quarta-feira, 8 de maio de 2019

ARQUIVO PISTA & BOX – SETEMBRO DE 1998 – 25.09.1998


            Saudações a todos. Hora de mais um antigo texto aqui no blog, e esta é a coluna que foi publicada em 25 de setembro de 1998, às vésperas do Grande Prêmio de Luxemburgo, o único na história da F-1, disputado no conhecido circuito alemão de Nurburgring. Curiosamente, a pista do vilarejo de Nurburg já recebia a F-1, tendo então uma segunda prova em solo alemão, uma vez que a Alemanha tinha seu tradicional GP na pista de Hockenhein (antes que essa fosse impiedosamente mutilada alguns anos depois), mas a prova recebia o nome de GP da Europa. Em 1998, acabou levando o nome do Grão-Ducado de Luxemburgo, um pequeno país encravado na divisa da Bélgica, França e Alemanha. A prova era a penúltima da temporada, que tinha na disputa pelo título Michael Schumacher e Mika Hakkinen.
            O clima era de favoritismo para a Ferrari e Schumacher, que conseguiram equilibrar uma temporada que tinha tudo para ser um passeio da McLaren, que voltava a ser uma força dominante na F-1, depois da saída de Ayrton Senna. Mika Hakkinen era o seu principal piloto, mas a escuderia de Woking tinha tido vários problemas nas corridas anteriores, o que permitiu a Schumacher levar a decisão até a última corrida, no Japão. Mas, ainda não seria naquele ano que o time de Maranello encerraria seu jejum de títulos, mas mostrava que estava cada vez mais batendo na trave, e que uma hora, tudo daria certo. E, de fato, deu, apenas duas temporadas depois.
            Hoje, a Ferrari é a principal desafiante da Mercedes, a força dominante na F-1, mas não vem conseguindo ter a coesão e inteligência para usar adequadamente suas armas para tentar voltar a conquistar o título. A Alemanha parece não estar mais tão empolgada com a categoria máxima do automobilismo, e a McLaren tenta renascer depois de algumas temporadas de calvário recente. Os tempos mudam, não? De quebra, o texto traz algumas notas rápidas de acontecimentos no mundo da velocidade naquela semana. Uma boa leitura a todos, e em breve trago outros textos antigos por aqui...


HORA DA DECISÃO – 1ª PARTE

            Chegou a hora de definir o campeonato 1998 de Fórmula 1. O primeiro round desta disputa emocionante acontece neste domingo, onde se dará a realização do Grande Prêmio de Luxemburgo. Disputado pela segunda vez, a corrida nada mais é do que um artifício para se ter dois GPs por ano em solo alemão, uma manobra já usada em relação ao GP de San Marino, que é realizado em solo italiano, mesmo a Itália já tendo o seu tradicional GP em Monza. E o palco da prova neste final de semana é o circuito de Nurburgring.
            E o ambiente, a partir de hoje, já começa a pegar fogo. Praticamente só se vê torcedores de Michael Schumacher por aqui. O ambiente de euforia adquirido depois da vitória do bicampeão alemão em Monza, que levou ao delírio os tiffosi, tem tudo para se repetir aqui em Nurburg. Ainda mais depois dos excelentes resultados dos testes da Ferrari semana passada. Mais do que nunca, o time italiano está pronto para desafiar com tudo a McLaren na pista alemã que é considerada praticamente o quintal da Mercedes-Benz, onde a fábrica faz a grande maioria dos testes de seus motores.
            Favoritismo técnico teórico à parte, moralmente, entretanto, Schumacher está dando as cartas. Embalado pela vitória na Itália, e respaldado pelo fato de que desde o GP da Hungria as coisas não tem dado muito certo para a McLaren, o alemão já fala na conquista do tricampeonato e começa a pegar fundo no jogo psicológico, tentando minar a confiança da equipe rival. A McLaren, por sua vez, tenta se recompor depois dos fiascos apresentados nos últimos GPs. A seu favor, apenas o fato de que, historicamente, sempre apresentou grande capacidade de reação sob pressão, ganhando corridas decisivas nos momentos críticos. Fica a dúvida se Mika Hakkinen, principal piloto da McLaren, vai conseguir manter a cabeça fria e resistir às pressões da luta pelo título. Schumacher, com dois títulos no currículo, já tem experiência para suportar as pressões decorrentes, e o alemão trata de jogar mais lenha na fogueira, com declarações de otimismo e cutucando os adversários.
            A favor de Schumacher estará toda a torcida que lota Nurburg e arredores. Todos são a favor de Michael. É verdade que o motor da McLaren é alemão, mas ninguém dá muita bola para isso. É Schumacher e ponto final. Correção: tem torcida sim pelo motor Mercedes-Benz, mas no sentido oposto: os torcedores esperam que os motores dos carros de Mika Hakkinem e David Couthard quebrem, e da mesma maneira como aconteceu com o escocês em Monza, de uma forma espetacular...
            Nurburg, aliás, vive nestes poucos dias os seus ares de metrópole momentânea. Simples vilarejo com cerca de mil habitantes, hoje está tomado por torcedores às pencas. Foram colocados 20 mil novos lugares só em arquibancadas, e o público para domingo deve beirar os 150 mil torcedores. Todos os hotéis e pensões de Nurburg e cidades ao redor estão ocupados. As poucas ruas do lugar estão entupidas de gente e de carros. Como eu já dizia, até parece São Paulo com tanta gente nas ruas. Mas apesar de tudo, o pessoal não perde o bom humor.
            Isto, aliás, muitos vão perder se Hakkinen conquistar o título antecipadamente no domingo. Para isso, basta que o finlandês vença a corrida e Schumacher não marque pontos. Sem contestar o favoritismo moral do bicampeão, é bom lembrar o que aconteceu em Zeltweg, onde Michael tentou de maneira até exagerada pressionar a McLaren e se complicou todo. Apesar de estarem preparados para não repetir os mesmos erros, a Ferrari e Schumacher não podem cantar vitória antes do tempo. É preciso esperar a bandeirada final da corrida...


John Paul Jr. venceu domingo passado a Lone Star 500 de Dallas, disputada no Texas Motor Speedway, em Forth Worth, no Texas. Penúltima etapa da F-Indy (IRL), a prova teve alguns acidentes feios. A pole position ficou com Billy Boat, seguido de Tony Stewart. Raul Boesel largou em 13º, e Marco Greco em 15º. Os brasileiros, porém, acabaram se envolvendo em acidentes durante a corrida e abandonaram a prova. O mesmo aconteceu com Tony Stewart, Arie Luyendick e vários outros pilotos. Robby Unser ficou em 2º lugar, seguido de Jeff Ward, Roberto Guerrero e Kenny Brack. Brack, que havia vencido as últimas provas, segue liderando o campeonato, que termina em Lãs Vegas, em outubro.


Mais uma vez, não teremos brasileiros em times de ponta na F-1. Além da Williams ter confirmado Ralf Schumacher e Alessandro Zanardi, a Jordan, que tentava ser o objeto de disputa de Pedro Paulo Diniz, fechou sua segunda vaga com o alemão Heinz-Harald Frentzen. Assim como Rubens Barrichello, Diniz também não conseguiu se desvencilhar da multa rescisória para deixar seu atual time, item que complicou as transferências de ambos os brasileiros. Por um lado, isso é positivo, pois mostra que Jackie Stewart e Tom Walkinshaw, proprietários das escuderias onde os brasileiros correm, mostram fé no trabalho de nossos pilotos, e não querem perdê-los. Por outro lado, é negativo que até o presente momento eles não tenham conseguido dar a nossos pilotos carros de qualidade para que eles possam fazer seu talento brilhar nas pistas...


Surgiu uma nova bomba nos bastidores da F-1 nos últimos dias: a McLaren será incorporada pela Mercedes-Benz em 2000. Verdade ou boato? Sinceramente, prefiro a McLaren como time de F-1 a ver a escuderia virar apenas um time de fábrica da Mercedes na categoria...


Ricardo Zonta venceu domingo passado a prova de Zeltweg da FIA GT. Além disso, o brasileiro ainda participou ativamente dos testes da equipe McLaren semana passada no circuito francês de Magny-Cours. Zonta terminou os testes sendo meio segundo mais rápido do que David Couthard. Para 1999, Zonta disputa vaga de piloto na equipe BAR, que estreará na F-1...

Nenhum comentário: