segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

ÚLTIMAS NOTAS DA F-1


            A temporada de 2018 não foi lá um primor para a Fórmula 1. Teve alguns pontos altos, mas também corridas enfadonhas além da conta. E foi, sobretudo, um campeonato cansativo, com 21 corridas, tendo inclusive uma maratona de 3 provas em 3 finais de semana consecutivos a meio do ano, por causa da Copa do Mundo. De fato, mesmo sendo corridas disputadas na Europa, onde as distâncias são menores, isso não aliviou muito. Há anos atrás, cansaria menos, até porque a estrutura que cada equipe deslocava para os locais das provas, os seus tradicionais motorhomes, eram bem mais simples e práticos de transportar e montar. Hoje, são megaestruturas bem mais espaçosas, mas também custosas, e difíceis de transportar e montar, tomando um tempo bem maior do que antigamente. E as viagens mundo afora também foram longas e cansativas.
            Tudo é mais suportável quando presenciamos grandes corridas, e belos pegas e duelos na pista. Mas, em vários momentos, as provas negaram fogo neste quesito. E isso ajudou a cansar mais o esforço do deslocamento necessário. Portanto, nada mais natural que, findo o campeonato, todo mundo esteja pra lá de cansado. Depois da prova em Abu Dhabi, os times da F-1 ainda ficaram mais uns dias em Yas Marina para o teste dos novatos de fim de temporada. Agora, os trabalhos de pista terminaram em definitivo. Todos, equipes, pilotos e jornalistas, voltam para casa, para curtirem um merecido descanso de fim de ano, e bem que todos precisamos.
            O mundo da velocidade, contudo, sempre se mantém em movimento, e daqui a uma semana, será a vez da Formula-E dar a partida para a sua 5ª temporada. Será a única etapa do campeonato neste mês, retornando apenas em janeiro. Mas ainda teve alguns assuntos sobre a F-1 nestas últimas semanas para falar um pouco a respeito, antes de fechar as colunas de 2018, para um breve descanso e voltar em 2019. Então, seguem alguns tópicos rápidos sobre alguns destes recentes acontecimentos no mundo da F-1, para encerrar de vez as menções sobre a categoria máxima do automobilismo, que esperemos rever no próximo ano para um campeonato muito melhor do que este que acabou de terminar...


E Lance Stroll foi finalmente confirmado como piloto titular da ex-Force India, atual Racing Point (ou sabe-se lá que nome adotarão até o início da temporada 2019), time que foi salvo da falência graças a uma operação engendrada com Lawrence Stroll à frente. O anúncio mais óbvio desde que o time mudou de dono há alguns meses. Ao menos, cumpriram com o contrato com a Williams, e Lance comeu o pão que o diabo amassou em Grove nesta temporada até o seu encerramento, em Abu Dhabi. O ponto positivo é que o time manteve sua capacidade técnica com poucos recursos, e não fosse a patacoada do regulamento, que tirou os pontos conquistados pela escuderia até a mudança de propriedade, estaria na verdade terminando a temporada em 5º lugar, atrás apenas das três “grandes” (Mercedes, Ferrari, e Red Bull) e da Renault. Afinal, foram 111 pontos no ano, 62 conquistados por Sergio Pérez, e outros 49 averbados por Esteban Ocon. A Renault fechou o ano em 4º lugar, com 122 pontos. A Hass, maior beneficiada com a regra esdrúxula, ficou com a 5º posição, com 93 pontos. A McLaren ficou em 6º, com 62 pontos. Mesmo assim, a “nova” equipe ainda ficou em 7º lugar, com 52 pontos válidos, mostrando sua capacidade de reação, superando novamente na classificação a Sauber Alfa Romeo e a Toro Rosso. Stroll terá a grande oportunidade de mostrar seu valor com um carro que deverá ser competitivo com potencial para brigar pela 4ª colocação no campeonato. Sergio Pérez é um piloto combativo e já mostrou sua capacidade no time, devendo fornecer um bom parâmetro para se avaliar se o canadense merece ou não ter um carro mais eficiente. Até agora, Lance só tem atraído mais atenção pelo “paitrocínio” que o colocou na Williams no ano passado, e vendo o seu único pódio na carreira, na prova do Azerbaijão do ano passado, como algo puramente fortuito. Será que o jovem Stroll conseguirá ser respeitado então? Vai precisar fazer uma temporada forte, e não se deixar abater pelo colega mexicano. As críticas só ficarão mais incisivas se ele não demonstrar o seu talento, uma vez que o time precisou dispensar Ocon para lhe dar a vaga, e o francês é reconhecidamente um bom piloto, que irá passar o próximo ano na “reserva” da Mercedes, contando em conseguir uma vaga de titular em 2020, se não antes. Com a injeção de recursos, a escuderia também terá uma boa chance de mostrar sua capacidade técnica, já evidenciada nos últimos anos como o time que melhor soube aproveitar seus parcos recursos, e extrair deles o máximo de produtividade possível. Com um orçamento mais generoso, a escuderia fala em se intrometer na luta das “grandes”. Estará sonhando alto demais, ou apenas garante ter condições de realmente tentar a sorte? Para o bem da competição na F-1, seria muito interessante vermos isso acontecendo...


Finda a temporada, a F-1 ainda permaneceu em Yas Marina, para os testes de novatos de fim de ano, mas que tiveram também como atrativo vermos alguns pilotos já em seus novos times que defenderão na temporada de 2019. Depois de 5 anos em sua segunda passagem pela Ferrari, Kimi Raikkonen despediu-se de Maranello no domingo da corrida com um abandono, para já assumir, ou melhor dizendo, reassumir o cockpit da Sauber nos testes. A escuderia suíça foi a porta de entrada do finlandês em 2001, sob a desconfiança de muita gente que achavam o jovem piloto ainda pouco preparado para a categoria máxima do automobilismo. Mas Kimi mostrou que estava mais do que pronto, tanto que no ano seguinte já estava competindo pela McLaren, então uma das grandes forças do grid. Para aqueles que torcem por Kimi, a esperança é que a Sauber, agora com a associação com a Alfa Romeo, continue crescendo como mostrou durante esta temporada, a ponto de poder lutar pela liderança no meio do grid, permitindo a Raikkonen continuar demonstrando o seu talento, como fez em seu retorno pela Lotus em 2012 e 2013, quando chegou até a ganhar corrida, ainda que esporadicamente, mas pontuando com impressionante regularidade, subindo ao pódio, e quase entrando na luta pelo título. Seria uma resposta mais do que cabal àqueles que acham que Kimi não tem mais nada a fazer na F-1. O finlandês até que fez um ano bem decente na Ferrari, e não fosse alguns erros da escuderia, e um pouco de falta de sorte, poderia ter terminado até melhor, com mais pontos, e quem sabe, até mais de uma vitória apenas...
O bom filho à casa torna: A Sauber, primeiro time de Raikkonen na F-1, recebeu o finlandês de volta já nos testes de Abu Dhabi.


Quem também já conheceu sua nova “casa” nos testes de Abu Dhabi foi Carlos Sainz Jr. O espanhol defendeu o time oficial da Renault nesta temporada, e em 2019 ocupará o lugar que foi de Fernando Alonso na McLaren. Carlos não fez uma temporada exatamente ruim este ano, mas perdeu o duelo interno para Nico Hulkenberg, que até balançou em alguns GPs, mas colocou ordem na casa, e reafirmou-se como líder do time francês na pista. De positivo, Sainz espera que a McLaren consiga produzir um carro melhor, depois que o time de Woking declarou ter encontrado um problema no projeto do chassi do carro deste ano que, para ser solucionado, necessitaria da construção praticamente de um novo carro, pelo que eles resolveram se concentrar no projeto do próximo ano, do que tentar remendar o carro de 2018. Afinal, a nível de motor, os dois times, antigo e novo de Carlos, estão equiparados, usando a unidade de potência da Renault, que prometeu muito neste ano, e não entregou tudo o que esperava. A fiabilidade melhorou, mas foi posta à prova na Red Bull, com o time dos energéticos sofrendo várias quebras, e despachou os franceses com os dois pés nas costas. Sainz também terá a missão de comandar a McLaren na pista, uma vez que o outro piloto do time é o novato Lando Norris, nova aposta da escuderia para o time. O piloto espanhol diz que já se sente em casa no novo time, e diz que não medirá esforços para dar o seu melhor à McLaren no próximo ano, tendo inclusive começado um bom relacionamento com seu novo colega de equipe Norris. Resta esperar que a McLaren finalmente retome o seu devido lugar na F-1, pois os últimos anos certamente não deixaram saudades para aqueles que conheceram os momentos de glória que o time já viveu...
Carlos Sainz Jr. terá a missão de liderar a McLaren em 2019.


E os testes também trouxeram a “estréia” do monegasco Charles LeClerc na Ferrari, onde será o novo parceiro de Sebastian Vettel a partir do ano que vem. LeClerc foi uma das sensações da temporada, e ganhou a chance de sua vida, ao ser confirmado como titular do time italiano já em sua segunda temporada, algo muito pouco usual para a equipe de Maranello, que nunca foi de apostar em novatos, preferindo pilotos com alguma quilometragem. O que parece positivo é a postura do time, pelo menos até o presente momento, de não cilindrar as possibilidades do novato no time, dando-lhe liberdade para buscar todos os seus limites, visando os melhores resultados possíveis. Se isso vai fazer a escuderia italiana rever a prioridade dada a Vettel como primeiro piloto, o que geralmente implica em não dar o devido apoio ao segundo piloto, ainda não sabemos, mas seria muito decepcionante o time “podar” as performances de Charles para não melindrar a posição de liderança de Sebastian na escuderia. Mas Vettel, depois da temporada deste ano, onde ficou devendo, e cometido erros em várias provas, que acabaram se mostrando determinantes para não conseguir mais uma vez levar a Ferrari ao título (não esquecendo também as furadas cometidas pelo próprio time, que também tem culpa no cartório pela derrota neste ano), começou a ser questionado pela própria torcida ferrarista, e sua posição de primeiro piloto, se não foi revogada, passou a ser questionada, de modo que o alemão poderá ter que demonstrar na pista em 2019 se ainda merece ter a maioria das atenções do time, ou se terá que dividir o estrelato na Ferrari com LeClerc, que certamente vai querer chegar chegando em Maranello. Vamos aguardar para ver o que acontece...
Charles LeClerc quer chegar chegando na Ferrari em 2019.


E a Toro Rosso confirmou o tailandês Alexander Albon como parceiro do russo Daniil Kvyat no time no próximo ano. Albon foi um dos destaques da temporada da F-2 deste ano, ao lado de George Russel, o campeão do certame, e de Lando Norris. Com isso, teremos uma trinca de pilotos egressos da F-2 subindo para a F-1 em 2019. Russel defenderá a Williams, onde terá como parceiro de time o polonês Robert Kubica; e Norris defenderá a McLaren. Com o anúncio, encerraram-se as esperanças de Brendon Hartley continuar na F-1. O neozelandês definitivamente não deu sorte em sua passagem pela escuderia, tendo sido superado com grande facilidade pelo companheiro de time Pierre Gasly, que será companheiro de Max Verstappen no time da Red Bull no próximo ano. Bicampeão do Mundial de Endurance, onde venceu defendendo o time da Porsche na classe LMP1 nas temporadas de 2015 e 2017, onde também venceu as 24 Horas de Le Mans de 2017, Hartley não é o primeiro piloto a decepcionar em sua passagem na F-1. Basta lembrar dos exemplos de Michael Andretti, campeão da F-Indy original em 1991, e que infelizmente não conseguiu mostrar o que sabia na McLaren em 1993, sendo demitido antes do fim da temporada. Ou mesmo de Alessandro Zanardi, que passou o ano de 1999 na Williams praticamente sem marcar um único ponto, depois de ser bicampeão arrasando os concorrentes na F-Indy original nas temporadas de 1997 e 1998. É difícil de entender como pilotos com grande talento não conseguem render em algumas categorias. Hartley infelizmente não conseguiu mostrar a que veio. Pura e simplesmente.


Fernando Alonso encerrou sua participação na F-1, e o espanhol já confirmou que continua perseguindo a Tríplice Coroa do automobilismo mundial. Vencedor do GP de Mônaco, Alonso venceu este ano as 24 Horas de Le Mans, defendendo a equipe oficial da Toyota. Falta apenas vencer as 500 Milhas de Indianápolis, e ele lá estará novamente em 2019, e defendendo a McLaren, que anunciou que terá um esquema para participar da corrida, diferente daquele feito em 2017, quando o time inglês correu associado ao de Michael Andretti. O anúncio foi feito por Zak Brown, principal diretor da McLaren, e também por Fernando Alonso. Ainda não foram divulgados maiores detalhes de como será o esquema que a McLaren montará para competir na Indy500, mas já se sabe que o motor deverá ser Chevrolet. Na disputa do ano passado, Alonso competiu com um carro equipado com motor Honda, que deixou o espanhol na mão, tal qual nas três temporadas usando o propulsor japonês, de 2015 a 2017, na F-1. Mas um dos motivos certamente é o fato do asturiano competir pela Toyota no WEC, e os japoneses certamente não veriam com bons olhos um de seus pilotos defendendo uma marca rival nipônica na Indy500. De qualquer forma, resta saber se a estrutura a ser montada pela McLaren para as 500 Milhas será eficiente para deixar o carro competitivo para a corrida. No ano passado, Fernando foi a sensação na Brickyard, andando rápido desde o início, mas tendo a preparação de seu carro feita em conjunto com o time de Michael Andretti, que sempre tem tido uma excelente performance no famoso circuito oval da capital do Estado de Indiana nos últimos anos. Vejamos como será esse retorno do espanhol à prova em 2019...


Daniel Ricciardo encerrou sua participação na F-1 como piloto da Red Bull, mas ao contrário dos outros times que já liberaram seus pilotos para suas novas escuderias de 2019, o time dos energéticos não permitiu que o australiano pudesse testar o carro da Renault, seu novo time, nos testes de Yas Marina. Uma indelicadeza e falta de consideração para com Daniel, que merecia mais respeito do time pelo qual ele deu o seu melhor nos últimos cinco anos. A Renault ganha com sua contratação, e a Red Bull, claro, perde, embora não vá dar o braço a torcer admitindo isso seriamente. Que a aposta de Daniel no time francês seja bem-sucedida. Ricciardo é um excelente piloto, e muito boa praça, um tipo em falta na F-1 nos últimos anos...

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