quarta-feira, 24 de julho de 2013

ARQUIVO PISTA & BOX – AGOSTO DE 1996 – 02.08.1996



            Em mais um texto da seção Arquivo, trago este que foi publicado no dia 02 de agosto de 1996. O assunto era um pequeno balanço da disputa dos títulos dos campeonatos da F-1 e F-Indy naquele ano. Finda a prova da Alemanha na F-1, havia apenas 5 corridas para fechar o ano, muito diferente dos dias de hoje. Na F-Indy, também havia muita expectativa na disputa do título, em um momento de alta popularidade de um certame que hoje não existe mais, tendo sido substituído pela rival IRL. Completando a coluna, algumas notas sobre os acontecimentos recentes do momento no círculo do automobilismo. Uma boa leitura a todos...


HORA DE FAZER CONTAS

            Findo o Grande Prêmio da Alemanha de Fórmula 1, e faltando agora apenas 5 provas para terminar o mundial de 1996, começam os cálculos para estimar até onde a disputa do campeonato pode se prolongar. Na F-Indy, o clima é igual, faltando apenas 4 etapas a se findar o torneio.

            Começando pela F-1, ninguém mais duvida que o título de construtores seja da Williams. Se marcar apenas mais 2 pontos na próxima etapa do campeonato, na Hungria, o time de Frank Williams assegurará matematicamente o título de construtores. O time mais próximo, a Benetton, precisaria vencer todas as corridas faltantes em dobradinha, e ainda torcer para que a Williams não marcasse mais nenhum ponto para levar o título por uma diferença mínima. No momento, a Williams soma 125 pontos, contra apenas 47 da rival que a derrotou em 95.

            Já no que se refere ao campeonato de pilotos, apenas na Bélgica o campeonato poderá ser decidido matematicamente. Damon Hill tem 21 pontos de vantagem sobre Jacques Villeneuve, e só poderá ser superado, na melhor das hipóteses, por ocasião do GP da Itália. A liderança do inglês, entretanto, deve aumentar nas próximas etapas. Se vencer em Budapeste, Hill ficará a apenas 9 pontos do título, se Villeneuve não conseguir marcar nenhum ponto.

            E os demais pilotos? Não podem fazer mais nada além de assistir à luta particular dos pilotos da Williams. Jean Alesi está a 42 pontos de desvantagem de Hill, enquanto Michael Schumacher, o atual campeão mundial, encontra-se 47 pontos atrás do inglês. As chances matemáticas existem, mas só um milagre permitiria a reação de ambos no campeonato. Com isso, eles tratam de se preocupar mais é com suas posições no certame. Entre Alesi, 3º no mundial, e Berger, seu colega de equipe e 7º colocado na classificação, tudo pode mudar nas próximas 5 etapas. Alesi está apenas 15 pontos na frente de Berger, e entre estes 15 pontos encontra-se Michael Schumacher, David Couthard, e Mika Hakkinem. O mesmo vale para suas equipes: Benetton, McLaren e Ferrari estão bem equilibrados na tabela de construtores.

            Já pelos lados da F-Indy, a coisa ainda mais complicada. Jimmy Vasser está com Al Unser Jr. em seus calcanhares. A diferença é de apenas 1 ponto (Vasser tem 112 e Al Jr., 111). Com 4 etapas ainda pela frente, com 88 pontos em jogo, ainda estão na disputa Gil de Ferran (com 92 pontos), Christian Fittipaldi (com 87), Michael Andretti (73), Alessandro Zanardi e Greg Moore (ambos com 72 pontos), André Ribeiro (71), e mais vários outros pilotos. O grosso da disputa, entretanto, deve ficar mesmo entre Al Unser Jr. , Gil de Ferran e Jimmy Vasser. O piloto da Chip Ganassi, porém, perdeu em Michigan a melhor oportunidade para aumentar a sua vantagem. Todas as provas restantes serão disputadas em circuitos mistos, onde a concorrência tem se dado muito melhor. Um pouco por fora, vem a dupla da equipe Newmann/Hass, Christian Fittipaldi e Michael Andretti, que podem embolar a situação nas etapas finais.

            Independente de todas estas contas, os pilotos aceleram fundo nas corridas finais, tanto na F-1 quanto na F-Indy. Afinal, a esperança é a última que morre, e no automobilismo, nenhum piloto que se preze desiste de lutar até o fim.





Émerson Fittipaldi, felizmente, já passa bem, depois de sofrer o mais violento acidente de toda a sua carreira, durante a disputa das 500 Milhas de Michigan, pela F-Indy. O acidente, motivado de maneira irresponsável por Greg Moore, por pouco não teve conseqüências mais graves. Nosso campeão, entretanto, só deverá voltar a competir, na melhor das hipóteses, em 97. A recuperação deve levar cerca de 2 meses, no mínimo.





Agora é definitivo: Gil de Ferran muda de equipe para 97 na F-Indy. A equipe ainda não está definida. O motivo é que Jim Hall resolveu mesmo fechar a sua escuderia ao término desta temporada, e se aposentará do automobilismo. A opção mais plausível é a Walker, que perderá Robby Gordon, mas ganhará o motor Honda, caso contrate o piloto brasileiro.





A Penske não gostou muito do resultado das 500 Milhas de Michigan. Apesar do 4º lugar de Al Unser Jr. na corrida, o acidente com Émerson Fittipaldi deixou Roger Penske muito indignado com a atitude de Greg Moore, e está exigindo uma punição para o canadense. Isso sem falar que Paul Tracy, o outro piloto do time, bateu forte no treino de sábado e teve o pescoço imobilizado, com ferimentos similares aos de Émerson, mas menos graves. Fora os danos nos pilotos, lá se foram também dois carros, o que deve manter os mecânicos da fábrica da Penske bem ocupados nos próximos dias.





Só para refrescar a memória: não foi a primeira vez que Greg Moore se envolveu em confusões com os Fittipaldi; em Long Beach, o piloto canadense acertou o carro de Christian Fittipaldi numa tentativa estúpida de recuperar sua posição, perdida instantes antes para o brasileiro. Ambos foram parar no muro. Émerson, que passava pelo local pouco depois, acabou levando as sobras, ao passar por cima de pedaços da suspensão do carro do sobrinho, e ter de abandonar a corrida por causa disso. Christian, que ficou bravo à beça no momento, quase partiu para a briga com Moore, mas os fiscais de pista apartaram os dois.





“Eu devia tê-lo nocauteado em Long Beach!”, declaração de Christian Fittipaldi em relação ao que Greg Moore aprontou desta vez em Michigan...





O treino de classificação do GP da Alemanha de F-1 reservou boas surpresas em seu final. Quando a torcida e Michael Schumacher preparavam-se para comemorar a pole na corrida, Damon Hill surgiu do nada e, numa volta demolidora, como Ayrton Senna costuma fazer, derrubou a concorrência. O ânimo da torcida esfriou ainda mais quando Gerhard Berger, logo a seguir a Hill, tirou o alemão da primeira fila de largada. Na corrida, a emoção ficou por conta de Hill e Berger, que lutaram roda a roda pela vitória até o motor do austríaco deixá-lo a pé quase no finalzinho da corrida. Destaque para Schumacher, que conseguiu chegar ao final da prova, mas com atuação pífia. Não fossem as quebras de Berger e Mika Hakkinem, o bicampeão teria amargado um 6º lugar irrisório perante sua torcida...





Rubens Barrichello confiava na força do motor Peugeot para atingir um bom resultado em Hockeinhein, mas finda a corrida, estava desiludido: o carro estava sem tração e sem estabilidade. “Se não fomos bem aqui, onde mais iremos?”, declarou o piloto brasileiro, em desânimo.





Gerhard Berger anda mesmo azarado. Depois do estouro do motor Renault que jogou por terra sua magnífica atuação em Hockeinhein, agora foi a vez do piloto ter o seu jato particular apreendido pelas autoridades austríacas, sob alegação de falta de pagamento de alguns impostos...





Heinz-Harald Frentzen e Rubens Barrichello são os nomes mais cotados no mercado de pilotos para a próxima temporada. Tudo dependerá, entretanto, se a Williams dispensar Damon Hill e se a nova motivação de Gerhard Berger fazer Flavio Briatore mantê-lo no time da Benetton em 1997...

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