quarta-feira, 29 de novembro de 2023

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA – NOVEMBRO DE 2023


E já estamos encerrando o mês de novembro, fechando o ano de quase todas as competições automobilísticas de 2023, restando apenas um ou outro certame com suas etapas finais, a exemplo da nossa Stock Car. O tempo, mais uma vez, parece ter passado voando a olhos vistos, parecendo até que o ano começou ontem. Então, com mais um mês chegando ao seu final, não percamos tempo, e vamos para mais uma edição da Cotação Automobilística, a última deste ano, com a tradicional avaliação de alguns dos diversos acontecimentos e personagens do mundo da alta velocidade que pudemos vivenciar neste mês de novembro, sempre com alguns comentários, no velho esquema de sempre: Em Alta (menções no quadro verde); Na Mesma (quadro azul); e Em Baixa (quadro laranja). Portanto, aproveitem o texto e tenham todos uma boa leitura, e até a próxima edição da Cotação Automobilística, que agora só deverá vir no final do mês de fevereiro de 2024, já no próximo ano, ou mais provavelmente no final do mês de março, a depender dos acontecimentos, já com o início das competições do próximo ano. Até lá, pessoal, e fiquem de boa...

 

EM ALTA:

 

Francesco Bagnaia bicampeão da MotoGP: O atual campeão da classe rainha do motociclismo reprisou sua conquista na temporada 2023, e seguirá ostentando o Nº 1 na equipe oficial de Borgo Panigale no próximo ano. Não foi uma conquista fácil, apesar do favoritismo da Ducati na temporada, porque a parte final da competição viu o duelo de “Pecco” com outro piloto da própria Ducati, Jorge Martin, da equipe satélite Pramac, que aproveitando os azares do italiano, em especial no acidente sofrido em Barcelona, quando caiu e foi atropelado, simplesmente escalou a pontuação e chegou até a assumir a dianteira do campeonato, ainda que por um breve momento. Mas alguns azares, erros e excesso de risco acabaram por complicar a situação de Martin, que chegou a Valência precisando reverter uma desvantagem de 21 pontos para o campeão, no que começou bem, vencendo a corrida Sprint, mas errando na corrida principal na disputa de posição com Marc Márquez, causando um acidente que eliminou ambos da corrida, e dando o título a Bagnaia, que ainda teve a sorte dos campeões, e venceu a prova, coroando com chave de ouro a conquista de seu segundo título, que a exemplo do primeiro, não veio fácil, apesar do excelente equipamento que teve em mãos. “Pecco” chega a seu segundo título, e desde já é o piloto a ser batido na próxima temporada, onde a Ducati deve manter o seu favoritismo, diante da melhora incerta das marcas rivais. Conseguirá o italiano estabelecer uma dinastia, como fizeram Valentino Rossi e Marc Márquez? A busca pelo tricampeonato deverá dar a resposta, mas no momento, o cacife de “Pecco”, apesar das dificuldades nas últimas corridas para confrontar a escalada de Jorge Martin, ganha pontos por procurar manter a situação sob controle, procurando evitar riscos desnecessários, e mostrando que por vezes, o melhor piloto não é necessariamente o mais rápido na pista, mas aquele que consegue ser mais eficiente na obtenção de resultados. Veremos se os rivais conseguirão dificultar sua campanha para o tricampeonato no próximo ano...

 

Disputa do título na MotoGP: Diferente da F-1, a classe rainha do motociclismo mostrou uma temporada bem mais disputada e emocionante, com o título se decidindo mais uma vez apenas na prova final da competição, e com disputas eletrizantes entre seus postulantes na reta final da temporada, ora com favoritismo de Bagnaia, da Ducati oficial, ora com Martin, da satélite Pramac, colocando o atual campeão e sua equipe na berlinda, podendo roubar o título da competição, deixando a torcida em pé na arquibancada e nas TVs, tentando prever quem seria o campeão do ano. Tivemos vitórias de seis escuderias diferentes nas corridas principais, e oito pilotos diferentes no topo do pódio, marcas relevantes na competição, ainda que o título tenha sido definido entre dois pilotos da Ducati. Muitas corridas foram vencidas por margens mínimas, com vários pilotos andando perto uns dos outros, e onde o menor erro poderia significar a vitória ou a derrota. Em um ano onde Honda e Yamaha ficaram de fora da briga, e com Aprilia e KTM negando melhor performance, ainda assim a briga entre as motos da Ducati conseguiram segurar a emoção e a disputa em níveis aceitáveis, e muito melhores se compararmos com a categoria máxima do automobilismo, que mais uma vez ficou devendo melhores emoções a seu público. E deve continuar assim em 2024, até prova em contrário. Alguém duvida?

 

Max Verstappen: Difícil encontrar maiores superlativos para descrever a temporada quase impecável de Max Verstappen na F-1 em 2023, quando se sagrou tricampeão mundial. O piloto holandês praticamente correu sozinho quase todo o ano, especialmente depois que Sergio Perez, seu colega de time na Red Bull, desandou no meio da temporada, não conseguindo mais fazer frente a Verstappen desde então, e caindo de desempenho a ponto de quase ter o vice-campeonato, que deveria ser dele até com facilidade, ameaçado pela aproximação de Lewis Hamilton em determinado momento do ano. Max só não foi tão incisivo quando o assunto foram pole-positions, mas desde que isso não conta pontos no campeonato, ele nem perdeu o sono com isso. Mesmo assim ele foi o pole-man do ano, com 12 anotadas no currículo. Mas o mais impressionante é o número de vitórias, 19, um novo recorde nos anais da F-1, que dificilmente será batido, e talvez, nem mesmo igualado, para não mencionar que marcou mais que o dobro de pontos do vice-campeão, 575, contra 285 de Perez no ano. Um campeonato tão expressivo, se por um lado exalta o talento e a capacidade de Verstappen, ao volante do carro quase imbatível da Red Bull, por outro lado, demonstra quão fraca foi a concorrência no ano, pois muito poucas corridas exigiram esforço real do holandês para vencer de fato, como por exemplo, em Las Vegas. Mesmo o período de hegemonia da Mercedes não viu tamanho domínio, uma vez que a Mercedes não se preocupou em ser tão demolidora assim, bem como o desnível entre sua dupla de pilotos foi bem menor do que a vista no time taurino. Max mesmo admite que será difícil ter outra temporada tão dominadora quanto a de 2023, mas não podemos esquecer que no próximo ano teremos 24 corridas, contra as 22 deste ano, então, na pior das hipóteses, se os concorrentes não se aprumarem, corre-se o risco de ver outro massacre perpetrado pelo holandês, caso a Red Bull mantenha o seu nível de excelência técnica, o que parece difícil de não acontecer.

 

Kalle Rovanpera bicampeão do Mundial de Rali: O atual campeão do WRC repetiu a dose na temporada de 2023, e sagrou-se bicampeão, defendendo mais uma vez a equipe oficial da Toyota, que também fez dobradinha na competição, com Elfyn Evans chegando ao vice-campeonato. Rovanpera teve um campeonato até tranquilo, dominando os rivais, e ainda tendo a sorte de não enfrentar problemas que afetaram os rivais, algo muito mais incidente em uma categoria de provas off-road do que nas competições em autódromos. Para a Toyota, foi um ano de domínio quase absoluto, por ter vencido 9 das 13 etapas da competição, sendo 3 de Rovanpera, outras 3 de Evans, e as outras 3 nas participações esporádicas de Sebastien Ogier, que mesmo não tendo participado de todas as provas, ainda foi o 5º colocado na competição. Estamos vendo o segundo título do finlandês, e será que ele conseguirá estabecer uma dinastia, como fizeram Sebastien Loeb e Sebastien Ogier? Só o tempo dirá, e a concorrência, que precisa se estruturar melhor se quiser contestar o domínio da Toyota na principal competição off-road do mundo do automobilismo.

 

Equipe Pramac campeã na MotoGP: Jorge Martin pode ter ficado com o vice-campeonato de pilotos na classe rainha do motociclismo, o que não é nenhum demérito dada a grande performance do piloto espanhol nesta reta final de temporada, mas nem por isso a conquista maior ficou esquecida, que foi a Pramac ter conquistado o título de equipes da MotoGP, deixando o time oficial da Ducati com o vice-campeonato, com uma vantagem de 92 pontos para o time de fábrica de Borgo Panigale, que praticamente só conseguiu contar com Francesco Bagnaia a maior parte da temporada, diante das lesões e azares que Enea Bastianini teve no ano. Johaan Zarco terminou o ano na 5ª colocação, o que ajudou sobremaneira a escuderia a terminar em primeiro lugar na competição, e foi o time mais eficiente na reta final da competição. A Pramac foi o time que mais venceu, à exceção da equipe de fábrica da Ducati, que amealhou 8 triunfos, contra 5 do seu time satélite. Portanto, nada a desmerecer a Pramac no seu melhor ano na competição. O título de pilotos não veio, mas quase chegou lá, não fosse um pouco o azar e a impulsividade de Jorge Martin, que poderia ter se controlado melhor nos momentos decisivos, mas que certamente terão a chance de repetir a dose em 2024, se mantiverem a extraordinária coesão que demonstraram neste ano. O desafio está dado, resta esperar que consigam responder à altura, pois não é sempre que um time satélite da MotoGP se sai melhor que o time de fábrica dessa maneira.

 

 

 

NA MESMA:

 

Equipe Mercedes: O time alemão pode ter conseguido terminar 2023 como vice-campeão, mas foi mais na base da sorte e da capacidade de seus pilotos do que por mérito da performance do carro, que iniciou a temporada mostrando-se um projeto ainda mais fraco que o de 2022, e que só não terminou o ano pior diante da claudicância da Ferrari em ser mais constante, da McLaren ter acordado apenas na segunda metade do ano, e da Aston Martin ter perdido fôlego na reta final. Lewis Hamilton e George Russell carregaram nas costas o modelo W14, cujo desempenho já se mostrou sofrível desde o início, e mesmo remendado a partir da prova de Mônaco, abandonando o conceito zeropod, ainda se mostrou um carro extremamente caprichoso, ora oferecendo uma performance encorajadora, ora se mostrando muito instável e de difícil acerto. Há que se tirar lições positivas do ano ruim, que é o fato do time ter se dado conta de que o conceito zeropod, que se esperava revolucionário, e que poderia dar uma vantagem única ao time, acabou se revelando, se não um fracasso, afinal seus pilotos ainda conseguiram pódios aqui e ali com alguma constância, um carro de potencial limitado, incapaz de se bater com a forte Red Bull. A limitação de gastos do regulamento também foi crucial para o time não conseguir se recuperar como gostaria, de modo que as esperanças foram transferidas para o projeto do novo W15 na esperança da escuderia germânica retomar o desempenho vitorioso de que desfrutou entre 2014 e 2021, quando venceu corridas e disputou o título. Se vai conseguir, só saberemos na pré-temporada de 2024, uma vez que será complicado tirar um atraso de dois anos no projeto do carro.

 

Equipe Ferrari: O time de Maranello não teve uma boa temporada, a exemplo da Mercedes. Mas, se o time germânico já veio de um ano complicado em 2022, a escuderia italiana, que foi vice-campeã no ano passado, e começou o ano até como favorita ao título, despencou este ano, não conseguindo mostrar nem mesmo a força que possuía ao fim do ano passado, quando ainda era a segunda força do grid, e ainda oferecia alguma possibilidade de competir com a Red Bull. A nova gestão de Frederic Vasseur, em substituição a Mattia Binotto, demorou a engrenar, mas pior que isso, foi o novo carro perder terreno em relação à Red Bull, que evoluiu seu carro, ao passo que a Ferrari pareceu estagnada, e até retrocedendo. O time de Maranello ainda sai com certa moral por ter sido o único a vencer além da Red Bull em 2023, ainda que tenha sido em apenas uma corrida, em Singapura, mas no cômputo geral, tinha condições de fazer melhor, e terminar como segunda colocada, o que não conseguiu por pouco, perdendo a disputa para a Mercedes, que mesmo com uma temporada remendada, ainda se saiu melhor graças principalmente à capacidade de sua dupla de pilotos. Enquanto isso, Charles LeClerc e Carlos Sainz Jr. novamente padeceram com os problemas do carro, além das trapalhadas de estratégia da Ferrari, que comprometeu sobremaneira a performance de seus pilotos em algumas corridas, e impediu a obtenção de resultados melhores. Diante do domínio esmagador da Red Bull e de Max Verstappen, a equipe rossa pouco fez para contestar essa posição do time austríaco, e tenta chegar a 2024 mais motivada a endurecer a competição, diante da performance mais positiva das últimas duas provas deste ano. Resta saber se irá conseguir, ou ficar mais uma vez apenas na promessa...

 

Equipe Alpine: Mais um ano prometendo melhorar, e mais uma temporada onde o time francês não consegue sair do lugar. Esta foi a história da Alpine em 2023, depois de um ano conturbado de 2022 onde tudo pareceu dar errado para o time da Renault na F-1. Primeiro, elevaram a potência do propulsor, mesmo que à custa da fiabilidade, para tentar obter alguma vantagem este ano, o que não se confirmou. O time ainda se enrolou na renovação de Fernando Alonso, conseguindo perder o piloto espanhol, que vendo que não ia a lugar algum por lá, resolveu apostar na proposta feita pela Aston Martin, da qual não se arrependeu nem um pouco. O time ainda se viu em uma briga com Oscar Piastri, que brigou para ir para a McLaren, e também não ficou nem um pouco arrependido disso. Restou à Alpine conseguir pelo menos o reforço de Pierre Gasly, que se não é um talento do naipe de Alonso, pelo menos também não comprometeu, e até conseguiu bater Esteban Ocón na temporada, cheia de altos e baixos para a escuderia, que começou o ano mal, e conseguiu melhorar depois, mas não o suficiente e de forma constante para ir além do que conseguiu. Diante de tudo isso, a cúpula da escuderia ainda perdeu o emprego, obrigando o time a encarar novos diretores responsáveis, que precisaram colocar um pouco a casa em ordem, inclusive com direito a bronca do grupo Renault para trabalharem melhor. E ainda deixaram expirar o contrato de intenção de fornecerem motores para a Andretti em 2026, caso o time norte-americano consiga entrar na F-1, ainda que isso possa ser reencaminhado sem maiores problemas. Definitivamente, a Renault/Alpine precisa mostrar maior empenho se quiser competir a sério, e não virar a casa da mãe Joana francesa na competição...

 

Grids desfalcados na MotoGP 2023: A temporada deste ano da classe rainha do motociclismo foi implacável com muitos pilotos, de forma que o grid oficial das escuderias praticamente não competiu em todas as provas da competição. Quedas, acidentes e azares levaram praticamente a maioria dos pilotos a ficar de fora de alguma corrida. Só na decisão, em Valência, o grid da prova de domingo ficou sem as presenças de Miguel Oliveira e Joan Mir, só para exemplificar, devido a lesões de quedas com as motos. As corridas sprint aumentaram sobremaneira o risco dos pilotos, por serem provas curtas, e onde o ritmo é acirrado desde o começo até o fim. E vários pilotos sofreram quedas até em demasia, como Marc Márquez, sempre tentando tirar da moto Honda mais do que ela podia oferecer, o que o fez levar mais de 20 tombos durante a competição, que o fizeram se ausentar de algumas corridas. Outros, como Pol Spargaró, Enea Bastianini, e Álex Rins tiveram boa parte do ano comprometido, recuperando-se de acidentes violentos. Pode-se dizer que quem conseguiu chegar ao final com poucos tombos foram verdadeiros sobreviventes, entre eles o campeão, “Pecco” Bagnaia, que escapou de sofrer ferimentos bem sérios quando caiu em Barcelona e acabou atropelado por Brad Binder, que passou por cima de sua perna. Espera-se que a situação fique mais calma em 2024, porque definitivamente os riscos foram bem exagerados em 2023, com os pilotos fazendo hora extra nos hospitais e centros médicos mundo afora pela temporada...

 

Equipe Ducati sem mudanças em 2024: Diz o ditado que em time que se ganha não se mexe, e pelo menos na equipe oficial da marca italiana, a dupla titular formada por Francesco Bagnaia e Enea Bastianini continua intacta para a próxima temporada. O anúncio foi feito oficialmente em Valência, e encerrou os boatos de que Jorge Martin poderia ser realocado no time de fábrica, no lugar de Bastianini, que por sua vez seria “rebaixado” para a Pramac, no lugar do espanhol. Enea fez uma temporada abaixo do esperado, mas o piloto perdeu várias corridas se recuperando de um forte acidente sofrido logo na primeira etapa, em Portugal, e quando voltou, demorou a conseguir pegar o ritmo da moto e mostrar do que era capaz, daí os boatos, inclusive fomentados pela própria Ducati, que afirmou que seus pilotos tinham contrato com a fábrica, não com as equipes, de modo que a marca poderia realocar quem quisesse. Bagnaia saiu em defesa do parceiro, justificando claramente que ele não teve como fazer uma boa temporada, devido ao acidente em Portugal, e que a vitória obtida por ele na etapa da Malásia reafirma o talento de Enea, que o levou a disputar o título em 2022 com a equipe satélite da Gresini. Justamente pela temporada da Bastianini, imaginava-se um bom duelo interno no time oficial da Ducati, que acabou não acontecendo, deixando Bagnaia correndo livre pelo time na luta pelo bicampeonato, uma situação que pode ser bem diferente no próximo ano, se Enea voltar a mostrar do que é capaz. A manutenção da dupla é justa na nova oportunidade de Bastianini, enquanto “Pecco” tentará o tricampeonato mundial.

 

 

 

EM BAIXA:

 

Equipe Honda na MotoGP: A marca da asa dourada encerrou a temporada 2023 da classe rainha do motociclismo na lanterna do campeonato de construtores, no pior resultado em décadas de competição nas duas rodas. Não fosse por uma vitória de Álex Rins no GP dos Estados Unidos, a Honda teria passado completamente em branco no campeonato, onde até mesmo sua grande estrela, Marc Márquez, virou apenas um figurante na competição, terminando o ano apenas em 14º, e encerrando uma parceria que já durava uma década, apenas na classe principal, e que agora irá defender a Gresini, time satélite da Ducati, na próxima temporada. A escuderia perdeu também Rins para a Yamaha, que apesar dos problemas, conseguiu ter alguns resultados melhores, embora também não tenha tido uma boa temporada. Ao ser anunciada a contratação de Luca Marini, da VR46, para a vaga de Márquez, e a chegada de Johaan Zarco para substituir Rins na LCR, ainda assim a marca nipônica sai mais perdendo do que mantendo sua força, diante da má performance da moto, e cujos testes do novo protótipo, do qual Marc Márquez participou semanas atrás, não foram muito inspiradores. A Honda precisa se reinventar para voltar a ser o time protagonista na competição que foi na última década, quando conquistou seis títulos com Marc Márquez, e proporcionar uma moto onde todos os seus pilotos possam trazer dividendos para a marca, e não apenas um deles, no erro crasso que tomou ao confiar tudo a Márquez, acreditando que ele poderia continuar sempre vencendo, apesar dos problemas de competitividade da moto. Conforme vimos este ano, o hexacampeão pode muito, mas não pode tudo, e o buraco onde a Honda se enfiou foi demais até para a “Formiga Atômica”, que cansou e foi buscar ares mais competitivos na concorrência, que certamente vai dar o que falar no próximo ano.

 

Felipe Drugovich: O piloto brasileiro era uma das sensações mais recentes, e sua cotação para assumir uma vaga de titular, ainda que não necessariamente na F-1, eram tidas como altas, diante da performance na F-2 no ano passado, o que o levou a ocupar a posição de piloto de testes e reserva da Aston Martin, passo considerado natural para cavar uma vaga potencial no avanço da carreira. Porém, as oportunidades que foram surgindo acabaram sumindo na mesma velocidade. Opções na Formula-E, Indycar, e talvez até no WEC, acabaram se esvaindo. Felipe sempre acalentou o sonho da F-1 como meta principal, e talvez isso tenha pesado nas decisões de outras categorias de não contratarem o brasileiro, querendo alguém mais comprometido com as categorias em si, e não pensando apenas nas chances da F-1, onde tentou se colocar como opção na Alfa Romeo/Sauber, e na Williams, que acabaram manifestando preferência em manter seus pilotos atuais. Com isso, restou a Drugovich a opção de continuar como piloto de testes da Aston Martin, talvez confiando na possibilidade de Lance Stroll cansar da F-1 e dar novo rumo profissional à vida. No primeiro treino livre em Yas Marina, ele mais uma vez causou boa impressão no time, terminando o treino em 2º lugar, e mostrando sua capacidade, o que é importante. Resta saber se ele não desperdiçará possíveis novas oportunidades que surgirem, mantendo-se firme na atual posição no time inglês, e com isso talvez estagnando a carreira, como fez Pietro Fittipaldi nos últimos anos, quando ficou literalmente “preso” como piloto de testes da Haas, e só agora decidiu dar um basta e retomar a carreira, rumando para a Indycar. É verdade que a Williams ainda não anunciou oficialmente a permanência de Logan Sargent para 2024, mas só se houver uma boa reviravolta para o brasileiro pegar essa vaga, portanto, não se pode ter muita expectativa...

 

RNF barrada na MotoGP2024: Desfalque no grid da classe rainha do motociclismo, a RNF teve bloqueada sua participação na temporada do ano que vem, por “repetidas infrações e violações do Acordo de Participação”, de acordo com comunicado emitido pelo Comitê de Seleção da MotoGP, que é composto por membros da FIM (Federação Internacional de Motociclismo), da IRTA (Associação Internacional das Equipes de Corrida) e da Dorna Sports, que organiza o campeonato. Já se sabia que a situação da escuderia, que este ano passou a ser time satélite da italiana Aprilia, depois de anos como time satélite da Yamaha, era meio complicada, tanto que apesar do equipamento teoricamente mais competitivo este ano, em relação às motos japonesas utilizadas até 2022, os resultados não vinham aparecendo. Dentro do time, a situação vinha se complicando com rumores de que a Cryptodata, principal patrocinadora do time, estaria negligenciando os pagamentos contratados, o que a empresa negou estar ocorrendo. No sábado, em Valência, Razlan Razali, fundador e acionista minoritário do time, anunciou pelas redes sociais a sua saída do comando da equipe de origem malaia, o que só ajudou a criar ainda mais clima de que há algo errado na escuderia. Agora, enquanto a situação não se esclarece devidamente, a Dorna e a FIM anunciaram que irão dar início à procura de um novo time para ocupar a vaga da RNF. Já seus pilotos, Miguel Oliveira e Raul Fernandes, por sua vez, têm contratos vinculados à Aprilia, e agora, até ordem em contrário, estão sem ter por onde correr na próxima temporada. Será preciso ver como se desenrolará este angu de caroço levantado pela direção da MotoGP, e descobrirmos a real situação da escuderia, que chegou a disputar o título da temporada 2020 com Franco Morbidelli, que terminou como vice-campeão daquele ano.

 

Alfa Romeo fora do grid da F-1 2024: E chegou ao fim a parceira entre a Sauber e a Alfa Romeo, que nos últimos anos tudo que fez foi ter o nome da marca italiana novamente no grid, numa participação postiça que só teve mesmo o nome da primeira campeã da história da F-1, e nada mais, já que a escuderia era a Sauber, que volta a ter seu nome original nas temporadas de 2024 e 2025, quando em 2026 virará Audi de vez. Especulava-se que a Alfa pudesse fazer o mesmo acordo com a equipe Haas, e assim, ainda se manter no grid no próximo ano, mas ao que parece, as negociações não avançaram, e a marca italiana também não deve ter achado satisfatório os resultados obtidos em sua parceria com a Sauber nas últimas temporadas. É uma pena. Muitos queriam ter visto a Alfa Romeo de novo como equipe real no grid, ao invés dessa operação de “aluguel” de nome, que só serve para bagunçar estatísticas da categoria, porque de time mesmo, a Alfa participou pela última vez na F-1 em 1985, quando fechou o time depois de uma temporada medíocre onde não marcou nenhum ponto. E sua recente “participação”, emprestando nome ao time fundado por Peter Sauber, também não deixará muitas saudades, especialmente depois das promessas de tentar fortalecer sua posição de meio de grid, o que nem isso conseguiu fazer de fato. Quem sabe um dia ainda possamos ver a Alfa de volta à F-1 como deveria ser de fato, com um time real, e não “alugado”?

 

Negativa insistente da F-1 com a entrada da Andretti: Está pegando muito mal a birra que os times da categoria máxima do automobilismo mostram com a pretensão da Andretti de adentrar o grid da competição em 2026. A GM já homologou pedido na FIA para ser oficialmente fornecedora de motores a partir da temporada de 2028, o que significa que, em tese, em 2026 e 2027 a escuderia precisaria comprar propulsores de terceiros, o que não é nada comprometedor assim. Mas a cartolagem da competição continua refratária a permitir a entrada do time da família Andretti, sob o argumento, cada vez mais esdrúxulo, de que eles não “contribuirão positivamente” para o fortalecimento da competição, quando já deixaram escancarado que o motivo mesmo é a divisão de lucros, alegando que a F-1 vai muito bem com apenas 10 times, como se tivesse 11 equipes fosse colocar a categoria em risco. Depois do oba-oba com a volta da Ford, e tendo conseguido finalmente seduzir a Audi a vir para a competição, chega a ser hipocrisia pura essa recusa em deixar a Andretti participar. Não se trata de nenhuma organização “aventureira”, muito pelo contrário, é um grupo com duas décadas de competição no automobilismo, tendo participação em várias categorias, e de comprometimento sério. O que não é sério vem sendo a postura da F-1, que já chegou até mesmo a sondar a GM, parceira da Andretti na empreitada, na tentativa de lhe passar uma rasteira, e aceitar a montadora norte-americana como nova fornecedora de motores, desde que associada a um time já existente no grid, ao qual a GM deu um belo cala-boca nos imbecis dizendo que a F-1 só verá a GM participar junto com a Andretti, e fim de papo. A FIA já fez sua parte, e ainda por cima foi muito condescendente, aceitando e validando a inscrição da Andretti, recusando-se a aceitar o que seria uma 12ª escuderia, sendo que o regulamento permite 12 times na competição, limite ainda assim ridículo. Essa queda de braço só mostra que o pessoal está cagando para o lado esportivo, e dando vazão às suas ganâncias particulares, que só faz a F-1 perder credibilidade e moral com tal atitude, comprometendo os ganhos que a Liberty Media já conseguiu no fortalecimento da popularização do certame.

 

 

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