sexta-feira, 15 de agosto de 2014

O MASSACRE DE MÁRQUEZ


A prova da MotoGP em Indianápolis teve vários duelos, mas no fim, o vencedor foi novamente Marc Márquez. Parar a sequência de vitórias da "Formiga Atômica" está sendo mais difícil do que nunca em 2014...

            Enquanto o pessoal da Fórmula 1 curte suas férias de meio de ano, a turma da MotoGP continua em ação, e depois do GP de Indianápolis, disputado domingo passado, hoje todo mundo já está de novo a pista. O palco é o circuito de Brno, para a etapa da República Tcheca. A pista tem uma extensão de 5,403 Km, com cerca de 14 curvas, sendo 6 à esquerda e 8 à direita. A corrida será disputada em 22 voltas, em um total de 118,9 Km. E a pergunta que todos fazem é: quem pode parar Marc Márquez? O piloto espanhol, atual campeão da categoria, venceu novamente domingo passado, no traçado misto de Indianápolis, averbando nada menos do que sua 10ª vitória consecutiva no campeonato deste ano. Mais do que igualar o recorde histórico do italiano Giácomo Agostini, que em 1970 também conseguiu a proeza de vencer 10 provas em sequência, Márquez até agora foi o único a vencer na temporada, tendo um score impecável: 10 vitórias em 10 corridas, com nada menos do que 8 pole-positions, tendo falhado em largar na primeira fila apenas nas corridas de Barcelona (onde Dani Pedrosa largou na frente) e Assen (pole de Aleix Espargaro). A "Formiga Atômica" também marcou 8 melhores voltas no campeonato, deixando de assinalar a volta mais rápida apenas nas provas do Catar (Álvaro Bautista fez a melhor volta da corrida) e Buenos Aires (melhor volta de Dani Pedrosa). A concorrência, de fato, não tem muito o que mostrar em 2014.
            Não que não tenha tentado. Domingo passado, por exemplo, apesar de largar mais uma vez na pole, Márquez saiu mal, enquanto Valentino Rossi fez um arranque relâmpago, saindo da 5ª posição para fazer a primeira curva já na liderança da prova. E, por algumas voltas, o "Doutor" chegou até a abrir alguma vantagem, trazendo com ele o italiano Andrea Dovizioso, que fazia um excelente início de corrida com a Ducati, prometendo infernizar os ponteiros. Mas Marc foi ao ataque, e em poucas voltas, Rossi, Dovizioso, Jorge Lorenzo e Dani Pedrosa já circulavam próximos. E todo mundo já imaginava o que iria acontecer a seguir. Verdade que Lorenzo e Rossi deram trabalho para o jovem espanhol prodígio do motociclismo, mas tão logo se firmou na liderança, Márquez passou a abrir vantagem. Nem mesmo os maiores esforços de Lorenzo, que parece enfim voltar a seus melhores dias, foi suficiente para impedir mais um triunfo do jovem campeão. Rossi, depois de travar pegas com Dovizioso, Lorenzo e Márquez, acabou perdendo um pouco de ritmo nas voltas finais, finalizando o pódio, logo atrás do companheiro de equipe na Yamaha. Dani Pedrosa, para variar, "sobrou", terminando em 4°, e vendo o parceiro faturar mais uma vitória e seguir invicto no ano.
            É consenso geral de que o modelo RC213V do time oficial da Honda é o melhor equipamento da categoria, e isso é demonstrado pelo fato de Dani Pedrosa, que para muitos faz uma temporada sem brilho, ser o vice-líder do campeonato, com 161 pontos. Enquanto Márquez venceu todas as corridas do ano, Pedrosa tem como melhores resultados apenas 2 segundos lugares, nas etapas de Austin e Sachsenring, além da pole em Barcelona e uma melhor volta, na Argentina. Para complicar ainda mais, o piloto espanhol encontra-se em uma renhida disputa com Valentino Rossi, alternando-se com o italiano na segunda posição do campeonato ao longo da competição até aqui. Mesmo com um equipamento inferior ao da Honda, Rossi tem conseguido resultados mais consistentes, terminando nada menos do que 4 segundos lugares e 2 terceiros. E, em algumas corridas, como foi visto em Indianápolis, deu uma canseira para ser superado na pista, o que mostra que, apesar do melhor equipamento da competição, é Márquez que vem fazendo a diferença de performance, extraindo tudo o que a moto japonesa pode dar, e às vezes, até mais um pouco. A única prova em que Márquez terminou com relativa folga foi na Holanda, quando chegou com 6s7 de vantagem para Andrea Dovizioso, 2° colocado na etapa. Em compensação, nada menos do que 3 corridas terminaram com Marc vencendo por diferença mínima: em Mugello, o campeão venceu por míseros 0s121 de diferença para seu conterrâneo Jorge Lorenzo, da Yamaha. Nas outras duas provas, no Catar e em Barcelona, foi Valentino Rossi que esteve nos calcanhares de Márquez até a bandeirada de chegada, não permitindo que Marc pudesse se descuidar um só momento.
            Se no ano passado os concorrentes contavam com o noviciado de Márquez para tentar levar vantagem na competição, e mesmo assim acabaram vendo o novato ser campeão logo em seu primeiro ano na categoria rainha do motociclismo, este ano a tarefa está particularmente complicada, pois com mais experiência e maturidade, Márquez tem reduzido praticamente a zero seus erros nas corridas, não dando chances para o azar. E mesmo quando acaba largando mal e perdendo algumas posições nas largadas, Marc vai à luta e não demora a estar novamente na frente, mostrando que seu arrojo continua em ponto de bala como sempre. Pior para os adversários, que ainda não sabem o que é subir ao degrau mais alto do pódio.
            Enganam-se, entretanto, quem acha que o campeonato da MotoGP deste ano está sendo monótono. Em que pese o domínio de Márc Márquez nas vitórias, quase todas as corridas terminaram com os ocupantes do pódio separados por margens de diferença relativamente pequenas, mostrando que as disputas na pista estão bem acirradas. Na etapa inaugural, no Catar, Dani Pedrosa, 3° colocado, ficou apenas 3s37 atrás do parceiro vencedor, panorama similar ao resultado da Argentina, onde o 3° colocado, desta vez Jorge Lorenzo, também ficou apenas 3s201 atrás na bandeirada. Em Le Mans, foi Álvaro Bautista a chegar em 3°, com 3s144 de desvantagem. Em Jerez de La Fronteira, a disputa foi acirrada até a bandeirada: Dani Pedrosa fechou o pódio com apenas 1s529 de distância para o seu colega de equipe. Outra corrida apertada foi em Barcelona, com Pedrosa novamente em 3°, apenas 1s834 atrás. Na prova de Mugello, na Itália, foi Rossi quem fechou o pódio com um atraso de apenas 2s688. As etapas que destoaram deste panorama foram Austin, com Andrea Dovizioso a fechar o pódio praticamente 21s atrás de Márquez; Assen, com o 3° colocado Pedrosa atrás 10s791; e Sachsenring, com Lorenzo completando o top-3 com menos 10s317.
            Se a disputa na pista sugere que as corridas têm tido bons pegas entre os competidores, contudo, a fria realidade dos números mostra um panorama diferente: a Honda lidera de forma gritante o campeonato de construtores, com 250 pontos, contra apenas 174 da Yamaha, e 114 da Ducati. Na classificação por equipes, a escuderia oficial da Honda dispara na dianteira com 411 pontos, bem distante da arqui-rival Yamaha, cujo time de fábrica tem 274 pontos. A Ducati, com apenas 144 pontos, então, nem se fala. Na classificação, Marc Márquez acumula 89 pontos de vantagem sobre o próprio companheiro de equipe, Dani Pedrosa, que não consegue se livrar de Valentino Rossi, neste momento apenas 4 pontos atrás, com 157. Bicampeão da categoria, Jorge Lorenzo tem tido um ano difícil de digerir, e com alguns altos e baixos, está em 4° lugar, com apenas 117 pontos, trazendo em sua cola Andrea Dovizioso, com 108 pontos, que anda querendo mostrar serviço nas últimas provas, embora seus resultados finais nem sempre correspondam a seus esforços na pista.
            Com 8 corridas para fechar o calendário 2014, todos começam a fazer as contas de quando Márquez deve encerrar matematicamente a conquista do título. E os cálculos mais prováveis apontam para a etapa de Aragón, na Espanha. Se vencer todas as corridas até lá, em Brno, Silverstone e Misano, e apostando que Pedrosa seja sempre o 2° colocado, ele entraria na pista de Aragón com 104 pontos de vantagem, precisando apenas de um 2° lugar, desde que Pedrosa não vença, para faturar o bicampeonato. Na hipótese de Valentino Rossi ser sempre o 2°, bastaria um 3° lugar na mesma corrida, desde que o italiano não vencesse, para levar o caneco. E, se formos considerar as chances de Jorge Lorenzo, Márquez já teria ganho a parada, praticamente, em Misano, ainda mais cedo.
            Com as chances de título diminuindo a cada etapa, a concorrência passa a ter como maior objetivo pelo menos fechar 2014 com uma vitória, para não passar o ano em branco. As vitórias apertadas de Márquez vistas até agora na competição mostram que o jovem espanhol pode ser vencido. Conseguir isso, contudo, é outra história, e até o presente momento, tudo indica que, salvo surpresas inesperadas, Marc tem condições de vencer praticamente todas as corridas do campeonato, o que seria um feito espetacular. Quem mais chegou perto disso foi justamente Giácomo Agostini, que em 1970, quando venceu as 10 primeiras corridas do campeonato, só deixou escapar mesmo a vitória da etapa final, em Montjuic, na Espanha, uma vez que o certame daquele ano era composto de 11 provas. Um aproveitamento de 90,9% de vitórias no ano. Com 18 corridas compondo o calendário deste ano, os concorrentes ainda tem mais algumas chances de tentar limpar sua reputação frente à "Formiga Atômica", que vem massacrando a concorrência sem dó nem piedade, pelo menos no quesito vitórias.
            Eles podem tentar, com o mais novo round a ser disputado a partir de hoje nos treinos oficiais para a corrida de Brno. Mas falta combinar com Marc Márquez, e podem apostar que ele tem outras idéias na cabeça...


Enquanto tentam deter o monólogo de Marc Márquez na pista, os pilotos do time oficial da Yamaha já se garantiram para as próximas temporadas. Tanto Valentino Rossi quanto Jorge Lorenzo renovaram contrato com o time nipônico pelas temporadas de 2015 e 2016, quando tentarão novamente dar o título à sua escuderia, esperam, desde que tenham um equipamento mais competitivo, porque do jeito como está atualmente, só contando com os azares para tirar o espanhol da rival Honda da competição. Rossi finalizou seu acordo de renovação no mês passado, enquanto o acordo com Lorenzo foi um pouco mais complicado, mas acabou sendo selado na semana passada. Também mantendo tudo na mesma, a Honda continuará com Márquez e Dani Pedrosa em 2015. Com isso, é se preparar para continuarmos a assistir aos duelos das duas gigantes nipônicas no mundial de motovelocidade, que ganhará no próximo ano mais uma rival também japonesa, a Suzuki, que retorna à competição. Um é pouco, dois é bom, e três tem tudo para ser melhor ainda...


Mark Milles, principal diretor da Indycar, entidade que comanda o campeonato da Indy Racing League, disse que está otimista em poder retornar ao Brasil no próximo ano, para disputar a etapa nacional do campeonato, com previsão de realização para o primeiro fim de semana de março de 2015, em Brasília. Do lado de cá, as condições do autódromo não são as melhores, e as reformas necessárias para deixar a pista em condições decentes para se realizar uma competição de nível, já avisaram, só ficarão prontas mesmo em 2016, sendo que a licitação para as obras só será feita no mês que vem. Convenhamos, depois do que vimos na construção e reformas dos estádios nacionais para sediar a Copa do Mundo, isso não deveria ser nenhuma surpresa. Veremos se o chefão da Indycar vai gostar da brincadeira quando ver o estado das coisas no ano que vem. Pelo sim, pelo não, o calendário da IRL 2015 ainda não está fechado, então nada está garantido. Vale lembrar que teríamos uma etapa da MotoGP a ser disputada em Brasília este ano, mas a FIM, vendo a situação do autódromo, e sem as obras de adequação necessária, não pensou duas vezes antes de rifar a corrida do calendário...


A Indy Racing League volta à pista neste fim de semana. É a vez da corrida de Milawukee, a ser disputada no circuito de West Allis, em Wisconsin. Segundo no campeonato, o brasileiro Hélio Castro Neves precisa aproveitar o fraco retrospecto de seu companheiro Will Power nesta pista para retomar a liderança da competição: nas últimas 3 temporadas, o brasileiro chegou 2 vezes à frente do colega no pequeno circuito oval, vantagem pequena, é verdade, mas que pode significar a diferença entre finalmente chegar ao título ou ficar mais um ano na fila. Falando em filas, tanto Power quanto Hélio querem parar de bater na trave, e desencantar de vez com a conquista do tão sonhado título da categoria. Mas a dupla da Penske precisa ficar atenta aos concorrentes: nos últimos dois anos, a vitória nessa pista ficou com Ryan Hunter-Reay, e o piloto da Andretti Autosport ainda não está fora do páreo no campeonato. É preciso ficar de olho aberto. Na história do pequeno circuito oval de 1 milha, o maior vencedor é Rodger Ward, com 7 vitórias, seguido de Michael Andretti, com 5 triunfos, vindo depois Bobby Unser, seu irmão Al Unser, e Johnny Rutherford, todos com 4 vitórias, de quando o circuito fazia parte do calendário da Fórmula Indy original. Dos pilotos atuais, Ryan Hunter-Reay tem 3 vitórias, contra 2 de Tony Kanaan, 1 de Scott Dixon, Sebastién Bourdais, e Ryan Briscoe.

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