E lá se foi mais um GP do Brasil, agora renomeado oficialmente como Grande Prêmio de São Paulo, mas dane-se, é a corrida brasileira do calendário da categoria máxima do automobilismo, e deve ficar firme pelo menos até 2030, com o contrato estendido, desde que não se façam besteiras no evento, e se cuide direito da pista. Mas, trazendo mais um de meus antigos textos, o que apresentou hoje, publicado no dia 24 de março de 2000, era justamente sobre o GP Brasil daquele ano, e o rebuliço entre os torcedores pela presença de um brasileiro de volta a um time de ponta na F-1, Rubens Barrichello, que passava a defender a Ferrari. Claro que, sem triunfos em casa desde 1993, a empolgação da torcida era grande, mas lamentavelmente, o azar de Rubinho foi mais forte, e ele carregaria a mácula de nunca conseguir vencer em casa na F-1, infelizmente. De resto, alguns tópicos rápidos sobre alguns acontecimentos do mundo da velocidade naqueles dias. Portanto, boa leitura a todos, e façam bom proveito...
INTERLAGOS AO RUBRO
Chegou a vez do Grande Prêmio do Brasil no Mundial de F-1 e, pela primeira vez desde 94, a torcida está realmente empolgada com a F-1. Consequência mais do que natural depois da boa estréia de Rubens Barrichello na Ferrari, tendo terminado em 2º lugar em Melbourne e fazendo a melhor volta da corrida. A possibilidade de vitória de Rubinho em Interlagos já está deixando a torcida empolgada como nos velhos tempos, quando a torcida sabia que todo GP era uma vitória potencial, nos tempos de Nélson Piquet e Ayrton Senna.
Rubens Barrichello é o centro das atenções aqui em Interlagos. Se há um lugar onde ele poderá partir pra cima da vitória com todas as forças, é aqui no autódromo paulistano, onde Rubinho nasceu para o automobilismo. E o fato de Rubinho agora estar na mais carismática escuderia da F-1, a Ferrari, praticamente transforma boa parte da torcida que estará presente a partir de hoje em Interlagos em tiffosis da Ferrari, como são conhecidos os torcedores da escuderia de Maranello.
Tanta empolgação por parte da torcida já está merecendo até mesmo cuidados extras com a segurança da corrida, especialmente para o caso de Rubinho vencer em Interlagos, hipótese que não pode ser de todo descartada. Barrichello conhece muito bem a pista do autódromo, se bem que o novo recapeamento do traçado, feito com um novo asfalto com polímeros na composição, deixou o piso totalmente desconhecido para os pilotos. Rubinho e Pedro Paulo Diniz, que visitaram Interlagos na semana passada, já viram que a situação do asfalto agora é totalmente diferente e logo trataram de informar seus times sobre o novo perfil do asfalto, ao passo que muitos outros times praticamente nem sabem o que esperar direito da pista. O piso, agora muito mais uniforme e liso, deverá provocar uma reviravolta nas regulagens dos carros.
Mas o assunto que domina o autódromo paulistano é Rubens Barrichello. Rubinho já deixou claro que pretende lutar pela vitória com todas as forças, mas a parada vai ser dura, pois o piloto brasileiro terá de superar o seu companheiro de equipe, Michael Schumacher, e além disso, há a luta contra os pilotos da McLaren, que ainda continua tendo um favoritismo destacado, embora menor, depois do fiasco da Austrália. A Mercedes já revisou seus motores, que nos testes feitos semana passada e no início desta, mostraram melhor fiabilidade. Se não houverem outros contratempos, a McLaren será o time a ser vencido na pista brasileira. E não há de se esquecer que, em 99, a McLaren também fracassou na etapa da Austrália, e venceu com certa facilidade em Interlagos, apesar de David Coulthard ter ficado pelo caminho com problemas mecânicos.
De qualquer maneira, o público deste GP do Brasil já é o maior da história do nosso GP. A situação econômica mais estável, aliada à boa perspectiva de novamente termos um piloto em condições de disputar a vitória, são os grandes responsáveis pelo público recorde que deve lotar Interlagos neste domingo. Um público que deve ficar próximo dos 65 mil expectadores. Pode parecer uma cifra considerável, mas nem tanto, levando-se em conta que o GP australiano teve mais de 200 torcedores em todo o fim de semana do GP. O público só não será maior por dois motivos: o autódromo, apesar de tido a sua capacidade ampliada, chegou ao limite de sua capacidade de público, e esta capacidade não está sendo totalmente utilizada por razões de segurança. O outro motivo, embora não tão determinante, é o aumento dos ingressos, que estão muito mais caros do que em 99. A culpa? Boa parte por causa da alta do dólar em relação ao GP do ano passado, embora esta desculpa soe totalmente furada, e o mais plausível, é que os organizadores parecem estar querendo capitalizar em cima das boas expectativas de Barrichello no time rosso.
De qualquer maneira, este vai ser o GP mais agitado desde 94, e que tudo dê certo para que possamos ver novamente uma vitória brasileira na F-1. Já vão 6 longos anos de jejum, e a grande massa que lota Interlagos a partir de hoje está mais do que nunca ávida por um triunfo tupiniquim na categoria.. A esperança é a última que morre. Boa sorte, Rubinho. E a Ricardo Zonta e Pedro Paulo Diniz, também.
A F-CART inicia hoje o seu campeonato, com os treinos livres para o GP de Miami, no circuito de Homestead. Para os fãs brasileiros da categoria, mais uma vez teremos de aturar a transmissão em videotape pela TVS/SBT no domingo às 23:00 horas. O problema é que até o presente momento não se sabe quem fará a narração das corridas, uma vez que o competente locutor Téo José mudou-se para Miami, onde está trabalhando na nova emissora por assinatura Panamerican Sports. E, pelo visto, a não ser que nossos pilotos massacrem a concorrência na CART este ano, dificilmente a categoria voltará a ter um tratamento decente pela emissora brasileira, ainda mais agora que, com Rubinho na Ferrari, o ibope da F-1 vai dar de goleada sobre a rival americana com uma folga ainda maior.
Este ano teremos novamente uma esquadra brasileira na F-CART. Serão nada menos do que 8 pilotos disputando a categoria, o que faz do Brasil o país com maior número de pilotos na F-CART. Com as melhores chances, temos Christian Fittipaldi na equipe Newmann-Hass, e a nova dupla da Penske, Gil de Ferran e Hélio Castro Neves. Estes três devem ser nossas maiores esperanças de disputa por vitória e talvez o título. Já os demais são uma esperança de conseguir brilhar também, embora até o momento, as expectativas sejam mais modestas: Tony Kanaan na nova Mo Numm Racing, Guálter Salles na Dale Coyne Racing, Maurício Gugelmim na PacWest, Cristiano da Matta na PPI Motorsports, e Roberto Moreno na Patrick.
A Moreno, aliás, meus votos de uma boa temporada. Depois de dar tão duro nas funções de piloto de testes e piloto-tampão, estava mais do que na hora de merecer uma chance à altura de seu enorme talento. E Roberto mostrou, nas poucas corridas que disputou na categoria nos últimos tempos, que tem muita coisa para mostrar na pista. E não é só experiência, mas muita velocidade.
Para os fãs do automobilismo, já está nas bancas e nas melhores livrarias a edição 1999/2000 do Anuário Automotor, do jornalista e comentarista da Rede Globo, Reginaldo Leme. Com cerca de 320 páginas lindamente coloridas e capa cartonada, o livro faz um retrospecto de quase 20 categorias automobilísticas durante o ano de 99. O preço da referida edição é de R$ 45,00. Imperdível para quem gosta de uma boa leitura sobre automobilismo.
A Renault volta a ter equipe na F-1 depois de mais de 15 anos. A compra da Benetton, anunciada na semana passada, fará a montadora francesa ser dona novamente de uma escuderia na categoria. A Renault, para quem se lembra, estreou na F-1 em 77 com equipe própria, produzindo motor e chassi. E, logo de cara, já entrou fazendo impacto, por estrear, naquele longínquo ano, o primeiro motor turbo da F-1. Entretanto, apesar do pioneirismo, o primeiro motor turbo a ser campeão na F-1 foi o BMW, com Nélson Piquet, em 1983 com a Brabham, derrotando, naquele mesmo ano, Alain Prost, que era o principal piloto da equipe Renault, por apenas 2 pontos. Foi a melhor chance que a Renault teve de conquistar o título na F-1. Ao fim da temporada de 85, com resultados fracos, a Renault fechou sua equipe, permanecendo apenas como fornecedora de motores.
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