terça-feira, 28 de outubro de 2014

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA - OUTUBRO DE 2014



            E estamos chegando ao fim do ano, e com mais um mês indo embora, é chegado o momento de mais uma edição da COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA, com a sua tradicional avaliação de alguns dos acontecimentos e personagens que foram destaque deste neste mês de outubro no mundo da alta velocidade. Lembrando do velho esquema de sempre nas avaliações: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). Então, boa leitura para todos, e até a próxima edição da cotação automobilística, no mês que vem...



EM ALTA:

Marc Márquez: A "Formiga Atômica" está fazendo história no Mundial de Motovelocidade. Com apenas duas temporadas na categoria rainha do motocicismo, o jovem espanhol já conquistou o bicampeonato, tornando-se o mais jovem piloto a conquistar tal feito. E conseguiu fechar a conquista do título em Motegi, terra da Honda, que certamente está mais do que satisfeita com a maneira como o seu piloto dominou a temporada, conquistando nada menos do que 12 vitórias em 17 corridas disputadas. À concorrência restou o duelo pelo vice-campeonato, e a esperança de tentar destronar Márquez em 2015...

Pedro Piquet: O mais novo Piquet das pistas já conquistou o seu primeiro campeonato, ao sagrar-se vencedor antecipado da F-3 Brasil de 2014. Mas isso não tirou o ímpeto do garoto, que venceu mais uma corrida, em Curitiba, e tem planos de fechar a competição, em Goiânia, com novas vitórias. Se é verdade que Pedro correu pelo melhor time, a Cezário Fórmula, não é menos verdade que ele se empenhou firme e cumpriu com sua obrigação, faturando 10 das 14 corridas do calendário disputadas até agora. Em 2015, terá a obrigação de mostrar toda essa capacidade no exterior, para onde deve ir competir.

Simon Pagenaud: O piloto francês, que foi uma das sensações do campeonato da Indy Racing League nas últimas duas temporadas, passou a ser um dos nomes mais disputados do mercado da categoria, e seu nome era cogitado até para a F-1, com o apoio da Honda que em 2015 estará de volta na McLaren. Mas, a exemplo do que aconteceu no ano passado, quando contratou Juan Pablo Montoya, Roger Penske foi mais ligeiro, e já assegurou Pagenaud como novo piloto de seu time para o campeonato do ano que vem da IRL. Simon correrá ao lado do atual trio de pilotos de Roger: o campeão Will Power, o vice-campeão Hélio Castro Neves, e o Montoya. E a Penske alinhará 4 carros em todo o campeonato, a exemplo do que já faz o time da Andretti Autosports. E Simon, desde já, passa a ser um dos pilotos candidatos ao título da categoria...

Lewis Hamilton: O campeão de 2008 retomou a dianteira do campeonato na corrida de Cingapura com o abandono de Nico Rosberg naquela etapa, e resolveu partir para o ataque nas etapas do Japão e da Rússia, conquistando mais duas vitórias contundentes e abrindo 17 pontos de dianteira na classificação para o companheiro de equipe. Não fosse a pontuação dobrada em Abu Dhabi, muito provavelmente teria chances de conquistar o título na etapa do Brasil. Mas, mais do que a vantagem na classificação do campeonato, é o momento vivido pelo inglês, que se sente novamente no domínio da situação, e com a confiança plenamente em alta. E, quando Hamilton está neste momento, ele é quase imbatível na pista. Nico Rosberg vai ter de se desdobrar para reverter a situação...

Equipe Mercedes: A escuderia alemã sediada em Brackley enfim garantiu o título de construtores, o seu primeiro na história da F-1 como equipe completa. Quando foi campeã nos anos 1954 e 1955, foi campeã de pilotos com Juan Manuel Fangio, mas o campeonato de construtores só foi instituído em 1958. Apenas em 1998 a Mercedes conquistou um título de construtores na F-1, mas foi como fornecedora de motores para a McLaren, uma conquista que não tem o mesmo significado para a marca alemã quanto a deste ano. O título, cuja conquista foi encerrada matematicamente em Sochi, coroa o trabalho desenvolvido desde 2010 pela Mercedes, quando comprou a equipe Brawn e transformou-a no seu time oficial de F-1, seguindo na contramão das demais montadoras que participavam da categoria, como BMW, Toyota e Honda, que pularam fora devido à crise econômica. A Mercedes foi quem melhor trabalhou interpretando as novas regras técnicas, e produziu um carro excelente, e seu motor, aliado aos sistemas de recuperação de energia, são os melhores da categoria. Agora, só falta saber qual de seus pilotos será campeão da temporada...



NA MESMA:

Nico Rosberg: O piloto alemão ainda está no páreo pela disputa do título, mas está vendo Lewis Hamilton começar a desgarrar na dianteira depois de mais duas vitórias retumbantes no campeonato. Se Hamilton foi superior na pista sob chuva de Suzuka, em Sochi sua tarefa foi facilitada pela afobação de Nico, que no desespero de tentar assumir logo a liderança no início da corrida, travou os freios na primeira curva e com isso comprometeu seu jogo de pneus, precisando ir ao box e efetuar uma troca que só não arruinou sua corrida porque o desempenho superior do modelo W05 lhe permitiu depois recuperar a segunda posição na prova, além de uma pilotagem aguerrida e eficiente de Rosberg. Foi mais um erro de Nico que, aliado aos de Monza, e ao azar enfrentado em Cingapura, o estão deixando para trás na competição. Ainda dá para reverter o panorama e conquistar o título, mas Nico vai precisar vencer ou vencer as corridas dos EUA, Brasil e Abu Dhabi se quiser finalmente ganhar o seu primeiro campeonato. Condições ele tem, mas vai conseguir, como demonstrava com tanta confiança seu desempenho do meio deste campeonato? A conferir...

Equipe McLaren: O time de Ron Dennis segue em suas perspectivas para o retorno da parceria com a Honda em 2015. Enquanto não decide qual de seus pilotos mantém para o próximo ano, mais um nome de seu staff acaba de dar baixa: Sam Michael, ex-Williams, está fora do time para o próximo ano, em mais um passo da reformulação que a escuderia está realizando para voltar a vencer na F-1. A incerteza da contratação ou não de Fernando Alonso prossegue, e há quem diga que a escuderia pode até manter os pilotos atuais no caso do piloto espanhol continuar com seu temperamento difícil. O único ponto positivo é que o carro parece ter recuperado um pouco de competitividade, e com o forte empenho de Jenson Button nas últimas corridas, o time conseguiu se livrar um pouco da Force India na classificação de construtores, onde se encontrava até atrás da escuderia indiana, resultado nem um pouco agradável para Ron Dennis.

Luta pelo vice-campeonato na MotoGP: Com o domínio de Marc Márquez na atual temporada, as atenções da MotoGP se voltavam para ver quem seria o vice-campeão, uma vez que todos concordavam que era questão de tempo até o atual campeão repetir o feito, tamanho era seu domínio, vencendo consecutivamente as 10 corridas iniciais. Com apenas uma etapa para encerrar a competição, a disputa pelo vice agora ficou entre os pilotos do time oficial da Yamaha, Valentino Rossi e Jorge Lorenzo. Rossi tem 12 pontos de vantagem para o parceiro espanhol, e está decidido a ser o melhor "do resto" do grid. Lorenzo, depois de um início de campeonato ruim, conseguiu se recuperar e vencer duas corridas, entrando firme na luta pelo vice. Mas o "Doutor" está de volta à sua melhor forma, e a luta entre ambos promete ser eletrizante. Dani Pedrosa, parceiro de Márquez no time oficial da Honda, tinha tudo para se meter nesta briga, e até estava indo bem, mas seus abandonos nas duas últimas corridas deixaram-no praticamente fora de combate, e terá de amargar o 4° lugar no campeonato, uma vez que não tem condições de alcançar a dupla da Yamaha na classificação.

Jules Bianchi: O piloto da equipe Marussia acidentou-se gravemente durante o Grande Prêmio do Japão de F-1, ao escapar em uma curva e atingir com violência o trator que removia o carro de Adrian Sutil. Embora o piloto tenha conseguido escapar de bater com a cabeça com tudo, a violência da desaceleração foi suficiente para causar sérios danos ao cérebro do piloto, que foi levado imediatamente para um hospital, onde continua internado até o presente momento, em estado grave, e sem perspectivas de ter havido melhoras. E a F-1, 20 anos depois do traumático fim de semana de San Marino de 1994, volta a conviver com o fantasma da morte em uma corrida. Bianchi pode passar o resto da vida em coma, e sua carreira como piloto definitivamente acabou. Se conseguir recuperar a consciência e voltar a ter uma vida "comum", já estará num lucro tremendo.

Transmissão do GP dos EUA de F-1 na Globo: Pelo terceiro ano consecutivo, nenhuma novidade no que tange à postura da TV Globo quanto à transmissão do Grande Prêmio dos Estados Unidos em Austin: quem quiser ver ao vivo que recorra ao SporTV, pois no canal aberto o que vai passar é o futebol, não importa se é o time X, Y, ou Z. Quem reclama a esta altura já deveria conhecer muito bem a postura da emissora...



EM BAIXA:

Equipes nanicas da F-1: Que a Caterham já vinha mal das pernas, não era surpresa para ninguém. O que não se esperava é que o time já ficasse a ponto de não poder mais competir ainda este ano: a escuderia que iniciou em 2010 como Lotus ficará de fora das etapas dos Estados Unidos e do Brasil, e muitos já falam que até mesmo em Abu Dahbi o time não deverá estar presente. E a Marussia, o outro time pequeno que também estreou em 2010 com o nome de Virgin, também não deverá estar presente nas próximas duas corridas. As condições financeiras, que já não eram boas, se agravaram nesta reta final de campeonato. E é praticamente certo que não as veremos em 2015.

F-3 Inglesa: O certame de F-3 mais respeitado da história do automobilismo está deixando de existir. Crise econômica e gerencial acabaram por minar por completo o campeonato inglês da categoria, que existia desde 1951. Tentou-se uma união com o campeonato alemão de F-3, mas os germânicos não toparam a parada. Passagem obrigatória para quem queria atingir a F-1, o campeonato inglês viu diversos de seus campeões conseguirem o título na categoria máxima do automobilismo, entre eles Jim Clark, Jackie Stewart, e Mika Hakkinem. E nada menos do que 12 pilotos brasileiros venceram este campeonato, sendo p primeiro deles Émerson Fittipaldi, e o último, Felipe Nasr. É uma grande perda para o mundo do automobilismo, e um sinal de que os tempos estão sendo mesmo complicados para algumas categorias no mundo inteiro.

Etapa brasileira no WEC: Já está confirmado: o Brasil estará fora do campeonato mundial de endurance no próximo ano. O motivo oficial é que Interlagos estará em obras para a etapa da F-1, e a direção do campeonato não se dispôs a oferecer uma nova data para a etapa. Os organizadores prometem que em 2016 a corrida estará de volta ao calendário da categoria, mas pelo sim, pelo não, é esperar o ano que vem para isso se confirmar, uma vez que as duas etapas já realizadas em 2012 e 2013 não conseguiram fechar suas contas adequadamente, e um mal resultado financeiro na corrida deste ano pode comprometer ainda mais a situação. E ficaria ruim nosso país perder mais uma etapa de um campeonato mundial de automobilismo...

Fernando Alonso: O piloto espanhol está definitivamente fora da Ferrari para 2015. Se o asturiano estava impaciente com a escuderia, a nova direção do time italiano também perdeu a paciência com o bicampeão. Agora a única saída do espanhol é garantir um lugar na McLaren para o próximo ano, uma vez que tanto Red Bull quanto Mercedes lhe fecharam as portas para o campeonato de 2015. E, sabendo disso, Ron Dennis está disposto a colocar Alonso em seu devido lugar, não importando se o espanhol é o melhor piloto da categoria. As mágoas causadas em 2007 ainda não cicatrizaram, e o maior culpado disso é o próprio piloto, com suas idiossincrassias e egocentrismo. Caso contrário, seu passe estaria sendo disputado pelos times, e não o contrário...

"Política" na F-1: Com a tensão existente entre a Rússia e a Ucrânia, com o estopim de diversos grupos separatistas querendo arrancar pedaços da desta para uni-la a Moscou, foi um momento um tanto impróprio para a F-1 estrear uma corrida no país. Mas Bernie Ecclestone, fiel à sua política de que negócios são negócios, voltou a reafirmar que a Fórmula 1 "não se mete em política", da mesma maneira como a categoria se apresentou na África do Sul em pleno regime odioso do Apartheid, ou no Bahrein depois dos violentos protestos que ocorreram por lá. Chegou a ser acintoso o modo como Ecclestone puxava o saco do presidente russo Vladimir Putin, que se sentou numa tribuna onde também estava presente o rei do Bahrein. Essa rasgação de seda toda não é política também? Bernie deveria ter vergonha na cara, mas isso é pedir por um milagre. Depois, se há quem diga que a F-1 está perdendo a atratividade, ainda se ficam perguntando o motivo...


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