sexta-feira, 18 de setembro de 2015

TRICAMPEONATO ÓBVIO


Sébastien Ogier, ao lado de seu navegador, o francês Julien Ingrassia, comemoram a vitória na etapa do México deste ano, um dos 7 triunfos conquistados na atual temporada, que corou o tricampeonato do piloto da equipe Volkswagen Motorsport.

            Mais um campeonato mundial já tem o seu campeão de 2015. Sébastien Ogier faturou a conquista deste ano ao vencer o Rali da Austrália, no último fim de semana. Com 235 pontos, e com apenas 3 etapas restantes para encerrar o campeonato, o piloto francês da equipe oficial da Volkswagen não pode mais ser alcançado, e se quisesse, poderia ir descansar em casa assistindo a seus rivais se digladiarem nas provas restantes do ano. Mas, claro, não é isso o que vai acontecer, para azar dos concorrentes. Ogier faturou o título com 7 vitórias na competição, em um total de 10 etapas disputadas até agora. Seu domínio na competição foi tão acima dos rivais que sua conquista do título de 2015 era apenas questão de tempo. Título apenas, não, tricampeonato, isso sim.
            À maneira como o antigo "rei" do Mundial de Rali, Sébastien Loeb, que enfileirou 9 títulos consecutivos na competição, Sébastien Ogier vem deitando e rolando na competição depois que Loeb decidiu partir para outras paragens. Em 2013, o piloto levantou o seu primeiro caneco no Mundial de Rali, com nada menos do que 9 vitórias na competição, em um total de 13 etapas, garantindo o título para a Volkswagen, que passaria a colecionar títulos com Ogier, que não parou mais de vencer, até hoje.
            Seu "pior" resultado este ano foi no Rali da Argentina, onde classificou-se em 17°. Depois disso, em todas as etapas Sébastien terminou no pódio, ficando em 2° lugar nas etapas de Portugal e da Finlândia, e vencendo as provas de Monte Carlo, Suécia, México, Itália, Polônia, Alemanha, e Austrália, onde fechou com chave de ouro sua conquista matemática do título. Com tamanha performance, não é de se admirar que os concorrentes tenham sido arrasados pelo caminho, impotentes para deter o domínio do piloto francês e da equipe Volkswagen. Aliás, mesmo dentro da equipe da Volkswagen, a oposição a Ogier foi pífia, para dizer o mínimo. Jari-Matti Latvala, da Finlândia, ocupa a 2° colocação no campeonato, com 134 pontos, 101 a menos que Ogier, e conseguiu vencer apenas as etapas de Portugal e de seu país, muito pouco para tentar destronar o reinado imposto por seu próprio companheiro de time. Para piorar, Latvala teve dois abandonos, além de ter sido 15° colocado no México. Na 3ª colocação do campeonato, vem o norueguês Andreas Mikkelsen, também da Volkswagen, com 111 pontos, e cujo melhor resultado na competição foi o 2° lugar obtido no Rali da Polônia, seguido de 5 terceiros lugares em outras etapas, muito pouco diante do obtido por Ogier. Na 4ª colocação do campeonato vem o primeiro piloto "não-Volkswagen", o norueguês Mads Ostberg, da Citroen, com 90 pontos, apenas 4 de vantagem sobre o belga Thierry Neuville, da Hyundai. Em 6°, vem Kris Meeke, da Citroen, com 71 pontos.
            O massacre da equipe Volkswagen na competição só não é total porque o britânico Kris Meeke venceu o Rali da Argentina, na única vitória da Citroen, na primeira vitória da escuderia francesa na categoria desde 2013. Desnecessário dizer que a equipe da Volkswagen também já fechou matematicamente o campeonato de construtores, tendo até o presente momento 343 pontos, quase o dobro da segunda colocada, a Hyundai, que tem 177 pontos. A equipe sul-coreana, por sua vez, está numa batalha renhida com a Citroen, que está logo atrás, em 3° lugar, com 164 pontos. Na 4ª colocação, vem a M-Sport, com 148 pontos.
            O massacre imposto por Ogier aos concorrentes só indica que seu reinado vai durar ainda muito tempo, tal como aconteceu com o de Loeb. Mas nem sempre Sébastien esteve em posição tão privilegiada. Como todo novato na competição, ele já teve seus dias bem ruins na categoria. Ogier estreou no Mundial de Rali em 2008, na etapa do Rali do México, terminando em 8° lugar, que seria sua melhor classificação no ano, terminando em 18° lugar, com apenas 1 ponto, pelo time da FFSA - Equipe de France. No ano seguinte, competindo pela equipe júnior da Citroen, conquistaria seu primeiro pódio, com um 2° lugar no Rali da Grécia, e terminaria o ano em 8° lugar, com 24 pontos. Em 2010, ele iniciaria a disputa ainda no time júnior da Citroen, e chegaria à sua primeira vitória no Rali de Portugal, o que lhe valeu promoção para pilotar pelo time principal em algumas etapas na segunda metade do campeonato. Ele venceria ainda a etapa do Japão, e finalizaria o certame em 4/ lugar, com 167 pontos. O Mundial de Rali começaria a vê-lo com muito mais atenção, vendo ali um futuro campeão.
            Ogier não deixaria por menos nas expectativas: em 2011, como piloto em tempo integral da equipe principal da Citroen, o francês entrou fundo na disputa pelo título da categoria, obtendo 5 vitórias, e terminando o ano em 3° lugar, com 196 pontos, ficando atrás apenas do finlandês Mikko Hirvonen, da equipe Ford Abu Dhabi, com 214 pontos, além claro, de Sébastien Loeb, campeão com 222 pontos. Ogier mostrava que estava chegando, e que o título seria questão de tempo. Só que o ano de 2012 seria bem menos agradável do que esperava: estreando na equipe Volkswagen Motorsport, a temporada foi complicada, não conseguindo bons resultados. Foi um ano magro, em que terminou classificado em 10° lugar, com apenas 41 pontos, sem pódios ou vitórias.
            Mas em 2013 a equipe Volkswagen e o piloto engrenaram com tudo: veio o primeiro título, com 290 pontos, e 9 vitórias, além de mais 2 segundos-lugares. O brilho do primeiro título, contudo, ficou um pouco "manchado" pela desistência de Sébastien Loeb, o principal campeão da categoria na última década, estar abandonando o certame. Loeb disputou apenas 4 etapas naquele ano, e destas, venceu 2 e faturou mais um pódio na outra, e um abandono. Todos esperavam que Loeb decidisse competir a temporada toda, para então abandonar, talvez com 10 títulos em 10 anos de disputa, mas no fim, o que todos queriam mesmo era ver o embate titânico que ocorreria entre Ogier e Loeb, com seus dois times em excelentes condições. E Loeb infelizmente privou a todos desta batalha que teria tudo para ser épica. Só para ilustrar, em 3 das 4 etapas que Loeb disputou naquele ano, nas provas vencidas por Loeb, Ogier foi o 2° colocado, e na terceira, em que o eneacampeão foi 2° colocado, a vitória foi justamente de Ogier, que também venceu a 4° etapa, onde Loeb abandonou. O esperado duelo entre ambos não era mera expectativa: seria real mesmo. Sem Loeb, restou ao belga Thierry Neuville ser o principal rival de Ogier no campeonato, mas o piloto da Qatar World Rally Team foi vice-campeão com menos 114 pontos do que Ogier, não tendo conseguido vencer nenhuma etapa da competição.
            Sem Loeb, Ogier passou a reinar no Mundial de Rali, e o campeonato do ano passado ilustra bem isso: novo título, com nada menos do que 8 vitórias em 13 etapas, e um bicampeonato mais do que merecido, onde a Volkswagen praticamente dominou o campeonato, sendo que o finlandês Jari-Matti Latvala, vice-campeão, com 218 pontos, contra os 267 de Ogier, era companheiro do francês na escuderia alemã, e venceu 4 provas no Mundial de 2014. Mas, apesar de mostrar um bom desempenho, não conseguiu ser páreo para Sébastien, situação que só piorou este ano, com um domínio ainda mais arrasador do então bicampeão, que agora celebra o seu 3° título consecutivo.
            Com o campeão já definido, o campeonato agora terá como atrativo a luta pelo vice-campeonato, que parece restrita a Latvala e Mikkelsen, com vantagem para o finlandês, que já demonstrou ter uma melhor performance ao longo do campeonato do que o norueguês. Ainda teremos o Rali da Córsega (França) e da Catalunha (Espanha) no mês de outubro, e o fechamento do campeonato em novembro, com o Rali do País de Gales (Grâ-Bretanha). Mas não pensem que só porque já conquistou o título da temporada que Sébastien Ogier vai deitar ombros: ele vai em busca de mais vitórias, e certamente vai querer bater o seu recorde de triunfos na mesma temporada, obtido em 2013, de 9 vitórias. O francês já tem 7 troféus em 2015, e para bater sua meta, precisaria vencer as 3 provas restantes. Difícil? Talvez, mas nada impossível, como pudemos ver no cômputo geral da competição do Mundial de Rali deste ano.
            Aos rivais, só resta esperar mesmo é por 2016, mas sem esquecer que Ogier continuará firme, e agora, será em busca do tetracampeonato...


Outro campeonato que já conhece o seu campeão em 2015 é a F-3 Brasil. Pedro Piquet, atual campeão da competição, faturou a conquista do certame deste ano ao vencer as duas provas disputadas em Campo Grande, no fim de semana passado. O mais novo Piquet das pistas venceu 10 das 12 corridas realizadas até agora, e encerrou a disputa pelo título, conquistando o bicampeonato, com 4 provas ainda para encerrar o calendário. Faltam duas corridas em Curitiba e São Paulo, e Pedro certamente vai tentar encerrar o ano com o maior número de vitórias. Em contrapartida, a luta pelo vice-campeonato vai ser bem mais agitada, entre os pilotos Matheus Iorio, Carlos Cunha, Rodrigo Baptista, e Artur Fortunato. Iorio tem 87 pontos, contra 81 de Cunha, 72 de Baptista, e 70 de Fortunato. Pedro Piquet, o campeão, tem 153 pontos. O vencedor de cada corrida leva 15 pontos; o 2° colocado recebe 12 pontos, e o 3° colocado, 9 pontos. Para Nélson Piquet, pai de Pedro, o filho mostrou a que veio, mas lembra que ele competiu pelo melhor time da categoria, a equipe Cesário Fórmula, de modo que o garoto pelo menos fez bom uso dos recursos à sua disposição, lembrando que os rivais não tinham a mesma estrutura de competição por trás. Para Nélson, a hora da verdade do filho será no ano que vem, quando Pedro irá disputar a F-3 Européia, certame onde suas qualidades serão mais do que postas à prova, com competição bem mais acirrada e forte. Portanto, os excelentes resultados obtidos por Pedro nestes dois anos de competição na F-3 Brasil, um certame novo que ainda está encontrando o seu caminho, não podem dar uma idéia precisa da capacidade do mais novo Piquet do mundo do automobilismo. E é melhor que Pedro se prepare mesmo, porque a competição no certame europeu está sendo mesmo brava, mais brava até do que a FIA gostaria que fosse, pelos acidentes ocorridos em algumas etapas, que por pouco não resultaram em tragédias...


A Fórmula 1 chegou a Cingapura para a disputa do seu GP noturno da temporada, no circuito de rua de Marina Bay, sob a preocupação da forte névoa de fumaça que cobre o sudeste asiático, em razão das queimadas produzidas pela Indonésia, país vizinho à Cidade-Nação, que estava proporcionando um nível de poluição do ar muito superior ao verificado quando foram disputadas as Olimpíadas de Pequim. Felizmente, São Pedro ajudou, e mandou uma chuva que ajudou a limpar o ar, amenizando as preocupações quanto a esse problema. Por outro lado, a previsão para o fim de semana, de que pode chover, traz outras preocupações para pilotos e equipes, em relação à iluminação do circuito na chuva, uma vez que não apenas a corrida, mas todos os treinos, são realizados à noite. O sistema de iluminação da pista de Marina Bay é espetacular, mas até hoje isso não foi testado em tempo de chuva. Se o clima for mesmo molhado para o fim de semana, a corrida pode ficar bem mais interessante do que já é, uma vez que a pita de baixa velocidade deve favorecer os carros com motores menos potentes, como os Renault, e até o Honda, como aconteceu na prova da Hungria, onde Red Bull e McLaren conseguiram seus melhores resultados na temporada até aqui.


O Mundial de Endurance volta à pista neste fim de semana, com a disputa das 6 Horas do Circuito das Américas, em Austin, no Texas, Estados Unidos. A Porshe vai em busca de sua terceira vitória consecutiva na competição, depois de ter faturado as 24 Horas de Le Mans, e vencido também as 6 Horas de Nurburgring, onde fez dobradinha, deixando a Audi apenas em 3° lugar. Nos primeiros treinos, realizados nesta quinta-feira, a marca recordista de vitórias em Le Mans já mostrou que vem com tudo, tendo marcado os dois melhores tempos, deixando a Audi a quase 2s de distância na 3ª posição. A parada para os carros de Ingolstadt vai ser complicada...


O Rally Dakar 2016 está finalmente confirmado. A maior prova de rali do mundo estava com sua edição do próximo ano ainda indecisa em virtude de negociações com a Argentina referentes ao auxílio financeiro para viabilizar a competição no país portenho, que demandaria pelo menos mais US$ 6,5 milhões do que o combinado inicialmente pela empresa promotora do Dakar, e o governo argentino. Depois de várias negociações, onde o governo de Buenos Aires se recusava a pagar o valor adicional, com riscos até mesmo de cancelamento da prova do ao que vem, as partes conseguiram se acertar, e o Dakar 2016 será realizado. A prova do ano que vem será disputada apenas entre a Argentina e a Bolívia. O Chile já havia se retirado da competição, e o Peru também pulou fora. O rali terá sua largada no dia 2 de janeiro de 2016, em Buenos Aires, com fim previsto para o dia 16 de janeiro, em Rosário, também na Argentina, que verá a largada e o encerramento da competição. E o Brasil, mais uma vez, segue de fora da competição off-road mais famosa do mundo...

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