Mais um GP da Espanha, e mais uma corrida sem muita disputa. Hamilton foi preciso na largada e se mandou na frente, conquistando mais uma vitória (abaixo) e assumindo a liderança do campeonato. |
Quem esperava uma
corrida um pouco mais movimentada no Grande Prêmio da Espanha de F-1, domingo
passado, estava esperando muita coisa. Depois de termos uma prova menos agitada
do que nos últimos anos em Baku, ignorar o histórico da pista da Catalunha em
proporcionar boas corridas não ajudou o campeonato em nada. Muito pelo
contrário, para muitos, parece que a disputa pelo título de 2019 na categoria
máxima do automobilismo já era, ficando a decidir apenas qual dos pilotos da
dupla da Mercedes irá levantar o caneco ao final do ano, e em que prova a
conquista se dará matematicamente.
Para os ferraristas,
especialmente, a prova catalã foi um verdadeiro balde de água fria. Trazendo um
grande pacote de atualizações para o modelo SF-90, inclusive uma nova versão da
unidade de potência híbrida, na tentativa de retomar a disputa sugerida pelos
resultados dos testes da pré-temporada, obtidos na mesma pista, no início de
março, e que dava pelo menos esperança de que a Ferrari, a exemplo do que
viramos em 2017 e 2018, iria dificultar as coisas para o time alemão da
Mercedes, foi uma grande decepção vermos Sebastian Vettel e Charles LeClerc
ficarem incapazes de discutir o pódio na corrida, enquanto a Mercedes fez a 5ª
dobradinha consecutiva em 5 corridas no atual campeonato.
Valtteri Bottas fez
uma grande performance para arrebatar a pole-position em Barcelona, e dando a
entender que iria brigar firme pela vitória, a exemplo do que fizera no
Azerbaijão, duas semanas antes. Lewis Hamilton não perdeu a compostura de tomar
um vareio de cerca de 0s6 para o finlandês, mas deu para notar que estava
“mordido” com o fato. Tudo se resumiria à largada: quem fizesse a primeira
curva na frente provavelmente ganharia a corrida, pois a pista do GP espanhol é
muito ruim para ultrapassagens, e o nível de conhecimento dos times sobre o
circuito é tamanho que poucas surpresas podemos esperar em termos de
estratégias de corrida. Hamilton largou melhor e chegou à primeira curva palmo
a palmo com Bottas, que precisou tomar cuidado com Sebastian Vettel, que fez um
belo arranque, e por pouco não assumiu a segunda colocação. Com isso, Lewis
disparou na frente, e no conjunto de curvas seguintes, Bottas tratou de
recuperar a vice-liderança da corrida, enquanto Vettel acabava surpreendido por
Max Verstappen, perdendo até o 3º lugar para o holandês da Red Bull.
E a corrida
praticamente ficou nisso. Hamilton acelerou firme na frente para não dar
hipóteses de ser surpreendido por Bottas, e Verstappen praticamente ficou a
corrida inteira isolado em 3º lugar. A Ferrari, por incrível que possa parecer,
não apenas continuou longe da Mercedes, como foi superada até por Verstappen. E
não adiantou variar um pouco as estratégias entre Vettel e LeClerc com os pneus.
A dupla de Maranello ficou incapaz de lutar pelo pódio. Nem mesmo o Safety Car
provocado pelo toque entre Lando Norris e Lance Stroll, que reuniu o pelotão,
conseguiu animar muito a corrida na parte final.
Até mesmo as brigas do
pelotão intermediário, que tem sido a salvação das corridas, pelo equilíbrio
demonstrado entre os times, rendeu muito pouco em Barcelona. Depois de algumas
provas sem se acertar, a Hass marcou pontos, mas não deixou de levar um susto
quando Kevin Magnussen deu um chega pra lá em seu próprio companheiro Romain
Grosjean na disputa por posição de corrida. Grosjean, que já vem tendo muito
azar no ano, conseguiu se manter na pista, e marcar seu primeiro ponto no atual
campeonato.
Carlos Sainz Jr. e
Danill Kvyat deram algum alento à McLaren e Toro Rosso, marcando pontos
importantes para seus times. A escuderia de Woking ocupa a 4ª posição na tabela
de construtores, numa briga renhida com Racing Point e Hass. E a Williams,
coitada, segue lá atrás, sem nenhuma chance de redenção a curto prazo,
infelizmente.
Ferrari: aonde foi parar o otimismo e favoritismo exibidos na pré-temporada? Nem eles mesmos sabem responder... |
Difícil entender o que
está havendo com a Ferrari. Por mais que alguns times às vezes disfarcem seu
potencial na pré-temporada, visando chamar a atenção, esse não é o feitio do
time de Maranello, uma vez que criar expectativas em demasia, e depois não
conseguir apresentar resultados é um verdadeiro tiro no pé, com crucificação
por parte da fanática, mas rigorosa torcida ferrarista, e da mídia italiana,
que igualmente não perdoa os erros cometidos pela escuderia durante as
corridas. Curiosamente, apenas na etapa do Bahrein vimos a Ferrari mostrar a
performance dominadora que apresentou durante os testes da pré-temporada, com
Charles LeClerc dominando a prova, até ter de abandonar luta pela vitória
devido a um problema no motor. Imaginávamos que o desempenho dos italianos
poderia ser devido às características da pista, ou ao acerto mais apurado do
equipamento. Mas fomos para a China, e o Azerbaijão, e as expectativas de uma
reação da esquadra de Maranello foram ficando cada vez mais difíceis.
E em Barcelona, a
pista dos testes da pré-temporada, a decepção foi ainda maior. E os dados foram
contundentes: comparando-se os tempos obtidos por Hamiton e Vettel, nos testes,
com os tempos marcados no último final de semana, a Mercedes evoluiu praticamente
0s9 em seu tempo de volta, enquanto a Ferrari manteve-se praticamente no mesmo
nível dos testes. Um sinal praticamente negativo para os ferraristas, que
trouxeram para Barcelona várias mudanças no carro, e até um motor mais
evoluído. Em tese, um carro mais desenvolvido do que o que assombrou o pessoal
nos testes de fevereiro e março.
A situação está tão
feia, que já nem adianta falar sobre ordens de equipe prejudicarem ou não a
situação do time italiano. Mesmo que tivessem adotado as estratégias corretas
para maximizar as performances tanto de Sebastian Vettel quanto de Charles
LeClerc nas corridas, no máximo talvez diminuíssem um pouco o desnível para os
prateados, que ainda assim continuariam dominando a competição. Mattia Binotto
defende que as estratégias da escuderia e as ordens tomadas até aqui nas
corridas foram as mais corretas para o time, mostrando que se recusa a admitir
que andaram errando o passo na abordagem das corridas. O sinal vermelho,
contudo, já tocou em Maranello, em que pese o diretor da escuderia afirmar que
a Ferrari pode inverter a situação muito em breve, e mudar esse panorama atual.
Que a Ferrari em algum
momento deve mostrar uma reação, isso é mais do que esperado. Mas quando isso
se dará? Enquanto os vermelhos tropeçam e batem cabeças entre si, os prateados
voam longe na dianteira. A Mercedes já tem 217 pontos na liderança do mundial
de construtores, quase 100 a mais que a Ferrari, que tem 121. A Red Bull tem
87, e só não ameaça mais os italianos porque Pierre Gasly não tem mostrado o
mesmo nível de Max Verstappen, mas o francês vem melhorando firme nas últimas
provas, e pode vir a complicar a disputa na pista para os ferraristas.
Renault: Não mostrando a que veio na atual temporada da F-1. |
Na disputa de pilotos,
Hamilton assumiu a liderança, com 112 pontos. Bottas, que virou a única
esperança de alento no campeonato, tem 105, e parece reunir condições de
engrossar um pouco a disputa em algumas corridas, e quem sabe, impedir que
Lewis dispare na classificação. E Max Verstappen, que vem fazendo uma temporada
irrepreensível até aqui, é o 3º colocado, com 66 pontos, tendo superado Vettel,
com 64, e LeClerc, com 57. Dali para trás, é a disputa do pelotão do meio, que
segue bem embolada até aqui. Enquanto a Mercedes dispara na frente, a Ferrari
agora se vê às voltas com a ameaça da Red Bull, que curiosamente, continua na
mesma situação vista nos últimos anos: possui um chassi excelente, mas um motor
que ainda deve muito às unidades Ferrari e Mercedes. Este ano, eles passaram a
usar o Honda, no lugar da Renault, mas de certa forma, os resultados tem se
mostrado bem similares, de forma que embora tenha havido uma evolução
considerável das unidades de potência nipônicas, não dá para avaliar exatamente
se eles estão melhores ou não que os franceses.
Aliás, a Renault, pelo
lado de seu time oficial, é outra grande decepção na temporada até agora.
Contando com uma dupla de pilotos forte e equilibrada, o time da fábrica
francesa até agora tem andado longe do que prometia realizar na pré-temporada,
que era pelo menos brigar pelo posto de 4ª força. Está atrás da Racing Point,
da Hass, e até da McLaren, que usa suas unidades de potência. O novo carro não
tem se mostrado competitivo, e tanto Nico Hulkenberg quanto Daniel Ricciardo
tem tido um trabalho danado durante as corridas para tentar obter resultados à
altura do grande investimento feito pelos franceses na escuderia para 2019, e
no aperfeiçoamento da unidade de potência híbrida.
A F-1 caminha para
continuar vendo uma supremacia como nunca se viu na sua história. A
conquistarem os títulos desta temporada, será a 6ª temporada consecutiva de
domínio de uma mesma equipe na categoria máxima do automobilismo. Mas não se
pode acusar a Mercedes por sua competência neste domínio estar tonando a F-1
chata e monótona. Os demais concorrentes é que não estão sendo eficientes em
contestar o domínio dos carros prateados. As regras estão aí para todos. Que
saibam fazer o trabalho direito, o que infelizmente, não estão conseguindo fazer...
Melhor sorte em 2020...
A excelente forma exibida por
Valtteri Bottas nesta temporada, com o finlandês a marcar pole-positions e
vencer corridas, dando a entender que poderá disputar firme com Lewis Hamilton
o título da temporada de F-1 já começa a render especulações se o piloto
seguirá na escuderia alemã em 2020. Bottas teve um desempenho muito aquém no
ano passado, e ganhou uma renovação por apenas mais um ano, justamente para
mostrar se ainda mereceria continuar defendendo o time prateado. Toto Wolf já
fala na possibilidade de renovação do finlandês para a próxima temporada,
mencionando o “respeito” que existe entre a atual dupla de pilotos da
escuderia, dando a entender que, mesmo com a melhor performance exibida pelo
finlandês, este não tem criado atritos com Hamilton nas corridas e no ambiente
interno do time. Quem fica na berlinda com esta situação é Esteban Ocón, que
perdeu sua posição na Force India no ano passado por causa da compra do time
pelo bilionário Lawrence Stroll, que colocou o filho no lugar do francês para
esta temporada. A Mercedes manteve Ocón como piloto reserva e de testes, uma
vez que não teve como encaixá-lo em outro lugar, e Esteban, obviamente, está de
olho em assumir a posição de titular de Valtteri Bottas, algo que fazia
sentido, pela performance deficiente do piloto em 2018. Mas, com as prestações
de Valtteri de novo em alto nível neste ano, as possibilidades de Ocón virar
titular no time comandado por Toto Wolf diminuem a cada dia, tornando mais
difícil apostar no futuro do piloto francês na próxima temporada. Será que Ocón
vai acabar seguindo a mesma sina de Pascal Werhlein, que de protegido da
Mercedes, também ficou sem lugar na F-1, e hoje se aventura na F-E?
E a pista de Zandvoort foi
confirmada como sede do Grande Prêmio da Holanda, que volta à F-1 no próximo
ano. O momento é propício, pela fama de Max Verstappen na categoria máxima do
automobilismo, que deve fazer o autódromo próximo ao oceano Atlântico lotar
como poucas vezes se viu. Mas o autódromo precisará passar por várias obras de
adequação para receber a F-1, e as expectativas é que tudo esteja pronto para a
corrida de 2020, cuja data ainda não foi divulgada. Barcelona provavelmente não
deve permanecer no calendário, uma vez que o governo não pretende continuar
bancando os gastos da corrida espanhola, mas há pelo menos mais dois circuitos
que também estão na corda bamba: México, onde o governo também puxou o fio da
tomada para custear a corrida no autódromo Hermanos Rodriguez; e Hockenhein, na
Alemanha, onde a Mercedes, que tem assumido parte dos gastos de realização do
GP da Alemanha, também não deve mais manter o financiamento. E com a F-1 preparando-se
para correr também no Vietnã, cujo traçado da pista já foi anunciado
recentemente, tudo indica que México e Espanha provavelmente dançarão no
calendário de 2020. A corrida da Alemanha ainda tem alguma esperança de ser
realizada, talvez em Nurburgring, mas tudo permanece indefinido até o presente
momento. Com relação ao retorno de Zandvoort, resta esperar que o traçado
travado que a pista possui atualmente não acabe resultando numa corrida
monótona e sem disputas, devido às extremas dificuldades de ultrapassagens
vistas em categorias menores que já disputaram provas na pista holandesa, cujos
carros são mais largos e muito mais rápidos do que o destas outras categorias.
Pela falta de emoção nas últimas provas, ninguém sentirá muita saudade das
corridas de Barcelona, mas esperemos que Zandvoort ofereça corridas mais
agitadas e capazes de entreter o público, algo que a F-1 vem devendo muito nos
últimos tempos...
Começaram os treinos oficiais
para as 500 Milhas de Indianápolis deste ano, cuja classificação será feita
neste final de semana. E um dos destaques é justamente Fernando Alonso, que
volta à Brickyard Line com o objetivo de vencer a prova, e completar a
conquista da Tríplice Coroa do Automobilismo, uma vez que o asturiano já venceu
o GP de Mônaco de F-1 e as 24 Horas de Le Mans no endurance. Mas a parada vai
ser bem mais complicada do que em 2017, quando ganhou um carro muito bem
acertado pela equipe de Michael Andretti, que fez parceria com a McLaren para a
participação do espanhol naquele ano. Desta vez, o chassi é outro, com motor
Chevrolet, ao invés do Honda, e a associação da McLaren é com um time muito
menos experiente e de menos recursos, a Carlin. E Alonso já sentiu o contato
com os muros de Indianápolis, onde acabou batendo nos treinos de quarta-feira,
comprometendo parte do esforço de preparação para a Indy500. Com tempos que até
agora não empolgaram, existe o risco até de Alonso não conseguir se classificar
para a corrida, se der chance para o azar. E a situação não está fácil para o
espanhol, que vê seu sonho de buscar a vitória na mítica corrida ser bem mais
complicado este ano do que em 2017. Vejamos o que ele conseguirá fazer e se
conseguirá garantir vaga no grid de largada. E, depois, veremos se conseguirá
brilhar na prova, como chegou a fazer há dois anos...
A ambição de Fernando Alonso de se consagrar nas 500 Milhas de Indianápolis serão bem mais complicadas este ano do que em 2017. |
Nenhum comentário:
Postar um comentário