sexta-feira, 10 de maio de 2019

SAI ESPANHA, ENTRA HOLANDA?


Barcelona pode estar sediando o último Grande Prêmio da Espanha de F-1. Holanda pode substituir prova já em 2020.

            A Fórmula 1 terá neste final de semana o Grande Prêmio da Espanha. Os destaques ficam para as novidades trazidas pelas equipes, que estudaram com afinco o que conseguiram nas primeiras corridas, para implantar uma série de modificações em seus carros, visando melhorar sua competitividade. Já se tornou praxe esta corrida ser palco de novidades por parte das escuderias, e tem sido um de seus grandes atrativos, pois todo mundo quer ver o que os times estão fazendo para reforçar suas posições na competição. É uma chance de melhorar frente aos rivais, especialmente se começou o ano abaixo do que se imaginava, ou os novos projetos não foram devidamente finalizados e desenvolvidos a contento. E time que está ganhando também se mexe, para não deixar os rivais tomarem a dianteira, obviamente.
Para a Ferrari, especialmente, esta corrida é quase um tudo ou nada em se tratando de retomar a disputa pelo título, ainda mais depois da lavada que sofreu do time prateado da Mercedes neste início de temporada, com a esquadra alemã a marcar 4 dobradinhas, em um massacre que ninguém estava esperando ver. Verdade também que não foi apenas em termos de desempenho que a Ferrari ficou devendo, mas também no seu comportamento e planejamento, com estratégias de corrida equivocadas, e ordens de equipe completamente desnecessárias que só ajudaram o time rosso a se queimar desnecessariamente perante os torcedores. A escuderia italiana trouxe um grande pacote de novidades, e até mesmo uma nova especificação de sua unidade de potência, tudo para tentar reverter o favoritismo cada vez maior da Mercedes. Se não der resultado, podemos esperar para muito breve mais um ano perdido para a Ferrari, que voltará a ter um clima de crise brava que, para alguns, será mais do que merecido, dada a incompetência, e falta de respeito para com o esporte na pista.
Mas outro assunto em voga no paddock espanhol é a possibilidade de este ser o último GP da Espanha no futuro próximo. Há conversas e esforços por parte dos holandeses para voltarem a figurar no calendário da categoria máxima do automobilismo, o que pode ocorrer já em 2020. Se isso se concretizar, a pista da Catalunha deixará a competição, e os espanhóis ficarão sem seu GP, o que ocorreu pela última vez na temporada de 1985. Coincidência ou não, foi também o último ano em que a Holanda esteve no campeonato. Em 1986, os holandeses estavam fora, e os espanhóis, dentro, retornando de uma ausência de 4 anos.
E todos se perguntam: trocar o GP espanhol pelo holandês seria bom ou ruim? Há motivos para achar que seria bom, mas também há alguns motivos para achar que seria ruim. Vamos primeiro aos bons motivos...
O GP espanhol há anos não tem apresentado uma corrida que empolgue o público. Uma das razões é o fato da pista de Barcelona ser usada como base para os testes da pré-temporada, de modo que, mudanças climáticas ou dos carros à parte, todos os times conhecem o circuito como a palma da mão. Raramente há surpresas nesta corrida, e quem costuma largar na frente, se não tiver nenhum azar ou errar a estratégia, vence a corrida sem sustos. Apesar de possuir dois bons trechos de reta, as ultrapassagens são raras e até complicadas, de modo que as corridas costumam ser bem chatas e sem graça. Este ano, com novas regras aerodinâmicas adotadas com o objetivo de facilitar as ultrapassagens, será interessante ver se a corrida será mais agitada, com mais disputas, ou se assistiremos a mais uma corrida que vá causar sono nos fãs.
Costumo dizer que a pré-temporada, pelo tanto de quilometragem que os times rodam no circuito, praticamente elimina quaisquer chances de termos surpresas na corrida. Assim sendo, riscar Barcelona do calendário poderia ser positivo, se entrasse em seu lugar um circuito que oferecesse mais imprevisibilidade de resultados, ou pelo menos, não fosse tão conhecido das equipes. Isso não passaria pela eliminação do GP espanhol do calendário, visto que a prova poderia ir para outra pista, como Jerez, que já foi palco da corrida há muitos anos atrás. Mas Jerez está feliz com a MotoGP como principal acontecimento, e o interesse dos espanhóis, e o apoio à manutenção da corrida diminuíram substancialmente nos últimos tempos, de modo que, financeiramente, a corrida tem seus riscos de cair fora do calendário devidamente anotados.
Um dos motivos é a ausência de Fernando Alonso. O asturiano, bicampeão do mundo, incendiou a torcida na década passada, com seu sucesso, desencadeando a “alonsomania”, a ponto de a Espanha ter tido até um segundo GP, nas ruas de Valência, com o nome de GP da Europa. O fervor da torcida até justificava, visto que Alonso era um dos destaques da categoria. Mas Fernando enfrentou o ostracismo nos últimos anos, competindo por uma McLaren que nunca lhe deu um carro competitivo, a ponto de o espanhol preferir cair fora da F-1. Tudo bem, a Espanha ainda tem Carlos Sainz Jr. no grid, mas o filho do grande campeão do Dakar e dos ralis até agora nunca empolgou a torcida como seu compatriota bicampeão de F-1. E defendendo uma McLaren que ainda tenta se reerguer, não creio que o fervor dos espanhóis pela categoria máxima do automobilismo se inflame tão alto novamente, ainda mais quando eles estão deitando e rolo na MotoGP com o fenômeno Marc Márquez, que domingo passado venceu o GP...da Espanha, disputado em Jerez de La Fronteira.
Sede de 30 edições do GP holandês de F-1, entre 1952 e 1985, o traçado atual de Zandvoort pode ser estreito e travado demais para a F-1.
            Rifar a corrida espanhola e promover o retorno da Holanda seria uma grande jogada, especialmente pela presença de Max Verstappen, o atrevido piloto da Red Bull que costuma apimentar as disputas nas corridas com seu estilo agressivo e arrojado, às vezes até passando do ponto na disputa ou defesa de uma posição. E a torcida holandesa tem comparecido às corridas nos países vizinhos em peso, apoiando o piloto. Nada mais lógico que, então, recolocar os Países Baixos no calendário. E pista para isso, eles até que possuem dois autódromos bem condizentes.
            A pista de Assen foi cogitada, mas o circuito, conhecido como “catedral”, e um dos mais icônicos do calendário da MotoGP, possui uma pista ótima para motos, mas talvez estreita demais para os carros da F-1. E ninguém esconde o favoritismo de Zandvoort, circuito que sempre sediou as corridas do GP da Holanda de F-1, desde a primeira prova, em 1952, vencida por Alberto Ascari, com Alfa Romeo; até a última, em 1985, vencida por Niki Lauda, com a McLaren. Seria o retorno de um circuito clássico, e com muita história na F-1. Afinal, foram nada menos do que 30 corridas de 1952 a 1985, estando ausente apenas nas temporadas de 1954, 1956, 1957, e 1972. Mas fora da competição há 34 anos. Uma ausência maior do que sua presença.
            Seria um retorno muito comemorado, claro. Os holandeses não apenas voltariam ao calendário, como teriam um grande piloto para torcer. Mas seria uma corrida melhor do que a espanhola, em termos de proporcionar emoção na pista? A resposta, infelizmente, não é das mais animadoras. Primeiro porque Zandvoort hoje não é a mesma pista que sediou a F-1 até 1985. Assim como ocorreu com Spa-Francorchamps e Hockenhein, o circuito holandês passou por uma grande reforma na primeira metade dos anos 1990, que reduziu a área ocupada pelo autódromo praticamente à metade do que ocupava antes.
            Isso implicou em redesenhar boa parte do traçado. A pista foi trazida “para dentro” do terreno, ganhando um novo layout, e perdendo boa parte de suas características. O que não se perdeu foi sua extensão. Aliás, o novo traçado até ficou um pouco maior. A extensão original era de 4,252 Km, enquanto atualmente possui 4,307. O problema é que antes o circuito tinha bons trechos de reta, com curvas velozes em sua maioria, e suaves. E tinha uma grande reta, que hoje ficou reduzida em mais de um terço. Foram criadas novas curvas para fechar o traçado, com trechos de reta bem curtos. O traçado em si não é exatamente ruim, mas sim o seu tamanho. Tivesse uma extensão proporcional de pelo menos mais uns dois quilômetros, poderia ser uma senhora pista para a F-1. Mas a extensão real revela uma pista truncada e de pouquíssimos pontos de ultrapassagem, fora a pouca largura da pista, que se tornou estreita. Tudo isso sugere um circuito ao estilo de Hungaroring, e de mais pistas travadas com poucos pontos de ultrapassagem a F-1 definitivamente não precisa.
No desenho acima, em preto, o traçado atual da pista de Zandvoort. Em cinza, o traçado original, usado pela F-1 até 1985. Na foto aérea abaixo, a linha vermelha mostra onde passava o traçado original da pista que não existe mais, em contraste com o circuito atual.
           OK, pode até ser que a corrida não seja a chatice que teoricamente todo circuito travado pressupõe ser a regra. Zandvoort mereceria a chance de receber a F-1, e parece que tudo já está bem encaminhado para a pista receber novamente os carros da F-1, em que pese a pista de Assen ainda estar no páreo para tentar sediar a prova. Pista por pista, a “catedral” possui um traçado menos travado que Zandvoort, com chances potenciais de ser um palco com maiores chances de proporcionar uma boa corrida. Zandvoort já estaria até com o cronograma de obras, obrigatórias para poder se adequar à F-1, agendado para ter início em outubro. Instalações e paddock, boxes, torre de controle, arquibancadas, muita coisa que já existe poderia ser aproveitada, precisando ser apenas adaptada, mas seria muito útil se pudessem alargar a pista, a fim de melhorar as possibilidades de disputa. Até porque, conforme todos se lembram, os carros da F-1 ficaram bem maiores recentemente. Esteban Ocón e Brendon Hartley, que estavam na F-1 até o ano passado, lembraram que há poucos anos correram na pista holandesa, em outras categorias, e confirmaram que o atual traçado do autódromo holandês é estreito e travado, com poucas chances de ultrapassagem. Adoraria, assim como muitos, que a F-1 voltasse à Holanda, mas se for para correr em mais uma pista truncada assim, talvez não seja o melhor para a F-1 no momento.
            E não manter Barcelona no calendário, uma vez que o circuito não está em bom termo para renovar seu contrato, pode ser positivo, uma vez que a pista não tem ajudado a proporcionar boas corridas. O circuito da Catalunha poderia continuar sediando os testes da pré-temporada, mas não sediando mais corridas, seria um palco previsível a menos para as escuderias.
            O traçado da pista possui uma grande variedade de curvas, com alguns bons trechos de retas, que são uma combinação perfeita para os engenheiros testarem os carros. Há curvas de baixa, alta, e as condições da pista colocam os carros à prova, exibindo suas virtudes e defeitos de projeto. Este é um dos motivos para os times sempre testarem por lá, mesmo em detrimento de outras pistas, quando surgem oportunidades de se fazer a pré-temporada em outros lugares.
            E vocês? O que gostariam? Uma nova etapa em um circuito com maior potencial de gerar boas corridas ou outra pista travada? Eu daria uma chance para ver o que a F-1 poderia render no novo Zandvoort, mas com a possibilidade de dar a mesma oportunidade a Assen. E ver onde a disputa seria melhor... Ficar alguns anos com mais uma etapa enfadonha no calendário é algo que a F-1 não precisa, e nem muitos fãs e torcedores devem querer, imagino... Que possam escolher a pista mais adequada, ou a menos ruim...


E começam as atividades oficiais da Indycar em Indianápólis, com os treinos oficiais de hoje para a disputa do GP de Indianápolis, marcado para este sábado, no traçado misto localizado dentro do complexo do Indianapolis Motor Speedway. Na pista, o retorno de Hélio Castro Neves, que reforça o time da Penske neste mês de maio na capital do Estado de Indiana. Helinho tem como objetivo principal lutar pelo seu 4º triunfo na Indy500, que serão disputadas no próximo dia 26, mas também quer e muito vencer a prova no traçado misto. E ele terá boas condições de lutar pela vitória, uma vez que a Penske vem liderando o campeonato com Josef Newgarden. É esperar para o piloto brasileiro, que desde o ano passado defende o time de Roger Penske no IMSA Wheater Tech Sportscar, venha com uma boa performance, e tenha sorte nestas duas provas em que irá participar no ano da Indycar. Afinal, Simon Pagenaud não vem tendo lá uma boa temporada, e Will Power, apesar de andar forte, bem tendo uma série de azares até aqui. Será que veremos o “Homem-Aranha” escalar de novo o alambrado do IMS, como já ocorreu por três vezes? Estamos no aguardo. O canal pago Bandsports transmite a corrida ao vivo a partir das 16:30 Hrs., pelo fuso de Brasília.


A Formula-E chegou a Mônaco para a disputa no principado neste sábado, que já vive o clima de charme de todo GP disputado nestas ruas há quase um século. E a disputa tem tudo para ser emocionante, com o campeonato atual sem apresentar um favorito destacado, mas com alguns pilotos que vem andando forte ávidos para engrossarem a lista de novos vencedores em uma temporada onde já tivemos 8 vencedores diferentes nas 8 provas disputadas. Será que veremos aqui nas ruas de Monte Carlo um nono vencedor diferente? É o que todos se perguntam. Veremos como os novos carros irão se comportar no tradicional circuito de rua monegasco. Vale lembrar que é uma pista diferente da utilizada pela F-1, com os carros, logo após a curva Saint Devote, descendo para o porto através da Avenida J. F. Kennedy, e fazendo o retorno na chicane onde nos pilotos da F-1 normalmente chegam após saírem do trecho do túnel. Dali em diante, até o retorno à Saint Devote, é o mesmo traçado usado pela F-1. Toda a estrutura de boxes que é usada pela categoria máxima do automobilismo, bem como as arquibancadas, já estão montadas e prontas para serem usadas no ePrix, junto ao porto da marina. Até agora, tivemos duas corridas dos carros elétricos nas ruas do Principado, e ambas foram vencidas pela mesma equipe e piloto: a e.dams, com o suíço Sébastien Buemi. Aliás, o triunfo de Buemi aqui foi sua antepenúltima vitória, na temporada 2016/2017, quando o piloto acabou sendo vice-campeão, derrotado pelo brasileiro Lucas Di Grassi. Desde então, Buemi não conseguiu mais nenhuma vitória. Além do piloto suíço ter tido uma fase ruim, seu time também perdeu parte da performance que exibia, e na atual temporada, a parceria oficial agora é com a Nissan, que substituiu a Renault, que resolveu concentrar seus esforços somente na F-1. Será que a e.dams e Buemi conseguem dar a volta por cima aqui em Mônaco? Seria bem-vindo para engrossar ainda mais a lista de pilotos vencedores da atual temporada, e ajudar a embaralhar ainda mais a luta pelo título. O canal pago FoxSports 2 transmite a corrida monegasca ao vivo a partir das 11:00, pelo horário de Brasília.
Sébastien Buemi venceu as duas edições de ePrix de Mônaco realizadas até hoje. Uma nova vitória do suíço o faria ser o 9º piloto diferente a vencer na atual temporada. Será que ele consegue dar a volta por cima?


Com os novos carros Gen2 utilizados pela F-E a partir desta temporada, até tentaram mudar o traçado do ePrix de Mônaco para usar o circuito completo utilizado pela F-1. Infelizmente, não rolou... Mas quem sabe na próxima ocasião? Seria muito legal e interessante, todos concordam...

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