sexta-feira, 14 de outubro de 2016

O MOMENTO DE ROSBERG


Nico Rosberg venceu o Grande Prêmio do Japão e aumentou para 33 pontos sua vantagem sobre Lewis Hamilton. O alemão caminha para o título da temporada 2016 na F-1.

            A Fórmula 1 encerrou sua segunda visita à Ásia vendo Nico Rosberg cada vez mais próximo do seu tão sonhado primeiro título de campeão mundial da categoria máxima do automobilismo. Lewis Hamilton precisava dar uma resposta cabal em Suzuka depois de ver seu esforço virar fumaça no estouro de seu motor em Sepang, e a exemplo do que vimos em Monza, uma largada falha do atual campeão mundial colocou tudo a perder. Hamilton ainda se recompôs e foi firme durante o resto da prova japonesa, mas sua recuperação esbarrou na defesa firme de Max Verstappen pela 2ª posição, que conseguiu manter até a bandeirada final. Pole-position, Nico nadou de braçada para vencer pela 9ª vez na temporada, e abrir confortáveis 33 pontos de vantagem para seu companheiro de equipe.
            Para piorar, o momento é plenamente favorável a Nico Rosberg. Faltando apenas 4 provas para encerrar o campeonato, o piloto alemão da Mercedes pode se dar ao luxo de não precisar mais vencer para garantir o título. Mesmo que Hamilton vença todas as 4 provas, bastará a Nico ser o 2° colocado em todas elas para faturar o caneco de campeão, e ele tem todas as condições de conseguir isso. Na verdade, Nico pode se dar ao luxo de ser até o 3° colocado em uma das corridas, que mesmo assim garantirá o título da temporada, mas quem disse que ele jogará tão apertado desse jeito? Nada disso. Podem apostar que ele virá com tudo para vencer mais corridas neste fim de campeonato, a fim de esfregar isso na cara de Hamilton.
            Há quem diga que Lewis já está em crise por causa disso. Acho um grande exagero. Se é verdade que o inglês cometeu erros crassos nas largadas da Itália e do Japão, o maior golpe que ele sofreu foi sem dúvida a quebra de seu motor em Sepang, onde ele rumava para uma vitória certa, e acabou praticamente sem nada. Não fosse aquilo, a diferença entre os pilotos da Mercedes seria de apenas 5 pontos, e aí é que veríamos mesmo o bicho pegar nestas etapas finais da competição, com um duelo homem a homem entre a dupla da equipe prateada. Uma pena, pois todos nós gostaríamos de ver o duelo roda a roda, ponto a ponto, e ver Lewis alijado em virtude de um problema no qual não teve controle infelizmente joga contra a emoção da decisão, mas faz parte do jogo. Foi o segundo abandono de Lewis no ano, sendo que o primeiro abandono se deu em Barcelona, por culpa dele próprio, que colidiu com Rosberg ainda na primeira volta da corrida catalã. Rosberg, por outro lado, conseguiu pontuar em todas as demais etapas, fora Espanha, e isso tem seus méritos, que não podem ser desprezados.
            Por isso mesmo, agora, Hamilton não dependerá apenas de si para ser campeão, mas do que Nico fará nas etapas finais. Um abandono do piloto alemão poderia reequilibrar o jogo na disputa, e isso poderia implodir o favoritismo de Rosberg na disputa pelo título. Assim, Nico deverá evitar a qualquer custo se envolver em situações que possam levar a um abandono. E como a Mercedes ainda mantém franca superioridade sobre os demais concorrentes, mesmo com a aproximação da Red Bull, tudo leva a crer que ele poderá jogar pelo seguro, administrando seus resultados de modo a manter sua grande vantagem. O alemão irá marcar Hamilton na pista, procurando não deixar que ele desgarre nas corridas. Mas nada impede que vá em busca de uma nova vitória, se isso estiver a seu alcance. Vale lembrar que, no ano passado, das pistas restantes, Nico andou forte e a fundo em todas elas. Perdeu a vitória em Austin por uma desgarrada, em uma prova que começou debaixo de chuva forte, e que teve pista molhada até o fim, mas depois, na Cidade do México, São Paulo, e Abu Dhabi, Nico foi impecável, não dando chances a Lewis.
            Nada impede que o piloto alemão repita a performance, e vá firme para a conquista do título determinado a encerrar a contenda o mais breve possível. Temos 100 pontos em jogo, portanto, muita coisa ainda pode acontecer. Mas Nico não pode perder a oportunidade que está à sua frente. Com as novas regras técnicas que a F-1 terá no próximo campeonato, ninguém sabe se a Mercedes continuará demonstrando a força que tem atualmente. E, se isso acontecer, a temporada de 2017 tem tudo para ser muito mais equilibrada e disputada do que foram os últimos 7 campeonatos, onde assistimos à supremacia de dois times apenas, primeiro a Red Bull, e depois a Mercedes. Com tudo podendo mudar potencialmente no próximo ano, Nico Rosberg pode ter este ano talvez sua última oportunidade de ser campeão da F-1. É agora, ou pode não ser nunca mais. Para quem já esteve 43 pontos à frente de Lewis Hamilton, e viu tudo virar de cabeça para baixo, com o inglês chegando a abrir 19 pontos na liderança, muitos apostavam que Nico seria novamente engolido pelo piloto inglês, que rumaria tranquilamente para o seu 4° título mundial.
            Felizmente, para o bem da disputa do campeonato, não foi o que se viu. Rosberg vem aproveitando melhor as oportunidades desde as férias de agosto, e tirando a etapa de Spa-Francorchamps, onde fez sua obrigação, mas saiu com cara de derrotado pela bela recuperação de Hamilton na prova belga, em todas as demais etapas, tirando apenas a prova malaia, ele conseguiu se impor frente a Lewis, que não conseguiu manter o mesmo nível de resultados. Em vitórias, já são 9 a 6 no ano, o que justificadamente, dá para dizer que Rosberg merece sim ser campeão da temporada. Mas, é prematuro dar a luta por encerrada. Hamilton pode estar atrás, mas não está morto, e enquanto houver possibilidade, o inglês vai lutar com tudo o que tem. Se vai conseguir reverter a situação, aí é outra história.
Lewis Hamilton amargou mais uma derrota para Nico Rosberg na pista, e agora não depende apenas de si próprio para ser campeão. A parada com o alemão será bem difícil nas quatro provas finais da temporada.
            Para a Mercedes, que comemorou em Suzuka a conquista do título de construtores da temporada, é irrelevante quem será o campeão pela escuderia. Lewis Hamiton justificou até aqui a sua contratação pelo time alemão, e teve méritos de manter a disputa entre seus pilotos aberta o tempo todo, em que pese alguns dissabores que isso tenha gerado em alguns momentos pelo espírito belicoso que se instalou entre sua dupla de pilotos. Hamilton levou a melhor em 2014 e 2015, mas é Rosberg quem está em melhor situação este ano, e portanto, tem sua oportunidade de mostrar do que é capaz. Estripulias de Hamilton à parte, quando sugere indiretamente que para a Mercedes pode ser mais vantajoso ver o alemão ser o campeão da temporada, são ridículas. Todo piloto tem seu momento de azar, por mais preparado que esteja, e Lewis ainda tem chance de ser campeão, por isso, que vá para a pista e mostre isso. E, que se acabar vencido, saiba perder com dignidade, mostrando esportividade e reconhecimento de que o parceiro fez um trabalho melhor. Hamilton deu mostras disso ao reconhecer que Verstappen se defendeu muito bem de seus ataques na disputa de posição durante as voltas finais do GP do Japão. Que possa fazê-lo em caso de acabar como vice-campeão da temporada.
            Hamilton já é um dos gigantes da F-1. Tricampeão mundial e maior vencedor em atividade na categoria, uma derrota para Rosberg não manchará sua reputação. Nenhum piloto é imbatível. Para Rosberg, sua conquista só lhe dará mais respeito do que já merece como piloto, por conseguir superar um campeão do calibre de Hamilton, que todos consideram ser muito mais talentoso do que o alemão. A bola do momento está com Rosberg, e ele não pode perder a chance. Se o fizer, talvez nunca recupere o estigma de piloto incapaz de ser campeão na F-1.


Um dado interessante: Ontem, dia 13, completou-se 20 anos da conquista do título da F-1 por Damon Hill, na temporada de 1996. A conquista foi obtida na prova do Japão, em Suzuka, que naquele ano encerrava o calendário (sim, isso acontecia no mês de outubro), contra seu companheiro de equipe na Williams, o canadense Jacques Villeneuve. Até hoje Damon é o único piloto filho de um campeão da F-1 que conseguiu repetir o feito do pai, conquistando também o título da categoria máxima do automobilismo. Graham Hill havia sido bicampeão da F-1 em 1962 e 1968, pelas equipes BRM e Lotus, respectivamente. E no ano em que a conquista de Damon completa duas décadas, eis que Nico Rosberg pode vir a se tornar o segundo filho de campeão da F-1 a repetir o feito do pai. Keke Rosberg foi campeão em 1982, competindo pela equipe Williams. Nico tem até agora 23 vitórias, 30 poles, 53 pódios, e 1.522,5 pontos, em 202 corridas. Tirando os pontos, que não servem de referência pela mudança de pontuação ocorrida em 2010, Nico já tem números melhores que os de vários campeões mundiais. Falta-lhe o título, que parece estar cada vez mais perto, depois dos dois vice-campeonatos obtidos nos dois últimos anos...


Hoje começam os treinos para o Grande Prêmio do Japão, pelo campeonato da MotoGP. O palco é o traçado misto do Twin Ring Motegi, megacomplexo automobilístico construído pela Honda há quase 20 anos, e que já recebeu diversas etapas da F-Indy e Indy Racing League. O traçado misto, usado para a prova de motociclismo, tem 4,8 Km de extensão, com 6 curvas para a esquerda e 8 para a direita. A corrida será disputada em um total de 24 voltas, totalizando um percurso de 115,2 km, e terá transmissão ao vivo a partir das 3:00 da manhã deste domingo, pelo horário de Brasília, pelo canal pago SporTV. Marc Márquez defende a liderança da competição, e com 52 pontos de vantagem, terá a chance de conquistar o tricampeonato da classe rainha do motociclismo, se conseguir ampliar sua vantagem para Valentino Rossi em pelo menos 24 pontos. Na prática, Márquez precisa vencer e torcer para que a dupla da Yamaha não marque pontos nesta corrida. É difícil, mas não impossível de acontecer. Mas certamente seria o sonho de Márquez dar o título da competição de 2016 à Honda justamente em sua pista, e no Japão...


Sébastien Buemi iniciou a terceira temporada da F-E com vitória nas ruas de Hong Kong.
A F-E deu sua largada para a terceira temporada, nas ruas de Hong Kong, e o panorama na bandeirada de chegada mostrou que o campeonato de competição de carros monopostos elétricos ganhou novos nomes e novas pistas, mas ainda vai mostrar uma boa competição entre seus principais nomes. E Sébastien Buemi começou a nova temporada defendendo bem seu título de campeão, vencendo a corrida com autoridade, e mostrando que a e.dams ainda vai ser o time a ser batido, e Buemi, um páreo novamente duro de roer. Mas Buemi certamente vai ver Lucas Di Grassi em seus calcanhares, e o piloto da Audi ABT, depois de uma classificação horrível, onde largou praticamente nas últimas posições, fez uma corrida combativa, teve problemas com o bico do carro quebrado, e aproveitou-se do momento do safety car a meio da corrida para efetuar sua troca de carro, o que o levou para as primeiras colocações, levando-o a terminar em 2° lugar. Nick Heidfeld levou a Mahindra ao pódio, com a 3ª colocação, começando bem o ano. Quem mostrou serviço mas teve azar foi Nelsinho Piquet: o piloto brasileiro, primeiro campeão da categoria, largou na pole-position, mas o piloto da NexTev precisou sair do traçado para evitar uma batida, e com isso perdeu a liderança, e na hora do safety car, ainda foi aos boxes no momento que se revelaria errado. Isso o derrubou para o meio do pelotão, onde terminou apenas em 11° lugar. Mas pelo menos mostrou que seu time está bem melhor do que no ano passado. A temporada promete boas brigas, e tem tudo para ser novamente emocionante.
Lucas Di Grassi largou na última fila para terminar a prova de Hong Kong em 2° lugar e mostrar que vai ser novamente um dos destaques da temporada da F-E.


Tetracampeão da finada F-Indy, o francês Sébastien Bourdais acertou sua permanência na Indy Racing League em 2017 com a equipe Dale Coyne, time pelo qual já pilotou em 2011, quando estreou na categoria, após uma passagem fracassada pela F-1 na equipe Toro Rosso. Bourdais disputaria as duas temporadas seguintes pela Dragon, equipe do filho de Roger Penske, Jay, até se mudar em 2014 para a KV Racing, substituindo Tony Kanaan no time de Jimmy Vasser e Kevin Kalkhoven. De lá para cá, Bourdais venceu 4 corridas pela escuderia. Apesar de ser um dos menores times da IRL, a Dale Coyne vem reforçando seu staff técnico para a próxima temporada, e a contratação do piloto francês é vista como decisiva para trazer resultados mais consistentes ao time, que nesta temporada teve como piloto regular Conor Daly, com o segundo carro da equipe dividido entre os pilotos Luca Fillipi, Gabby Chaves e R.C. Enerson durante o campeonato.


Acabou o suspense que todos já sabiam o desfecho: Roger Penske oficializou a contratação de Josef Newgarden para ocupar o lugar de Juan Pablo Montoya na equipe Penske para a temporada de 2017 da Indy Racing League. Os demais pilotos da escuderia permanecem os mesmos: Simon Pagenaud, o campeão desta temporada; Will Power, o vice-campeão; e Hélio Castro Neves, que foi o 3° colocado. Pelo que demonstrou competindo pela equipe de Ed Carpenter este ano, os demais pilotos da Penske que se preparem, pois Newgarden tem tudo para bagunçar a hierarquia no time mais poderoso da categoria. Resta saber se ele vai se adaptar rapidamente, ou se passará o próximo ano se encaixando no esquema do time. Vale lembrar que no ano passado, Simon Pagenaud sofreu um pouco para se acostumar à escuderia, mas neste ano, o piloto francês simplesmente detonou os concorrentes na pista, e levou o título com todos os méritos. Fica a dúvida agora para onde Juan Pablo Montoya irá. O piloto colombiano já disse que vai permanecer na IRL, resta saber por qual time irá correr...

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