Will Power deu à Penske a vitória nas 500 Milhas de Indianápolis de 2018. |
E deu uma nova vitória
da Penske na 102ª edição das 500 Milhas de Indianápolis. A honra de averbar a
17ª conquista do time de Roger Penske na Brickyard Line coube a Will Power, que
fechou o mês de atividades da Indycar no Indianapolis Motor Speedway com chave
de ouro: o australiano havia vencido também o GP de Indianápolis, disputado
duas semanas antes, no circuito misto do autódromo. Dos pilotos da Penske na
prova deste ano, apenas Helinho já havia vencido a corrida, em três
oportunidades, e buscava a 4ª vitória, o que o deixaria empatado ao lado de
feras da história da Indy500, como Al Unser, Rick Mears, e A. J. Foyt, os
únicos a triunfarem por quatro vezes na corrida.
A corrida deste ano,
inclusive, foi fraca em comparação com os anos anteriores. Houve várias
disputas, é verdade, massa intensidade e a quantidade de ultrapassagens foram
inferiores às de anos recentes. O novo kit aerodinâmico, se por um lado
mostrou-se mais seguro, impedindo que os carros decolassem em batidas, por
outro lado também foi o principal responsável por diminuir a quantidade de
disputas por posição na pista. Com menos downforce que os aerokists utilizados
nos últimos anos, os novos carros eram mais ariscos e soltos, o que dificultava
aos pilotos conseguirem seguir os carros à frente com a mesma facilidade que os
utilizados até o ano passado. E com direito a um efeito colateral: vários
bólidos passaram a sofrer de escapadas de traseira, o que levou vários pilotos
a rodarem sozinhos durante a corrida, levando-os ao abandono.
Entre as “vítimas”
deste comportamento, estiveram nossos pilotos com chances de vitória na
corrida. Hélio Castro Neves acabou vendo seu carro escapar, e fez o que pôde
para evitar uma colisão com os demais competidores na pista, mas não conseguiu
evitar de bater no muro interno, junto à entrada dos boxes, e dizer adeus às
suas chances de tentar nova vitória na Indy500. Tony Kanaan, que já havia
liderado a corrida, e havia sofrido com um pneu furado que o obrigou a um pit
stop extra, já estava novamente em busca dos primeiros lugares quando sofreu
uma escapada similar à do compatriota, e igualmente atingindo o muro do lado
interno da pista, e deixando a corrida. Outro nome de destaque na prova, Danica
Patrick, que fazia sua despedida das pistas, também acabou rodando e acertando
o muro, encerrando sua derradeira participação nas 500 Milhas sem o resultado
que almejava conseguir, depois de fazer um excelente treino de classificação e
conquistar a 7ª posição na largada. Uma pena que na corrida, seu carro piorou
de comportamento, e a piloto ao invés de avançar caiu para trás, tendo que
batalhar com um carro mais nervoso no meio do tráfego do que o esperado, o que
acabou colaborando para o seu acidente e abandono. Mesmo após os anos de
ausência da categoria, Danica ainda mostrou estar em forma para competir firme
em Indy. Ela bem que poderia rever sua decisão de pendurar o capacete e voltar
no ano que vem, mesmo que só para essa prova, como alguns pilotos costumam fazer,
e quem sabe, ter uma despedida mais digna das pistas. Quem sabe?
O ponto positivo
destes acidentes é que todos eles foram leves, e apesar das fortes pancadas,
todos os pilotos saíram andando de seus carros, passando por exames no hospital
apenas por precaução. Quase todos, aliás, rodaram sozinhos, tendo como destaque
envolvendo outros carros o choque entre Takuma Sato e James Davison, que andava
muito lento pela pista, e acabou colhido pelo japonês. Quem também acabou
beijando o muro foi Sebastien Bourdais, mas sem a violência do acidente sofrido
pelo francês no ano passado. Sage Karan teve o acidente mais violento, quando
acertou o muro externo, e sua roda traseira direita se soltou, indo parar no
muro do lado interno da pista, mas felizmente sem acertar ninguém, e com o
piloto saindo ileso do seu carro batido.
Danica Patrick brilhou na classificação, mas acabou dando adeus à corrida em um acidente. |
Ed Carpenter,
pole-position, fez uma corrida combativa, andando sempre entre os primeiros, e
com pinta de finalmente chegar à glória de vencer a Indy500, mas acabou
superado pelo piloto da Penske e acabou mesmo em 2º lugar. Outro piloto que
teve uma atuação primorosa foi Alexander Rossi, que largou em último, e chegou
em 4º lugar. Scott Dixon, depois de bater forte na edição do ano passado,
mostrou a sua classe de sempre, e foi o 3º colocado. Ryan Hunter-Reay também
andou forte, e foi o 5º colocado, logo atrás de Rossi, coroando um bom trabalho
da equipe Andretti na corrida para os dois pilotos, e que ainda colocou Carlos
Muñoz em 7º. Marco Andretti, o outro piloto do time, fechou a corrida em 12º lugar.
Para a Penske, além da vitória com Will Power, Simon Pagenaud foi o 6º
colocado, enquanto Josef Newgarden, apesar de alguns percalços, conseguiu
terminar em 8º. Curiosamente, entre os pilotos da Penske, poucos acharam a
prova de Power algo de destaque: ele ficou ali, na dele, durante quase toda a
corrida, entre o pelotão da frente, mas sem uma performance que empolgasse o
público, defendendo sua posição com fervor, partindo para cima dos adversários,
etc. Mas, o que isso importa? Ele ganhou, e está tendo uma semana das mais
cheias, cumprindo todo tipo de compromisso, seja com patrocinadores, seja com a
mídia, entrevistando o mais novo piloto a conquistar seu lugar no cobiçado
Troféu Borg-Warner, que reproduz o rosto de todos os pilotos vencedores da Indy500
em sua história. Mas também seria injusto não reconhecer que Power fez uma
corrida eficiente: ele liderou 59 das 200 voltas da corrida, perdendo apenas
para Ed Carpenter, que liderou 65 voltas durante a prova.
Apesar da falta de um
número maior de duelos pela ponta, a corrida teve vários pilotos que se
revezaram na liderança, cerca de 15. Atrás de Power e Carpenter, Tony Kanaan
foi o terceiro piloto que mais liderou, ao comandar a corrida por 19 voltas,
seguido por Oriol Servia, com 16 giros; e Graham Rahal com 12 voltas. Zachary
Claman de Melo, que não iria disputar a Indy500, e que correu apenas para
substituir o lesionado Pietro Fitttipaldi, ponteou a corrida durante 7 voltas,
mais até do que o principal piloto da equipe Dale Coyne, Sébastien Bourdais,
que ficou na frente durante 4 voltas, empatado nessa estatística com Carlos
Muñoz, também com 4 giros na ponta. Spencer Pigot, Stefan Wilson e Josef
Newgarden lideraram 3 voltas cada um, enquanto Robert Wickens, uma das
sensações da atual temporada, ficou na frente por 2 voltas. Por últimos, Simon
Pagenaud, Alexander Rossi e Ryan Hunter-Reay estiveram na frente por apenas 1
volta.
Hélio Castro Neves (acima) adiou para 2019 o sonho de vencer novamente a Indy500, assim como Tony Kanaan (abaixo), ambos vítimas de rodadas com seus carros. |
Em termos de
confiabilidade, apenas um piloto abandonou a corrida por problemas mecânicos:
Kyle Kaiser, da Juncos. Todos os demais se deram por acidentes. Entre os
pilotos que receberam a bandeirada, Max Chilton, Jay Howard e Zach Veach foram
os pilotos que mais frequentaram os boxes, com um total de 10 paradas para cada
um. Na outra ponta, Takuma Sato e James Davison fizeram apenas uma parada, já
que ambos acabaram colidindo na 45ª volta, e foram os primeiros a abandonar a
prova. Já os seis primeiros colocados conseguiram completar a corrida com o
mesmo número de pit stops: 5 paradas nos boxes para cada um.
Pelo que se viu em
Indianápolis, o novo aerokit deve deixar as corridas em ovais da atual
temporada menos disputadas do que se esperava. Mas pelo menos nos circuitos
mistos e urbanos a situação parece bem mais empolgante, com várias disputas e
trocas de posição. E a categoria não tem tempo para descansar: hoje mesmo os
pilotos já estão de volta à pista para a rodada dupla no circuito do Belle Isle
Park, em Detroit, para as corridas que serão disputadas amanhã e domingo. E as
duas provas tem tudo para serem bem promissoras...
O Grande Prêmio de Mônaco
conseguiu ser a corrida mais entediante da atual temporada da Fórmula 1. Tal
como em Barcelona, as expectativas de uma corrida mais empolgante ficaram mesmo
só na “expectativa”, pois nem mesmo os compostos hipermacios, que fizeram sua
estréia em prova neste GP, conseguiram dar uma animada na situação, além da
disputa pela pole-position no treino classificatório, que ficou para a Red Bull
e um impressionante Daniel Ricciardo, que marcaram o novo recorde oficial do
traçado monegasco. Os pneus duraram mais do que se imaginava na mão de alguns,
e com a estratégia de apenas uma parada para todos, não ofereceu as
alternativas de estratégia esperadas. Nem mesmo a possibilidade de chuva se
concretizou: caíram algumas gotas esparsas no Principado, e nada mais. E, por
incrível que pareça, nenhuma intervenção do Safety Car, pelo menos o real. A
batida de Charles LeClerc, justo o piloto da casa, na traseira de Brendon
Hartley motivou um safety car virtual, mas bem breve, até por que o piloto da
Sauber conseguiu se dar ao luxo de bater em um ponto onde saiu para fora da
pista, na freada da chicane do porto, enquanto Hartley conseguiu chegar ao box
sem atravancar na pista, fora que os poucos detritos que caíram no traçado
foram limpos com eficiência ímpar, já que a maior parte dos cacos de ambos os
carros caíram na área de escape. Com isso, os seis primeiros colocados no grid
simplesmente chegaram nas mesmas posições na bandeirada, com ninguém atacando
ninguém. Cientes dos riscos de tentar uma ultrapassagem, todo mundo se acomodou
onde estava, e sem surpresas na estratégia ou tentativas de passar no pit stop,
todos optaram por manter posições, visando garantir chegar ao final. E sorte de
Ricciardo também, pois seu carro sofreu uma perda de potência durante a
corrida, que em outras pistas, fatalmente o levaria a perder a corrida, mas
como era Mônaco, o sorridente australiano conseguiu enfim vencer a corrida, que
liderou de ponta a ponta, sem que Sebastian Vettel o ameaçasse efetivamente na
disputa pela liderança da corrida. E Hamilton, líder do campeonato, finalizou
em 3º, e apenas diminuiu um pouco sua vantagem na pontuação. Nem mesmo Kimi
Raikkonem e Valtteri Bottas conseguiram dar um tempero extra a esta corrida.
Daniel Ricciardo largou na pole e liderou de ponta a ponta o GP de Mônaco, secundado por Sebastian Vettel, e com Lewis Hamilton (abaixo) completando o pódio. |
Quem poderia até dar uma agitada
à monótona corrida monegasca seria Max Verstappen. Mas “Mad Max”, só para
manter-se invicto, arrumou encrenca em Monte Carlo, quando repetiu a batida de
dois anos atrás, ao estampar seu carro no guard-rail da saída dos esses da
piscina, e com isso, ficou de fora do treino classificatório, uma vez que os
mecânicos não conseguiram reparar o seu carro, que também precisou de uma troca
do câmbio. Largando em último, o holandês resolveu ser um dos últimos a parar
para fazer seu pit stop, o que o fez ganhar várias posições quando os demais
pararam antes. Por isso mesmo, Verstappen fez uma corrida com poucas
ultrapassagens, até mesmo para tentar terminar e marcar pontos, sem arrumar
novos problemas, depois das críticas que o time lhe fez após mais um erro cometido
por ele, quando tentou ser mais rápido que o parceiro, e acabou arruinando as
expectativas de o time fazer uma dobradinha no Principado, como comprovou seu
parceiro Daniel Ricciardo, ao marcar a pole e vencer de ponta a ponta.
Ricciardo assumiu a 3ª posição no campeonato, e pode até sonhar em tentar se
aproximar dos líderes Hamilton e Vettel, enquanto Verstappen ainda não teve uma
prova sequer sem ter cometido algum erro na atual temporada. Por muito menos, a
Red Bull “rebaixou” Daniil Kvyat, desestabilizando o piloto russo e
literalmente queimando-o no time, resultando em sua demissão no ano passado. A
paciência da escuderia austríaca com o arrojado holandês já mostra que tem
limites...
Teria pegado mal a resposta
afirmativa de Toto Wolf, quando questionado, se ele teria dado ordem a Esteban
Ocon para que o piloto da Force India, equipe que usa os propulsores da
Mercedes, para dar passagem a Lewis Hamilton quando o inglês voltou atrás do
francês após fazer seu pit stop, para evitar que o atual tetracampeão perdesse
tempo “trancado” atrás do carro da Force India, e com isso, também perdesse sua
posição na pista para Kimi Raikkonem quando o finlandês da Ferrari, que vinha
sempre próximo a Lewis na pista, fizesse sua parada. Ocon apenas respondeu que
era um piloto “Mercedes”, e com isso praticamente entregando que obedeceu à
ordem para deixar Hamilton ir embora, e não defendesse sua posição. Ordens de
equipe pegam mal nas corridas, e eu, particularmente, até entendo quando se
trata de uma corrida onde o título está sendo decidido, e apenas se um dos
pilotos do time não tem mais chances na disputa. É a única situação em que
tolero esta prática, e que deveria ficar restrita ao próprio time em si. Apelar
para um outro time, dando uma ordem assim, é ainda mais reprovável, e um
atentado contra o esporte em si. Mas a manobra efetuada pela Mercedes em
relação à Force India não é algo inédito na história da F-1: Não vamos esquecer
que em Jerez de La Fronteira, no encerramento da temporada de 1997, a Ferrari
teria feito uma “solicitação” à Sauber para que seu piloto Norberto Fontana
dificultasse a ultrapassagem de Jacques Villeneuve quando este fosse colocar
uma volta em cima dele. A Sauber corria com motor Ferrari (rebatizado
Petronas), e Villeneuve disputava o título com Michael Schumacher, que quando
viu que seria superado pelo canadense, deu o seu tradicional chega-pra-lá no
carro da Williams e acabou se danando… A Mercedes está se rebaixando ao nível
de sua rival… E isso é muito ruim, para ela e para a imagem do esporte em si...
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