quarta-feira, 15 de maio de 2019

ARQUIVO PISTA & BOX – OUTUBRO DE 1998 – 02.10.1998


            E aqui está mais um antigo texto, publicado em 02 de outubro de 1998, após a realização da etapa de Nurburgring, onde Mika Hakkinen e a McLaren conseguiram restabelecer a dianteira na luta pelo campeonato de F-1 daquele ano. Seria uma espera de praticamente um mês até a etapa final, em Suzuka, no Japão, em um intervalo de tempo incomum entre as corridas até então. Semanas que seriam de trabalho intenso para McLaren e Ferrari aprontarem suas armas para o duelo decisivo na pista da Honda, que acabaria vencido por Hakkinen, conquistando ali o seu primeiro título, e devolvendo a McLaren ao topo de onde andava ausente desde 1991. De resto, alguns tópicos rápidos sobre alguns outros acontecimentos do meio do esporte a motor durante a semana, com destaque para o cancelamento do GP do Brasil de Motovelocidade (atual MotoGP), devido às péssimas condições que já se instalavam na pista de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, que infelizmente culminariam anos depois na destruição da pista carioca, em um processo motivado por ganância de vários vigaristas que se autoalegavam defensores do esporte, quie provocaram um estrago até hoje não sanado ao automobilismo nacional. Nélson Piquet até assumiu a gerência do autódromo que levava seu nome, mas nem mesmo nosso primeiro tricampeão de F-1 conseguiu aguentar a picaretagem no meio, e pulou fora, ao ver que não teria condições de cumprir dignamente seu papel como dirigente da pista. Uma boa leitura, e em breve trago mais colunas antigas por aqui...


MÊS DA EXPECTATIVA

            E a decisão da Fórmula 1 vai mesmo para Suzuka, pela enésima vez. Depois de 3 corridas problemáticas, a McLaren acertou a mão em Nurburgring, e Mika Hakkinen restabeleceu alguma vantagem sobre Michael Schumacher. Como o Grande Prêmio do Japão é apenas no dia 1º de novembro, temos praticamente um mês inteiro de espera até a decisiva etapa, e nesse meio tempo, a expectativa deverá crescer sem parar. Parte delas já começa a ser vivida nos testes coletivos desta semana, em Barcelona. Embora não se possa ter tirado conclusões esclarecedoras sobre o potencial de cada time, é óbvio que tanto McLaren quanto Ferrari irão trabalhar sem parar o mês inteiro, em intermináveis sessões de testes.
            O time de Maranello, que desde o início do ano já vem trabalhando incessantemente para diminuir seu déficit de performance, não vai parar um segundo sequer. As pistas de Mugello e Fiorano deverão enfrentar dias de trabalho ferrenho e determinado. Cada detalhe deverá ser estudado para derrotar os inimigos da McLaren.
            Em contrapartida, o time inglês também vai se mexer como nunca. A expectativa de conquistar os primeiros títulos de pilotos e construtores desde 1991 é a principal motivação da McLaren. De parte da Mercedes, o desafio é o mesmo, ainda mais quando seu último título na F-1 data de 1955, quando a fábrica alemã competia como equipe própria.
            Além do trabalho interminável dos testes, começam a pipocar hipóteses do que pode acontecer em Suzuka, na decisão do título. Jogo de equipe, estratégia, etc, tudo é alvo de consideração por parte da imprensa e dos torcedores mais ávidos. Para os italianos, será um martírio esperar esse mês todo para comprovar se a Ferrari irá, finalmente, desencalhar e ganhar o título, ou ficar mais um ano na fila de espera. Para a McLaren, é hora de manter a cabeça fria e calcular com precisão cada passo a ser dado para manter o time em condições psicológicas favoráveis, mas sem perder a atmosfera de pressão, pois relaxar pode ser fatal. Os 4 pontos na tabela de pontos são um placar magro demais para permitir erros.
            No balanço do GP de Luxemburgo, Michael Schumacher saiu perdendo. O alemão esperava partir para Suzuka com a vantagem psicológica e de pontuação, ainda mais depois da excelente classificação de sábado, quando a Ferrari conseguiu preencher toda a primeira fila do grid. Schumacher esperava poder passar o mês cutucando a McLaren e tentando minar Mika Hakkinen psicologicamente, a fim de provocar inquietação e insegurança. Vai ter de agüentar a pressão também sobre si mesmo agora.
            Pressão por pressão, Hakkinen tem um motivo particular para derrotar Schumacher e vencer o campeonato: em 1990, no GP de Macau de F-3, Hakkinen foi fechado deliberadamente pelo piloto alemão quando o finlandês tentava ultrapassá-lo para vencer a corrida. É a hora de Hakkinen se vingar.
            Considerando tudo, este vai ser um mês para ficar imaginando todas as nuances e possibilidades da prova de Suzuka. E tome expectativa!


A F-CART inicia hoje os treinos oficiais para o GP de Houston, nova prova de seu calendário. A corrida será disputada em um circuito montado no George R. Brown Convention Center, bem no centro de Houston, e terá 120 voltas, totalizando um percurso de 324,36 Km. O traçado, de 2,703 Km, não possui nenhum atrativo especial, com retas entremeadas por curvas de 90 graus. Os pilotos já se preparam para a hipótese de não haver nenhum ponto favorável de ultrapassagem. A meu ver, a pouca extensão do traçado do circuito é um agravante de peso para isso. Até mesmo em Laguna Seca, um circuito com bom desenho da pista, foi extremamente difícil ocorrer ultrapassagens entre os líderes da prova neste ano. Em Vancouver, no novo traçado da pista da cidade canadense foi ainda mais difícil conseguir uma ultrapassagem sem assumir grandes riscos. Tudo bem que toda ultrapassagem, na prática, envolve algum risco, mas ultimamente, alguns dos circuitos do calendário da CART tem se mostrado palcos de verdadeiras procissões em alta velocidade, a tal ponto que os pilotos estão conseguindo fazer mais ultrapassagens nas paradas de Box do que na pista. Espero que a prova de domingo não seja mais um exemplo desta tendência.


Mário Haberfeld conquistou no último domingo, no belo circuito de Spa-Francorchamps, o 9º título do Brasil no campeonato inglês de F-3. Foi sua 5ª vitória no campeonato, que termina neste domingo em Silverstone. Enrique Bernoldi, também do Brasil, já garantiu também o vice-campeonato. Fica agora a expectativa de Luciano Burti garantir o 3º lugar no certame e fazer um trinca verde-amarela no encerramento do campeonato de 1998 da categoria inglesa.


Só para constar, nossos campeões na F-3 Inglesa foram: Émerson Fittipaldi (1969); José Carlos Pace (1971); Nélson Piquet (1978); Chico Serra (1979); Ayrton Senna (1983); Maurício Gugelmim (1985); Rubens Barrichello (1991); e Gil de Ferran (1992). Mais um troféu agora para a galeria com a conquista de Haberfeld...


Enquanto arrepiamos lá fora, por aqui acabamos perdendo o título de lavada na F-3 Sul-Americana para o argentino Nestor Furlan, que conquistou em Interlagos, domingo passado, o seu tetracampeonato na categoria. Furlan tem praticamente o dobro de pontos do segundo colocado, o brasileiro Tom Stefani: 160 a 81...


Infelizmente foi cancelado o Grande Prêmio do Brasil de Motociclismo, devido ao deplorável estado do asfalto da pista do autódromo carioca de Jacarepaguá. Para piorar, a FIM tem tudo para “queimar” a imagem do Brasil lá fora, que já não andava muito boa entre o circuito da motovelocidade. Tomara que estes incidentes não se repitam com a gestão privada do autódromo, agora nas mãos de Émerson Fittipaldi e Nélson Piquet...


E, por falar em Piquet, nosso tricampeão acaba de comprar uma tremenda briga com Reginaldo Bufaiçal, presidente da CBA. Piquet, que nunca foi chegado a politicagens, critica a atitude omissa de Bufaiçal, que segundo ele não está ajudando em nada o desenvolvimento do automobilismo nacional. Bufaiçal, em represália, já desfiliou a Confederação Brasiliense de Automobilismo, e promete tomar medidas mais duras contra os pilotos que disputarem as provas que Piquet está organizando. Vamos ver onde esta briga chega...

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