A Audi surpreendeu a todos esta semana comunicando que está deixando o Mundial de Endurance ao fim da atual temporada. |
Faltando duas corridas
para encerrar o Mundial de Endurance de 2016, a categoria foi sacudida por uma
verdadeira bomba nesta última quarta-feira: a Audi anunciou que está deixando o
campeonato de provas de longa duração! O boato já circulava há algumas semanas,
indicando que a marca das quatro argolas pularia fora da competição ao fim do
ano que vem, mas o que se confirmou foi ainda mais contundente: a Audi está
saindo já ao fim deste ano, o que pegou todo mundo de surpresa. Portanto, os
fãs terão apenas as 6 Horas de Shanghai, no próximo dia 06 de novembro, e as 6
Horas do Bahrein, no dia 19 de novembro, para verem pela última vez os modelos
R18 da marca de Ingolstadt na pista.
Não há como descrever
o baque, especialmente para o Mundial de Endurance, campeonato criado em 2012,
e que vinha se consolidando firme como uma grande atração no meio
automobilístico, tendo participação oficial de marcas de renome como a Audi, a
Toyota, e mais recentemente a Porsche, na divisão principal LMP1. Com a
retirada da marca alemã, a classe principal de protótipos no ano que vem será
restrita a apenas 3 times: Toyota, Porsche, e a Bykolles, o que dá apenas 5
carros, se mantiverem as formações desta temporada. Este ano, ainda temos a
Rebellion na classe LMP1, mas o time já anunciou que na próxima temporada,
participará na classe LMP2, os protótipos não-oficiais. Ah, e a saída da Audi é
total: a marca não fará participação nem mesmo nas 24 Horas de Le Mans, a mais
badalada corrida do campeonato, que sempre costuma contar com participações
extras de times e pilotos que não disputam todo o campeonato do WEC. A Audi
está puxando o carro mesmo, sem exceções!
Já vão 18 anos desde
que a marca das quatro argolas fez sua estréia oficial numa prova de longa
duração, nas 12 Horas de Sebring de 1999, nos Estados Unidos, na American Le
Mans Series, com seu modelo R8, que começou a ser desenvolvido dois anos antes.
No mesmo ano, eles estreariam em Le Mans, mas o impacto de sua presença seria sentido
realmente no ano seguinte, quando o modelo R8, já plenamente desenvolvido,
arrebataria sua primeira vitória em Sarthe, pela mãos do trio Frank Biela, Tom
Kristensen e Emanuele Pirro. De lá para cá, a Audi praticamente engoliria as 24
Horas de Le Mans, acumulando nada menos do que 13 triunfos na mais famosa
corrida de endurance do planeta, até 2014, sendo interrompidos momentaneamente
pelo triunfo da Bentley em 2003, e da Peugeot em 2009. O domínio só acabou no
ano passado, quando a Porsche, a maior vencedora de Le Mans, voltou ao alto do
pódio da prova francesa, repetindo o feito este ano, após uma longa ausência na
competição. Paralelo a esse domínio todo, a Audi ainda faturou nada menos do
que nove títulos na American Le Mans Series, campeonato de provas de longa
duração que existia nos Estados Unidos, entre 2000 e 2008. E, em 2012, com a
criação do Mundial de Endurance (WEC), coube à Audi conquistar os dois
primeiros campeonatos da categoria que reviveu o Mundial de provas de longa
duração que existia antigamente.
Treze vezes vencedora das 24 Horas de Le Mans, nem mesmo a mais famosa e tradicional prova de longa duração do mundo foi poupada: a saída é total e irrestrita da categoria. |
No comunicado, a Audi
informa que manterá sua participação no DTM, e voltará sua atenção para a
Formula-E, o campeonato de carros de competição monopostos inteiramente
elétricos, que prometem ter um grande futuro no desenvolvimento de sua tecnologia.
Se levarmos em conta que a Alemanha acaba de baixar uma lei instituindo que até
2030 todos os carros no país serão movidos unicamente a eletricidade, pode-se
entender que a tecnologia de carros elétricos certamente é a que mais vai
demandar pesquisa, a fim de preparar as fábricas para esta nova era que promete
“aposentar” os carros de motor a combustão a gasolina. E isso inclui os motores
a diesel, no qual a Audi foi pioneira ao implantar um propulsor turbodiesel nas
24 Horas de Le Mans de 2006. A marca já havia anunciado que pretende
estabelecer a Audi ABT, time que atualmente é parceiro da fábrica na F-E, em
time oficial da marca, a exemplo do que tem a Jaguar, a Virgin (com a Citroen
por trás), e a e.dams (leia-se Renault), com investimentos crescentes na
estrutura do time, e no desenvolvimento da tecnologia das unidades de força
elétricas.
O baque também se
estende aos seus trios de pilotos. Marcel Fässler, André Lotterer, Benoit
Tréluyer, e Oliver Jarvis, até ordem em contrário, terão de procurar novos
rumos em 2017 nas competições do mundo do esporte a motor. Lucas Di Grassi e
Loic Duval, por outro lado, já tem seus destinos para o próximo ano, ao qual
agora poderão dar dedicação ainda mais exclusiva. Lucas é piloto da Audi ABT na
F-E, situação partilhada por Duval, que é piloto da equipe Dragon. Mas, ruim
mesmo é para o WEC, que ficará com uma disputa bastante reduzida na classe
LMP1, entre Porsche e Toyota, já que a Bykolles não tem como acompanhar a
performance destes dois times. E se levarmos em conta que a Nissan fracassou
vergonhosamente no ano passado como seu projeto para a classe LMP1, e a Peugeot
ainda reluta em retornar ao WEC, não há como mensurar a perda que a principal
classe de protótipos da categoria irá apresentar. E nem falo do tanto que a F-1
andou namorando a Audi em tempos recentes para que a marca entrasse na
categoria máxima do automobilismo, tentando acender uma rivalidade pelo sucesso
que a Mercedes vem tendo. Todas as tentativas de conquistar o pessoal de
Ingolstadt sempre foram infrutíferas, para frustração de Bernie Ecclestone e
Cia. Mas, depois desse anúncio, pode-se imaginar que há males que vem para o
bem. Imagine a marca entrando na F-1 para sair logo depois...
A Audi volta seu foco para a F-E. E Lucas Di Grassi é o principal beneficiado, por já competir na equipe Audi ABT, que passará a ser equipe oficial da marca. |
A decisão parece
refletir também o baque sofrido recentemente pelo Grupo Volkswagen que foi pego
fraudando os dados de desempenho de emissão de poluentes de seus motores nos
Estados Unidos, o que valeu ao grupo uma multa bilionária e indenizações a
perder de vista a inúmeros compradores de seus carros, além de uma bela
arranhada na reputação da marca. Com duas de suas marcas competindo no mesmo
campeonato (Audi e Porsche), corporativamente falando, nada mais sensato do que
deixar a marca que está ganhando (Porsche) e tirar a que está perdendo (Audi),
a fim de gastar menos com a divisão de competições. Esportivamente, entretanto,
o Grupo Volkswagen era digno de elogios por permitir o duelo franco entre duas
de suas marcas no WEC. Algo como a Alfa Romeu, Maserati ou Lancia duelarem
contra a Ferrari na F-1 (mas a direção do Grupo Ferrari já afirmou que não
pretende permitir duelos nas pistas entre suas marcas, até ordem em contrário).
E, para os inúmeros fãs que a marca de Ingolstadt arregimentou nos últimos
anos, ficará uma sensação de vazio e orfandade difícil de ser preenchida.
A esperança é que o
futuro das competições de carros elétricos possa chegar também às provas de
longa duração. Já começaram os testes de uma competição GT com carros elétricos
também, que estreará no ano que vem, e utilizará modelos Tesla Model S,
intitulado Electric GT Championship. Com o campeonato da F-E ganhando mais
repercussão e interesse das montadoras a cada dia, nada impede que no futuro os
carros elétricos também estejam no WEC, que já utilizava unidades de força
híbridas na classe LMP1, assim como na F-1. E quem sabe a Audi volte a esta
competição. Afinal, a própria Porsche passou um bom tempo fora, e retornou com
toda a sua tradição e carisma, para voltar a vencer, como nos velhos tempos.
Nada impede que a Audi faça o mesmo, no futuro.
Um futuro que parece
caminhar cada vez mais firme na direção dos motores elétricos. Quem viver,
verá...
Lewis Hamilton fez o que se
esperava dele, e venceu com autoridade o Grande Prêmio dos Estados Unidos, em
Austin. Largou bem da pole, e não deu chances a ninguém. Só não pode comemorar
mais porque Nico Rosberg também fez o que se esperava: chegou em 2° lugar, e
continua como o grande favorito para ser campeão de 2016. Daniel Ricciardo até
poderia ter complicado as coisas para o alemão da Mercedes, mas uma quebra do
carro justamente de Max Verstappen, seu companheiro de equipe, provocou um
safety car virtual que acabou com as chances do australiano disputar o 2° lugar
com Rosberg. Se Nico terminasse em 3°, ele teria de ser obrigatoriamente o 2°
colocado nas três corridas que restam, por isso, sua situação ainda é cômoda no
campeonato. E hoje começam os treinos livres aqui no México, com Hamilton
novamente no ataque, procurando mais uma vitória. E, pela primeira vez, existe
a chance, pequena, mas real, de Rosberg fechar a luta pelo título
antecipadamente: basta ele vencer, e Hamilton não marcar pontos. Com isso, ele
chegaria a 51 pontos, e restariam apenas 50 em jogo nas etapas do Brasil e Abu
Dhabi. Depois da quebra inesperada que sofreu na Malásia, Hamilton não quer nem
ouvir falar na possibilidade de não marcar pontos, que no caso de um piloto que
dispõe do melhor carro do grid, só poderia acontecer mesmo em caso de um
abandono...
Felipe Massa até que vinha
disputando uma boa corrida em Austin, mas seu final de prova não foi o
esperado. O piloto brasileiro chegou em Carlos Sainz Jr., que vinha fazendo
igualmente uma excelente prova com a Toro Rosso, e a lógica apontava que o
piloto da Williams deveria passar com alguma facilidade, não? Bem, não foi o
que se viu. E, quando vi Fernando Alonso chegando em ambos na disputa na pista,
eu já imaginava o desfecho que aquilo tomaria. Ou Felipe passava Sainz, ou
seria passado. E não deu outra: numa errada de frenagem, o brasileiro acabou
superado por Alonso, e apesar do toque entre ambos, não vi nada de errado na
manobra. E o espanhol da McLaren partiu para o ataque ao seu compatriota da
Toro Rosso, ultrapassando-o com uma bela manobra logo na última volta, para
ganhar a 5ª colocação e ter um de seus melhores desempenhos no ano. Massa, que
disputa suas últimas corridas, ainda teve um pneu furado em virtude do toque,
mas conseguiu sustentar a 7ª colocação mesmo com uma parada extra nos boxes. E
ainda reclamou da manobra de Alonso, posição que também foi defendida por Pat
Symonds, diretor técnico da Williams, reclamando que o espanhol deveria ter
sido punido pela manobra. Desculpe, Felipe, mas discordo. Alonso guiou com a
faca entre os dentes naquela disputa, numa atitude que o brasileiro também
deveria ter tido em relação a Carlos Sainz, que em tese dispunha de um carro
inferior. E vale ressaltar que Alonso tem um carro tecnicamente inferior à
Williams no conjunto total. Se teve alguém que saiu com a imagem arranhada no
episódio foi Massa, que vai se despedindo da F-1 de modo que muita gente não
sentirá saudades dele, infelizmente. E ponto negativo também para a Williams,
que “sugeriu” a Massa esperar que os pneus do carro de Sainz se desgastassem
mais para tentar uma ultrapassagem, numa atitude demasiada conservadora, que
aliás explica porque o time inglês está andando para trás este ano, ao invés de
avançar para a frente...
Felipe Massa fazia uma boa prova, mas não conseguiu passar Carlos Sainz Jr., da Toro Rosso. Aí Fernando Alonso se meteu na briga, e passou ambos. Quem não passa, é passado... |
A Williams tinha chance de
conseguir voltar a superar a Force India no GP dos EUA, mas tudo continuou na
mesma. Se Nico Hulkenberg sofreu um toque na largada e acabou abandonando a
corrida, e Sérgio Perez largava bem mais atrás do que o esperado, Valtteri
Bottas, que foi justamente quem atingiu Hulkenberg em um toque conjunto com
Sebastian Vettel, também virou uma nulidade na corrida a partir dali. O
finlandês teve um pneu furado, se arrastou pela pista até chegar ao box, e
andou quase sempre lá atrás. O ritmo de Bottas estava tão ruim que no final da
corrida, ele ainda foi superado por Felipe Nasr, que não tem um carro
propriamente competitivo. Como Perez conseguiu se recuperar de sua péssima
posição de largada e pontuou, somado às duas posições potenciais perdidas por
Felipe Massa no duelo com Carlos Sainz Jr. e Fernando Alonso, eis que a Force
India segue na frente de sua rival direta no campeonato de construtores.
Que Max Verstappen é um grande
talento, ninguém duvida. Mas que o jovem holandês também é cabeçudo e
prepotente, menos gente duvida ainda. E Helmut Marko, que promoveu sua ascenção
à Red Bull no meio desta temporada, começa a ver que é preciso dar umas
palmadas no garoto atrevido e bajulado que ajudou a criar. O dirigente viu o
time da Red Bull receber uma resposta atravessada de Max quando lhe pediram que
conservasse melhor seus pneus, ao dizer que “não estava ali para terminar em
quarto lugar”. Depois, Max ainda parou nos boxes de surpresa, ao fazer uma
avaliação equivocada de que seria sua hora de parar, o que bagunçou a
estratégia do time. Sensação da temporada, o sucesso subiu rápido à cabeça de
Max, que certamente é talvez o maior fenômeno surgido na categoria nos últimos
tempos, mas que não sabe tudo o que pensa saber. Saber conservar o equipamento
não é o mesmo que ser conservador na pista. Dá para ser rápido sem desgastar o
carro, e para isso é preciso aprimorar detalhes na pilotagem do carro. Basta
ver como Daniel Ricciardo subiu novamente ao pódio em Austin, sabendo como
conduzir seu carro, e sem ser necessariamente lento. Mas é bom Marko ver que
pode ter criado um monstro na Red Bull, e agora ele que se vire com Verstappen,
que tem conseguido muitos fãs com sua postura agressiva e arrojada, mas que
precisa ser um pouco mais comedido em algumas de suas atitudes...
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