sexta-feira, 20 de setembro de 2019

DECISÃO EM LAGUNA SECA

A Indycar chega a Laguna Seca para a decisão da temporada 2019.

            O campeonato 2019 da Indycar chegou à sua derradeira etapa para a decisão do título da competição. Na parada, Josef Newgarden, Alexander Rossi, e Simon Pagenaud entrarão na pista para ver quem levará o troféu de campeão da temporada. Depois de ficar de fora da decisão no ano passado, a Penske chega com força com 2 pilotos na luta pelo bicampeonato, enquanto o rival Rossi, da Andretti, ainda procura o seu primeiro título. Com 41 pontos de vantagem, Newgarden é o grande favorito para conquistar o seu segundo título, mas como a prova que encerra a temporada tem pontuação dobrada, com o vencedor levando 100 pontos, não é bom brincar com os números de forma leviana.
            Isso explica porque Simon Pagenaud, apesar de uma campanha até meio sem sal na temporada deste ano, ainda está na disputa, embora chegue à última corrida meio que como um azarão, o que pode ser o seu grande trunfo para surpreender os rivais na pista, apesar da desvantagem de 42 pontos. Em tese, o francês tem as mesmas chances de Rossi, mas pela atuação menos destacada no ano, dá a impressão de ter as menores chances. Isso porque, tirando suas três vitórias, apenas em uma ocasião ele subiu ao pódio, tendo um desempenho bem mais discreto nas demais corridas.
            Josef Newgarden foi o piloto que mais venceu no ano, com 4 vitórias, mas além disso, subiu ao pódio mais 3 vezes, com duas segundas colocações e um terceiro lugar. Rossi, por sua vez, venceu duas provas, teve três segundos lugares, e dois terceiros. Mais do que isso, Newgarden terminou outras 3 provas em 4º lugar, e mais duas em 5º. Pagenaud, por outro lado, conseguiu apenas 1 4º e 1 5º lugares. Já Alexander não abocanhou nenhum 4º lugar, mas foi 4 vezes 5º colocado. Em outras palavras, Newgarden tem uma campanha mais constante do que a dos rivais até aqui, tendo tido também menos problemas, ou podemos dizer, menos azares durante a temporada, que poderiam ter resultado em perda potencial de muitos pontos. E cometido também menos erros, dos quais uma exceção foi sua tentativa de ganhar posição em cima de Ryan Hunter-Reay na volta final em Mid-Ohio, onde forçou passagem e acabou rodando, indo parar fora da pista e perdendo várias colocações.
            É difícil fazer um prognóstico preciso de quem estará em vantagem na pista domingo. Uma das atrações da temporada, o circuito de Laguna Seca Raceway, na Califórnia, faz sua estréia na atual Indycar. A pista sediou pela primeira vez uma corrida Indy em 1983, tendo o italiano Teo Fabi como vencedor, quando estreou no calendário da F-Indy original. O circuito permaneceu no calendário da categoria até 2004, quando presenciou sua última prova por lá, tendo como vencedor o canadense Patrick Carpentier. Durante os anos em que fez parte da F-Indy original, Laguna Seca viu três pilotos brasileiros no lugar mais alto do pódio. Em 1995, no seu ano de estréia na categoria norte-americana, Gil de Ferran obteve lá sua primeira vitória, que lhe deu o título de “Rokkie of the Year” do ano. Cinco anos depois, em 2000, Hélio Castro Neves repetiu o triunfo verde-amarelo no circuito californiano, que teria pela última vez a vitória de um brasileiro em 2002, com Cristiano da Matta.
            Dos pilotos do grid atual, apenas Tony Kanaan e Scott Dixon competiram em Laguna Seca quando ainda disputavam a antiga Indy. Infelizmente, para Kanaan, isso não representa nenhuma vantagem, diante da pouca competitividade de sua equipe Foyt este ano, o que deve significar mais um fim de semana complicado tanto para ele quanto para seu compatriota Matheus Leist. Já Dixon chega a Laguna Seca fora da disputa pelo título, depois dos azares sofridos nas últimas corridas, que derrubaram suas chances de tentar chegar a um sexto título. Mas o neozelandês pretende fechar a temporada ao menos com chave de ouro, se possível com uma vitória, o que pode complicar a situação dos três postulantes ao título.
A curva do Saca-Rolha é um dos desafios do circuito de Laguna Seca.
            Localizada entre as cidades de Monterrey e Salinas, Laguna Seca ocupa o lugar que nos últimos anos foi da pista de Infineon, em Sonoma, ali mesmo na Califórnia, como prova final de encerramento do campeonato. O circuito não conseguiu renovar o seu acordo com a Indycar, e a pista, apesar de algumas boas corridas, não vinha conseguindo atrair público suficiente para cobrir as despesas da corrida. Para os pilotos, o traçado cheio de curvas e travado era complicado por dificultar as ultrapassagens, de modo que quem largasse muito atrás precisava contar muito com a sorte para conseguir avançar na corrida.
            Uma situação que pode não ser muito melhor em Laguna Seca. O traçado tem um design mais simples do que o de Infineon, e a pista também é um pouco estreita, tendo uma extensão de 3,6 Km, com 11 curvas, e trechos de reta curtos. O grande destaque da pista é a famosa curva “Saca-Rolha” no alto da colina, onde os pilotos entram praticamente às cegas, sem enxergar sua saída. Em sua configuração original, usada desde sua inauguração em 1957 até 1987, o traçado da pista era um pouco menor, com um trecho que reta que ligava as atuais curvas 2 e 5, o que favorecia as tentativas de ultrapassagens. A partir de 1988, o circuito passou a ter um novo trecho com mais 2 curvas, em baixa velocidade, após a curva 2, circundando o pequeno lago que existe dentro do terreno do autódromo, o que tornou a pista mais difícil nas ultrapassagens. Em 1996, o trecho em descida depois da curva do Saca-Rolha ficou menor, com a reta dos boxes ganhando mais um pouco de extensão, a fim de permitir maiores oportunidades de ultrapassagem naquele trecho. O recorde da pista até hoje é do brasileiro Hélio Castro Neves, obtido em 2000, com o tempo de 1min07s722, marca que deverá ser batida pelos atuais Indycars.
            O traçado tem um trecho na colina, com um bom trecho em subida, até chegar na Saca-Rolha, de onde se volta para baixo em um trecho bem curto. Em 1996, o italiano Alessandro Zanardi surpreendeu o estadunidense Brian Herta no finalzinho da corrida, ao fazer uma ultrapassagem pela área de escape da curva Saca-Rolha, garantindo assim a vitória, numa manobra arrojada que pegou o rival de surpresa. Infelizmente, esta curva também tem um lado negativo na história do circuito: foi em 1999, quando o uruguaio Gonzalo Rodriguez, então competindo pela Penske, perdeu os freios na aproximação da curva, seguindo reto, e colidindo com a barreira de pneus, fazendo com que seu carro capotasse, e despencasse na ribanceira logo atrás. O carro caiu de cabeça para baixo, e o piloto não resistiu aos ferimentos, falecendo.
            Bobby Rahal foi o maior vencedor em Laguna Seca, com 4 vitórias, todas consecutivas, entre 1984 e 1987. Michael Andretti venceu a corrida em 3 oportunidades, em 1991 e 1992, incluída a prova extra-campeonato do Marlboro Challenge, que era disputada naquela época. Com dois triunfos “oficiais”, temos Patrick Carpentier, Danny Sullivan, Brian Herta, e Paul Tracy. Fora os brasileiros já citados anteriormente, a pista ainda viu vitórias de Rick Mears, Alessandro Zanardi, Jimmy Vasser, e Maxxmiliano Papis. Em 1989, Al Unser Jr. faturaria a edição do Marlboro Challenge disputado no circuito.
Circuito na Califórnia esteve presente no calendário da F-Indy original de 1983 a 2004.
            Podemos esperar uma corrida onde tudo pode acontecer neste domingo. O trecho de largada tem um bom pedaço em descida, com a primeira curva sendo bem suave, mas conduzindo até o grampo da curva 2, onde todo mundo terá de fazer uma freada forte. E já vimos casos este ano de alguns pilotos que acabaram perdendo o ponto de freada em curvas fechadas, sendo o caso mais recente o da prova de Portland, não por acaso outro circuito que teve seus bons tempos na antiga F-Indy. Newgarden, Rossi e Pagenaud estarão mirando em seus concorrentes, mas também precisam ficar atentos aos rivais na pista, que estarão fazendo suas corridas, e não vão dar mole só porque eles estarão decidindo o título. A se confirmarem as dificuldades de ultrapassagens, uma boa posição de largada será fundamental para não ficar preso atrás de carros potencialmente mais lentos na prova, precisando apelar para uma boa estratégia para superar a situação.
            Rossi e Pagenaud não tem muitas opções. É simplesmente partirem para o ataque, e torcer para um tremendo azar de Newgarden, que pode jogar um pouco com sua vantagem na pontuação, a fim de evitar correr alguns riscos. Josef se caracterizou por ser um piloto bastante agressivo, mas neste ano ele aprendeu a domar um pouco mais seu arrojo, procurando muitas vezes garantir bons pontos a arriscar-se na busca de um resultado que poderia até ser melhor, mas poderia comprometer sua boa performance na prova em questão. Adotando um estilo mais cerebral, o piloto conseguiu se manter sempre entre os ponteiros na tabela, e não perdeu o foco nos momentos mais complicados, quando tinha tudo para entrar em parafuso e acabar abrindo a guarda para os rivais.
            Podemos esperar por uma boa corrida em Laguna Seca. E um encerramento de temporada à altura da tradição das categorias Indy. Quem vencer terá todos os méritos em sua conquista.


A F-1 inicia hoje os treinos oficiais para a prova de Singapura, e muitos se perguntam se a Ferrari, depois das duas vitórias consecutivas vistas em Spa-Francorchamps e Monza, poderá reencontrar parte do rumo perdido no campeonato, e ao menos, dificultar um pouco trabalho da favorita Mercedes. A Ferrari não ficou parada, é claro, mas ainda é preciso esperar até o treino livre de sábado para vermos se os técnicos de Maranello conseguiram corrigir parte das deficiências do carro em curvas de baixa, algo que tem bastante neste circuito, e que nas duas últimas pistas, era um ponto fraco mascarado pelos trechos de alta velocidade, extremamente favoráveis ao potente V-6 híbrido dos carros vermelhos e sua configuração para este tipo de traçado. Mas a grande dúvida é se Sebastian Vettel vai se reencontrar na pista, depois de ter sido superado sistematicamente por Charles LeClerc nas duas últimas corridas, ainda mais depois do fiasco que foi a corrida do alemão justamente em Monza, onde ele comprometeu sozinho sua corrida, a exemplo de 2018, e viu o companheiro de equipe vencer e ser aplaudido efusivamente pela torcida ferrarista. Vettel admitiu que está vivendo um momento ruim, e que o erro que cometeu na Itália foi culpa inteiramente sua. Pelo seu lado, a Ferrari declarou que continua apoiando integralmente o alemão, e confia em sua capacidade de liderança, esperando melhores resultados. Sebastian já demonstrou ser atingido muito mais fortemente do que suas declarações indicam, e não seria difícil ele ainda tentar se encontrar na pista depois do baile que levou nas últimas corridas. Cabe a ele esfriar a cabeça, e procurar se colocar de novo como principal piloto do time vermelho na pista. Mas o desafio vai ser complicado neste final de semana. Este é um circuito onde a Red Bull sempre costuma andar forte, e o time dos energéticos, e principalmente Max Verstappen, estão secos para apagarem os resultados abaixo da expectativa vividos nas últimas duas corridas. Charles LeClerc, por sua vez, vai querer mostrar quem é que manda no pedaço ferrarista, e podem esperar por uma postura bem agressiva do monegasco para marcar território, e não seria difícil ele acabar se encontrando novamente com Verstappen pela pista. O holandês e o monegasco tiveram uma disputa acirrada na Áustria, vencida por Max, ao que Charles até hoje não digeriu direito. Se ambos estiverem disputando posição na pista, podem apostar que vai voar faísca nesta disputa, com ambos medindo forças para ver quem vai ceder ou não. Dependendo da situação, não seria difícil ambos acabarem enroscados numa manobra mais extrema. Quanto à Mercedes, o carro prateado nunca foi exatamente dominante aqui, mas tem conseguido até vencer, aproveitando as oportunidades que surgem, e muito provavelmente devem fazer isso novamente.


E aqui no paddock de Singapura, duas confirmações para 2020. A primeira delas, a mais óbvia: Robert Kubica afirmou que está fora da Williams para a próxima temporada. Oficialmente, é o polonês que está deixando o time, em busca de melhores oportunidades profissionais para o próximo ano, onde comenta-se, tem sido sondado pela Audi para pilotar um de seus carros no DTM. O outro anúncio, por outro lado, acabou até surpreendendo todo mundo: a Hass confirmou a manutenção de sua atual dupla de pilotos para mais uma temporada. Romain Grosjean e Kevin Magnussen seguem firmes no time de Gene Hass em 2020, quando todo mundo já apostava que pelo menos um deles estaria fora do time, e na pior das hipóteses, até mesmo os dois, depois de aprontarem em várias corridas. Apesar das confusões, a escuderia também assumiu parte da culpa pelos maus resultados da dupla para si, ao ter produzido um carro que não está rendendo o que eles esperavam, e pior, não tem mostrado um comportamento previsível, ora andando bem, ora andando mal, e também sem mostrar constância, onde o desempenho tem caído bruscamente em certos momentos. Sabendo que, quando o carro corresponde, seus pilotos são capazes de entregar os resultados que eles esperam, o time resolveu dar uma nova chance a ambos, com a promessa de um equipamento mais competitivo no próximo ano. Resta esperar para ver...


Quem acabou se dando mal com a confirmação da manutenção da dupla da Hass para 2020 foi Nico Hulkenberg. O alemão, já dispensado pela Renault para o próximo ano, era tido como um dos favoritos para ocupar um posto de titular na escuderia norte-americana no próximo ano, por ter os requisitos que agradavam à diretoria do time, entre os quais não se meter em confusões nas corridas. Nico admitiu que ficou em uma posição difícil, e já fala até mesmo em poder deixar a F-1, onde não pretende ficar a qualquer custo. Quem também ficou um pouco de lado foi Pietro Fittipaldi, piloto de teste do time, que ainda tinha alguma esperança de conseguir ser efetivado para 2020, mas que pesou não ter ainda os pontos necessários para obter a Superlicença, documento necessário para pilotar na F-1, o que confirma que praticamente passaremos mais uma temporada sem termos um piloto brasileiro no grid da categoria máxima do automobilismo.


E Rubens Barrichello está de volta a uma competição de monopostos. O brasileiro participa neste final de semana da corrida de estréia da nova categoria S5000, na pista de Sandown, na Austrália. A corrida de estréia da nova categoria australiana terá 12 pilotos no grid, e Barrichello é o grande nome de destaque. A última competição de Rubens com monopostos foi sua passagem pela Indycar em 2012, após deixar a F-1. Depois, ele passou a concentrar suas disputas na Stock Car brasileira, onde foi campeão em 2014, e está até hoje.

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