E o mês de maio já era. Estamos no
mês de junho, que encerra a primeira metade do ano de 2018, onde teremos a Copa
do Mundo, a ser disputada na Rússia, como o maior evento do esporte mundial
este ano, que começa nesta semana. Mas nem por isso o mundo da velocidade
ficará parado, pois seus diversos certames, modalidades e campeonatos,
continuarão a toda velocidade. E, por isso mesmo, apesar de algum atraso, é
hora de mencionar, em alguns tópicos rápidos, alguns acontecimentos ocorridos
no mês passado, em alguns dos campeonatos pelo mundo afora, sempre com alguns
comentários a respeito, nesta nova postagem da sessão Flying Laps, em especial
a MotoGP, Indycar e a Formula-E. Uma boa leitura para todos então, e espero que
apreciem o texto. E mês que vem tem mais sessão Flying Laps por aqui. Até lá...
A quinta temporada da Formula-E, que
terá início no final deste ano, já desperta muita curiosidade pela estréia do
novo carro que substituirá os atuais chassis utilizados pelos pilotos, que além
de um visual completamente diferente, mesclando características de monopostos e
protótipos, permitirá correr o período total das corridas sem a necessidade de
troca de carros, como é feito atualmente, graças às novas baterias mais
desenvolvidas. O calendário ainda será divulgado, mas a direção da F-E já
anunciou uma surpresa: a próxima temporada do certame de carros 100% elétricos
terá início na Arábia Saudita, com uma prova nas ruas de Riad, a capital do
país, no primeiro final de semana de dezembro. Muita gente torceu o nariz pela
escolha dos sauditas para sediarem a mais nova etapa da competição, uma vez que
o islamismo praticado no país não é lá dos mais moderados, e onde as mulheres
não possuem muitos direitos, em que pese algumas reformas recentes promovidas
pelo governo do país. Infelizmente, isso lembra que, há algumas décadas atrás,
a própria F-1 não se furtou a disputar corridas na África do Sul, quando
vigorava no país o odioso sistema discriminatório e racista do apartheid.
Bernie Ecclestone simplesmente dava de ombros, e dizia que esporte e política
não deviam se misturar, e se formos mais rigorosos, deveria ser questionada
também a etapa da Rússia no calendário da F-1, uma vez que Vladimir Putin
anexou a Criméia à força, e tem dado respaldo ao ditador da síria na guerra
civil que já devasta o país do Oriente Médio há anos. Ou até mesmo deixar de
correr na China, uma vez que o país anda recrudescendo em termos de direitos
humanos. É um tema complicado, infelizmente. E muitas vezes, o esporte,
infelizmente, não dá o melhor exemplo que todos gostariam de ver, com o lado
mercadológico mandando para as cucuias qualquer ideal de solidariedade e
esportividade que pudesse transmitir...
A Audi teve
todos os motivos para comemorar o resultado do ePrix de Berlim, uma vez que o
time conseguiu uma dobradinha, com a vitória de Daniel Abt em casa, e com Lucas
Di Grassi mais uma vez chegando em 2º lugar, obtendo seu 4º pódio consecutivo.
Jean-Éric Vergne, o líder do campeonato, teve alguns percalços na corrida, no
duelo travado com Sébastien Buemi, mas no final, conseguiu finalizar em 3º
lugar, e melhor ainda, foi ver o vice-líder, Sam Bird, fazer uma corrida abaixo
das expectativas, e terminar apenas em 7º lugar, o que aumentou a diferença do
francês para 40 pontos, restando três corridas para encerrar o campeonato.
Daniel Abt largou na pole no circuito montado no antigo aeroporto de Tempelhof,
e tratou de aproveitar a pista livre para ir embora, enquanto atrás dele, Lucas
Di Grassi, que largou em 5º, tratava de recuperar as posições e tentar alcançar
o parceiro de time. O brasileiro conseguiu ascender à segunda posição antes
mesmo da parada para troca de carros, e até conseguiu sair colado em Abt,
graças a um pit stop mais rápido. Mas Daniel voltou a apertar o ritmo, e Lucas
desta vez não tinha como acompanhar, terminando mesmo em 2º lugar. Felix
Rosenqvist, que até algumas corridas atrás era postulante ao título, teve outro
fim de semana para esquecer: o piloto da Mahindra terminou em 11º, e não marcou
pontos, o que deixou o dinamarquês com sua posição no campeonato em risco: com
a vitória em Berlim, Daniel Abt agora tem 85 pontos, na 4ª posição na
classificação, apenas 1 a menos que Rosenqvist, com 86. E não vem sozinho:
Buemi, que foi o 4º colocado, é o 5º no campeonato, com 82 pontos. Em 6º lugar,
e subindo a cada corrida, vem Lucas Di Grassi, com 76 pontos. A próxima corrida
será no dia 10 de junho, em Zurique, na Suíça, e marcará o retorno de uma
corrida ao país após o automobilismo ser proibido na década de 1950.
Nelsinho
Piquet voltou a enfrentar vários problemas em mais uma etapa da F-E. O piloto
da Jaguar largou apenas em 15º, e passou boa parte da corrida batalhando para
chegar na zona de pontuação, sem conseguir avanços significativos. Nas voltas
finais, Piquet partiu para cima dos adversários, e até havia conseguido atingir
a 8ª colocação, mas errou uma freada, e acabou perdendo todo o esforço,
terminando em 12º, e fora da zona de pontos mais uma vez. Como desgraça pouca é
bobagem, Nelsinho viu seu parceiro na equipe Jaguar largar em 9º, e terminar em
6º, após uma performance combativa que o brasileiro não conseguiu corresponder
à altura. Evans, aliás, superou o brasileiro na classificação, sendo agora o 7º
colocado na classificação, com 51 pontos, enquanto Nelsinho é o 8º colocado,
com 45 pontos. Piquet vem de quatro provas sem marcar pontos, estando em baixa
no momento. E, para irritar o piloto brasileiro, ele descobriu que o vôo que
iria pegar logo após a corrida para vir ao Brasil, onde disputaria as etapas de
domingo do campeonato da Stock Car, foi cancelado, impedindo o piloto de
participar da categoria nacional, que disputa paralelamente ao campeonato da
F-E. Lucas Di Grassi, que assim como o compatriota, também vem disputando o
certame da Stock este ano, preferiu concentrar-se na F-E no referido final de
semana, e não ia participar das provas da Stock. A situação de ambos, contudo,
é bem diferente na participação na Stock Car: Di Grassi já venceu 2 corridas e
é o 8º colocado, com 68 pontos; já Piquet é o 28º classificado, com apenas 1
ponto. Problemas de adaptação, e situação dos times, Nelsinho precisa de uma
reza brava para espantar a má fase, e voltar a conseguir os resultados
pretendidos...
A MotoGP
chegou à Europa para suas etapas do campeonato, e a primeira parada foi no
tradicional GP da Espanha, no circuito de Jerez de La Fronteira, na Andaluzia.
Na classificação, quem brilhou foi Cal Crutchlow, da LCR Honda, ao marcar a
pole-position com o novo recorde para o circuito. Mas ele não conseguiu
aproveitar a sua quarta pole na carreira: foi superado por Jorge Lorenzo logo
no arranque da largada, e a meio da corrida, Crutchlow acabou caindo na curva
1, e saiu da corrida. Marc Márquez, saindo em 5º, foi à caça dos líderes, e
travou bons pegas, e sem esbarrar em ninguém. A “Formiga Atômica” travou um bom
duelo com Lorenzo pela liderança da prova, até que o piloto da Honda assumiu a
liderança, para não perdê-la mais. E Lorenzo começou a ser acossado por Andrea
Dovizioso e Dani Pedrosa, em uma disputa pela segunda posição. Sempre duro para
ceder uma posição, Lorenzo dificultou o quanto pôde a ultrapassagem de
Dovizioso, enquanto Márquez ia escapando na liderança. Andrea tentou passar o
parceiro, e até conseguiu, mas teve de abrir na tangência da curva, e Lorenzo
retomou a posição dando o “X”. Só que Dani Pedrosa aproveitou que ambos abriram
espaço, e foi para a ultrapassagem, e Jorge voltou para o traçado sem prestar
atenção, acertando seu compatriota da equipe oficial da Honda. Lorenzo caiu, e
foi para a brita, levando junto Dovizioso, que não teve como evitar ser
atingido também, enquanto Pedrosa acabou catapultado da moto, mas felizmente
sem sofrer maiores ferimentos. Com seus perseguidores mais próximos fora de
combate, Márquez averbou sua segunda vitória consecutiva na temporada. Com uma
atuação sólida, Johann Zarco, da Tech3 foi o 2º colocado, e Andrea Iannone
conseguiu um excelente 3º lugar com a Suzuki. Com sua dupla oficial eliminada
da corrida, restou à Ducati comemorar o 4º lugar de Danilo Petrucci com a
equipe satélite Pramac, enquanto Valentino Rossi deu duro para fechar a prova
em 5º lugar, com a Yamaha ficando a dever em termos de performance no circuito
espanhol.
A Ducati
começa a apontar sua formação para 2019, e anunciou a renovação com Andrea
Dovizioso por mais duas temporadas, a de 2019 e 2020, uma atitude mais do que
lógica, e merecida para o italiano, que surpreendeu a todos ao disputar o
título prova a prova com Marc Márquez no ano passado, levando a marca de Borgo
Panigale de volta a uma decisão de título, que acabou não vindo, mas levou a
contenda até a corrida final, em Valência. Quem está na berlinda é Jorge
Lorenzo, que continua a não render o mesmo que Dovizioso no time, mesmo estando
já em sua segunda temporada na escuderia italiana, que promete resolver a situação
até o GP da Catalunha, no dia 16 de junho. A Ducati estaria propensa a renovar,
porém com uma sensível redução salarial, uma vez que o espanhol, quando foi
contratado, chegou à Ducati como tricampeão, e vencedor da temporada de 2016.
E, para complicar as coisas para Lorenzo, a Ducati já vê com bons olhos a
performances de Danilo Petrucci, que subiu ao pódio em Le Mans com um 2º lugar,
e foi 4º em Jerez, e até mesmo de Jack Miller. Ambos competem pela escuderia
Pramac, time satélite da Ducati na classe rainha do motociclismo. Pelo
excelente campeonato disputado em 2017, Dovizioso ganhou um merecido aumento
salarial, em que pese Lorenzo ainda ganhar muito mais pelo acordo firmado
quando se deu sua contratação. A Ducati sabe que, diante do retrospecto de Jorge
no time, é hora de pôr “os pés no chão”, e reequacionar a situação. A escuderia
italiana não quer perder Lorenzo, pois sabe que se ele se ajustar, entrega
resultados. Por outro lado, dispensá-lo também seria admitir um erro colossal
que teria sido sua contratação. Há também o aspecto de solidariedade para com o
time, e muitos não gostaram da postura do espanhol em Valência, no ano passado,
quando bloqueou de forma insistente as tentativas de passagem de Andrea, que
tentava superar o companheiro de equipe para tentar alcançar Marc Márquez, com
quem disputava o título. Para alguns, ao não ceder posição para o parceiro de
time, Lorenzo fez Dovizioso perder as chances que tinha de brigar com Márquez
pela vitória, e quem sabe, conquistar o campeonato, fazendo o italiano perder
muito tempo atrás dele, enquanto o piloto da Honda escapava na dianteira.
Lorenzo não tinha possibilidades de entrar na luta pelo título, e sendo a
última corrida, ele poderia ter dado sua contribuição ao permitir que Dovizioso
o ultrapassasse logo de cara, e ele tentasse um ataque a Márquez. Podia não dar
em nada, e Andrea acabar vice-campeão do mesmo jeito, mas Lorenzo mostraria sua
boa vontade para com o time, ao passo que sua atitude demonstrou egoísmo e
falta de companheirismo. Veremos como se dará o final dessa situação...
Indiferente
aos problemas de Jorge Lorenzo, Marc Márquez segue em ponto de bala no
campeonato. O piloto da Honda averbou sua terceira vitória consecutiva no ano,
ao vencer o GP da França, em Le Mans, e aumentar ainda mais sua vantagem na
classificação. Jorge Lorenzo até que começou bem, pulando para a ponta na
largada, mas durante a corrida, foi sendo superado, e terminou em 6º lugar. O
pole, Johann Zarco, levantou a torcida no treino de classificação, mas acabou caindo
durante a corrida, para frustração de seus compatriotas, destino que também
vitimou Andrea Dovizioso, que perdeu uma boa chance de marcar pontos. Danilo
Petrucci, em excelente performance com sua Ducati da equipe Pramac, fechou a
prova em 2º lugar, enquanto Valentino Rossi fez uma prova de recuperação com
uma Yamaha um pouco melhor, e fechou o pódio em 3º lugar. Dani Pedrosa, depois
dos percalços das últimas corridas, não teve problemas e foi o 5º colocado.
Quem também não terá saudades desta corrida é Andrea Iannone, que depois de
algumas boas performances nas últimas corridas, acabou caindo também, e dando
Au Revoir à corrida. E alguém conseguirá parar Marc Márquez na corrida pelo
título? Difícil, pelo que parece...
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