quarta-feira, 27 de agosto de 2014

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA - AGOSTO DE 2014



            E mais um mês está terminando, e seguindo a tradição, é hora de mais uma nova edição da COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA, fazendo a tradicional avaliação de alguns dos acontecimentos que andaram agitando neste mês de agosto o mundo do esporte a motor. E não esquecendo do velho esquema de sempre nas avaliações: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). Então, boa leitura a todos, e no mês que vem, tem mais cotação...



EM ALTA:

Daniel Ricciardo: O piloto australiano da Red Bull continua com a corda toda, e se já estava com a cotação em alta pela vitória conquistada no GP da Hungria de F-1, agora começa a ameaçar - imaginem só, a vice-liderança de Lewis Hamilton na classificação, depois de vencer de maneira brilhante a corrida da Bélgica. Verdade que o imbróglio causado por Nico Rosberg logo no começo da corrida entre ele e seu companheiro de equipe Hamilton ajudou o time alemão a perder a prova, mas mesmo assim, Ricciardo andou forte o tempo todo, dando um baile em seu companheiro de equipe Sebastian Vettel, que saiu de Spa-Francorchamps certamente bem contrariado por ter ficado apenas em 5° lugar, a mais de 50s de desvantagem para seu parceiro de time. Tudo bem, Ricciardo ainda está 35 pontos atrás de Hamilton, mas desde o início do campeonato, ninguém imaginava ser possível alcançar os carros prateados. Mais algumas confusões como a da Bélgica, e novos shows de pilotagem de Daniel, e podemos contar com algumas surpresas no fim do campeonato...

Will Power: O piloto australiano da equipe Penske está bem próximo de enfim conquistar o seu primeiro título na Indy Racing League. Power venceu de maneira contundente a etapa de Milawukee, e em Sonoma, apesar do resultado não ter sido tão bom quanto esperava, ainda saiu do Infineon Raceway com 51 pontos de vantagem para Hélio Castro Neves, que parece destinado a ficar novamente na fila, amargando mais um vice-campeonato, sensação que Power viveu por 3 temporadas consecutivas, de 2010 a 2012. Mas, assim mesmo, pelo histórico de derrotas na última etapa, Power vai para a etapa final, em Fontana, com precaução. Não fosse a etapa no California Speedway ter pontuação dobrada, por ser uma prova de 500 milhas, e só largar já daria o título ao australiano. Será que agora Will desencanta? Está muito perto disso, mas só vai comemorar mesmo depois da bandeirada de chegada...

Equipe Penske: Roger Penske só conquistou até hoje um título na Indy Racing League, em 2006, com Sam Hornish Jr. De lá para cá, vem batendo na trave em todos os últimos campeonatos, perdendo os títulos na última corrida para pilotos de equipes rivais como a Ganassi ou a Andretti. Este ano, contudo, o risco é bem menor, uma vez que Roger tem dois pilotos ocupando as duas primeiras posições no campeonato. Na hipótese remota de Will Power perder o campeonato, as chances de Hélio Castro Neves faturar o caneco devem garantir o título de 2014 para a Penske. Os rivais de outras equipes encontram-se este ano mais distantes, e praticamente fora de combate: Simon Pagenaud e Ryan Hunter-Reay estão mais de 80 pontos atrás de Will Power, e não tem como descontar a diferença. E, com um pouco de sorte, pode fazer 1-2-3 no campeonato, uma vez que Juan Pablo Montoya tem chances de terminar a competição em 3° lugar.

Scott Dixon: O atual campeão da IRL vem tendo um ano complicado, longe da disputa pelo título. Mesmo assim, já conseguiu marcar presença este ano com duas vitórias conquistadas na base da estratégia e inteligência, nas pistas de Mid-Ohio e Sonoma. Conseguindo manter um ritmo forte sem comprometer o consumo de combustível, Dixon conseguiu a proeza de largar em último em Lexington e vencer a prova. Em Infineon, o neo-zelandês não teve uma corrida dão dramática, mas novamente fez um planejamento meticuloso para averbar seu segundo triunfo na temporada, estando em 5° no campeonato e com chances de subir mais algumas posições, mostrando que seu tricampeonato não é para ser subestimado.

Equipe Red Bull: Mesmo com um motor que ainda está mais de 50 HPs abaixo da potência dos Mercedes, o time comandado por Christian Horner e que tem Adrian Newey nas pranchetas não pode ser subestimado, e a prova disso foi que eles conseguiram vencer a corrida da Bélgica, mesmo em uma pista onde a potência do propulsor é fundamental para se ter desempenho nos trechos de subida. Aperfeiçoando o equilíbrio do modelo RB10, a escuderia conseguiu contrabalançar a falta de potência com uma asa traseira menor, o que fez dos carros do time os mais velozes nos trechos de reta, sem comprometer demasiadamente nos trechos de curva. Basta ver que Ricciardo conseguiu vencer a corrida com quase 30s de vantagem para Valtteri Bottas, e certamente daria trabalho para as Mercedes, se estas não tivessem se enrolado consigo mesmas. O time segue para a Itália, em Monza, com a moral em alta, exceto pelo desempenho de Sebastian Vettel na Bélgica...



NA MESMA:

Mundial de MotoGP: OK, a invencibilidade de Marc Márquez na temporada 2014 finalmente foi quebrada, com a vitória na etapa da República Tcheca indo parar nas mãos de Dani Pedrosa, que até então vinha fazendo um campeonato apagado em comparação com a exuberância do parceiro. Mas vai ser difícil tirar o bicampeonato de Márquez: ele ainda tem 81 pontos de vantagem para Pedrosa, que mesmo que vencesse as próximas 3 provas e Marc abandonasse todas, nem assim perderia a liderança da competição. Para os rivais, nada muda, pois a Honda continua vencendo tudo na temporada 2014. Valentino Rossi e Jorge Lorenzo estão apertando o ritmo, mas ainda não conseguiram destronar o time rival do degrau mais alto do pódio. E Pedrosa, mesmo com a vitória, não consegue tirar Rossi de seus calcanhares. O jeito é torcer para a prova de Brno significar uma mudança de rumo no campeonato, a exemplo do que está ocorrendo na F-1, onde o passeio da equipe Mercedes começa a ficar mais árduo do que muitos imaginavam...

Hélio Castro Neves: O piloto brasileiro certamente vai amargar mais um vice-campeonato na IRL em 2014. As últimas corridas foram de resultados ruins, alguns por problemas alheios a seu controle, é verdade, mas infelizmente é preciso saber fazer a sorte trabalhar a seu favor, e não vem conseguindo nestas etapas finais do campeonato. Nem tudo está perdido, mas depois do resultado de Sonoma, Helinho vai precisar de toda a sorte dos últimos anos para levantar o caneco de campeão em Fontana. Melhor ir se preparando para se divertir na festa da conquista do título pelo parceiro Will Power. Na pior das hipóteses, o brasileiro pode até despencar no campeonato, se os concorrentes derem sorte na etapa final, já que sua pontuação dobrada pode mudar as posições de vários pilotos na tabela.

Mundial de Rali: A equipe da Volkswagen finalmente teve sua invencibilidade quebrada na temporada 2014, ao ver seus dois pilotos, Sebastien Ogier e Jari-Matti Latvala, abandonarem o Rali da Alemanha, cuja vitória acabou ficando com o belga Thierry Neuville. Mas o panorama da competição continua praticamente inalterado, com Ogier ainda disparado na liderança, enquanto Latvala tenta diminuir a diferença para seu companheiro de equipe. Mesmo com a vitória na etapa alemã, Neuville está mais de 100 pontos atrás de Ogier. E, na classificação de construtores, a Volkswagen tem mais do que o dobro da Citroen, que vem na 2ª colocação. Com o triunfo na Alemanha, a Hyundai assumiu a 3° posição. Mas tanto a marca francesa quanto a coreana precisariam de um milagre para alcançarem os alemães.

Fila furada da Red Bull: No ano passado, todo mundo ficou surpreso quando Helmut Marko "furou" a fila de pretendentes a ser piloto da Toro Rosso, promovendo o jovem russo Dannil Kvyat para ser companheiro de Jean-Éric Vergne nesta temporada. Com o sucesso do piloto russo, Marko resolveu novamente promover uma furada na "fila" do programa de pilotos da empresa, e agora é outra jovem promessa, Max Verstappen, que irá ter a chance de estrear na F-1, em 2015, ainda com apenas 17 anos. Com isso, não dá para ficar esperando pelo cumprimento de promessas que porventura tenham sido feitas a Carlos Sainz Jr. e Antônio Félix da Costa, que eram tidos como próximos nomes a serem promovidos pela empresa no seu programa de jovens pilotos, especialmente em relação ao português, que pelo segundo ano consecutivo se vê preterido por Marko na escolha dos pilotos da Toro Rosso.

Equipe Lotus: O calvário da escuderia de Enstone em 2014 continua. Na Bélgica, para variar, Pastor Maldonado bateu de novo nos treinos, e novamente largou lá atrás, enquanto Romain Grosjean remou, remou, e acabou abandonando quando viu que não ia a lugar nenhum na prova. Para complicar, os problemas de competitividade do carro parecem insolúveis, não se limitando apenas à falta de potência da unidade turbo da Renault e aos sistemas do ERS. Parece que o jeito vai ser cumprir tabela este ano e tentar voltar melhor em 2015. Maldonado está confirmado para o próximo ano, mas não se sabe o que será de Grosjean. Ah, e pensar que Maldonado deve ter sentido de novo a pulga atrás da orelha, ao ver seu ex-time subir novamente ao pódio, com Valtteri Bottas. Se arrependimento matasse...



EM BAIXA:

Nico Rosberg: Por mais que Lewis Hamilton tenha fama de chorão e de ficar meio desestabilizado quando a situação fica ruim, quem saiu da etapa da Bélgica com rótulo de culpado foi mesmo o líder do campeonato de F-1. Hamilton liderava a prova belga, e na freada da Les Combes, defendeu-se de forma limpa do parceiro de equipe, que intencionalmente ou não, poderia ter evitado o toque que azedou por completo o clima na escuderia Mercedes. O piloto alemão dá mostras de que vai endurecer o jogo daqui para a frente, e com contrato renovado por mais 3 anos, parece disposto a marcar sua posição no time, de preferência batendo de frente com Hamilton, na luta pelo título da F-1 em 2014. Ele deu sorte de o toque não lhe render maus bocados na pista, e mesmo não tendo vencido a prova de Spa, abriu quase 30 pontos de vantagem na classificação. Se isso valeu as vaias que recebeu no pódio, frente aos torcedores, é outra história...

Equipe Mercedes: Seus carros ainda são os modelos a serem batidos na pista no campeonato deste ano da F-1, mas não no sentido literal da palavra. O toque de Nico Rosberg em Lewis Hamilton arruinou a corrida do inglês, e certamente contribuiu para a perda da vitória na prova belga, que ficou com a Red Bull. A direção da escuderia, se vinha ganhando méritos até aqui por deixar a disputa entre seus pilotos aberta, como manda a boa tradição do esporte, por outro lado, vai ter problemas na administração dos egos de seus pilotos, uma vez que Nico Rosberg está demonstrando poder ser uma fonte de problemas tão grande quando Lewis Hamilton. Depois do inglês ter tido seus chiliques nas classificações das últimas duas corridas, ele vinha fazendo as coisas sem alarde em Spa: assumiu a liderança da corrida e certamente seria um páreo duro pela vitória, até ter o pneu furado e dar adeus às suas chances na prova. Foi a primeira briga entre seus pilotos que acabou dando a vitória à concorrência, e se eles não tomarem providências, o que muitos imaginavam impossível pode acabar acontecendo: perder o campeonato de pilotos. O triunfo de Daniel Ricciardo acendeu a luz amarela, mostrando que a concorrência pode sim aprontar para cima dos carros alemães, se estes fizerem besteira na pista. Na primeira oportunidade, já conseguiram mais um triunfo. Ainda temos 7 corridas até o fim do campeonato, e cada etapa é um risco potencial daqui para a frente. A escuderia agora terá de intervir na briga, e o pior é a categoria perder o renhido duelo pelo título que estávamos vendo e curtindo, sendo substituído por uma preferência do time sobre quem vai ganhar de fato...

Equipe Marussia: O pequeno time de F-1 protagonizou um caso que certamente não ajuda na imagem da categoria: anunciou Alexander Rossi para disputar o GP da Bélgica no lugar de Max Chilton, por razões financeiras (o que até aí pelo menos fazia sentido, uma vez que Chilton é o piloto de menos resultados no time), e depois do primeiro treino, acabou trazendo Max de volta, aparentemente com as pendências financeiras sanadas, e Rossi voltando ao ostracismo. E sem dar explicações coerentes para o episódio. Tivessem dito que o americano iria disputar apenas o primeiro treino livre, e tudo bem. Começaram bem com as explicações, mas depois já não falavam exatamente coisa com coisa. O time estava indo tão melhor do que a Caterham este ano. Agora, podem mostrar que também sabem fazer bagunça fora da pista, como o ex-time verde de Tony Fernandes vem demonstrando...

Felipe Massa: O piloto brasileiro teve outro fim de semana para esquecer. Felipe até andou forte nos treinos, mostrando que o carro da Williams tinha potencial para lutar pelo menos pelas primeiras posições abaixo do pódio, mas na corrida, teve o azar de colher restos do pneu furado de Lewis Hamilton que tiraram o equilíbrio de seu carro enroscando-se no assoalho. Pior de tudo é que, quando finalmente removeram os detritos, Massa passou a andar no mesmo ritmo dos líderes, mas já era tarde para reverter o prejuízo, e ficou fora dos pontos, e ainda por cima vendo o parceiro Valtteri Bottas subir ao pódio na 3ª colocação. É preciso acabar com a má fase, mas parece que vai ser meio complicado tirar a uruca de cima do piloto tupiniquim...

Equipe Force India: O time comandado por Vijay Mallya sempre teve uma performance regular nos últimos campeonatos, mas este ano, depois de um bom início, vem perdendo força no pelotão intermediário, e nem mesmo na Bélgica, uma pista onde o carro da escuderia costumava render bem e fez até pole em 2009, o time conseguiu um bom resultado, tendo de suar para chegar na zona de pontuação. A situação só não fica pior porque a Sauber está tendo um ano horrível, e a Toro Rosso, a exemplo do que costuma fazer, promete muito e rende pouco, e a Lotus virou uma bagaça este ano, sem perspectivas de melhora. Assim, deve pelo menos manter a 6ª posição na classificação de construtores, mas já virou a última equipe na classificação abastecida pela Mercedes, o que não é nem um pouco agradável.

 



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