sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

ARQUIVO PISTA & BOX – MARÇO DE 1996 – 29.03.1996


            Voltando com a seção Arquivo, trago hoje a coluna escrita para o dia 29 de março de 1996, a sexta-feira de treinos do Grande Prêmio do Brasil daquele ano, que comemorava 25 anos da existência de nossa corrida de F-1, saga iniciada lá nos anos 1970, quando Émerson Fittipaldi se tornava o novo astro da categoria, rivalizando com o grande nome da época, Jackie Stewart. A coluna relata algumas curiosidades e fatos da história de nossa corrida até aquele ano. A prova segue firme até hoje no calendário da categoria, em que pesem as ameaças e cobranças de melhorias em Interlagos, uma vez que a F-1 ficou mal acostumada com os novos autódromos faraônicos que vem sendo construídos desde 1998, e que viraram moda desde então. Curtam agora o texto, e um feliz Natal para todos os leitores...


GP BRASIL: 25 ANOS DE EMOÇÃO E VELOCIDADE!

            Neste domingo, mais uma vez, o autódromo de Interlagos será palco de uma etapa do campeonato mundial de F-1. Mais uma vez, todas as emoções do maior campeonato de automobilismo do mundo estarão voltadas para os 4,325 Km do circuito José Carlos Pace, no bairro de Interlagos, na Zona Sul de São Paulo. Mas, mais do que sediar, mais uma vez, uma prova de F-1, a etapa deste ano tem muito mais atração e significado: será a 25ª edição do Grande Prêmio do Brasil de F-1. Nosso grande prêmio atinge seu jubileu de prata no circuito mundial do automobilismo com honras e méritos e é o GP em disputa há mais tempo no hemisfério sul assim que a prova se realizar (O GP da África do Sul também foi realizada 24 vezes até agora).
            Tudo começou no dia 30 de março de 1972, uma quinta-feira, quando Interlagos sediou pela primeira vez uma etapa da F-1. A corrida, extra-campeonato, algo comum naquela época, foi vencida por Carlos Reutemann com a Brabham. Mas em 1973, já como etapa oficial do campeonato de F-1, as honras da vitória couberam a Émerson Fittipaldi, ao volante do lendário Lótus 72D. Émerson repetiria a dose em 74, agora com o também célebre McLaren M23. José Carlos Pace conseguiu aqui perante o seu público a sua única vitória na F-1, em 1975. Apenas em 1976 um piloto “estrangeiro” conseguiria vencer pela primeira em Interlagos contando pontos para o mundial. A honra coube a ninguém menos que Niki Lauda, com a Ferrari.
            Nélson Piquet venceu a prova em 1983, agora no autódromo de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, dando sua arrancada para o bicampeonato. Piquet repetiria a dose em 1986, com a Williams. Já Ayrton Senna só conseguiu vencer em 1991 e 1993. Senna, aliás, acumulou inúmeros abandonos no GP do Brasil: fora as 2 vitórias, só pontuou outras 2 vezes, em 1986 (2º lugar), e 1990 (3º lugar).
            Em matéria de vitórias, Alain Prost foi o grande dominador, vencendo 6 vezes nosso GP, o que lhe valeu o apelido de “Rei do Rio”, onde a prova era realizada na década de 1980, mas o intrépido francês venceu também em Interlagos, em 1990. O GP do Brasil, aliás, viu de tudo nestes últimos 25 anos: por aqui correram grandes pilotos e grandes campeões mundiais. A lista é grande e de respeito: Jackie Stewart, Émerson Fittipaldi, Niki Lauda, Graham Hill, Nélson Piquet, Alain Prost, Ayrton Senna, Nigel Mansell, Mario Andretti, só para citar os que foram campeões. Mas marcaram presença inúmeros outros, como Ronnie Peterson, Keke Rosberg, Jack Ickx, Clay Regazzoni, Carlos Reutemann, Alan Jones, James Hunt, entre outros mais. Além dos pilotos, os brasileiros também viram a evolução dos carros: do clássico Lótus 72D, passamos para os carros-asa, e daí em diante até a evolução atual dos monopostos. No campo dos motores, começamos com os célebres Cosworth DFV V-8. Veio então os poderosos motores turbo lançados pela Renault. Tivemos a Era Turbo e, recentemente, vimos o renascer os motores aspirados.
            Tudo cativou os brasileiros que, com o sucesso de nossos pilotos, passaram a se interessar ainda mais pelo automobilismo. E mais: principalmente em Interlagos, a emoção e o circuito é um desafio aos pilotos. Jacarepaguá, apesar de não ter a mesma classe de Interlagos, também tinha suas manhas. O circuito original de Interlagos era incomparável: quase 8 Km de pista com tudo o que se pudesse desejar em um circuito: retas, curvas de alta, curvas de baixa, etc. Como diziam, era um circuito “de macho”. A reforma em 1990 reduziu o traçado quase à metade, mas conseguiram manter parte do carisma e desafio que o circuito paulistano conseguia impor. Os brasileiros viram disputas memoráveis, proporcionadas por grandes pilotos, situações dramáticas, acidentes espetaculares, entre outras coisas.
            Na sua 25ª edição, o Grande Prêmio do Brasil é um sucesso: o público está presente mais do que nunca. A paixão do torcedor pela velocidade está no auge. Nossos pilotos podem não estar no topo como há algum tempo atrás, mas isso não desanima tanto. Já tivemos períodos de vacas magras em termos de resultados na F-1. Mas o torcedor estará presente, sempre apoiando nossos pilotos. O GP Brasil firma-se junto ao restante do calendário da F-1. Emoção, grandes disputas, bom público, tudo isso é o Grande Prêmio do Brasil de F-1. Parabéns pelos 25 anos, e que os próximos 25 sejam tão bons quanto foram os 25 primeiros!


Na madrugada deste sábado para domingo os carros da F-Indy aceleram fundo no Grande Prêmio da Austrália, em Surfer’s Paradise. Todas as expectativas até agora devem ser esquecidas: as primeiras duas provas foram em circuitos ovais. Agora é a vez de um circuito urbano. É hora de ver se a Honda consegue impor o seu domínio neste tipo de circuito.



Mark Blundell não corre na Austrália. O piloto da equipe PacWest quebrou um dedo do pé na forte batida que sofreu na curva 4 durante o GP do Brasil de F-Indy em Jacarepaguá. Já Scott Goodyear, que bateu forte nos treinos livres, no mesmo local, deverá ficar no estaleiro por dois meses, sem competir: ele fraturou uma vértebra cervical.



Eis alguns acidentes dignos de nota na história do Grande Prêmio do Brasil de F-1: em 1993, Michael Andretti e Gerhard Berger se enroscaram na largada e protagonizaram um acidente pavoroso, com o carro de Andretti voando por cima da Ferrari do austríaco. Já em 1994, um acidente ainda mais pavoroso, no fim da reta oposta, quando Eddie Irvinne, em uma tentativa de ultrapassagem, causou um acidente múltiplo, envolvendo ele próprio, Jos Verstappen, Martin Brundle e Eric Bernard. O carro de Verstappen decolou por cima dos demais e felizmente, ninguém saiu ferido.



Um detalhe sobre o circuito de Interlagos que ajuda a dar mais emoção e dificuldade para os pilotos: É a única prova do campeonato, ao lado da etapa de San Marino, que é disputada no circuito anti-horário. Isso costuma forçar bem mais a musculatura do pescoço no lado esquerdo, geralmente menos desenvolvida. No circuito antigo, de quase 8 Km, a força G era tão forte em algumas curvas que os pilotos prendiam molas nos capacetes para tentar firmar o pescoço.



Nélson Piquet irá participar das comemorações do 25º GP do Brasil. Está prevista uma exibição de Piquet, onde ele dará várias voltas no circuito ao volante de seu Brabham/BMW BT53, com o qual ele conquistou o bicampeonato mundial, em 1983.



Curiosidade: foi no GP do Brasil de 1978, disputado em Jacarepaguá que a equipe Copersucar, primeiro e único time brasileiro até hoje na F-1, obteve o seu melhor resultado na categoria. Émerson Fittipaldi foi o 2º colocado na prova.

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