quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

ARQUIVO PISTA & BOX - AGOSTO DE 1997 - 15.08.1997



            Hoje venho com mais um de meus antigos textos, e este foi publicado no dia 15 de agosto de 1997. No assunto principal, o italiano Alessandro Zanardi rumava para o seu primeiro título na F-CART, pilotando para a Chip Ganassi, time que havia sido campeão do ano anterior com Jimmy Vasser. Zanardi, que estreara no certame na temporada de 1996, havia se tornado a nova estrela da competição, e o homem a ser batido. Mas, enquanto esteve em ação, em 1997 e 1998, Alessandro não deu chances aos rivais na pista, conquistando um bicampeonato com todos os méritos. Pena que seu retorno à F-1 em 1999 tenha sido uma das maiores decepções do mundo do esporte a motor, e quando tentava reerguer sua carreira na F-CART em 2001, tenha sofrido aquele pavoroso acidente em Rockingham, na Inglaterra, onde perdeu as duas pernas e por pouco não perdeu a vida. Mas Zanardi recuperou-se, aprendeu a conviver com sua nova condição física, e mostrou a fibra que o levou a ser um grande campeão. Nas notas rápidas, menção para a quase vitória de Damon Hill no Grande Prêmio da Hungria, disputado no fim de semana anterior, que só não se concretizou porque seu Arrows/Yamaha começou a apresentar problemas hidráulicos a duas voltas do final, e acabou perdendo um triunfo que seria histórico para Jacques Villeneuve, da Williams. Boa leitura a todos, e em breve tem mais textos antigos por aqui...


ZANARDI RUMO AO TÍTULO

            Encerrada mais uma etapa do campeonato 97 da F-CART, fica a dúvida: Quem será capaz de deter Alessandro Zanardi? Faltando apenas 4 etapas para encerrar o certame deste ano, ninguém parece capaz de brecar a arrancada do piloto italiano da equipe Chip Ganassi, que ao volante de seu Reynard 971 Honda turbo, averbou em Mid-Ohio no último domingo a sua 4ª vitória no atual campeonato.
            Estreante na categoria no ano passado, Zanardi foi o “rokkie” do ano, e teve o melhor desempenho da história recente da categoria, sendo 3º colocado final do campeonato, com 3 vitórias. Só perde para Nigel Mansell, que em 1993 foi campeão da categoria em seu ano de estréia, com 5 vitórias a bordo de um Lola/Ford da equipe Newmann-Hass. Este ano, Zanardi começou a temporada como um dos favoritos, ao lado do atual campeão e companheiro de equipe, Jimmy Vasser.
            Mas a concorrência encrencou a situação no início do ano, sem falar que Chip Ganassi, com seu estilo meio ditatorial de dirigir a equipe, acabou complicando a situação de seus pilotos ao utilizar estratégias de corrida equivocadas em algumas etapas. Zanardi ainda venceu em Long Beach e deu um show em Surfer’s Paradise, só não vencendo devido a toques de rodas com Paul Tracy, quando ambos acabaram batendo seus carros de leve e abrindo caminho para a vitória de Scott Pruett.
            Depois, a concorrência parecia ter tomado conta da situação. Paul Tracy iniciou uma série de 3 vitórias consecutivas a partir de Nazareth, sendo apontado como o virtual campeão do ano. Greg Moore também venceu em Milwaukee e Detroit, deixando o italiano da Chip Ganassi ainda mais para trás. Michael Andretti ajudava a engrossar o bloco dos desafiadores do time Ganassi.
            Com tanto potencial em uma categoria competitiva, Zanardi deu um basta na prova de Cleveland. O próprio dono da escuderia, Chip Ganassi, resolveu deixar as coisas correrem de maneira mais racional, e parou de opinar contra os pressupostos plausíveis de corrida. E o piloto italiano venceu em grande estilo, mesmo sofrendo uma penalização. Zanardi tomou a ponta de Gil de Ferran nas últimas voltas, depois de uma recuperação espetacular.
            A partir daí, o italiano voltou com tudo: foi 2º em Toronto, venceu a US500 e em Mid-Ohio também, alcançando 148 pontos no campeonato. Paul Tracy segue em 2º, com 121 pontos. Gil de Ferran mantém a 3ª posição, com 116 pontos. Faltando 4 etapas, com um total de 88 pontos em jogo, ainda é bem possível reverter esta situação, mas do jeito que a concorrência anda, me atrevo a dizer que Alessandro Zanardi vai ser o campeão de 97 da F-CART, e com todos os méritos. E a categoria reúne-se novamente neste fim de semana, em Elkhart Lake. Novamente, Zanardi é o franco favorito para vencer a corrida, onde largou na pole em 96 e terminou na 4ª posição. Gil de Ferran aparece novamente como o piloto mais indicado para desafiar o poderio do italiano e de sua equipe. Se não houver percalços como o de Mid-Ohio ou os do ano passado, Gil poderá dar uma sobrevida ao campeonato, mas fico na dúvida se ele vai conseguir brecar o avanço de Zanardi, que tem o melhor equipamento da temporada.
            Como todo piloto que se preze, Gil diz que a disputa ainda está em aberto, e que tudo pode mudar. A declaração é correta, pois um piloto de fibra nunca deve admitir que a disputa já está encerrada antes do tempo, ainda mais em uma categoria tão equilibrada e competitiva como a F-CART, mas receio que a parada seja mesmo muito difícil de ser revertida, e que seja questão de tempo Zanardi faturar o título do campeonato de 97.


Por muito pouco o Grande Prêmio da Hungria de F-1 domingo passado não apresentou a maior zebra da história recente da categoria. Pilotando o seu Arrows/Yamaha, Damon Hill foi a grande estrela da corrida, dominando a prova totalmente desde o início, quando partiu para cima de Michael Schumacher e foi o único piloto a conseguir ultrapassar o piloto alemão em plena reta dos boxes. Hill só não venceu porque nas últimas voltas ficou sem câmbio e acelerador, deixando a vitória de presente para Jacques Villeneuve, da Williams. Hill mostrou uma performance digna de campeão, como se ainda estivesse guiando o carro da Williams. Foi o maior show da categoria desde a monumental vitória de Ayrton Senna no GP da Europa de 1993, em Donington Park. Só para ilustrar a performance de Hill, ele chegou a ter 35s de vantagem para o segundo colocado em determinado momento da corrida, que era justamente Villeneuve. Frank Williams viu seu piloto ficar com a vitória na Hungria, mas fico pensando o que teria acontecido com o velho contrutor se Hill tivesse vencido a prova ao volante do carro da Arrows, que no início do campeonato, em Melbourne, quase nem permitiu a seus pilotos alinharem no grid de largada.


Zaqueu Morioka assumiu a liderança do campeonato americano de F-Ford 2000 ao vencer a 10ª etapa do certame no fim de semana passado, em Mid-Ohio. Zaqueu venceu a corrida assumindo a liderança no finalzinho da prova, com uma ousada ultrapassagem sobre Matt Sielsky. Zaqueu Morioka agora lidera com 20 pontos de vantagem sobre Budy Rice, 2º colocado no campeonato. Faltando 2 etapas para encerrar a temporada, o brasileiro é o favorito para conquistar o título da categoria.


Pilotos brasileiros preparam-se para subir para as categorias principais do automobilismo mundial. Na Indy Lights, Tony Kanaan fará testes com o carro da Tasman após o encerramento do mundial da F-CART, com vistas a fazer uma possível dupla com André Ribeiro em 98 na equipe Tasman da F-CART. Enquanto isso, esta semana Ricardo Zonta começou uma série de testes com a Jordan no circuito de Silverstone. Os testes de Zonta, entretanto, não significam que o piloto brasileiro correrá pela equipe de Eddie Jordan na F-1. Mas é claro que, se Zonta mostrar do que é capaz, pode conseguir chegar lá mais rápido.


As coisas andam tão ruins na equipe Minardi de F-1 que chamar o carro da escuderia de “equipamento sem garantia” não é força de expressão. Tarso Marques admite que já não sabe mais o que pode quebrar a seguir em seu carro. Na Alemanha, o carro quebrou na hora do arranque da largada e Tarso abandonou a prova ali mesmo; já na Hungria, no treino livre de sábado, a suspensão traseira do carro do brasileiro quebrou em uma das curvas de alta do circuito e o piloto bateu forte contra o muro de proteção, ficando todo dolorido e até um pouco tonto, tanto que ele nem conseguiu andar direito na corrida, no dia seguinte. Até agora, Tarso não se machucou, mas vai saber o que pode acontecer na próxima quebra...


Novo possível rumo de Damon Hill para 98: ele fica na TWR-Arrows, se a equipe conseguir os motores Renault da Mecachrome. Na chefia dos projetos está John Barnard, e os pneus Bridgestone são excelentes. Já que aparentemente não falta dinheiro à equipe, não há desculpas para não arranjar o único item que falta, que é um motor possante, para o próximo Mundial. E a Mecachrome já avisa que pretende fornecer motores a no máximo 3 escuderias. A Williams já está garantida. A Benetton ainda não se decidiu. A TWR-Arrows pode ser a 3ª equipe...
 

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