sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

DANÇA DAS CADEIRAS NA F-E



Jacques Villeneuve disputou apenas 2 provas e já disse adeus à F-E.

            A Formula-E chegou a Buenos Aires para a disputa de sua última corrida do atual campeonato na América do Sul. É a 4ª etapa do certame 2015/2016, que tem o suíço Sébastian Buemi na liderança da competição, seguido de perto pelo brasileiro Lucas Di Grassi. E teremos mudanças no grid da categoria na corrida portenha, que será disputada no circuito montado ao redor do Parque Micaela Bastidas, na capital da Argentina.
            Grande mote da pré-temporada da categoria, acertando disputar o campeonato da categoria de carros elétricos monopostos pela equipe Venturi, o canadense Jacques Villeneuve já deixou a F-E, após apenas 3 etapas, e duas provas disputadas, onde infelizmente, ele não conseguiu mostrar muita coisa. A rescisão entre o piloto e a escuderia chegou a um bom termo, de modo que não houve pendências legais das partes envolvidas. É uma pena, porque a categoria pela primeira vez tinha em seu grid um ex-campeão da F-1, o que mostrava o aumento do seu interesse por parte dos pilotos. Por outro lado, é decepcionante ver que Villeneuve tornou-se uma sombra do que já foi um dia, quando foi campeão da F-Indy original, e depois ainda chegou ao título da F-1. Seus últimos anos na F-1 já não mostravam mais o mesmo vigor de sua estréia, anos antes, e de lá para cá, o canadense virou praticamente um nômade no mundo do esporte a motor, correndo aqui e ali, mas sem disputar a fundo um campeonato de uma categoria, ou pelo menos, a mostrar o brilho que o consagrou um dia. No fundo, muitos esperavam que Villeneuve poderia enfrentar dificuldades neste seu retorno a uma competição de monopostos, mas que pelo menos disputasse a temporada completa, mesmo que os resultado fossem magros. Não houve paciência e nem tempo de aproveitar isso. Oficialmente, ambos, piloto e time, alegaram discordâncias sobre o futuro da escuderia. Fiquemos com isso, até porque infelizmente é perda de tempo ficar martelando o assunto, mas todos esperavam um pouco mais de comprometimento do canadense para com a categoria.
            A Venturi não se demorou a anunciar um substituto, e na prova de amanhã o carro que era do canadense estará sendo pilotado pelo inglês Mike Conway, que reeditará com Stéphane Sarrazin a parceria que já tem no mundial de Endurance, pilotando para a equipe Toyota. Por enquanto, o acordo é válido apenas para a prova argentina, mas nada impede que o piloto inglês siga no time. Em três corridas, Stéphane Sarrazin é o 8° colocado na competição, com 16 pontos marcados. Jacques Villeneuve não conseguiu marcar nenhum ponto nas duas provas que disputou, lembrando que ele não participou da prova de Punta Del Este devido a um acidente nos treinos, e a equipe não conseguiu consertar o carro a tempo para a corrida. No campeonato de equipes, a Venturi ocupa a penúltima colocação, em 8° lugar, à frente apenas da China Racing, que vem tendo uma temporada abaixo de todas as expectativas.
            Outro time que também terá um novo piloto no grid é a Aguri, que também dispensou o francês Nathanaël Berthon, após 3 corridas. Assim como na dispensa de Villeneuve por parte da Venturi, não foram divulgadas as razões para dispensa do piloto, mas obviamente seus resultados até agora não empolgaram o time: o francês marcou apenas 4 pontos na primeira prova da nova temporada, em Pequim, ocupando a 15ª posição no campeonato, enquanto seu companheiro, o português Antonio Félix da Costa é o 9° colocado, com 16 pontos. Para substituir Berthon, o time de Aguri Suzuki recontratou o mexicano Salvador Duran, que já havia sido piloto da escuderia na temporada passada, e nesta nova havia acertado para defender a equipe de Jarno Trulli. Porém, o time do ex-piloto italiano de F-1 fechou as portas após não conseguir disputar as duas primeiras etapas, e Duran ficou a ver navios, e agora ganha uma nova chance de seguir na categoria, e o piloto está ainda mais empolgado porque, depois desta prova em Buenos Aires, a F-E desembarcará na Cidade do México, dia 12 de março, para a nova etapa do campeonato, e Salvador está ansioso por correr em seu país na categoria dos carros monopostos elétricos. No campeonato, a equipe Aguri é a 6ª colocada, com 20 pontos.
            Enquanto se comentam as trocas destes dois pilotos, a atenção principal da F-E está na disputa entre Sébastien Buemi e Lucas Di Grassi pela liderança da competição. O piloto da e.dams ainda é o favorito por contar com o melhor carro, tendo vencido as provas de Pequim e Punta Del Este, mas Lucas Di Grassi tem aproveitado todas as oportunidades para terminar bem as corridas, e venceu a etapa de Putrajaya. No ano passado, a corrida portenha teve alguns acidentes e uma disputa alucinada nas voltas finais pelas primeiras posições que deixou piloto e público sem saber quem estava em qual posição, tamanhas foram as trocas de posições na pista na parte final da prova. Além da disputa louca pelas posições após os líderes enfrentarem problemas mecânicos inesperados ou alheios a seu controle, o público praticamente lotou as arquibancadas para ver a corrida, e o cenário tem tudo para se repetir amanhã. Se a corrida vai ser tão empolgante quanto a do ano passado, não dá para saber, mas que a prova deve ser novamente um sucesso, isso será, e o público argentino amante do automobilismo faz por merecer receber novamente a categoria em sua capital, enquanto aqui no Brasil as prioridades segundo certas "otoridades" são bem outras e altamente questionáveis, ainda mais no aspecto de integridade moral...
            O e-Prix de Buenos Aires será disputado em 35 voltas no circuito de 2,479 Km montado no entorno do Parque Micaela Bastidas. O canal pago FoxSports 2 transmite a corrida ao vivo, a partir das 16:30 Hrs. É hora de ligarem suas tomadas e acelerarem fundo novamente.
O circuito de Buenos Aires para a F-E é muito apreciado pelos pilotos, e promete boas disputas neste sábado.



Os pilotos brasileiros venceram mais uma edição das 24 Horas de Daytona, uma das provas mais famosas e tradicionais do automobilismo americano. Disputada no último final de semana, a corrida foi vencida pela equipe Tequila Patrón ESM, com o brasileiro Pipo Dreani dando um show em sua primeira participação na corrida, competindo ao lado de Ed Brown, Johannes van Overbeek e Scott Sharp ao volante do protótipo Ligier JS P2-Honda. Derani, aliás, foi um dos destaques da corrida, assumindo a liderança da prova logo no início e mantendo um ritmo forte enquanto esteve na pista. E o paulista de 22 anos fechou a disputa pilotando no último stint da corrida, quando superou o bólido da equipe Wayne Taylor Racing, e chegou na frente por uma margem considerada apertada em se tratando de uma corrida de 24 horas: 26s de vantagem, após 736 voltas e 4.216,74 Km de percurso. Após a vitória, Derani inclusive admitiu que seu carro começou a apresentar alguns problemas na última parte da prova, como a elevação da temperatura do câmbio, mas que conseguiu se manter concentrado e seguir firme rumo à vitória. O desempenho do brasileiro, que resolveu mudar sua carreira para as provas de Endurance, surpreendeu os donos da escuderia, e pode-se dizer que Derani estreou nos Estados Unidos com o pé direito fundo no acelerador. Pipo não cometeu erros e manteve-se com um ritmo fortíssimo na pista, guiando como um veterano. E ele ainda marcou a volta mais rápida da prova, com o tempo de 1min39s192, para não deixar dúvidas de que estava mesmo com a corrida sob controle. Uma vitória que certamente será lembrada por muitos fãs do esporte.
Pipo Derani chegou em grande estilo às corridas de endurance americanas, ao vencer as 24 Horas de Daytona logo em sua estréia.


O triunfo de Derani foi a 3ª vitória consecutiva de um piloto brasileiro nas 24 Horas de Daytona. Em 2014, Christian Fittipaldi conseguiu seu segundo triunfo na prova; e no ano passado, a vitória foi da equipe Chip Ganassi, com Tony Kanaan como um de seus pilotos. Mas não foi apenas Derani que conseguiu um bom resultado. Rubens Barrichello, competindo pela equipe Wayne Taylor Racing, ficou com a 2ª colocação da prova, garantindo uma inédita dobradinha brasileira nos dois degraus mais altos do pódio. Não fossem problemas enfrentados por suas equipes, Christian Fittipaldi e Tony Kanaan poderiam ter feito nosso país marcar presença em todo os degraus do pódio. O carro pilotado pelo time de Kanaan teve problemas durante a corrida, e depois ficou de fora após um acidente protagonizado por Kyle Larson numa das curvas do trecho misto do Daytona International Speedway, indo parar na barreira de pneus com certa violência, que destruiu a frente do protótipo, e tirando o time vencedor de 2015 da competição deste ano. Já a equipe Action Express conseguiu manter o seu carro N° 5 na pista, e mesmo com 5 voltas de desvantagem, ainda conseguiu chegar na 4ª colocação. Vencedor da prova em 2012, Oswaldo Negri Jr. teve de abandonar a prova durante a madrugada, devido a problemas mecânicos, depois de conseguir liderar boa parte da corrida, mostrando que tinha boas chances de reprisar a vitória nesta edição. Na categoria GTLM, os times dos brasileiros Daniel Serra e Augusto Farfus terminaram a prova na 10ª e 11ª colocações, respectivamente. E nossos pilotos prometem mais para 2017. Os americanos que fiquem de sobreaviso: os pilotos tupiniquins pretendem fazer de Daytona a sua nova praia do automobilismo...


Outros destaques da edição 2016 das 24 Horas de Daytona foi a participação do protótipo Delta Wing da Nissan, que chegou a liderar a corrida com Katherine Legge ao volante, e dava pinta de que poderia até vencer a corrida, em que pesasse o seu histórico de confiabilidade duvidosa. Infelizmente, um acidente protagonizado por Andy Meyrick em seu turno de pilotagem fez o carro dar adeus à disputa ao sofrer um acidente com um carro parado na pista durante a parte noturna da prova. O outro destaque foi a disputa ferrenha pela vitória na classe GTLM, entre os modelos Corvette dos pilotos Oliver Gavin e Antonio Garcia, que duelaram ferozmente nas voltas finais pela posição de vitória em sua classe, com o triunfo indo para o britânico por meros 0s034, levantando a torcida na arquibancada, finalizando em 7° e 8° na classificação geral da prova.


E Pastor Maldonado "dançou" na F-1. Há algumas semanas já vinham crescendo os rumores de que a Renault, ex-Lotus, não manteria o piloto venezuelano em seu time no retorno à categoria nesta temporada. O motivo é mais do que óbvio: em crise, dilapidada pela má administração do governo bolivariano de Hugo Chávez e depois, Nicolás Maduro, a PDVSA começou a atrasar os pagamentos acertados com o time de F-1. E a relação, infelizmente, findou. E sem os pagamentos, Pastor ficou sem sua vaga na escuderia, que será ocupada por Kevin Magnussen, que já confirmou o piloto dinamarquês nesta semana. Apelidado de alcunhas como "Maldonator" ou "Maldanado", pela frequência com que se meteu em vários acidentes desde que estreou na categoria máxima do automobilismo, Pastor sempre mostrou muita velocidade, mas também propensão para estar no lugar errado na hora errada. Não é exagero afirmar que alguns pilotos se sentirão aliviados por não ter de dividir as filas do grid com o impetuoso sul-americano, mas também é verdade que sem Maldonado a F-1 perde um pouco de sua graça, pois as estripulias cometidas pelo venezuelano, em que pese serem odiadas por pilotos e equipes, faziam a alegria do público, que sempre adorou os pilotos estabanados que já guiaram na F-1, saindo do lugar comum e trazendo por vezes o inesperado ao cenário de uma corrida, fosse no bom ou no mal sentido. Comparado por várias vezes ao inglês Nigel Mansell, também um piloto extremamente rápido e propenso a se meter em acidentes, a principal falha de Maldonado foi não conseguir se livrar o estigma de piloto "pagante", aqueles que ninguém contrata se não tiver um bom patrocínio por trás. É verdade que até vários campeões mundiais estrearam na F-1 nessa condição, mas conseguiram despertar interesse suficiente para deixarem esse rótulo e serem contratados por seu grande talento e capacidade, mas Pastor infelizmente não conseguiu se firmar na categoria. O próprio venezuelano afirmou ter planos de tentar um retorno em 2017, mas creio que será difícil, ainda mais porque as escuderias hoje tem necessitado mais do que nunca de pilotos com patrocínio, e se não puder contar com o aporte da PDVSA, melhor será tentar a sorte em outros campeonatos - e eles existem, que não exijam tanto aporte por parte do piloto. Maldonado, em 5 temporadas completas competindo na F-1, disputou 95 GPs, marcou um total de 76 pontos, e seu grande momento foi no Grande Prêmio da Espanha de 2012, onde largou na pole-position após a desclassificação do melhor tempo de Lewis Hamilton, e na corrida, travou uma belo duelo com Fernando Alonso, da Ferrari, e conquistou sua única vitória na categoria, e a última da equipe Williams. Foi também seu único pódio na F-1. Maldonado estreou em 2011, substituindo Nico Hulkenberg na equipe Williams, justamente por causa do vultoso patrocínio da PDVSA. O venezuelano correu para Frank Williams até o fim da temporada 2013, onde se desentendeu com o time, e foi para a Lotus, levando os petrodólares de seu país junto com ele. Foi um tiro pela culatra: a Williams, que em 2013 teve um péssimo ano, se reergueu em 2014, terminando o campeonato na 3ª colocação, enquanto a Lotus, em crise, teve um ano para esquecer. Em 2015, apesar de alguns resultados melhores em relação ao ano anterior, o time inglês continuou capengando financeiramente, enquanto Pastor via seu ex-time, a Williams, disputar novamente um bom campeonato. Infelizmente, a fama de batedor pesou na sua reputação mais do que sua velocidade, caso contrário ele teria sido mantido na escuderia. Mas também deve-se culpar a própria F-1, cujos gastos de competição continuam muito elevados, e com vários times não podendo prescindir de pilotos com muito patrocínio, o que os leva a optar primeiro pelo dinheiro, e depois pelo talento. Nos velhos tempos, quando os custos não eram astronômicos como hoje, as escuderias tinham mais possibilidades de fazer o reverso da equação, mas hoje em dia, a realidade é bem diferente. Mas o mundo do automobilismo é bem vasto, e Maldonado, com um pouco de sorte, achará o seu lugar neste ano, e que consiga dar seguimento à sua carreira.
Sem grana, não corre. Maldonado está fora da F-1 em 2016. Ponto alto da carreira foi a vitória no GP da Espanha em 2012, batendo Fernando Alonso perante seu público.

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