quarta-feira, 3 de julho de 2019

FLYING LAPS – JUNHO DE 2019


            E já chegamos no mês de julho, iniciando a segunda metade do ano de 2019, com o primeiro semestre já tendo ficado para trás. E tradição é tradição: todo início de cada mês é hora de postar mais uma sessão Flying Laps, comentando alguns dos acontecimentos do mundo do esporte a motor ocorridos neste último mês de junho, que não tive tempo de relacionar e comentar nas colunas semanais regulares, desta vez citando eventos do campeonato da MotoGP, sempre apresentando muito mais disputa e duelos com grande emoção do que na Fórmula 1, além de falar um pouco sobre a edição deste ano das 24 Horas de Le Mans, e também um pouco da Indycar, sempre com alguns comentários rápidos com meus pontos de vista. Então, aproveitem e curtam o texto, e até a próxima sessão Flying Laps do mês que vem...


Valentino Rossi não deu sorte no Grande Prêmio da Holanda de MotoGP deste ano. Vencedor da corrida em 2017, desde então o “Doutor” está sem conseguir subir de novo ao degrau mais alto do pódio, e a chance de encerrar a seca de triunfos em Assen infelizmente não deu certo. Rossi não conseguiu se entender com sua moto durante todo o fim de semana, sendo constantemente batido por Maverick Viñales, que não só largou no pelotão da frente como conseguiu vencer a corrida, depois de belos pegas com Fabio Quartararo e Marc Márquez. Valentino largou do meio do grid para trás, e vinha tentando se recuperar na corrida holandesa, quando acabou se atrapalhando na disputa com o japonês Takaaki Nakagami, e acabou provocando a queda de ambos. Fabio Quartararo deu luta a Viñales e Márquez, mas acabou superado na corrida, tendo de se contentar com o 3º lugar, fechando o pódio, mas ficando à frente da dupla da Ducati, Andrea Dovizioso (4º) e Danilo Petrucci (5º), em uma corrida onde as motos de Borgo Panigale infelizmente não conseguiram dar luta aos rivais. Rossi ainda é o melhor piloto da Yamaha na classificação geral do campeonato, em 5º, com 72 pontos, mas Fabio Quartararo vem chegando muito perto, em 6º, com 67 pontos, e ainda por cima, competindo por um time satélite da marca dos três diapasões, a SRT. Com o triunfo em Assen, Viñales, que até então vinha tendo um desempenho muito discreto na temporada, subiu para a 7ª colocação, com 65 pontos. O 2º lugar não fez Marc Márquez perder o sono, já que Dovizioso, o vice-líder, por ter cruzado a linha de chegada em 4º, deixou a “Formiga Atômica” com uma vantagem ainda maior na classificação, com uma folga de 44 pontos para o italiano da Ducati. O pentacampeão ainda viu Alex Rins, da Suzuki, cair sozinho quando estava liderando a corrida, dando adeus às chances de alcançar a vice-liderança naquela corrida, para frustração do piloto, que vinha exibindo uma excelente performance em Assen. Márquez continua sem adversários de fato na pista em 2019, e vai ficando cada vez mais perto do hexa, se não acontecer nada fora do normal. E olha que ainda temos 11 corridas para encerrar o ano na MotoGP.


E o momento de Jorge Lorenzo na MotoGP anda mesmo complicado. Depois de errar uma freada no início do GP da Catalunha, e ir ao chão levando junto outros três pilotos, o tricampeão ainda sofreu um forte acidente nos treinos livres da sexta-feira para a etapa de Assen, e precisou ser levado para o hospital, onde foi constatada fratura em algumas vértebras, o que motivou a suspensão da participação do piloto não apenas na prova da Holanda, mas também na etapa da Alemanha, cuja data de realização ocorre apenas uma semana após a etapa holandesa, no dia 5 de julho. Lorenzo já foi liberado do hospital e está se recuperando em sua residência, usando um colar especial para manter o tronco na posição ideal para recuperar-se dos ferimentos. Felizmente, apesar das fraturas, Lorenzo não tem restrição de movimentos, mas deverá ficar em repouso absoluto para não complicar a recuperação dos ferimentos sofridos. Para sua sorte, após a etapa alemã, a MotoGP terá suas férias de verão do meio de temporada, retornando apenas no dia 2 de agosto, de modo que o espanhol, com sorte, estará plenamente recuperado para voltar à competição em Brno, no GP da República Tcheca. Mas é bom Jorge se benzer, porque desde a etapa de Aragón, no ano passado, o agora piloto do time oficial da Honda vem acumulando uma série de acidentes preocupantes que certamente tem prejudicado sua adaptação à moto da Honda, e ajudado a comprometer, ainda que parcialmente, sua performance na pista. Com um equipamento que já é difícil de controlar, e tendo um companheiro que é um fenômeno, como Marc Márquez, a pressão que Lorenzo sente para corresponder às expectativas já é um dilema complicado para se lidar. E ainda por cima, sofrer um acidente onde as consequências poderiam ter sido mais sérias, certamente não ajuda muito no moral. Que Jorge aproveite o descanso para relaxar também a mente, e restabelecer seu foco de concentração para superar as adversidades profissionais que vem tendo dentro e fora da pista.


E a Toyota faturou mais uma vez as 24 Horas de Le Mans, e mais uma vez, com o carro Nº 8, com a trinca Sébastien Buemi/Kazuki Nakajima/Fernando Alonso, que havia vencido a edição do ano passado. Mas o triunfo estava destinado a ser do carro Nº 7, com o trio Mike Conway/Kamui Kobayashi/Jose Maria Lopez, que havia largado na pole-position, e vinha firme para a vitória, ostentando uma vantagem de mais de 2min para o bólido Nº 8, que não tinha motivos para disputar a vitória com os companheiros de equipe porque a segunda colocação já os faria campeões da “super season”. Mas o ditado de que Le Mans “escolhe” seus vencedores não parece ser tão obra do acaso assim. E não é que o carro Nº 7 teve problemas na parte final da corrida, faltando duas horas para a bandeirada, tendo um pneu furado, e depois ainda um problema no câmbio, que ficou travado na 3ª marcha. E não deu outra: o 7 perdeu toda a vantagem que tinha, pelo tempo perdido até chegar ao box para a troca do pneu, e depois pela queda de rendimento pelo enguiço no câmbio. Mesmo assim, a diferença para os demais protótipos da classe LMP1 garantiu o 2º lugar ao carro 7, que terminou com as mesmas 385 voltas do carro 8, que recebeu a bandeirada da vitória na prova, enquanto o carro Nº 11 da BR Engineering, um time privado, terminou em 3º com 6 voltas de desvantagem, pilotado pelo trio Vitaly Petrov/Mikhail Aleshin/Stoffel Vandoorne. Fernando Alonso foi polido ao declarar que a vitória não foi merecida por ele e seus companheiros, uma vez que seus companheiros na equipe Toyota é que mereciam o triunfo, pelo desempenho apresentado. Se no ano passado a Toyota deu indícios de que tudo era para o carro do trio de Alonso vencer as 24 Horas, com a missão cumprida, nada mais justo do que deixar o trio do carro 7 desfrutar da vitória neste ano. Mas os deuses do automobilismo e o destino tiveram outras idéias...


O título da Toyota na classe LMP1, aliás, eram favas mais do que contadas para a “super season”, e nem houve discussão sobre qual dos carros seria campeão, que obviamente, seria o carro onde Fernando Alonso estivesse, uma vez que a marca japonesa quis capitalizar com a presença do asturiano em seus carros. E com 5 vitórias em 8 provas, o trio Sébastien Buemi/Kazuki Nakajima/Fernando Alonso sagrou-se campeão da “super season”, com 198 pontos para cada um. O trio Mike Conway/Kamui Kobayashi/Jose Maria Lopez venceu duas corridas e ficou com o vice-campeonato, com 157 pontos cada um. Para Alonso, missão cumprida: voltou a ganhar um campeonato, e adicionou as 24 Horas de Le Mans a seu currículo de vitórias, faltando agora apenas vencer as 500 Milhas de Indianápolis para conquistar todas as provas da “Tríplice Coroa” do automobilismo, e igualar o feito até hoje conseguido somente por Graham Hill. O espanhol despediu-se do WEC, e não estará presente na próxima temporada, com o seu lugar na Toyota sendo ocupado por Brendon Hartley.


Os pilotos brasileiros também brilharam em Le Mans este ano. Na classe LMP2, André Negrão, ao lado de Pierre Thiriet e Nicolas Lapierre no carro Nº 36 da Signatech Allpine, conquistaram a vitória em sua classe. André já tinha vencido as 24 Horas no ano passado, e agora é bicampeão da prova. Na classe GTE-Pro, o triunfo foi para o brasileiro Daniel Serra, em parceria com James Calado e Alessandro Pier Guidi no carro Nº 51 da equipe AF Corse. Daniel também se tornou bicampeão em Le Mans, já que havia vencido a corrida em 2017, defendendo a Aston Martin. Na classe GTE-Am, Felipe Fraga e os pilotos Ben Keating e Jeroen Bleekemolen, correndo pelo carro Ford GT Nº 85 da Keating Motorsports, chegou na frente em sua categoria, mas acabou posteriormente desclassificada por irregularidades em um dos pit stops, onde não foi cumprido o tempo mínimo de reabastecimento completo, e por ter um volume total de combustível acima do limite permitido. Fora isso, Bruno Senna terminou na 4ª posição na classe LMP1, correndo pelo carro Nº 1 da equipe Rebellion, junto com Neel Jani e André Lotterer. Na GTE-Pro, Augusto Farfus Jr. foi o 30º colocado geral, pela equipe oficial da BMW, correndo junto com Antonio Felix da Costa e Jesse Krohn no carro Nº 82. Na classe GTE-Am, Rodrigo Batista, defendendo o carro Nº 84 da equipe JMW Motorsport, ao lado dos pilotos Jeff Segal e Wei Lu, terminou em 32º lugar na classificação geral. E ainda tivemos Pipo Derani competindo na GTE-Pro, ao lado de Oliver Jarvis e Jules Gounon no carro Nº 89 da Risi Competizione. Agora, é começarem a pensar na corrida do ano que vem...


Alexander Rossi deu um show na etapa de Road America, no campeonato da Indycar, e está agora nos calcanhares de Josef Newgarden, piloto da Penske que lidera o campeonato. A pole-position no belo circuito de Elkhart Lake foi de Colton Herta, mais uma vez dando um show e pilotagem, como fizera na etapa de Austin. Mas na largada, Rossi superou Herta, e literalmente sumiu na liderança, distanciando-se cada vez mais dos demais adversários. Com uma pilotagem exuberante, o piloto da Andretti dominou a corrida ao estilo da Mercedes na F-1, e recebeu a bandeirada com 28s43 de vantagem para Will Power, da Penske, que finalmente teve um final de semana decente, e fechou em 2º lugar. Power, aliás, travou um belo duelo com seu companheiro de equipe Newgarden, que fechou o pódio em 3º, e manteve-se na liderança do campeonato, com 402 pontos, contra 395 pontos de Rossi, que se aproximou bastante na pontuação. Scott Dixon, outro postulante ao título, teve uma corrida um pouco complicada devido a um toque na primeira volta, que o fez rodar e cair para o fundo do pelotão, obrigando o neozelandês da Ganassi a partir para uma corrida de recuperação, onde terminou em 5º lugar, atrás de Graham Rahal. Com o resultado, Scott é o 4º colocado na competição, com 308 pontos, e precisa descontar uma grande desvantagem se quiser lutar pelo seu 6º título. Depois de brilhar nas corridas disputadas em Indianápolis, Simon Pagenaud pareceu voltar aos resultados mais modestos, e acabou terminando a corrida em Road America apenas em 9º, mantendo-se em 3º no campeonato, com 341 pontos. Já Colton Herta, depois de perder a primeira posição para Rossi, andou sempre entre os primeiros, mas nas voltas finais da prova, já com pneus desgastados, acabou superado por alguns pilotos, terminando a corrida em 8º lugar.


E a situação de Tony Kanaan e Matheus Leist anda complicada, uma vez que a equipe Foyt, depois de um brilho momentâneo na Indy500, voltou a sofrer nas demais corridas, e Road America não foi exceção. Leist foi o 20º colocado, e Tony, o 21º, terminando a corrida com uma volta de desvantagem para o vencedor Rossi. Por mais que se tente mexer no carro, e variar as estratégias, os resultados não estão aparecendo, a Larry Foyt, diretor do time, já começa a concentrar forças para a temporada de 2020, procurando reformular a escuderia para tentar reencontrar o rumo do crescimento. O problema é que desde o ano passado, quando voltou a usar motores da Chevrolet, o time do lendário A. J. Foyt já vem passando por uma “reestruturação”. Isso, e a nova dupla de pilotos combinante experiência (Kanaan) e juventude (Leist), justificou um ano de resultados apenas medianos em 2018. Mas e agora em 2019? Foyt admite que o time andou para trás, contrariando as expectativas, estando hoje entre os piores do grid. E numa categoria onde as disputas são muito equilibradas, perder performance, mesmo que pouca, pode jogar um time lá para trás, e é o que vem acontecendo com a Foyt. Além da falta de performance, os parcos resultados acabam arrastando o conceito de sua dupla de pilotos para baixo. Kanaan já está em fim de carreira, e isso pode afetá-los bem menos. Mas Leist é um dos talentos da nova geração, e sem um carro minimamente competitivo, o gaúcho vai ficando para trás na competição com outros novos nomes do grid, que por terem melhores carros e equipes, estão começando a fazer seus nomes brilharem como novas estrelas da Indycar, como Colton Herta, por exemplo. E isso pode significar a perda de várias oportunidades para o piloto brasileiro, por não conseguir mostrar do que é capaz com um carro fraco.

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