre risco de não ser disputada em 2020 é a dos Estados Unidos. A corrida seria a terceira da temporada, que acabou suspensa pela pandemia, mas não foi oficialmente cancelada. O problema é que o surto do coronavírus continua em alta nos Estados Unidos, onde a Covid-19 já fez mais de 100 mil mortos, e a reabertura das atividades ainda segue incerta, apesar de algumas liberações já estarem programadas para o mês de junho. Mas Austin, no Texas, cidade onde está o Circuito das Américas, baixou medida proibindo eventos que gerariam aglomeração de pessoas até dezembro, o que pode inviabilizar a realização da corrida, o que também ameaça a prova da F-1. A cidade está sendo bastante cautelosa nos procedimentos de reabertura das atividades comerciais, e apesar de haver um tempo razoável até o fim do ano, ninguém arrisca um prognóstico de como a situação se desenrolará até lá. Pode ser que a pandemia fique controlada, ou continue em alta. Por enquanto, parece que a classe rainha tentará viabilizar o maior número de provas na Europa, onde poderá ter menos problemas com logística, além de ter maior controle sobre o deslocamento de seus profissionais.

A cidade de Toronto, que atualmente abriga a única etapa do campeonato da Indycar fora dos Estados Unidos, ainda deixa em suspense se a corrida deste ano poderá ser realizada. A prova, marcada inicialmente para o mês de julho, foi adiada devido à pandemia da Covid-19. Entre as medidas aprovadas na cidade canadense, estão a proibição de eventos de grande porte até o final de agosto, e mesmo assim, a proibição ainda está sujeita ao desenrolar dos acontecimentos no que tange ao combate à disseminação da pandemia, uma vez que nos Estados Unidos o número de infectados e mortos pela doença são os maiores do mundo. A categoria já cancelou a etapa de Richmond, e fez Road America ganhar uma rodada dupla para compensar. Mas até o presente momento não temos como saber se Toronto ainda terá a sua prova este ano, ou se ela será cancelada definitivamente, para só retornar em 2021.


Pelo seu lado, a IMSA preferiu ser mais prática, e já anunciou que o Wheather Tech Sportscar, o seu campeonato de Endurance, não terá nenhuma prova disputada no Canadá este ano, deixando a etapa de Mosport com retorno programado para 2021. O certame deve ser retomado no início de julho, com uma prova no circuito de Daytona, na Flórida, e depois, em Sebring, em meados do mês, se tudo correr bem.

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