sexta-feira, 10 de novembro de 2017

A DESPEDIDA (DE NOVO)


No ano passado, Felipe Massa havia decidido deixar a F-1, e recebeu belas homenagens em Interlagos, mas ele acabou permanecendo mais um ano. Agora, ele novamente se despede da F-1, mais uma vez.

            E Felipe Massa está dando adeus à Fórmula 1! De novo! Pois é... No ano passado, o piloto brasileiro já dava por encerrada a sua participação na categoria máxima do automobilismo, mais por inconformismo de não ter um lugar competitivo para correr este ano do que por falta de capacidade para correr. Então, ele decidiu sair, não iria mendigar por vaga para disputar esta temporada, apenas por disputar. Tinha suas razões, e não devia satisfações a ninguém, apenas a si mesmo e sua família. Agradeceu a todo o apoio recebido durante sua carreira na F-1, partiria para outros vôos em 2017. Nada de excepcional. Apenas iniciaria uma nova fase na vida e na carreira.
            Mas, quis o destino que Nico Rosberg, conquistado o campeonato, surpreendesse o mundo e anunciasse o fim de sua carreira de piloto. A Mercedes teve, então, que procurar por um substituto, e a escolha mais óbvia acabou sendo Valtteri Bottas, então na Williams, que obviamente aceitou negociar seu piloto mediante uma boa compensação financeira, o que conseguiu. Mas aí, era necessário ter um piloto, e Felipe Massa, recéma-aposentado, foi convidado a retornar, com a óbvia missão de capitanear o time nas pistas nesta temporada, visto que o outro piloto da escuderia, o canadense Lance Stroll, não tinha condições de realizar tal tarefa. Pesou também o fato de a patrocinadora máster do time, a Martini, precisar de um piloto com mais de 25 anos de idade para poder capitalizar em termos de marketing com suas ações junto à escuderia, o que não seria permitido com o jovem Stroll.
            E Felipe retornou. Nada contra. Ele sentiu que precisavam dele, e saber que você é necessário é uma sensação empolgante. Você se sente importante, útil. Mesmo sabendo que isso aconteceu somente porque perderiam Bottas, que mal faria Felipe continuar nas pistas um pouco mais? E a Williams, nos treinos da pré-temporada, até deu pinta de que poderia pelo menos continuar lutando junto às primeiras colocações, logo abaixo da dupla Mercedes/Ferrari, e quem sabe pudesse ser páreo para a Red Bull. Os prognósticos eram interessantes, e depois de uma temporada onde o time de Frank Williams decaíra de performance de maneira até abrupta, mostrando uma fadiga de material contundente no projeto de seu carro, apesar de ainda desfrutar do melhor motor da F-1 atual, a perspectiva da escuderia de recuperar-se perante os concorrentes deixou muitos torcedores animados.
            Outro ponto a se entusiasmar era o novo regulamento técnico, que permitia aos bólidos serem muito mais velozes. Massa, que nunca se entendeu direito com os carros nos últimos anos, por exigir uma condução que soubesse privilegiar a preservação do equipamento com velocidade, poderia acelerar novamente à vontade, como fizera em seus melhores momentos na categoria, em especial nas temporadas de 2006, 2007, e 2008. Lógico que praticamente 10 anos mais velho, talvez não fosse mais como antes, mas a tentativa era mais do que válida. Felipe merecia pelo menos poder voltar a se divertir guiando um F-1, como nos velhos tempos.
Na Sauber, Massa disputou suas primeiras temporadas na F-1.
            E ele até começou bem, com um promissor 6º lugar na Austrália, que repetiria no Bahrein, após ter ficado zerado na China. Não era o que muitos esperavam da Williams, que havia andado mais na pré-temporada, mas havia esperança de melhoras. Só que estas nunca vieram, e a exemplo dos anos anteriores, a escuderia inglesa mais uma vez foi ficando para trás no campeonato, só que desta vez até mais rápido do que nas últimas temporadas. Pontuar foi ficando cada vez mais complicado, e até times menos capacitados, como a Sauber, ou menos competitivos, como a McLaren (mais uma vez afogando-se nos problemas de falta de potência e confiabilidade das unidades de potência da Honda) em certos momentos pareciam andar mais do que os carros de Grove. Mesmo as pistas de alta velocidade, onde a Williams costumava ainda respirar melhor nos anos anteriores, passaram a ser um tormento para a escuderia, que não rendia nada do que esperava. E, com o carro ficando para trás, Felipe acabou ficando também. O que prometia ser uma temporada satisfatória, onde Massa voltava a sentir o prazer de guiar um F-1 no limite, a ponto de o piloto até fazer planos para a temporada de 2018, logo se tornou problemática, tendo de lutar muito para conseguir resultados irrisórios na pista.
            Como desgraça pouca é bobagem, Felipe também voltou a ter azar em várias corridas, como em Baku, onde seu carro simplesmente quebrou a suspensão no momento de melhor resultado potencial da temporada, pela confusão que a prova havia se tornado. Prova disso foi ver Lance Stroll, seu até então estabanado colega de equipe, terminar em 3º lugar e subir ao pódio, no melhor resultado da equipe no ano. Na Hungria, Felipe acabou de fora por problemas de saúde, e acabou substituído por Paul Di Resta, que há anos não guiava um F-1. Uma sequência de resultados magros nas provas asiáticas não eram um problema. A Williams já preparava um novo pacote técnico para 2018, totalmente diferente do utilizado este ano, e portanto, as expectativas para a temporada seguinte eram bem mais animadoras. O problema foi que a escuderia resolveu fazer um “vestibular” para ver quem seria o melhor piloto do time para 2018, e aí, o ambiente azedou de vez entre o time e Massa, e ninguém pode culpar o brasileiro por isso.
Na Ferrari, os melhores momentos de Felipe na F-1, mas também alguns dos piores. Ponto alto foi o vice-campeonato de 2008.
            A Williams parece não aprender com seus erros, e a forma com falta com o respeito a seus pilotos é gritante. Lógico que a F-1 nunca foi um mar de rosas, mas algumas atitudes simples e diretas seriam o suficiente para se manter um mínimo de respeito para com seus pilotos. Massa, depois de se esforçar tanto pelo time nos últimos anos, não teve o seu devido respeito por parte da cúpula da equipe, que não se esforçou em tentar diminuir o clima ruim que o anúncio do tal “vestibular” criou. Muito pelo contrário. Massa, por sua vez, tinha todo o direito de exigir respeito, e uma resposta objetiva do time. Não conseguindo uma coisa nem outra, resolveu pedir a conta, de novo, e desta vez, em definitivo, todos acreditam. Faz bem. Depois do que Felipe fez, atendendo ao pedido de retorno, o mínimo que a escuderia lhe devia era um tratamento transparente e honesto a respeito de seus planos para a temporada de 2018.
            Se a temporada deste ano foi ruim, a culpa cabe mais à Williams do que a Massa, em que pese a performance de Felipe sempre cair bastante quando o carro não é competitivo, uma vez que o piloto quase nunca pareceu conseguir superar as limitações do equipamento, como alguns pilotos conseguem fazer, mais ou menos frequentemente. Mas seu felling e experiência poderiam ser úteis no desenvolvimento do carro do ano que vem. Mas, o histórico da Williams, que já destratou até pilotos que foram campeões por ela, mostra que a escuderia insiste em velhos e maus hábitos. Se perder Felipe pode ter alguns créditos negativos, pelo fato de o novo piloto que for substituí-lo não mostrar o mesmo felling e senso de desenvolvimento nos parâmetros do carro, o problema será todo deles. Massa nada mais lhes deve, e está mais do que certo de ir cuidar da própria vida e buscar as satisfações que merece.
Felipe deu o melhor de si pela Williams, mas o time faltou com o respeito ao brasileiro nesta temporada, com relação a seus planos para 2018, e Massa decidiu cair fora, mais uma vez.
            Neste fim de semana aqui em Interlagos, Felipe está de bem com a vida. Não teremos a mesma comoção vista no ano passado, quando ele ainda estava a caminho de sua aposentadoria. Ele apenas quer fazer uma prova decente, e se divertir nestas duas corridas que irá disputar, aqui e em Abu Dhabi, antes de pendurar o capacete, pelo menos na F-1. Para o próximo ano, ele ainda não traçou planos do que irá fazer. A F-E era uma de suas opções para o futuro, tendo até feito um acerto com a Jaguar para ser um de seus pilotos, mas sua permanência na F-1 acabou fazendo o acordo gorar. E, devido à falta de respeito da Williams, que poderia muito bem ter sido mais clara e respeitosa para com Massa, avisando-o de que não o tinha nos planos para 2018, ele até poderia ter retomado seus entendimentos com a Jaguar. Mas a marca inglesa precisava ter seus planos para a próxima temporada prontos, e por isso, acabou contratando Nelsinho Piquet. O grid da competição de carros monopostos elétricos para o próximo certame está fechado. Se Massa ainda pretende competir por lá, só no ano que vem, e bem no final dele.
            Até lá, certamente Felipe terá algumas opções de competições que poderá disputar. Provavelmente, ele aproveitará o final do ano para descansar, e só depois pensar no que irá fazer. Terá muito tempo para pensar com calma, e ver as opções que existem onde poderá competir, de acordo com suas preferências. Os seus verdadeiros torcedores, e não aqueles que adoram malhar nossos representantes que não são campeões, mais uma vez parabenizam Felipe pela bela carreira que construiu até aqui, e lhe desejam boa sorte em sua próxima empreitada.
            Aos detratores, talvez a “frustração” de não terem a quem denegrir no próximo ano, já que em 2018, pela primeira vez desde 1971, não teremos um brasileiro no grid da categoria máxima do automobilismo ao iniciar o campeonato, nem a perspectiva de ter alguém tão já por lá. Me pergunto a quem irão destilar todo o seu ódio, inconformismo, e frustrações... Nada disso será da conta de Massa, que irá cuidar, e muito bem, de sua vida, sem precisar dar satisfações a ninguém. E ele mais do que merece, por tudo que já passou até aqui em sua carreira, da qual tem muito do que se orgulhar, mesmo não tendo conseguido ser campeão do mundo, como esperava no início de sua chegada à F-1. Mas isso, hoje, é o de menos.


A MotoGP chegou ao Circuito Ricardo Tormo, nos arredores de Valência, Espanha, para a derradeira etapa do campeonato de 2017. Na pista, Marc Márquez tem uma das mãos na taça do título da temporada. Com 21 pontos de vantagem na classificação, só um desastre pode impedir o tricampeão da equipe oficial da Honda de comemorar o seu quarto título na classe rainha do motociclismo mundial. Difícil, mas não impossível. Afinal, estamos falando de corrida de motos, e a possibilidade de um acidente ou incidente está sempre presente. Por isso mesmo, Márquez deverá ser mais prudente do que nunca, evitando correr riscos demasiados na corrida de domingo, que terá transmissão ao vivo pelo canal pago SporTV a partir das 11da manhã, pelo horário de Brasília. O que não significa que a “Formiga Atômica” não irá partir para o ataque, o que seria a melhor forma de liquidar a fatura desde já. Para Andrea Dovizioso, único que pode frustrar a conquista de Marc de mais um título, a situação é bem mais complicada: o piloto da Ducati precisa vencer ou vencer, e ainda torcer para que Márquez não conquiste mais do que 4 pontos. Em outras palavras, Márquez precisa apenas de um 11º lugar na corrida da Comunidade Valenciana para faturar o tetra, independente de Dovizioso vencer ou não a prova. E, mesmo que as preces de Andrea sejam atendidas, e o piloto da Honda por acaso não marque pontos, o piloto da Ducati precisará vencer a corrida se quiser ser campeão. Se for segundo colocado, marcará apenas 20 pontos, e perderá a parada por apenas 1 ponto. A vitória vale 25 pontos, portanto, é um tudo ou nada para o piloto da Desmosedici. Jorge Lorenzo, que nas últimas corridas vem conseguindo subir de produção com a Ducati, já admitiu que poderá fazer jogo de equipe para o parceiro de time conquistar o título da temporada, mas admite que será difícil ele poder dar alguma ajuda substancial neste sentido, não apenas por ser contra seus instintos de competidor, mas justamente pela desvantagem na pontuação tornar a meta bem complicada. Mesmo que a Ducati consiga fazer uma dobradinha, Márquez ainda tem muita folga para terminar sendo campeão, mesmo que não chegue nas primeiras colocações. De uma forma ou de outra, Dovizioso já pode comemorar o que conseguiu realizar nesta temporada, conseguindo vencer várias corridas, e chegando à última etapa em condições ainda de ser campeão, algo que nem mesmo a Ducati sonhava em seus melhores prognósticos para a temporada, onde esperavam sim melhorar sua performance e voltar a vencer corridas com maior regularidade, mas cientes de que ainda estavam um pouco abaixo das toda-poderosas Honda e Yamaha. Vença ou não o campeonato, a Ducati termina o ano melhor do que jamais esteve na última década, e pronta para tentar manter o ritmo e desafiar abertamente, de igual para igual suas rivais, e lutar com tudo pelo título da temporada da motovelocidade em 2018. Hoje começam os treinos oficiais na pista valenciana, com a disputa do treino de classificação para o grid de largada neste sábado. O Circuito Ricardo Tormo tem 4 Km de extensão, com um total de 14 curvas, sendo 9 à esquerda e 5 à direita. A corrida será disputada em 30 voltas, com um percurso total de 120 Km. No ano passado, Jorge Lorenzo venceu a corrida, despedindo-se da Yamaha, com Marc Márquez em 2º lugar, e Andrea Iannone, também se despedindo da Ducati, fechando o pódio, em 3º lugar. Lorenzo é o piloto com mais vitórias em Valência, com 4 triunfos, seguido de Dani Pedrosa, com 3. Com duas vitórias na pista, Casey Stoner é quem mais largou na pole, em 4 ocasiões, com Valentino Rossi logo atrás, com 3 pole-positions. Vamos ver quem chegará na frente e quem sairá campeão domingo, na bandeirada final do campeonato 2017 da MotoGP...
 
O circuito de Valência encerra mais uma vez a temporada da MotoGP, e com a decisão do título da competição.

A Toro Rosso deverá largar do fundo do grid em Interlagos. O motivo? Troca das unidades de potência da Renault, cuja decisão só será conhecida nos treinos livres de hoje. A marca francesa também está aproveitando estes momentos finais da temporada para tentar ver o que pode evoluir ou forçar de seus motores, visando as novas unidades de potência que apresentará no próximo ano. Se conseguir chegar mais perto das unidades da Mercedes e da Ferrari, certamente será muito bom para a competição, especialmente para a Red Bull e a McLaren, que usarão estas novas unidades de força, além da escuderia de fábrica da própria Renault...

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