quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

FLYING LAPS - JANEIRO DE 2016



            E o mês de janeiro de 2016 já se foi, parecendo ter voado, tal como os bólidos mais velozes do mundo do esporte a motor. E houve vários acontecimentos neste primeiro mês do ano, e é hora de alguns deles serem relacionados em mais uma sessão Flying Laps, com algumas notas destes acontecimentos do mundo do esporte a motor ocorridas neste último mês, com os tradicionais comentários rápidos. Portanto, boa leitura para todos, e vejamos o que poderemos ver neste ano de 2016 que começa a acelerar firme. Até mais.


Stéphane Peterhansel conquistou mais uma vez o rali Dakar, e chegou à marca de 12 títulos na competição do rali mais famoso do planeta. O piloto francês foi vencedor em 1991, 1992, 1993, 1995, 1997, e 1998, sempre correndo pela Yamaha na categoria motos. Depois, Peterhansel mudou para os carros, e venceu novamente em 2004, 2005 e 2007, correndo pela Mitsubishi. Em 2012 e 2013 correndo pela Mini na categoria carros, ele obteve mais duas vitórias. E este ano, defendendo a superesquadra montada pela Peugeot, o piloto francês triunfou novamente. A parada vinha sido disputada entre ele, Carlos Sainz, e Sébastien Loeb, mas o espanhol e o eneacampeão do Mundial de Rali tiveram problemas de percurso, que forçaram Sainz a abandonar a competição, e Loeb ficou muito atrás na classificação, sem chances de voltar a disputar a ponta no acumulado de tempos. Nasser Al-Attyah, campeão nos carros em 2015, bem que tentou jogar areia nos planos do piloto francês, mas fechou a competição com um atraso de 35 minutos para o piloto da Peugeot. Já Loeb, tentando se recuperar na competição, ainda conseguiu vencer a última etapa do rali, mas na classificação geral, terminou na 9ª colocação, com nada menos do que 2h22min de desvantagem para Stéphane. Os brasileiros remanescentes na competição, as duplas Leandro Torres/Lourival Roldan e João Antônio Franciosi/Gustavo Gugelmin ficaram em 57ª e 58ª lugares, respectivamente.


Nas motos, a vitória no Dakar 2016 ficou com o australiano Tom Price, que defendeu a KTM, e chegou ao seu primeiro título na competição. A KTM, aliás, fez dobradinha nas duas rodas no rali, ao garantir a segunda posição com o eslovaco Stefan Svitko, que terminou classificado com cerca de 40 minutos de desvantagem para o australiano. O chileno Pablo Quintanilla fechou o pódio na 3ª colocação, com quase 49 minutos de desvantagem para Price. Na categoria dos caminhões, quem levou o troféu da competição foi o holandês Gerard de Rooy, que chegou ao bicampeonato no Dakar, competindo pela Iveco, tendo como colegas de competição Darek Rodewald e Moises Torrallardona. Rooy já havia vencido o rali em 2012. O segundo lugar nos caminhões ficou com os russos da Kamaz, competindo com o trio Airat Mardeev/Aydar Belayaev/Dmitry Svistunov, com uma desvantagem de cerca de 1h10min para os vencedores da marca italiana, que fez a maioria no pódio, ao garantir também o 3° lugar com o trio Federico Villagra/Jorge Perez Companc/Andres Memi, atrás cerca de 1h41min do peso-pesado vencedor. E nos quadriciclos, quem venceu foi o argentino Marcos Patronelli, da Yamaha, que fez dobradinha com seu time oficial, tendo Alejandro Patronelli, irmão de Marcos, em 2° lugar, que ficou com apenas 5min de desvantagem para o vencedor da categoria. A Yamaha ainda fez o 3° lugar, com a equipe Rhide, com o sul-africano Brian Baragwanath, distante 1h42min do vencedor. E assim, encerrou-se mais uma edição do Dakar, que promete voltar em 2017, novamente competindo na América do Sul. A todos que conseguiram chegar inteiros ao fim da competição, todo o respeito, por mais uma vez conseguirem superar todas as adversidades e conseguirem cruzar a linha de chegada, seja em qual posição tiverem conseguido.


A Federação Internacional de Motociclismo, juntamente com a Honda, decidiram não liberar os dados de telemetria da moto de Marc Márquez no incidente ocorrido entre o espanhol e Valentino Rossi na etapa da Malásia, no ano passado, que acabou se tornando o lance mais polêmico da temporada, por ter resultado na punição de Rossi para a etapa final, em Valência, onde o italiano precisou largar do fundo do pelotão e ficou com poucas hipóteses de conseguir conquistar o título da temporada. A justificativa é para não alimentar mais polêmica sobre o acidente. A Honda acusou o piloto italiano da rival Yamaha de ter chutado a moto de Márquez na disputa, fazendo o bicampeão espanhol cair, com base nos dados desta telemetria. Claro que esta atitude da Honda e da FIM deixa algumas perguntas no ar, dependendo de que lado as pessoas estão. Alguns dizem que a telemetria poderia dizer que Rossi seria inocente na história, e se isso fosse confirmado, as críticas desabariam todas em cima da FIM, pela punição obviamente injustificada sobre Rossi, que teria sido determinante para ele perder a luta pelo título para Lorenzo. Para outros, a favor de Márquez, o motivo poderia ser que a telemetria não falaria nada mais do que o já divulgado por ocasião da prova malaia, e portanto, nada acrescentaria de relevante à situação. De uma forma ou de outra, a decisão só ajuda a aumentar a aura de dúvida sobre o incidente, que certamente fez a decisão do título em Valência ficar em segundo plano. E, claro, isso acaba respingando em Jorge Lorenzo, que merecidamente ou não tendo vencido a competição, pode levar para o resto da carreira a dúvida e foi ou não beneficiado pela punição de forma intencional, algo que o piloto não merece. Não é só na F-1 que algumas categorias se complicam...


Pietro Fittipaldi vai disputar este ano a F-3.5 V-8, antiga World Series, e já fechou acordo com a equipe Fortec para seguir neste novo certame em 2016. No ano passado, o brasileiro defendeu o time na F-3 Européia, tendo ficado em 17° lugar na competição. E, enquanto o campeonato da categoria européia não começa, Pietro disputou no último fim de semana de janeiro a rodada quádrupla do campeonato da MRF Challenge F2000. em Chennai, na Índia. Com duas vitórias no fim de semana, e mais os triunfos obtidos anteriormente em Abu Dhabi e Dubai, o brasileiro conquistou o título da categoria, com 244 pontos, contra 199 da vice-campeã, a colombiana Tatiana Calderón. Foi um bom início de ano para o brasileiro, que terá uma parada difícil pela frente, na F-3.5 V-8, mas o neto de Émerson Fittipaldi segue firme no sonho de chegar à F-1, o que pode acontecer, se tudo der certo, em dois anos, provavelmente em 2018. Com um pouco de sorte, pode até ser antes, mas é preciso cuidado com os passos em falso neste momento. De qualquer maneira, o título conquistado neste mês de janeiro é um bom pontapé inicial para 2016. Que tudo dê certo e Pietro consiga mostrar o talento que o clã Fittipaldi possui...


McLaren, Ferrari e Red Bull participaram de dois dias de testes da Pirelli no circuito de Paul Ricard, na França, para desenvolvimento dos compostos de chuva da fábrica italiana. Utilizando os carros de 2015, sem nenhum componente dos modelos 2016 em desenvolvimento, a McLaren mostrou as velhas sequelas do ano passado, quando teve problemas de motor em seu segundo dia de testes e ficou parada nos boxes boa parte da manhã. Com a pista molhada artificialmente, o melhor tempo dos dois dias ficou com Sebastian Vettel, com o tempo de 1min06s750, obtido no segundo dia. No primeiro dia, Daniel Ricciardo, da Red Bull, havia sido o mais rápido com 1min08s713. Kimi Raikkonen, sempre no seu estilo, disse que preferiu os compostos de chuva usados no ano passado, mostrando que os novos compostos não foram muito do seu agrado. Para a Pirelli, o saldo do teste foi positivo, ainda que com apenas 3 times e 3 carros na pista francesa, que sediou pela última vez um GP de F-1 em 1990. Uma pena não terem treinado no percurso total da pista, usada pela última vez em 1985, com seus 5,81 Km de extensão. Foi usado o traçado curto usado pela F-1 de 1986 a 1990, com 3,81 Km. E, pelo andar da situação da F-1 atualmente, este teste é o máximo que os franceses vão ver de carros de F-1 andando em uma pista de corrida em território francês. O país está fora do calendário desde 2009, tendo sua última corrida disputada em 2008 na pista de Magny-Cours. O circuito não deixou saudades em ninguém, mas Paul Ricard até hoje é lembrado por quem teve a chance de ver e acompanhar a F-1 por lá...


O tricampeão Sébastien Ogier iniciou sua corrida pelo tetracampeonato. O piloto francês da equipe Volkswagen abriu a temporada 2016 do Mundial de Rali, em Monte Carlo, com a vitória, e deixando os rivais mais uma vez comendo poeira, e neve. Apesar de ter perdido Jari Matti-Latvala, que abandonou a prova por problemas mecânicos, a Volkswagen ainda fez dobradinha no pódio com o norueguês Andreas Mikkelsen. Coube à Hyundai fechar o pódio, com o 3° lugar do belga Thierry Neuville. Ogier lidera o campeonato com 28 pontos, contra os 19 de Mikkelsen, e os 15 de Neuville. Tudo bem, o ano está apenas começando, e ainda tem muito chão pela frente até o encerramento do campeonato, no fim do ano, mas ver Ogier iniciar com uma vitória que em quase nenhum momento foi contestada durante o fim de semana do Rali de Monte Carlo já prenuncia que o panorama de 2016 não deverá ser muito diferente do vivido em 2015 e 2014. Ou os concorrentes tratam de melhorar, ou passarão o ano vendo apenas a traseira de Ogier...


Jari Matti Latvala, por sinal, não teve um início de campeonato para celebrar este ano no Mundial de Rali. O piloto finlandês, além de abandonar o Rali de Monte Carlo, ainda acabou atropelando um fotógrafo, e ao sair do local do acidente sem sequer prestar algum tipo de atenção ao ocorrido, acabou punido pela direção de prova com uma multa de 5 mil euros, além da suspensão por uma etapa do Mundial, com direito a sursis. Latvala disputará normalmente o Rali da Suécia agora em fevereiro, bem como as demais provas do campeonato, mas se acabar causando um novo acidente, a penalidade será aplicada. Não foi divulgada a identidade do fotógrafo atropelado pelo carro de Latvala, mas foi informado que felizmente não se feriu gravemente. Acidentes nas provas de rali não são exatamente incomuns, pois em vários trechos o público fica à beira da estrada, vendo os carros dos competidores passaram por vezes a centímetros de distância em alguns locais. Embora sejam feitos esforços para que esse público fique sempre em um local seguro, por vezes não há como evitar um acidente. Mas, pelo risco envolvido, caso um competidor exagere e coloque em risco algum expectador, a direção de prova costuma ser rigorosa nas punições. Latvala, felizmente, saiu dessa com alguma sorte, assim como o fotógrafo também deu sorte de não ter se machucado seriamente. Mas já vi cenas de batidas onde competidores acabaram entrando com seus carros no meio do público, e quando penso neste tipo de ocorrência, é sorte que não ocorram tantas mortes quando isso acontece. Mas, claro, convém não abusar da sorte...
 



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