sexta-feira, 12 de julho de 2013

GANASSI E TARGET: 100 VITÓRIAS



Comemoração da vitória da Chip Ganassi em Pocono feita em grande estilo: 100 triunfos com o patrocínio da Target.

            A corrida de Pocono, disputada domingo passado, e válida pelo campeonato 2013 da Indy Racing League, teve bons motivos para fazer valer o dia para os amantes do automobilismo. Em primeiro lugar, foi a estréia de um grande circuito superspeedway no calendário da categoria, e que há muito tempo estava fora do certame das categorias Indy, tendo sediado sua última prova em 1989, na F-Indy, e de lá para cá tendo como maior atração duas provas de 500 milhas da Nascar. O visual da pista de Pocono é espetacular, permitindo aos carros atingirem altíssimas velocidades, e a largura da pista, em especial na reta dos boxes, dá a impressão de que os carros parecem até miniaturas. E Pocono marcou a volta da Chip Ganassi ao lugar mais alto do pódio, de onde andava ausente desde Mid-Ohio no ano passado. E em ambas as ocasiões, foi o neozelandês Scott Dixon o vitorioso. Foi uma vitória tripla para Chip Ganassi, uma vez que Charlie Kimball foi o 2° colocado, da equipe “B” Nordisk Ganassi, seguido por Dario Franchiti, parceiro de Dixon, em seu primeiro bom resultado do ano. E a vitória do time de Chip foi também histórica, por ter sido o 100° triunfo da equipe contando com o patrocínio da Target, patrocinador que sempre esteve presente no time de Chip Ganassi, desde sua fundação.
            Trata-se de uma marca importante, e que reforça a identidade da parceria entre a Target e Chip Ganassi, desde que este estreou seu time de competição na F-Indy original em 1990, tendo como piloto o conterrâneo Eddie Cheever. Floyd “Chip” Ganassi Jr. já tinha sido piloto na categoria, correndo pela escuderia de Pat Patrick, até sofrer um forte acidente em Michigan, em 1984. Recuperado, Ganassi encerrou sua carreira de piloto, mas seguiu no automobilismo, associando-se a Patrick Racing, que para o lugar do americano contratou o brasileiro Émerson Fittipaldi, que seria campeão com o time em 1989. No mesmo ano, Chip desfez sua parceria com Pat Patrick, e em 1990, estreava no campeonato com sua Chip Ganassi Racing. Contando desde o início com o patrocínio da Target, iniciava-se ali uma parceria que se mantém firme até hoje.
A estréia da Chip Ganassi Racing, em 1990, já contava com o apoio da Target no carro de Eddie Cheever.
            Competindo inicialmente com um chassi Penske de 1989, o time mudou para os Lola a meio do campeonato de 1990, tendo um desempenho bastante aceitável para um time estreante, com Eddie Cheever, recém-saído da F-1, a terminar o campeonato em 9° lugar, com 80 pontos. Cheever repetiu a mesma posição em 1991, sendo 10° colocado em 1992, quando deixou a equipe. Em 1993, contou com Arie Luyendick, vencedor da Indy500 de 1990, 8° colocado naquele ano. Apenas em 1994 a equipe venceria pela primeira vez: foi em Surfer’s Paradise, na Austrália, com Michael Andretti. A vitória continuou com a tradição da Reynard de vencer sempre na estréia das categorias que disputava, tendo entrado na F-Indy naquele ano, e para Michael Andretti, foi a redenção depois de um ano catastrófico na McLaren correndo na F-1. Michael venceria mais uma corrida em 1994, sendo 4° colocado no mundial, a melhor colocação até então. Naquele ano, o brasileiro Maurício Gugelmim fez sua primeira temporada completa na F-Indy, sendo companheiro de Andretti na Chip Ganassi, terminando a temporada apenas em 16° lugar.
            No ano seguinte, tendo Jimmy Vasser e Brian Herta como pilotos, o time voltou a ficar em posições intermediárias na competição. Para 1996, o time ganharia o reforço dos motores Honda e do italiano Alessandro Zanardi, e a partir daí, Chip Ganassi daria um novo status à sua escuderia. A combinação técnica Reynard/Honda/Firestone mostrou ser o melhor conjunto da categoria, mas a afinação, acerto e desenvolvimento dos carros atingida pelo time de Chip foi a mais eficiente de todas, e Jimmy Vasser conquistou o primeiro campeonato da história da escuderia. E não foi apenas Vasser que brilhou: Alessandro Zanardi foi a revelação da temporada, terminando em 3° lugar. A Chip Ganassi agora era o time a ser batido.
            O domínio se repetiu nos anos seguintes, com o bicampeonato de Zanardi (1997/1998) e o título de Juan Pablo Montoya (1999). Em 2000, Chip fez uma nova parceria com técnica com a Lola e a Toyota, mas a Penske, usando a combinação Reynard/Honda/Firestone foi a campeã. Mesmo assim, Montoya ainda venceu 3 provas, mostrando que a Ganassi havia se tornado de fato um time de ponta. O ano de 2001 foi mais difícil, mas o time ainda venceu corrida, agora com o brasileiro Bruno Junqueira, apesar de ficar apenas em 16° no campeonato. Mesmo com todos os altos e baixos que o time eventualmente sofria, e com alguns patrocínios mudando, a Target sempre se manteve firme e fiel ao time, numa solidariedade poucas vezes vista no mundo do automobilismo mundial. Em 2002, o time seria vice-campeão com Bruno Junqueira, em sua última participação na F-Indy.
            Para 2003, a Chip Ganassi mudou para a Indy Racing League, onde já tinha feito participação apenas nas 500 Milhas de Indianápolis, e competido com um time próprio durante a temporada de 2002. Agora dedicada apenas à IRL nos monopostos, o time voltou a mostrar sua força: foi campeã com Scott Dixon, repetindo o feito em 2008. Nos anos seguintes, a escuderia monopolizou a disputa do campeonato com a rival Penske, conquistando 3 títulos consecutivos com o escocês Dario Franchiti em 2009, 2010 e 2011. Desde a adoção do novo chassi DW-12 da Dallara, o time tem tido dificuldades em recuperar a forma dominadora de antes, mas a grande estrutura montada nos bons anos de sucesso por Chip Ganassi tornam a escuderia hoje uma das grandes forças do automobilismo americano, competindo atualmente com 4 pilotos na IRL, contando com Scott Dixon e Dario Franchiti no time “principal”, e Charlie Kimball numa estrutura “B” intitulada Nordisk/Ganassi.
            Até domingo passado, foram 90 vitórias contando ambas as categorias Indy, a F-Indy e a IRL. Mas Chip Ganassi não resumiu sua participação a estes dois campeonatos. Em 2001, Chip expandiu suas atividades, criando um time para competir na Nascar, a Stock Car americana. O sucesso na Nascar não foi tão freqüente como na Indy, mas o time venceu algumas corridas nesta competição, obtendo 4 triunfos na série ARCA, e uma na Sprint Cup. Mais proeminente foram as incursões de Chip no campeonato da Grand-Am, onde conseguiu 5 vitórias, e na prova mais destacada de todas, as 24 Horas de Daytona. E em todas estas participações, a Target, eterna parceria de Chip Ganassi, sempre esteve presente.
            Uma das maiores redes de supermercados dos Estados Unidos, a Target só perde para a rede do Walmart, a maior cadeia de supermercados do país. Originária da Dayton Hudson Corporation, uma empresa fundada em 1902 no Estado de Minnesota, a primeira loja com o nome Target foi aberta em 1962, tornando-se, ao longo dos anos, a maior divisão da Dayton Hudson, que no ano 2000 mudou seu nome para Target Corporation. Neste ano, a Target iniciou suas operações no Canadá, já tendo até o momento mais de 100 lojas abertas no vizinho do norte dos Estados Unidos. Durante a década de 1990, a Target foi a principal rival no ramo de lojas de varejo da K-Mart, durante o campeonato da F-Indy. A K-Mart patrocinava a equipe Newmann-Hass, uma das potências da categoria, e encontrou um rival à altura na Target, apesar de só a partir de 1996 a Ganassi se tornasse de fato uma potência no campeonato. Mas a K-Mart deixou a equipe de Carl Hass e Paul Newmann, que na década passada deixou de contar com o apoio da loja de departamentos, ao passo que a Chip Ganassi e a Target nunca se separaram, e continuam firmes até hoje.
            A ligação da Target com Chip Ganassi atingiu um número histórico de vitórias nos certames em que estiveram presentes, e isso é admirável. Talvez apenas a ligação da Marlboro com a Ferrari tenha sido tão vitoriosa, embora atualmente a Phillip Morris tinha apenas um menção implícita nos carros vermelhos, em virtude da proibição da propaganda tabaqueira na F-1. Chip e a Target já estão juntos há quase 25 anos, e mesmo que o time não esteja hoje na mesma posição dominante de outros anos, a parceria segue firme e forte, e quem sabe ambos estejam juntos daqui a outros 25 anos. Pode parecer sonhar alto demais, mas a América sempre se caracterizou por permitir que certos sonhos se tornassem realidade.
            Os parabéns a Chip Ganassi e sua escuderia, e à Target pela marca alcançada, mostrando que fidelidade e solidariedade, nos bons e maus momentos, ainda são possíveis de serem encontrados no mundo do automobilismo.

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