quarta-feira, 4 de setembro de 2019

FLYING LAPS – AGOSTO DE 2019


            E já estamos no início do mês de setembro de 2019. A F-1, depois de seu período de férias, voltou com tudo, mas enquanto a categoria máxima do automobilismo descansou um pouco, vários outros campeonatos continuaram acelerando firme em suas competições, com muita movimentação em alguns deles. E para relacionar alguns fatos nestas outras categorias, vamos a mais uma sessão Flying Laps, relacionando e comentando alguns dos acontecimentos do mundo do esporte a motor ocorridos neste último mês de agosto, em notas rápidas, citando eventos do campeonato da MotoGP, e também um pouco da Stock Car, e também da Indycar, com alguns comentários rápidos com meus pontos de vista. Então, aproveitem e curtam o texto, e até a próxima sessão Flying Laps do mês que vem...


O circuito de Zeltweg permanece um feudo intocável da Ducati na MotoGP. Há algumas temporadas que a equipe italiana anda forte na pista da Áustria, e a escrita se manteve neste ano, e mais uma vez, com decisão só na reta de chegada. Marc Márquez, como de costume, chegou chegando, marcando mais uma pole-position, e reafirmando seu favoritismo quase único de candidato ao título da classe rainha do motociclismo na atual temporada. Mas a “Formiga Atômica” largou mal, acabou superado por alguns pilotos, e precisou ir à caça de todos. E Andrea Dovizioso, depois de várias corridas com atuações apenas medianas para quem tem o desejo de lutar pelo título, mais uma vez despertou com tudo no circuito da Estíria, travando um duelo acirrado com o atual pentacampeão mundial da equipe oficial da Honda. Mais atrás, Fabio Quartararo fazia uma excelente corrida, enquanto Valentino Rossi escalava o pelotão, até chegar na 4ª colocação, o limite para sua Yamaha, travando uma luta quase solitária com Fabio, mas sem conseguir destronar a jovem promessa da última posição do pódio. Mas a emoção estava lá na frente, com Dovizioso e Márquez a trocarem de posição, e dando a impressão de que a dinastia da Ducati no autódromo da Red Bull iria finalmente findar. Mas, a exemplo do que já havia acontecido em ocasião anterior, Dovizioso mergulhou com mais eficiência na última curva, reassumindo a ponta na entrada da reta de chegada, bem na última volta, para receber a bandeirada novamente em primeiro lugar, provocando novamente o gosto amargo da derrota in extremis na boca de Marquez. Quartararo fechou o pódio, seguido pela dupla da Yamaha, com Rossi a garantir a 4ª posição, seguido de Maverick Viñales em 5º. Alex Rins, da Suzuki, foi o 6º colocado.


Marc Marquez confessou ter ficado chateado com a derrota na Áustria, mas nem podia reclamar muito, já que ele continuava com uma vantagem enorme na classificação, dada a inconstância de resultados de seus adversários, em especial de Andrea Dovizioso, que embora tenha sido vice-campeão nas duas últimas temporadas, não vem tendo um desempenho constante para ameaçar o favoritismo disparado do piloto da Honda. Mas se perder uma prova na última curva da última volta é algo frustrante, a dose acabou se repetindo em Silverstone, no GP da Inglaterra. Márquez novamente marcou a pole-position, a sua 60ª na categoria, em um total de 120 corridas, o que dá a Marc a estupenda marca de 50% de aproveitamento em poles em provas disputadas, um número de fazer inveja a qualquer um. Mas largar na frente é uma coisa, e chegar ainda na frente é outra, e os concorrentes estavam ali à espreita para estragar a festa de Márquez na pista inglesa. Valentino Rossi, largando em 2º, até tentou, mas o “Doutor” foi ficando para trás durante a corrida, sendo superado por Alex Rins e pelo companheiro de equipe Maverick Viñales. Se o piloto da Yamaha parecia não ter forças para desafiar o favoritismo do piloto da Honda, Rins tinha outras idéias, e partiu para cima do espanhol conseguindo tomar-lhe a liderança da corrida. Mas Marc tratou de colocar ordem na casa, e reassumiu a dianteira da prova. Mas sem conseguir deixar o piloto da Suzuki para trás. Muito pelo contrário, Rins continua grudado na traseira de Márquez, que ora escapava um pouco, ora se via novamente acossado por Alex. E, tal como aconteceu em Zeltweg, Rins deu um drible sutil na entrada da Woodcote, a última curva da pista, entrando na reta de chegada emparelhado com Márquez, e tomando-lhe a vitória por meros 0s013, numa chegada que levantou o público nas arquibancadas de Silverstone. Viñales ainda chegou bem perto da dupla, dando impressão de que poderia até se meter no meio da disputa, mas acabou fechando o pódio, com Rossi terminando mais uma vez em 4º lugar.


Apesar de ser derrotado duas vezes na reta de chegada, Marc Márquez não tem do que reclamar muito no campeonato da MotoGP. O piloto da Honda disparou ainda mais na frente, contabilizando 250 pontos, enquanto o vice-líder da competição, Andrea Dovizioso, tem 172 pontos, uma diferença de 78 pontos, de modo que mesmo que Marc fique sem pontuar pelas próximas 3 corridas, ele ainda ficará na dianteira da competição, mesmo que Dovizioso vencesse as 3 provas. Alex Rins, com a vitória, é o 3º colocado, com 149 pontos, tendo superado Danilo Petrucci, que caiu para 4º, com 145 pontos. Logo a seguir, vem a dupla da Yamaha, com Maverick Viñales finalmente conseguindo superar Valentino Rossi na classificação, em 5º lugar, com 118 pontos, contra 116 do “Doutor”, em 6º lugar. Dovizioso, aliás, teve um tremendo susto na etapa inglesa, logo após a largada, quando Fabio Quartararo caiu de sua moto na primeira curva do circuito, a Copse, e ficou na trajetória do piloto da Ducati, que acertou a moto de Fabio em cheio, decolando, e caindo para a escapatória, em um acidente que deixou todo mundo assustado, não apenas pela queda de Andrea, mas por sua moto ter até um princípio de incêndio, pegando fogo logo a seguir. Felizmente, apesar do enorme susto, ambos os pilotos tiveram alta, em que pese Dovizioso ter tido até uma perda momentânea de memória com a queda. Apesar da violência da pancada sofrida, nenhum dos dois teve nenhum ferimento de monta, fora o enorme susto.


A Stock Car Brasil disputou no último dia 25 de agosto a prova mais badalada do calendário da competição, a Corrida do Milhão, na pista do autódromo José Carlos Pace, em Interlagos. Lucas Di Grassi, convidado para disputar a corrida pela equipe Eurofarma, surpreendeu os favoritos ao marcar a pole-position para a corrida. O piloto, que já foi campeão da Formula-E, manteve a boa performance na corrida, largando bem, e liderando a prova com competência, até o pit stop obrigatório, quando acabou superado por Ricardo Maurício, companheiro na equipe Eurofarma. Aí começou um belo duelo de Lucas para retomar a liderança, mas Di Grassi acabou consumando a ultrapassagem sobre o companheiro de equipe passando pela área externa da entrada dos boxes, no que foi considerado uma ultrapassagem irregular pela direção de prova, que como mandava o regulamento, aplicou a penalidade do drive through, onde Lucas deveria ir para o box e retornar a pista, perdendo completamente as chances de vitória. Mas Lucas resolveu permanecer na pista, o que fez com que o piloto fosse desclassificado e excluído do resultado da corrida. Assim, Ricardo Maurício ficou com a vitória, com Gabriel Casagrande terminando em 2º lugar, e Daniel Serra fechando o pódio em 3º lugar. Lucas reclamou da maneira como foi punido, alegando que poderia ter devolvido a punição, se lhe fosse pedido, e que apesar da ultrapassagem ter sido irregular, não teve vantagem na manobra. Infelizmente, nestes casos, o regulamento da Stock prevê apenas a punição do drive through, sem alternativa de se devolver a posição para uma ultrapassagem feita “além dos limites da pista”. Quanto a levar vantagem, a manobra foi de fato arriscada, mas feita de maneira realmente irregular, pois Lucas cruzou com as quatro rodas de seu carro pela parte de fora da pista, entre a via de acesso aos boxes e a reta de chegada, ganhando um espaço que, de forma legal, não existia, com Ricardo Mauricio tendo fechado a porta de forma legal, sem dar o devido espaço, encontrado por Lucas apenas passando do lado de fora. Uma pena a atitude de Di Grassi, que chegou como convidado, e estava fazendo uma grande prova na Corrida do Milhão, com boas chances de ganhar, e ainda por cima, entrando em atrito com a CBA e as regras estabelecidas para a Stock Car, que podem até precisar de melhorias e aperfeiçoamentos, mas sendo algo que cabe à própria categoria, seus times e pilotos regulares. Como um competidor eventual, deve-se ter o respeito pelas regras da competição, tanto quanto possível. E neste caso, infelizmente, não há como defender a posição de Di Grassi.


Nada como um dia depois do outro, diz o ditado. Que o diga Takuma Sato. O piloto japonês, que corre pela Rahal/Letterman/Lannigan no campeonato da Indycar, sofreu uma verdadeira malhação de judas devido ao acidente que acabou provocando no início das 500 Milhas de Pocono, que levou ao abandono de 5 carros logo na primeira volta da corrida, ele incluso, sendo que um dos pilotos acidentados, Felix Rosenqvist, foi até parar com seu carro empinado no alambrado, numa cena que fez todos lembrarem do violento acidente de Robert Wickens na mesma pista, no ano passado, que deixou o piloto canadense paraplégico, e em recuperação até os dias de hoje. No fim de semana seguinte, mais uma pista oval, em Gateway, e eis que o japonês voador, entre as surpresas da parte final da prova, venceu a corrida, em um pódio que teve também Ed Carpenter, e Tony Kanaan, com o brasileiro a lavar a alma numa temporada quase exclusiva de resultados ruins com a Foyt, em um improvável 3º lugar, que foi muito comemorado pelo piloto brasileiro, que aproveitou para alfinetar os críticos pelos maus resultados da temporada atual, onde infelizmente a Foyt só não tem andado mais para trás porque já está praticamente no fim do pelotão. Entre os postulantes ao título da temporada, Alexander Rossi não teve o resultado que esperava, terminando a prova apenas em 13º. Simon Pagenaud foi o 5º colocado, resultado que o fez assumir a vice-liderança na classificação. Já Josef Newgarden até que vinha bem, mas precisou agir rápido para evitar de colidir com Santino Ferrucci, que perdeu o controle do carro e quase atingiu o muro, voltando para a linha interna da última curva quase na frente do piloto da Penske, que rodou com o carro para evitar bater contra o carro do piloto da Dale Coyne, o que lhe custou terminar a corrida em 7º lugar, o que ainda o manteve com razoável conforto na liderança do campeonato. Mas quem teve azar mesmo foi Scott Dixon, que ainda tentava se manter na luta pelo título. O piloto da Chip Ganassi vinha fazendo uma corrida consistente, e tinha tudo para se manter na briga, mas o carro do neozelandês apresentou problemas, e praticamente acabou com as esperanças de tentar mais um título, que já estava difícil.


Uma no cravo, outra na ferradura. Will Power parecia ter tirado a sorte grande nas 500 Milhas de Pocono. A maior ameaça à sua permanência na equipe Penske, Alexander Rossi, havia confirmado sua renovação com a equipe Andretti por mais duas temporadas, e depois de alguns percalços na temporada, o australiano finalmente venceu uma corrida, parecendo que ia dar fim à onda de altos e baixos apresentada este ano. Mas parece que faltou reza, pois em Gateway, Power acabou batendo depois de 52 voltas de prova, ocasionando a primeira bandeira amarela da corrida, e ficando por ali mesmo. Com Newgarden e Pagenaud garantidos para 2020, a Penske ainda não se manifestou oficialmente se Power permanecerá no time para o próximo ano, mas é provável que o australiano permaneça, até porque não há melhores opções no mercado. Mas é melhor Will tratar de fazer bonito nas provas finais, pois seguro, como se sabe, morreu de velho...


Entre as fofocas de bastidores na Indycar, uma delas fala que Hélio Castro Neves, se quiser disputar as 500 Milhas de Indianápolis do próximo ano, terá de arrumar um time. O brasileiro, que compete pela Penske no IMSA Wheather Tech Sportscar, não teria mais um carro à sua disposição para disputar a prova pela Penske, como ocorreu nestes últimos dois anos. Helinho continuará firme no IMSA em 2020, no time de Roger Penske, mas este o teria liberado para participar da próxima Indy500 por outra escuderia, já que parece não ter interesse em alinhar um 4º carro para as etapas no Indianapolis Motor Speedway. Com três triunfos na mítica corrida, o sonho de chegar a uma 4ª vitória e ficar ao lado dos maiores vencedores da história de Indianápolis parece estar ficando cada vez mais longe. Mas quem sabe o brasileiro não consegue reverter as expectativas, e ainda chegar lá? A conferir no próximo ano... Talvez uma mudança de ares possa fazer bem, em correr por outro time nesta prova.
 



Nenhum comentário: