quarta-feira, 20 de agosto de 2014

ARQUIVO PISTA & BOX - FEVEREIRO DE 1997 - 21.02.1997



            Voltando com mais um antigo texto, trago hoje esta coluna, do dia 21 de fevereiro de 1997, dissertando sobre o início do julgamento sobre o acidente que vitimou Ayrton Senna no trágico GP de San Marino de 1994. Nada a adicionar sobre o texto, ele fala por si. Uma boa leitura a todos...


O CASO SENNA

            Começou ontem em Ímola, na Itália, o processo criminal do caso Ayrton Senna. O processo é presidido pelo juiz Antonio Constanzo; Maurizio Passarini ataca na promotoria. Alguns dos réus em julgamento: Frank Williams, Patrick Head, Adrian Newey, da equipe Williams. Roland Bruynseraede também está na lista. O processo visa apurar os responsáveis pela morte do piloto Ayrton Senna, ocorrida durante a realização do Grande Prêmio de San Marino de 1994.
            Esta semana, com a aproximação do início do processo, boa parte da imprensa internacional, especializada ou não, tratou de colocar o assunto novamente em evidência. Alguns, como o Sunday Times, chegaram até a colocar novas hipóteses em discussão, algumas até no limite do ridículo, como a possibilidade de Ayrton ter desmaiado dentro do carro pouco antes de entrar na curva Tamburello. Já a hipótese do pedaço de carenagem que teria feito seu carro perder o controle é até mais coerente, mas não chega a convencer, pois Senna não foi o único piloto a passar por cima dos pedaços da peça na reta dos boxes.
            Longe de defender alguém, afirmo que é impossível apontar culpados para o que ocorreu. Mesmo na época do acidente, eu já afirmava que era mais uma fatalidade do automobilismo. Por uma coincidência incomum de fatores, Ayrton morreu em um acidente até certo ponto comum a tantos outros já ocorridos. Um processo criminal para apurar os fatos é realmente necessário, mas pra dizer a verdade, estão fazendo muito teatro em cima disso. E não acredito que qualquer um dos “réus” acabe sendo condenado.
            As justificativas são várias. Desde que começou, o automobilismo é um esporte de alto risco por sua própria natureza. É impossível impedir que acidentes ocorram. O máximo que se pode fazer é evitar as circunstâncias que os favorecem, mas nem isso é possível em sua totalidade. A segurança hoje em dia no automobilismo é incomparável se olharmos para trás. Basta ver o que aconteceu em corridas nas décadas de 1960 e 1970. O número de acidentes era tal que praticamente não havia temporada sem que vários pilotos se machucassem seriamente, ou até morressem na pista. Nos últimos anos, a segurança, tanto dos circuitos como dos carros, melhorou muito. Talvez o fato que mais tenha marcado o ocorrido em Ímola em 1994 foi o choque causado pelos acontecimentos. Desde 1982 que não ocorriam acidentes com vítimas fatais em um fim de semana de Grande Prêmio de Fórmula 1. Desde então, a segurança melhorou muito, e os acidentes que ocorreram desde aquele GP até 1994 tinham sido até espetaculares em alguns casos, mas felizmente sem conseqüências sérias, fora o grande susto. O episódio de San Marino serviu para lembrar que nada pode ser totalmente previsível neste esporte, nem mesmo os acidentes. Uma forte lição, que serviu para se trabalhar em áreas mais específicas para melhorar a segurança passiva dos carros, bem como de diversas pistas. Foram feitos progressos, mas isso não quer dizer que um novo acidente poderá ter menos conseqüências, dependendo de como ele ocorrer.
            E, para afirmar isso, cito o acidente que matou o piloto Jeff Krosnoff durante o GP de Toronto da F-CART em julho do ano passado. Um acidente espetacular que resultou não só na morte do piloto como de um fiscal de pista, e por pouco não teve também maiores vítimas, pois pedaços de seu carro voaram para todos os lados, por pouco não atingindo os carros de outros pilotos.
            Mas, respostas são exigidas. E o processo pretende satisfazer esta necessidade. Como se trata de algo que aconteceu a um dos maiores ídolos esportivos do mundo, há todo esse agito. Curioso é que, em todos os noticiários que li a respeito do assunto, praticamente não vejo menção sequer sobre a morte de Roland Ratzemberger, que estreava na F-1 pela pequena equipe Simtek, e que morreu no sábado anterior à corrida, em um acidente visualmente até mais brutal do que o de Ayrton Senna. Será que sua morte também não deveria ser investigada, ou pelo menos lembrada? Façam seus próprios julgamentos a respeito desta questão...


O Mundial de F-1 aproxima-se de seu início, por isso, relaciono aqui os motores utilizados pelas escuderias nesta temporada:

ESCUDERIA
MOTOR
ESCUDERIA
MOTOR
Williams
Renault RS9 V-10
Benetton
Renault RS9 V-10
Ferrari
Ferrari V-10
McLaren
Mercedes-Benz V-10
TWR-Arrows
Yamaha V-10
Stewart
Ford Zetec-S V-10
Tyrrel
Ford EC V-8
Ligier
Mugen-Honda V-10
Jordan
Peugeot V-10
Minardi
Hart 830 V-8
Sauber
Petronas V-10 (Ferrari V-10 96)
Lola
Ford Zetec-R V-8


Williams e Benetton tiveram uma semana cheia no autódromo do Estoril. Cada uma das escuderias disputou os melhores tempos em todos os dias. O resultado aponta para uma equiparação de forças entre ambos os times, o que indica bons níveis de competição para o Mundial. Outra equipe a também andar bem foi a Jordan, mas depois do que aconteceu com o time nos últimos dois anos depois dos resultados da pré-temporada, fica a dúvida se a história não vai se repetir...


O piloto brasileiro Cristiano da Matta fez bonito nos testes coletivos da Indy Lights realizados semana passada no circuito de Homestead. Da Matta acabou com o segundo melhor tempo dos testes. Mais uma fera brasileira para deixar os americanos arrepiados...


Já os testes coletivos da F-CART no circuito de Laguna Seca, na Califórnia, foram dominados amplamente pelo italiano Alessandro Zanardi, da equipe Chip Ganassi. Nem mesmo Jimmy Vasser, seu companheiro de equipe e atual campeão da categoria, conseguiu acompanhar seu ritmo. Mas ele bem que resolveu tentar, o que resultou em algumas saídas de pista e uma forte batida com o carro, sem conseqüências para o piloto, felizmente...


Do time de brasileiros da F-CART, quem anda com a cotação em alta e entusiasmo idem é Maurício Gugelmim. Tanto em Homestead quanto em Laguna Seca, o piloto da equipe PacWest foi uma sombra permanente nos pilotos da Ganassi. Tentando conter a euforia, Gugelmim diz que não vê a hora do campeonato começar e poder medir forças a nível real com os adversários.
 



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