Saudações a todos. Hora de mais um
antigo texto aqui no blog, e esta é a coluna que foi publicada em 25 de
setembro de 1998, às vésperas do Grande Prêmio de Luxemburgo, o único na
história da F-1, disputado no conhecido circuito alemão de Nurburgring.
Curiosamente, a pista do vilarejo de Nurburg já recebia a F-1, tendo então uma
segunda prova em solo alemão, uma vez que a Alemanha tinha seu tradicional GP
na pista de Hockenhein (antes que essa fosse impiedosamente mutilada alguns
anos depois), mas a prova recebia o nome de GP da Europa. Em 1998, acabou
levando o nome do Grão-Ducado de Luxemburgo, um pequeno país encravado na divisa
da Bélgica, França e Alemanha. A prova era a penúltima da temporada, que tinha
na disputa pelo título Michael Schumacher e Mika Hakkinen.
O clima era de favoritismo para a
Ferrari e Schumacher, que conseguiram equilibrar uma temporada que tinha tudo
para ser um passeio da McLaren, que voltava a ser uma força dominante na F-1,
depois da saída de Ayrton Senna. Mika Hakkinen era o seu principal piloto, mas
a escuderia de Woking tinha tido vários problemas nas corridas anteriores, o
que permitiu a Schumacher levar a decisão até a última corrida, no Japão. Mas,
ainda não seria naquele ano que o time de Maranello encerraria seu jejum de
títulos, mas mostrava que estava cada vez mais batendo na trave, e que uma
hora, tudo daria certo. E, de fato, deu, apenas duas temporadas depois.
Hoje, a Ferrari é a principal
desafiante da Mercedes, a força dominante na F-1, mas não vem conseguindo ter a
coesão e inteligência para usar adequadamente suas armas para tentar voltar a
conquistar o título. A Alemanha parece não estar mais tão empolgada com a
categoria máxima do automobilismo, e a McLaren tenta renascer depois de algumas
temporadas de calvário recente. Os tempos mudam, não? De quebra, o texto traz
algumas notas rápidas de acontecimentos no mundo da velocidade naquela semana.
Uma boa leitura a todos, e em breve trago outros textos antigos por aqui...
HORA DA DECISÃO – 1ª
PARTE
Chegou
a hora de definir o campeonato 1998 de Fórmula 1. O primeiro round desta
disputa emocionante acontece neste domingo, onde se dará a realização do Grande
Prêmio de Luxemburgo. Disputado pela segunda vez, a corrida nada mais é do que
um artifício para se ter dois GPs por ano em solo alemão, uma manobra já usada
em relação ao GP de San Marino, que é realizado em solo italiano, mesmo a
Itália já tendo o seu tradicional GP em Monza. E o palco da prova neste final de semana é
o circuito de Nurburgring.
E
o ambiente, a partir de hoje, já começa a pegar fogo. Praticamente só se vê
torcedores de Michael Schumacher por aqui. O ambiente de euforia adquirido
depois da vitória do bicampeão alemão em Monza, que levou ao delírio os
tiffosi, tem tudo para se repetir aqui em Nurburg. Ainda mais
depois dos excelentes resultados dos testes da Ferrari semana passada. Mais do
que nunca, o time italiano está pronto para desafiar com tudo a McLaren na
pista alemã que é considerada praticamente o quintal da Mercedes-Benz, onde a
fábrica faz a grande maioria dos testes de seus motores.
Favoritismo
técnico teórico à parte, moralmente, entretanto, Schumacher está dando as
cartas. Embalado pela vitória na Itália, e respaldado pelo fato de que desde o
GP da Hungria as coisas não tem dado muito certo para a McLaren, o alemão já
fala na conquista do tricampeonato e começa a pegar fundo no jogo psicológico,
tentando minar a confiança da equipe rival. A McLaren, por sua vez, tenta se
recompor depois dos fiascos apresentados nos últimos GPs. A seu favor, apenas o
fato de que, historicamente, sempre apresentou grande capacidade de reação sob
pressão, ganhando corridas decisivas nos momentos críticos. Fica a dúvida se
Mika Hakkinen, principal piloto da McLaren, vai conseguir manter a cabeça fria
e resistir às pressões da luta pelo título. Schumacher, com dois títulos no
currículo, já tem experiência para suportar as pressões decorrentes, e o alemão
trata de jogar mais lenha na fogueira, com declarações de otimismo e cutucando
os adversários.
A
favor de Schumacher estará toda a torcida que lota Nurburg e arredores. Todos
são a favor de Michael. É verdade que o motor da McLaren é alemão, mas ninguém
dá muita bola para isso. É Schumacher e ponto final. Correção: tem torcida sim
pelo motor Mercedes-Benz, mas no sentido oposto: os torcedores esperam que os
motores dos carros de Mika Hakkinem e David Couthard quebrem, e da mesma
maneira como aconteceu com o escocês em Monza, de uma forma espetacular...
Nurburg,
aliás, vive nestes poucos dias os seus ares de metrópole momentânea. Simples
vilarejo com cerca de mil habitantes, hoje está tomado por torcedores às
pencas. Foram colocados 20 mil novos lugares só em arquibancadas, e o público
para domingo deve beirar os 150 mil torcedores. Todos os hotéis e pensões de
Nurburg e cidades ao redor estão ocupados. As poucas ruas do lugar estão
entupidas de gente e de carros. Como eu já dizia, até parece São Paulo com
tanta gente nas ruas. Mas apesar de tudo, o pessoal não perde o bom humor.
Isto,
aliás, muitos vão perder se Hakkinen conquistar o título antecipadamente no
domingo. Para isso, basta que o finlandês vença a corrida e Schumacher não
marque pontos. Sem contestar o favoritismo moral do bicampeão, é bom lembrar o
que aconteceu em Zeltweg, onde Michael tentou de maneira até exagerada
pressionar a McLaren e se complicou todo. Apesar de estarem preparados para não
repetir os mesmos erros, a Ferrari e Schumacher não podem cantar vitória antes
do tempo. É preciso esperar a bandeirada final da corrida...
John Paul Jr. venceu domingo passado a Lone Star 500 de Dallas,
disputada no Texas Motor Speedway, em Forth Worth, no Texas. Penúltima etapa da F-Indy
(IRL), a prova teve alguns acidentes feios. A pole position ficou com Billy
Boat, seguido de Tony Stewart. Raul Boesel largou em 13º, e Marco Greco em 15º.
Os brasileiros, porém, acabaram se envolvendo em acidentes durante a corrida e
abandonaram a prova. O mesmo aconteceu com Tony Stewart, Arie Luyendick e
vários outros pilotos. Robby Unser ficou em 2º lugar, seguido de Jeff Ward,
Roberto Guerrero e Kenny Brack. Brack, que havia vencido as últimas provas,
segue liderando o campeonato, que termina em Lãs Vegas, em outubro.
Mais uma vez, não teremos brasileiros em times de ponta na F-1. Além da
Williams ter confirmado Ralf Schumacher e Alessandro Zanardi, a Jordan, que
tentava ser o objeto de disputa de Pedro Paulo Diniz, fechou sua segunda vaga
com o alemão Heinz-Harald Frentzen. Assim como Rubens Barrichello, Diniz também
não conseguiu se desvencilhar da multa rescisória para deixar seu atual time,
item que complicou as transferências de ambos os brasileiros. Por um lado, isso
é positivo, pois mostra que Jackie Stewart e Tom Walkinshaw, proprietários das
escuderias onde os brasileiros correm, mostram fé no trabalho de nossos
pilotos, e não querem perdê-los. Por outro lado, é negativo que até o presente
momento eles não tenham conseguido dar a nossos pilotos carros de qualidade
para que eles possam fazer seu talento brilhar nas pistas...
Surgiu uma nova bomba nos bastidores da F-1 nos últimos dias: a McLaren
será incorporada pela Mercedes-Benz em 2000. Verdade ou boato? Sinceramente,
prefiro a McLaren como time de F-1 a ver a escuderia virar apenas um time de
fábrica da Mercedes na categoria...
Ricardo Zonta venceu domingo passado a prova de Zeltweg da FIA GT. Além
disso, o brasileiro ainda participou ativamente dos testes da equipe McLaren
semana passada no circuito francês de Magny-Cours. Zonta terminou os testes
sendo meio segundo mais rápido do que David Couthard. Para 1999, Zonta disputa
vaga de piloto na equipe BAR, que estreará na F-1...
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