Simon Pagenaud foi preciso na pista e nos boxes (acima), e venceu com categoria sua primeira Indy500, trazendo o piloto francês de volta à luta pelo título da Indycar (abaixo). |
Como de costume, as
500 Milhas de Indianápolis reservaram algumas surpresas para a sua 103ª edição.
A maior delas, obviamente, foi o fracasso da tentativa de Fernando Alonso em se
classificar para a corrida, obtendo apenas o 34º tempo, e ficando de fora do
grid, em uma operação onde a McLaren, em uma associação com a equipe Carlin,
cometeu diversos erros que fulminaram o sonho de Alonso em tentar a vitória na
mais famosa corrida do continente americano. Outra surpresa, foi o vencedor da
corrida, alguém que, nos últimos tempos, vinha tendo um desempenho apenas
mediano, considerando-se pilotar para o mais poderoso time da Indycar, a
Penske: Simon Pagenaud, que até chegar ao Indianapolis Motor Speedway este ano,
vinha muito atrás de seus companheiros de time em termos de resultados na
pista.
Mas eis que o piloto
francês da Penske, que largara em 8º lugar na prova disputado no circuito misto
do famoso autódromo da capital do Estado de Indiana, faz uma bela corrida,
supera os adversários, e vence a prova, um resultado que ele não obtinha desde
a corrida de encerramento da temporada de 2017, na pista de Sonoma, na
Califórnia. Sim, Pagenaud estava há praticamente um ano e meio sem vencer,
enquanto seus companheiros de equipe venciam corridas, e obtinham melhores
classificações no campeonato do ano passado. Pagenaud terminou a temporada de
2018 em 6º lugar, com 492 pontos, enquanto Will Power foi o 3º colocado, com
582 pontos; e Josef Newgarden o 5º, com 560.
E, para completar, com
a cereja do bolo, Pagenaud surpreende, e conquista a pole-position para a
Indy500, algo que por si só já chama a atenção de todos, mostrando que teria o
que demonstrar na corrida para calar seus críticos. Mas posição de largada, apesar
de importante, é algo apenas relativo nas chances de vitória numa corrida de
500 milhas. Mas Simon mostrou que a forma exibida no treino de classificação
não era mero fogo de palha: o piloto francês andou sempre nas primeiras
colocações da corrida, e nas voltas finais, sofrendo o assédio de dois pilotos
que já venceram a Indy500 recentemente, Alexander Rossi e Takuma Sato, mostrou
categoria para não apenas refutar as investidas dos rivais, como sobrepuja-los,
e vencer a corrida. Sato, apesar de chegar junto, nunca conseguiu ameaçar
seriamente o francês da Penske, mas Rossi, mostrando um ritmo fortíssimo,
partiu para o ataque, obrigando Pagenaud a adotar uma trajetória defensiva na
entrada das retas, para impedir que Alexander embutisse no seu vácuo de forma a
tentar uma ultrapassagem por dentro, obrigando-o a ir para o lado externo da
pista, num caminho mais difícil de se obter êxito na manobra. Mesmo assim,
Rossi conseguiu ir para a liderança, a poucas voltas do fim. Pagenaud, contudo,
manteve a cabeça fria, e tratou de retomar a dianteira logo a seguir, partindo
para o triunfo, o seu primeiro nas 500 Milhas de Indianápolis, e a 18ª vitória
da Penske no Brickyard Line, recordista absoluta de vitórias na Indy500.
E quem vence a Indy500
entra para a história. Mas o melhor também foi recolocar Pagenaud, que vinha
até a corrida de Long Beach sem empolgar, na disputa pelo título. O francês é o
novo líder do campeonato, com 250 pontos, contra 249 de seu companheiro de
equipe Josef Newgarden, que era o principal favorito a chegar ao bicampeonato.
Pois agora, Simon também está na luta pelo seu segundo título. Mas é cedo para
ambos comemorarem: ainda temos 11 corridas no campeonato, e muita coisa pode
acontecer. Depois de praticamente renascer, Pagenaud não pode voltar à rotina
de resultados medianos que vinha tendo desde a temporada passada, sob o risco
de perder o bonde na luta pelo título.
Aconteça o que
acontecer, Pagenaud já lucra por antecipação: Roger Penske já se adiantou em
anunciar que o francês segue firme no seu time em 2020, a despeito das fofocas
e boatos que até já o davam fora da escuderia para o próximo ano, quando
poderia ser substituído por Alexander Rossi, atualmente na Andretti, mas cujo
contrato vence ao final deste ano. Alguns chegaram até mesmo a especular uma
troca nas equipes de Roger Penske, com o retorno de Hélio Castro Neves à
Indycar em tempo integral, enquanto Pagenaud seria realocado para o IMSA
Wheater Tech Sportscar. Penske, aliás, não gostou dos boatos envolvendo seu
piloto para a próxima temporada, e criticou a forma como a mídia “inventou”
essa situação toda. Mas, pode ser também que tenha ficado chateado pelo
possível interesse em Alexander Rossi vir à tona, o que poderia complicar
eventuais negociações com o piloto, que poderia usar de sua posição valorizada
para garantir um contrato mais vantajoso financeiramente, fosse com a Penske, e
principalmente, em uma renovação com o time de Michael Andretti. Afinal, foi
dessa forma que tanto Pagenaud quanto Newgarden chegaram à Penske, mostrando
grandes performances em times rivais, e sendo arregimentados para a esquadra de
Roger, dono do mais poderoso e vencedor time da categoria. E quem recusaria?
Simon Pagenaud teve
estes bons momentos, nas temporadas de 2012, 2013, e 2014, defendendo o time de
Sam Schmidt. O francês, na base da regularidade, foi o 5º colocado em 2012, com
387 pontos. Em 2013, venceu sua primeira corrida, em Detroit, e finalizou a
temporada em 3º lugar, com 508 pontos. No ano seguinte, venceu mais uma
corrida, no traçado misto de Indianápolis, e foi 5º colocado no final da
temporada, com 565 pontos. E o grande prêmio de ser contratado para pilotar
para a Penske na temporada de 2015. É verdade que seu primeiro ano na escuderia
não foi lá essas coisas, tendo que se adaptar a uma nova escuderia, o que
justifica ter terminado apenas em 11º lugar, com 384 pontos, ficando bem abaixo
de seus novos companheiros de equipe. Mas era apenas questão de dar tempo ao
tempo. E Simon mostrou a que veio na temporada de 2016, com a conquista do
título, vencendo 5 corridas, em um duelo onde Will Power perdeu feio na
tentativa de ser bicampeão. Mais uma vez, Roger Penske mostrou que seu faro
para contratações andava afiado, e o “capitão” repetiria a dose com a
contratação de Josef Newgarden, nova estrela em ascenção na Indycar, para a
temporada de 2017.
O problema é que a
temporada de 2019 começou, e mais uma vez, Will Power e Josef Newgarden
colocavam a faca entre os dentes e iam para a luta, enquanto Pagenaud ficava
para trás, sendo superado por muitos pilotos os quais tinha obrigação de
superar. Daí, o surgimento dos boatos que davam seu lugar na Penske estando em
risco. Afinal, Roger costuma ser um bom patrão, mas exige dedicação e empenho
de seus contratados, o que significa obter resultados. Não era nada difícil
imaginar que Simon poderia correr risco, se permanecesse naquele ritmo de
resultados. Mas toda fase, seja de bons, maus, ou médios resultados, uma hora
acaba, com sorte, e Pagenaud conseguiu reverter as expectativas no melhor palco
de todos, Indianápolis, tanto na prova da pista mista, como no circuito oval,
com performances que chamaram a atenção de todos, não podendo ser creditadas
apenas ao bom carro que tinha em mãos.
Passada a euforia de
Indianápolis, Pagenaud tem de mostrar que o momento mágico vivido neste mês de
maio não foi apenas um acaso. Se quiser de fato lutar pelo bicampeonato, o
francês terá de se aplicar a fundo, afinal, um dos maiores rivais é seu próprio
companheiro de equipe Josef Newgarden, que vem mostrando performances sólidas e
constantes na atual temporada. E não há tempo para descansar, pois hoje mesmo a
turma toda da Indycar já está novamente na pista, para a rodada dupla de Detroit,
com corridas neste sábado e no domingo, no horário das 16:30 horas, com
transmissão ao vivo pelo canal pago Bandsports nos dois dias. E os duelos
recomeçam com tudo. Pagenaud tem de aproveitar e partir para o ataque. Resta
ver se os rivais vão ficar parados vendo o renascimento do piloto francês no
campeonato...
A Indy500 de 2019 não foi das
mais felizes para os pilotos brasileiros, mas um deles não tem muito o que
reclamar: Tony Kanaan obteve um excelente 9º lugar na bandeirada, resultado
considerado muito bom para as condições de seu time, a Foyt, que apesar da boa
preparação para a corrida das 500 milhas, teve sua cota de problemas na prova,
depois de ficar bem entusiasmada com o 1º lugar de Kanaan no Carburation Day, o
treino de warm-up da prova, realizado na sexta-feira anterior à corrida.
Matheus Leist também foi relativamente bem, diante das circunstâncias,
terminando em 15º. Quem não teve o que comemorar foi Hélio Castro Neves, que
acabou atingindo o carro de James Davison nos boxes, e acabou sofrendo uma punição
por causa disso, além dos danos sofridos em seu carro, que o fizeram perder 2
voltas em relação aos líderes, e quaisquer chances de tentar sua 4ª vitória nas
500 milhas, uma vez que tinha um bom carro, e podia entrar na disputa pelos
primeiros lugares. O sonho de uma nova vitória de Helinho fica para 2020. Já
para a dupla brasileira da Foyt, agora é tentar evoluir no campeonato, algo que
ainda deve ser bem difícil, uma vez que o carro demonstra ainda precisar de
muito trabalho para melhorar a performance.
Se as 500 Milhas de Indianápolis
tiveram bem mais emoção e disputas do que em 2018, o mesmo não se pode dizer do
Grande Prêmio de Mônaco de F-1, que mais uma vez, mostrou aquela fila quase
interminável de carros onde ninguém passava ninguém. Ou quase: Charles LeClerc,
vítima de mais um erro da Ferrari, acabou tendo o desprazer de cair logo no Q1
do treino de classificação para a corrida em casa, e tendo de largar de 15º, a
única alternativa mesmo era tentar ser agressivo na prova para tentar um melhor
resultado. E Charles até foi à luta, conseguindo duas ultrapassagens, uma delas
na Rascasse, muito bonita, sobre Romain Grosjean. Mas, ao tentar a mesma
manobra sobre Nico Hulkenberg, o alemão não deu mole, e houve um toque entre os
carros dos pilotos, resultando em um pneu traseiro furado para a Ferrari do
monegasco, que apesar de ter ido ao box, trocado os compostos, e voltado à
pista, os danos decorrentes do incidente em seu carro o fizeram abandonar a
corrida. LeClerc acabou sendo o único piloto a abandonar a prova no Principado,
um tremendo desalento para a torcida, que tinha nele seu grande destaque, já
que Charles nasceu em Mônaco. A Ferrari pediu desculpas pelo erro tático na
classificação que acabou complicando as chances de LeClerc na corrida, mas se a
situação de erros persistir, as chances de o time de Maranello desgastar a
motivação de seu jovem piloto podem crescer bastante, e para alguns, poderia
significar “queimar” a carreira de Charles, e até incentivá-lo a procurar outro
time para correr futuramente. Pode ser até um exagero, mas a Ferrari, de sonho
de qualquer piloto, está mais virando pesadelo do que qualquer outra coisa...
Uma pole-position obtida com
perfeição, e uma boa largada sacramentaram o triunfo de Lewis Hamilton na etapa
de Mônaco. Mas não foi uma vitória exatamente fácil. Ao trocar os pneus do
carro do inglês para compostos macios durante a bandeira amarela desencadeada
para limpar a pista dos detritos do pneu furado de Charles LeClerc, a Mercedes
apostava numa chuva que até apareceu, mas foi muito fraca para alterar o
andamento da corrida. Como fazer uma nova troca significaria perder a liderança
da corrida, e consequentemente, a vitória, Hamilton teve que guiar a maior
parte da corrida com luva de pelica, moderando seu ritmo para não desgastar
prematuramente seus pneus, enquanto seus perseguidores diretos, Max Verstappen
e Sebastian Vettel, com compostos duros, tinham pneus em melhores condições.
Mas a tarefa de segurar a liderança foi muito facilitada por ser a pista de
Mônaco, onde ninguém passa ninguém, se o piloto que vai à frente não cometer um
erro ou abrir sua defesa. E Hamilton, apesar da choradeira dramática pelo rádio
com o time, não cometeu nenhuma falha durante todas as voltas em que teve
Verstappen e Vettel atrás de si, o que não é pouca coisa, se lembrarmos que em
Mônaco os guard-rails estão bem ali ao lado, e ao menor deslize com o carro,
algo que pode ser potencializado pelo estado desgastado dos pneus, é batida na
certa. E Lewis ainda deu sorte quando Max fez uma tentativa, já no finalzinho
da corrida, que felizmente não resultou em problemas nos carros de ambos. Com
isso, Lewis venceu sua 4ª prova no ano, e com o 3º lugar de seu companheiro
Valtteri Bottas, abriu 17 pontos de vantagem para o finlandês. Para a concorrência,
o único “consolo”, se é que pode se dizer isso, foi o fato de a Mercedes não
ter conquistado sua 6ª dobradinha consecutiva, muito pouco para garantir a
emoção do campeonato de 2019.
Lewis Hamilton e Sebastian Vettel
homenagearam Niki Lauda, competindo com capacete com os desenhos usados pelo
austríaco durante sua carreira. Hamilton usou o desenho de quando Lauda correu
pela McLaren, e obviamente, dedicou sua vitória em Mônaco ao amigo, falecido na
semana passada. Vettel usou o desenho de quando Lauda defendeu a Ferrari, e
dedicou o resultado também ao ex-campeão, cujo velório foi feito nesta última
quarta-feira, na Catedral de Santo Estevão, em Viena, na Áustria, com a
presença de vários pilotos e ex-pilotos, que foram se despedir de Niki.
Alain Prost, Lewis Hamilton, Jean Alesi, Nélson Piquet, Gerhard Berger, Valtteri Bottas, entre outros, acompanharam o funeral de Niki Lauda em Viena. |
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