Estamos
iniciando a reta final do ano de 2016. O mês de outubro está indo embora, e mais
alguma categorias já encerraram o seu ano, enquanto outras seguem firmes para
suas últimas etapas, por todo o universo do esporte a motor. E é novamente
chegada a hora de trazer o habitual balanço dos acontecimentos vividos pelo
mundo da velocidade nestas últimas semanas, com mais uma edição da Cotação
Automobilística, fazendo a sua tradicional avaliação de vários aspectos do
panorama deste mês de outubro que estamos deixando para trás, no mundo da alta
velocidade, no esquema conhecido de sempre nas avaliações: EM ALTA (caixa na
cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor
vermelho-claro). Então, uma boa leitura para todos, e no mês que vem tem
mais...
EM ALTA:
Nico
Rosberg: O piloto alemão da equipe Mercedes tem a faca e o queijo nas mãos.
Depois da quebra de motor de Lewis Hamilton na Malásia, Rosberg aproveitou uma
vacilada do parceiro no Japão e conseguiu abrir 33 pontos de vantagem na
classificação. É verdade que, com a vitória de Hamilton nos Estados Unidos, a
dianteira baixou para 26 pontos, mas faltando 3 corridas para o fim do
campeonato, Nico só perde o título se ele quiser, ou se um desastre completo
acontecer com o piloto. Bastam apenas dois segundos lugares e um terceiro para
liquidar a fatura e correr para levantar o caneco. Mas, com o carro que tem nas
mãos, isso é mais do que viável, e terminar as corridas restantes em 2° lugar
não é nada complicado, mesmo com a Red Bull andando mais próxima das últimas
corridas. Como ninguém sabe se a Mercedes manterá sua força com as novas regras
técnicas em 2017, a chance de Nico ser campeão pode ser agora, ou nunca mais. E
ele parece que não vai deixar a oportunidade escapar...
Marc
Márquez: A “Formiga Atômica” conquistou o tricampeonato com uma exibição
impecável em Motegi, justamente na terra da Honda, sua equipe na classe rainha
do motociclismo. Marc não se intimidou com a pole de Valentino Rossi, e partiu
para assumir a liderança da corrida nipônica logo nas voltas finais. E seu
trabalho ainda acabou facilitado pelas quedas de seus únicos rivais ainda com
chances de chegar ao título, adiantando uma conquista que estava mais próxima a
cada dia. Mas Márquez foi o melhor piloto do campeonato. Com uma moto indócil
nas mãos, teve de adaptar-se ao comportamento da RCV e usar de seu imenso
talento para conquistar os resultados possíveis em cada etapa. E, dosando seu
arrojo e ímpeto, soube garantir pontuações em todas as etapas até Motegi,
enquanto seus rivais não conseguiam manter a mesma constância e regularidade, e
ao mesmo tempo sem deixar de ser veloz, conquistando vitórias importantes, como
em Aragão, quando a dupla da Yamaha já tencionava erodir ainda mais sua
vantagem na classificação. Márquez desde já é o piloto a ser batido na MotoGP
em 2017. Os rivais que se preparem...
Josef
Newgarden: O piloto norte-americano, que foi um dos destaques da temporada na
Indy Racing League, foi anunciado oficialmente como piloto da Penske para a
próxima temporada, ocupando a vaga que era de Juan Pablo Montoya. Com isso,
Roger Penske garante para si um dos times mais fortes de todo o grid da
categoria, que nesta temporada já fez 1-2-3 na competição, e não por acaso,
Newgarden foi justamente o 4° colocado, competindo pelo time de Ed Carpenter,
uma escuderia média, mas que conseguiu dar um carro suficientemente bom para
Josef brilhar na maioria das etapas do calendário. Agora na Penske, Newgarden
terá tudo para ser em definitivo uma das estrelas maiores da competição, a
exemplo de Simon Pagenaud, que há dois anos atrás também brilhava em um time
médio, e foi contratado por Roger para reforçar o seu time. Will Power e Hélio
Castro Neves, além do próprio Pagenaud, que se preparem para a chegada de seu
novo companheiro de equipe, que irá buscar o seu lugar ao sol com todo o seu
talento.
Lance
Stroll: O piloto canadense da equipe Prema Powerteam conquistou o título da F-3
Européia com todos os méritos. Venceu nada menos do que 14 corridas de um
campeonato de 30 etapas, conquistando nada menos do que 507 pontos, e deixando
na poeira o alemão Maximilian Günther,
seu companheiro de equipe, que marcou 322 pontos, e venceu “apenas” 4 corridas
no ano. Além de tudo, o jovem piloto está em vias de ser confirmado
oficialmente como piloto da equipe Williams para estrear na F-1 na próxima
temporada. Stroll fechou o campeonato com chave de ouro, vencendo as 3 corridas
da rodada final do campeonato, em Hockenhein, na Alemanha. O garoto tem tudo
para querer chegar chegando na categoria máxima do automobilismo, a exemplo de
Max Verstappen, e pelo que mostrou na F-3, tem boas condições de cumprir o que
promete. Resta a Williams ter um carro decente no próximo ano, ao contrário do
que vem demonstrando neste, onde está longe de empolgar...
Sébastien
Buemi: O atual campeão da F-E iniciou o novo campeonato da categoria com o pé
direito... no acelerador. O piloto suíço da equipe e.dams mostrou porque é o
atual campeão, e seu time, o melhor da competição, e soube superar os rivais na
pista de Hong Kong para obter sua primeira vitória na condição de campeão da
categoria dos carros de competição monopostos elétricos, e mostrando que é o
piloto a ser batido na luta pelo título, largando na frente na disputa pelo
título da terceira temporada da categoria. E tudo indica que deveremos assistir
a um repeteco do duelo do suíço com o brasileiro Lucas Di Grassi, que também
fez uma bela corrida e chegou em 2° lugar, mostrando que Buemi não vai se
livrar dele assim tão fácil.
NA MESMA:
Toro
Rosso mantém sua dupla de pilotos para 2017: Quando muitos indícios apontavam
para uma dupla nova de pilotos no time “B” dos energéticos, eis que a Toro
Rosso anunciou em Austin a manutenção de sua atual dupla de titulares para a
próxima temporada. Carlos Sainz Jr. e Daniil Kvyat seguem firme na escuderia,
onde terão mais uma temporada para mostrar o seu valor. Muitos davam Kvyat como
piloto a pé no time para 2017, mas o russo vem mostrando nas últimas corridas
ter recuperado o ímpeto e a capacidade de duelar na pista. Por outro lado, é
bem verdade que tanto Sainz quanto Kvyat estavam em negociações com outros
times, em tese mais competitivos que a equipe sediada em Faenza. Sainz era
especulado na Renault, e as negociações teriam sido barradas por Helmut Marko,
exercendo a opção do time para mantê-lo em “casa”. Já Kvyat era um nome que
estava sendo veiculado como possível na Force India até, e pelo menos motivo de
Sainz, também teria tido a negociação vetada. A julgar pelo tratamento por
vezes brutal que Marko dá aos pilotos do time “B” da Red Bull, fico pensando se
não teria sido melhor para ambos saírem para outras paragens. Talvez não menos
duras, mas para dar uma banana a Marko, que vez por outra, mereceria ter de
engolir alguns sapos para aprender a ser mais sociável...
Equipe
NexTev na F-E: O time China Racing, campeão na primeira temporada da categoria
de carros monopostos elétricos com Nelsinho Piquet, pareceu dar uma boa
melhorara no início da nova temporada da categoria, nas ruas de Hong Kong, tanto
que Piquet fez a pole, e seu companheiro Oliver Turvey foi o 2/ no grid. Na
corrida, porém, alguns imprevistos acabaram fazendo ambos os pilotos caírem
para o meio do pelotão. Turvey finalizou a corrida em 8°, e conseguiu marcar
alguns pontos. Já Nelsinho teve de praticamente frear seu carro para evitar uma
colisão, e com isso perdeu tempo precioso, e o momento mais oportuno de ir aos
boxes, caindo para a segunda metade do pelotão, e terminando a corrida em 11°,
sem marcar pontos. Depois da temporada tenebrosa que tiveram entre 2015/2016, é
um alento ver que o carro mostra um desempenho melhor. Porém, será preciso
caprichar mais um pouco se quiserem voltar efetivamente a disputar as primeiras
colocações das corridas. Especialmente porque os concorrentes ainda parecem ter
um desempenho melhor, que precisa ser igualado pelo time.
Tony
Kanaan firme na Ganassi: O que muitos esperavam foi confirmado oficialmente no
início de outubro, e o brasileiro Tony Kanaan parte para mais uma temporada na
equipe de Chip Ganassi, contando com o apoio da NTT Data, patrocinador
principal de seu carro. Será a quarta temporada do baiano no time, onde só
conquistou uma vitória, justamente em seu ano de estréia na escuderia, tendo
passado as duas últimas temporadas sem conseguir vencer. Neste ano, o time não
esteve tão bem, e Tony terminou o ano logo atrás de seu companheiro de time
Scott Dixon, e bem à frente de Charlie Kimball. Será também a 20ª temporada de
Tony nas categorias Indy, tendo estreado em 1998 na F-Indy original, pela
equipe Tasman. Tony foi campeão em 2004, competindo pelo time de Michael
Andretti, na Indy Racing League. E garante que quer mais vitórias no seu
currículo.
Nico
Hulkenberg: O piloto alemão da Force India viu mais um GP promissor ir pelo
rali logo na largada, em consequência de toques sofridos por outros pilotos.
Com isso, viu seu companheiro de equipe Sérgio Perez marcar mais pontos e
distanciar-se ainda mais no campeonato. O consolo é que Hulkenberg assinou com
o time da Renault para a próxima temporada, e se a fábrica francesa conseguir
desenvolver um bom carro para o próximo ano, pode ser a chance de Nico
finalmente desencantar na F-1, onde estreou em 2010, e sempre foi bem cotado
como um piloto de talento e de futuro, mas que nunca teve chance de pilotar
para um time de ponta. Pelo menos em termos de unidade de potência, a Renault
já conseguiu notáveis progressos este ano. Só mesmo com relação ao carro,
herdado da finada Lotus paraguaia (a original findou-se em 1994, não esqueçam),
não dava para fazer milagres, como vem comprovando Kevin Magnussem e Jolyon
Palmer. Resta esperar que Hulkenberg finalmente desencante de vez na F-1.
Jorge
Lorenzo: O piloto espanhol pretendia despedir-se da Yamaha com pelo menos mais
um título, mas infelizmente, nada deu muito certo na atual temporada da MotoGP,
e para minimizar os prejuízos, passou a ter o objetivo de pelo menos ser o
vice-campeão da temporada. O problema é que Valentino Rossi está sendo uma
pedra na sapatilha do tricampeão, que está ficando para trás na pontuação do
campeonato, quase a pontuação de uma vitória atrás do “Doutor”, e com duas
corridas para o final da temporada, muito provavelmente terá de se contentar em
ser o 3° colocado, e deixar o time dos três diapasões à sombra de Rossi, com
quem passou a não ter uma convivência amigável nos últimos tempos. Lorenzo não
conseguiu nem mesmo aproveitar a queda de Valentino na prova do Japão, uma vez
que ele também caiu e abandonou a corrida, já próximo do seu final, ajudando a
entregar de bandeja o título da temporada para seu compatriota Marc Márquez.
Melhor sorte na Ducati para 2017, Jorge...
EM BAIXA:
Grande
Prêmio da Malásia de F-1: Presente no calendário da categoria máxima do
automobilismo desde 1999, a corrida realizada em Sepang, próxima à capital
Kuala Lumpur, teve este ano o seu menor público de que há memória, a ponto de
motivar o diretor-executivo do circuito de Sepang, Datuk Ahmad Razlan, a
afirmar que o GP de F-1 não está dando mais o retorno de antes, e que muito
possivelmente, o contrato de realização da corrida, válido até 2018, não deverá
ser renovado. Entre as razões, ele apontou o domínio da equipe Mercedes, que
vem monopolizando o campeonato nos últimos 3 anos, e olhe que nestes dois
últimos campeonatos, Ferrari e Red Bull venceram na pista malaia, o que foi um
bônus para os torcedores presentes na pista. Mas nem isso parece ter garantido
o ânimo para se continuar com a F-1, que passou a ser um produto caro, e de
pouco retorno, ao contrário da MotoGP, que apresenta resultados muito melhores,
e é bem mais barata. Depois dos turcos, indianos e sul-coreanos, é mais um GP
que está prestes a pular fora do campeonato. Resta esperar que as novas regras
técnicas em 2017 devolvam uma maior competitividade à F-1. Do contrário, os
malaios irão preferir outras categorias em seu quintal. Ah, e a opinião de
Razlan ainda é endossado pelo ministro dos esportes da Malásia, já que é
praticamente o governo quem banca a corrida...
Dani
Pedrosa: O piloto da equipe oficial da Honda na MotoGP vinha tendo mais um ano
na sombra de Marc Márquez, e quando conseguiu engatar uma vitória contundente
na etapa de San Marino, eis que no Japão ele sofre um acidente pra lá de feio,
e infelizmente ganha algumas fraturas que exigiram tratamento cirúrgico para
correção, e com isso, acaba ficando fora das etapas finais da competição, sendo
superado na classificação por Maverick Viñales, da Suzuki, e com Carl Cruchtlow
se aproximando perigosamente, com vias a superá-lo nas 2 corridas que faltam
para encerrar o ano. E ainda vendo o companheiro ser tricampeão da categoria.
Pedrosa precisa mesmo é se benzer, e torcer para ter anos melhores nas duas
próximas temporadas que tem garantidas como piloto da equipe Honda na classe
rainha do motociclismo...
Ferrari:
O time de Maranello continua tentando desenvolver o modelo de 2016, muitos
dizem, numa tentativa de reverter sua desvantagem e superar pelo menos a Red
Bull no campeonato. Mas o tiro vem saindo pela culatra. Com estratégias ruins,
a equipe rossa não conseguiu fazer com que Sebastian Vettel tivesse um
desempenho melhor que a Red Bull no Japão, e a derrota se viu novamente em
Austin, no Texas, onde ainda tiveram o desprazer de fazer um pit stop ruinoso
que obrigou Kimi Raikkonem a abandonar a corrida por uma porca mal apertada que
gerou uma multa ao time. Para piorar, ainda tiveram que ver Verstappen e
Ricciardo nos pódios de Suzuka e Austin, e a diferença da Red Bull aumentando
cada vez mais para o time vermelho. Já são 53 pontos de diferença no Mundial de
Construtores, e nada indica que isso será revertido. No campeonato de pilotos,
Max Verstappen vem no encalço da dupla ferrarista, enquanto Ricciardo já sumiu
no horizonte da classificação.
Divergências
entre Bernie Ecclestone e o Grupo Liberty Media: O novo grupo proprietário da
F-1, o Liberty Media, só assume as rédeas da categoria máxima do automobilismo
em 2017, mas parece já estar criando alguns atritos com o atual staff dirigente
da competição, em especial Bernie Ecclestone, que estaria garantido por mais 3
anos à frente da organização da competição, comandando a FOM. Só que alguma
declarações recentes apontam que Bernie poderia sair até antes, alguns dizem,
talvez até mesmo ao fim da atual temporada. Os motivos seriam visões opostas de
como conduzir a F-1, que na opinião dos novos donos, tem muito potencial a ser
explorado, e estaria sendo desperdiçado com a gestão conduzida por Ecclestone.
Nas últimas semanas, ambas as partes parecem ter acendido o cachimbo da paz,
tanto que não se ouve mais as notícias do burburinho existente entre ambos. Se
é verdade que a F-1 precisa se reinventar para continuar viável, por outro lado
também não dá para mudar as coisas da noite para o dia, sob o risco de afundar
ainda mais a F-1 com novas idéias que precisam primeiro ser estudadas para serem
implantadas de forma correta e que gerem efeitos positivos. E, de seu lado,
ninguém conhece melhor a F-1 do que Ecclestone, e desmerecer sua opinião sobre
a realidade e de como as coisas se conduzem seria igualmente errado. Vejamos o
que acontecerá a seguir nesta queda de braços que se avizinha...
Dupla
de pilotos da Renault: Que o ano seria de transição, todo mundo já saia, e que
os resultados não seriam lá essas coisas. Mas Kevin Magnussem e Jolyon Palmer
infelizmente não conseguiram produzir nada de positivo com o carro que
receberam da Renault em seu retorno como equipe oficial na temporada deste ano.
Ia ter de sobrar para alguém, e tudo indica que sobrou mesmo para ambos.
Magnussem, depois de ficar na geladeira na McLaren, acabou entregando os pontos
e admitindo que não soube jogar com as cartas que lhe foram dadas no “baralho”
da F-1, e já cogita até vir para a Indy tentar melhor sorte. Palmer, por sua
vez, parece não ter a mesma sorte, e será mais um nome a engrossar a lista de
desempregados da categoria máxima do automobilismo em 2017, destino que
inclusive impediu que seu pai, Jonathan Palmer, também tivesse maior duração,
há décadas atrás, quando competiu pela Tyrrel, e acabou rifado para a temporada
de 1990 para dar lugar a... Satoru Nakajima? Definitivamente, a dupla terá de
procurar novos ares em 2017...
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