E aqui está mais um antigo texto,
publicado em 02 de outubro de 1998, após a realização da etapa de Nurburgring,
onde Mika Hakkinen e a McLaren conseguiram restabelecer a dianteira na luta
pelo campeonato de F-1 daquele ano. Seria uma espera de praticamente um mês até
a etapa final, em Suzuka, no Japão, em um intervalo de tempo incomum entre as
corridas até então. Semanas que seriam de trabalho intenso para McLaren e
Ferrari aprontarem suas armas para o duelo decisivo na pista da Honda, que
acabaria vencido por Hakkinen, conquistando ali o seu primeiro título, e
devolvendo a McLaren ao topo de onde andava ausente desde 1991. De resto,
alguns tópicos rápidos sobre alguns outros acontecimentos do meio do esporte a
motor durante a semana, com destaque para o cancelamento do GP do Brasil de
Motovelocidade (atual MotoGP), devido às péssimas condições que já se
instalavam na pista de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, que infelizmente
culminariam anos depois na destruição da pista carioca, em um processo motivado
por ganância de vários vigaristas que se autoalegavam defensores do esporte,
quie provocaram um estrago até hoje não sanado ao automobilismo nacional.
Nélson Piquet até assumiu a gerência do autódromo que levava seu nome, mas nem
mesmo nosso primeiro tricampeão de F-1 conseguiu aguentar a picaretagem no
meio, e pulou fora, ao ver que não teria condições de cumprir dignamente seu
papel como dirigente da pista. Uma boa leitura, e em breve trago mais colunas
antigas por aqui...
MÊS DA EXPECTATIVA
E
a decisão da Fórmula 1 vai mesmo para Suzuka, pela enésima vez. Depois de 3
corridas problemáticas, a McLaren acertou a mão em Nurburgring, e Mika Hakkinen
restabeleceu alguma vantagem sobre Michael Schumacher. Como o Grande Prêmio do
Japão é apenas no dia 1º de novembro, temos praticamente um mês inteiro de
espera até a decisiva etapa, e nesse meio tempo, a expectativa deverá crescer
sem parar. Parte delas já começa a ser vivida nos testes coletivos desta
semana, em
Barcelona. Embora não se possa ter tirado conclusões
esclarecedoras sobre o potencial de cada time, é óbvio que tanto McLaren quanto
Ferrari irão trabalhar sem parar o mês inteiro, em intermináveis sessões de
testes.
O
time de Maranello, que desde o início do ano já vem trabalhando incessantemente
para diminuir seu déficit de performance, não vai parar um segundo sequer. As
pistas de Mugello e Fiorano deverão enfrentar dias de trabalho ferrenho e
determinado. Cada detalhe deverá ser estudado para derrotar os inimigos da
McLaren.
Em
contrapartida, o time inglês também vai se mexer como nunca. A expectativa de
conquistar os primeiros títulos de pilotos e construtores desde 1991 é a
principal motivação da McLaren. De parte da Mercedes, o desafio é o mesmo,
ainda mais quando seu último título na F-1 data de 1955, quando a fábrica alemã
competia como equipe própria.
Além
do trabalho interminável dos testes, começam a pipocar hipóteses do que pode
acontecer em Suzuka, na decisão do título. Jogo de equipe, estratégia, etc, tudo
é alvo de consideração por parte da imprensa e dos torcedores mais ávidos. Para
os italianos, será um martírio esperar esse mês todo para comprovar se a
Ferrari irá, finalmente, desencalhar e ganhar o título, ou ficar mais um ano na
fila de espera. Para a McLaren, é hora de manter a cabeça fria e calcular com
precisão cada passo a ser dado para manter o time em condições psicológicas
favoráveis, mas sem perder a atmosfera de pressão, pois relaxar pode ser fatal.
Os 4 pontos na tabela de pontos são um placar magro demais para permitir erros.
No
balanço do GP de Luxemburgo, Michael Schumacher saiu perdendo. O alemão
esperava partir para Suzuka com a vantagem psicológica e de pontuação, ainda
mais depois da excelente classificação de sábado, quando a Ferrari conseguiu
preencher toda a primeira fila do grid. Schumacher esperava poder passar o mês
cutucando a McLaren e tentando minar Mika Hakkinen psicologicamente, a fim de
provocar inquietação e insegurança. Vai ter de agüentar a pressão também sobre
si mesmo agora.
Pressão
por pressão, Hakkinen tem um motivo particular para derrotar Schumacher e
vencer o campeonato: em 1990, no GP de Macau de F-3, Hakkinen foi fechado
deliberadamente pelo piloto alemão quando o finlandês tentava ultrapassá-lo
para vencer a corrida. É a hora de Hakkinen se vingar.
Considerando
tudo, este vai ser um mês para ficar imaginando todas as nuances e
possibilidades da prova de Suzuka. E tome expectativa!
A F-CART inicia hoje os treinos oficiais para o GP de Houston, nova
prova de seu calendário. A corrida será disputada em um circuito montado no
George R. Brown Convention Center, bem no centro de Houston, e terá 120 voltas,
totalizando um percurso de 324,36 Km. O traçado, de 2,703 Km, não possui nenhum
atrativo especial, com retas entremeadas por curvas de 90 graus. Os pilotos já
se preparam para a hipótese de não haver nenhum ponto favorável de
ultrapassagem. A meu ver, a pouca extensão do traçado do circuito é um
agravante de peso para isso. Até mesmo em Laguna Seca, um
circuito com bom desenho da pista, foi extremamente difícil ocorrer
ultrapassagens entre os líderes da prova neste ano. Em Vancouver, no novo
traçado da pista da cidade canadense foi ainda mais difícil conseguir uma
ultrapassagem sem assumir grandes riscos. Tudo bem que toda ultrapassagem, na
prática, envolve algum risco, mas ultimamente, alguns dos circuitos do
calendário da CART tem se mostrado palcos de verdadeiras procissões em alta
velocidade, a tal ponto que os pilotos estão conseguindo fazer mais
ultrapassagens nas paradas de Box do que na pista. Espero que a prova de
domingo não seja mais um exemplo desta tendência.
Mário Haberfeld conquistou no último domingo, no belo circuito de
Spa-Francorchamps, o 9º título do Brasil no campeonato inglês de F-3. Foi sua 5ª
vitória no campeonato, que termina neste domingo em Silverstone. Enrique
Bernoldi, também do Brasil, já garantiu também o
vice-campeonato. Fica agora a expectativa de Luciano Burti garantir o 3º lugar
no certame e fazer um trinca verde-amarela no encerramento do campeonato de
1998 da categoria inglesa.
Só para constar, nossos campeões na F-3 Inglesa foram: Émerson
Fittipaldi (1969); José Carlos Pace (1971); Nélson Piquet (1978); Chico Serra
(1979); Ayrton Senna (1983); Maurício Gugelmim (1985); Rubens Barrichello
(1991); e Gil de Ferran (1992). Mais um troféu agora para a galeria com a
conquista de Haberfeld...
Enquanto arrepiamos lá fora, por aqui acabamos perdendo o título de
lavada na F-3 Sul-Americana para o argentino Nestor Furlan, que conquistou em
Interlagos, domingo passado, o seu tetracampeonato na categoria. Furlan tem
praticamente o dobro de pontos do segundo colocado, o brasileiro Tom Stefani:
160 a 81...
Infelizmente foi cancelado o Grande Prêmio do Brasil de Motociclismo,
devido ao deplorável estado do asfalto da pista do autódromo carioca de
Jacarepaguá. Para piorar, a FIM tem tudo para “queimar” a imagem do Brasil lá
fora, que já não andava muito boa entre o circuito da motovelocidade. Tomara
que estes incidentes não se repitam com a gestão privada do autódromo, agora
nas mãos de Émerson Fittipaldi e Nélson Piquet...
E, por falar em Piquet, nosso tricampeão acaba de comprar uma tremenda
briga com Reginaldo Bufaiçal, presidente da CBA. Piquet, que nunca foi chegado
a politicagens, critica a atitude omissa de Bufaiçal, que segundo ele não está
ajudando em nada o desenvolvimento do automobilismo nacional. Bufaiçal, em
represália, já desfiliou a Confederação Brasiliense de Automobilismo, e promete
tomar medidas mais duras contra os pilotos que disputarem as provas que Piquet
está organizando. Vamos ver onde esta briga chega...
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