O aniversário de fato
é só na semana que vem, mas as festividades já começaram na semana passada na
sede da escuderia, em Mooresville, na Carolina do Norte. É nesta cidade que
fica a sede a Penske Racing Team, que no próximo dia 5 de fevereiro, comemora
nada menos do que 50 anos de existência, uma marca que deve ser admirada e
respeitada no mundo do automobilismo, ainda mais pelo fato de seu fundador,
Roger Penske, continuar à frente do time até hoje, e segundo ele, sem planos de
se aposentar. Sim, o "Capitão", como Roger é conhecido, esteve sempre
à frente de seu time desde a primeira prova disputada, as 24 Horas de Daytona
de 1966, quando seu time estreou nas competições automobilísticas americanas,
tendo participado de inúmeros certames e modalidades nestas 5 décadas de
existência.
Nascido em 20 de
fevereiro de 1937, e próximo de completar 79 anos, Roger Penske havia sido
piloto de competições entre o final dos anos 1950 e a primeira metade da década
de 1960. Por volta de 1965, ele pendurou o capacete para se dedicar ao projeto
de ser dono de uma equipe de competições, a Penske Racing Team, que estrearia
no ano seguinte.
Competindo nos
campeonatos da Can-Am e Trans-Am, Roger Penske estreou na Fórmula Indy original
em 1968, e de lá só saiu em 2002, quando partiu para a Indy Racing League, onde
está até hoje. Em 1969, o time de Roger conquistou sua única vitória nas 24
Horas de Daytona, com um modelo Lola T70 Mk.3B-Chevrolet conduzido por Mark
Donohue e Chuck Parsons. Na categoria Trans-Am, Mark Donohue conquistou o
título em 1968 e 1969. Já na Can-Am, o time de Roger faturou os campeonatos de
1972 e 1973 com Mark Donohue, pilotando os modelos Porsche 917 desenvolvidos
pela escuderia.
Com Mark Donohue, o time de Roger Penske venceu a Can-Am em 1973. |
Nem a F-1 esteve imune
às investidas de Roger Penske. Mas, ao contrário de suas empreitadas geralmente
vitoriosas em outros campeonatos, a aventura de Penske na categoria máxima do
automobilismo não rendeu frutos, muito pelo contrário. Foram 48 Gps disputados
entre 1974 e 1977, onde obteve apenas uma única vitória, com John Watson em
Zeltweg, na Áustria em 1976, e um total de 23 pontos marcados sem contar a
participação em duas provas em 1971, com carros de terceiros. E teve uma perda
fatal, a de seu grande amigo e piloto Mark Donohue, em um acidente na pista de
Zeltweg, em 1975. Desapontado com a categoria, e ainda ressentido pela perda de
Donohue, Penske retirou-se da F-1, para nunca mais retornar, preferindo
concentrar-se nas competições automobilísticas dos Estados Unidos, em especial
a Fórmula Indy original.
A F-1 não foi fácil para a Penske, que ainda perderia seu piloto mais estimado, Mark Donohue, em um violento acidente na Áustria, em 1975. |
E os números da Penske
não são modestos. Contando apenas as categorias Indy, o time de Roger venceu
nada menos do que 13 campeonatos. Foram 11 títulos na Fórmula Indy original,
com as conquistas de Tom Sneva (1977 e 1978), Rick Mears (1979, 1981, 1982), Al
Unser (1983 e 1985), Danny Sullivan (1988), Al Unser Jr. (1994), e Gil de
Ferran (2000 e 2001). Na Indy Racing League, as conquistas até agora foram
modestas, tendo vencido apenas os campeonatos de 2006 (Sam Hornish Jr.) e 2014
(Will Power). Mas é nas 500
Milhas de Indianápolis, a corrida mais famosa dos
Estados Unidos, que Roger tem o orgulho de acumular nada menos do que 16
triunfos, o primeiro deles em 1972, com Mark Donohue, pilotando um McLaren M16B
com motor Offenhauser. Um novo triunfo viria em 1979, com Rick Mears, com o
modelo Penske PC-6 Cosworth. Mears repetiria seu triunfo na Indy 500 mais 3
vezes, em 1984, com um modelo March 84C
Cosworth; em 1988, com um modelo Penske PC-17 Chevrolet; e 1991, com o modelo Penske
PC-20 Chevrolet. Em 1981, Bobby Unser, ao volante do modelo Penske PC-9B
Cosworth, também brilharia na Brickyard Line de Indianápolis. Uma nova vitória
viria em 1985, com Danny Sullivan conduzindo um March 85C Cosworth. Dois anos depois,
em 1987, Al Unser seria vencedor com o modelo March 86C Cosworth de Roger Penske.
Em 1993, o brasileiro Émerson Fittipaldi engrossaria as estatísticas da
escuderia ao obter seu segundo triunfo em Indianápolis, coduzindo o modelo
Penske PC-22 Chevrolet. Vale lembrar que o primeiro triunfo de nosso bicampeão
de F-1, em 1989, também foi conquistado por um carro produzido por Roger
Penske, mas adquirido pela Patrick Racing, o que motivou Roger a declarar,
naquele ano, que ele tinha vencido a prova "com o carro errado", fazendo
graça com o triunfo de Émerson pilotando um carro produzido por seu time. Em
1994, foi a vez de Al Unser Jr. repetir o triunfo de seu pai na Indy 500 ao
volante da Penske, com o modelo Penske PC-23 Mercedes-Benz 500I, com o qual o
time dominou a corrida por completo, só não fazendo dobradinha devido a uma
estranha batida de Émerson Fittipaldi, que liderava com quase uma volta de
vantagem, na parte final da prova. Uma nova vitória viria apenas em 2001, com o
brasileiro Hélio Castroneves, com um Dallara IR-01 Oldsmobile, que repetiria o
triunfo no ano seguinte, conduzindo um Dallara IR-02 Chevrolet. Em 2003, no ano
em que pendurou o capacete como piloto de monopostos, o brasileiro Gil de
Ferran, com um modelo G-Force GF09 Toyota, também se juntaria ao rol de pilotos
de Roger Penske que beberam o famoso leite da vitória da Indy500. Em 2006, no
ano em que conquistou seu último título na Indy Racing League, Sam Hornish Jr.,
com um Dallara IR-05 Honda HI6R, também cruzou a Brickyear Line na primeira
colocação. Em 2009, Hélio Castroneves, com um Dallara IR-05 Honda HI9R,
espantaria o azar que ameaçava terminar com sua carreira no automobilismo ao
conquistar seu 3° triunfo em Indianápolis. E no ano passado, o colombiano Juan
Pablo Montoya conseguiu para Roger o seu último triunfo em Indianápolis, ao
volante do modelo Dallara DW12 Chevrolet. Foram conquistadas também 17
pole-positions na prova. Contando ambas as categorias Indy, a Penske possui
nada menos do que 1.463 provas disputadas, com 177 vitórias, e 231 pole-positions.
Com Donohue, a Penske conquista em 1972 sua primeira vitória na Indy500. |
Já na Nascar, apesar
de competir desde 1972 na Stock Car americana, na divisão principal, a Penske
não esteve presente todos estes anos, tendo deixado a competição ao final de
1977 para retornar em 1991. Mesmo assim, contabilizou até o fim do ano passado
nada menos do que 93 triunfos na Sprint Cup, embora tenha conquistado apenas um
título. Na categoria XInfinity Series, a estréia foi em 1997, contabilizando 52
vitórias e um título. Tem participado também na Truck Series, onde entrou em 1996,
e também na V-8 Supercars, na Austrália.
Grandes campeões já
dirigiram para Penske. Só na F-Indy, podemos citar Rick Mears, Al Unser (pai),
Al Unser Jr., Bobby Unser, Mario Andretti, Johnny Rutherford, Danny Sullivan,
entre outros. Penske constituiu um dos maiores times de competição
automobilística de todo o planeta, com uma estrutura comparável à de poucas
organizações no ramo
Com Rick Mears, a Penske venceu 4 Indy500 e 3 campeonatos na Fórmula Indy. |
Cinco pilotos
brasileiros já competiram pelo time de Roger Penske. Émerson Fittipaldi foi o
primeiro, defendendo a escuderia de Roger de 1990 a 1996, quando encerrou
sua carreira competindo em um time formado pela associação de Roger Penske com
Carl Hogan. Em 1998, André Ribeiro disputaria a temporada pela Penske,
aposentando-se da carreira de piloto ao fim do ano. Em 1999, Tarso Marques
defendeu a escuderia em algumas provas. No ano 2000, a escuderia alinharia
seu time com uma dupla brasileira, Gil de Ferran e Hélio Castro Neves, onde
permaneceram juntos por 4 temporadas, até a aposentadoria de Gil ao fim de
2003. Helinho já se tornou o piloto com mais tempo de escuderia na Penske, onde
compete desde o ano 2000 até hoje, e está firme para iniciar sua 17ª temporada
no time.
E é o brasileiro quem
define o espírito de equipe, de comprometimento, de comunhão, que existe na
Penske, pelo fato de Rogerter feito da sua equipe a continuidade da casa de
cada um de seus integrante, com tudo virando uma grande família. Penske
consegue motivar a todos mesmo nos piores momentos do time. Não é de procurar
culpados para um fracasso ocorrido, mas de pensar no dia seguinte, rever o que
ocorreu de errado, e procurando que todos se esforcem para seguir adiante ainda
melhor. "Ele olha sempre para o futuro", resume Hélio, com a
confiança de que desfruta no time há 17 anos, ao qual declara "dever pelo
menos um título de campeão" ao patrão que sempre esteve ao seu lado, mesmo
quando o piloto brasileiro esteve encrencado com a justiça americana por
supostas evasões fiscais e esteve perto de ser preso em 2009. Hélio faltou a
apenas uma corrida, mas na prova seguinte, tão logo foi inocentado pela corte,
já Penske havia deixado seu jato particular pronto para buscar o piloto, e seu
time, preparado o carro para quando o brasileiro chegasse e já pudesse ir para
a pista. Uma atitude que poucos tomariam. Hélio já venceu 3 vezes a Indy500, o
que significa muito para Roger, e já foi vice-campeão 4 vezes, já passou perto
de cumprir sua promessa. Quem sabe esse ano...?
Em todas as corridas, Roger Penske está sempre nos boxes, comandando seu time, com fôlego invejável. Com Hélio Castro Neves, já venceu mais 3 vezes as 500 Milhas de Indianápolis. |
Desde cedo Penske foi
incentivado por seu pai a ser um empreendedor, e isso o levou a desenvolver um
grande tino comercial. Quando pendurou o capacete, já era dono de uma
concessionária de automóveis, e não parou mais. Hoje, a Penske Racing Team é
apenas a ponta do iceberg da Penske Corporation, um conglomerado de várias
empresas, com atuação principal em transportes, logísticas e comércio de carros
e setores ligados à área. Seu entusiasmo e otimismo são de dar inveja a muita
gente mais nova, e mesmo nos dias de hoje, sendo um homem extremamente rico,
nos fins de semana das provas da Indy, Roger está sempre presente, junto à
mureta, coordenando pessoalmente o seu time e as estratégias de corrida de um
de seus pilotos, ao lado dos demais responsáveis pelo time de competições, como
Tim Cindric, um de seus homens fortes na condução da equipe Penske. Como sempre
esteve nestas 5 décadas de existência de seu time de competições. Roger poderia
facilmente deixar seus subordinados tocarem a escuderia, mas é sempre ele que
está lá chefiando tudo. Não é falta de confiança em seus homens, muito pelo
contrário: Roger é apaixonado pela competição, e faz questão de estar junto de
seus comandados, trabalhar tanto quanto eles, incentivar todos, estar firme no
ambiente ardoroso da competição. Como um grande general de um exército, Roger
Penske prefere ficar na linha de frente, em meio ao combate, travando o duelo
juntamente com seu mais raso soldado de infantaria, a se acomodar atrás de uma
escrivaninha e permanecer em um escritório confortável.
E ainda tem outro
fator extremamente positivo que só aumenta a admiração por Penske é o seu modo
simples de atender a todos, sem frescuras ou picuinhas. Ele sempre está tão
acessível quanto possível, e sua simplicidade, educação e carisma pouco indicam
o poderio financeiro de que ele dispõe, ainda mais se compararmos com alguns
cartolas de outras categorias do esporte a motor.
E, mesmo com quase 80
anos, ele reafirma que não tem planos de parar tão cedo. E garante que a meta
de sua escuderia é sempre buscar a vitória, e enquanto tiver orçamento e patrocinadores
que o apoiem, seu time estará firme na pista, buscando dar o seu melhor, ele
garante. Portanto, não é por acaso que a Penske está comemorando seus 50 anos
de existência. Penske é um homem como poucos, e enquanto ele sentir-se
disposto, e decidido a manter seu espírito de competição, podem apostar que sua
escuderia, seja em qual categoria for, estará entrando na pista firme com o
objetivo de dar o melhor de si.
Um parabéns mais do
que merecido para a Penske, e seu fundador, porque eles certamente têm muitas
razões para comemorar. Afinal, 50 anos de uma história ininterrupta no mundo do
automobilismo, com o mesmo comandante e administração, não são para qualquer
um. Parabéns, Penske!
Os pilotos brasileiros já
venceram 5 edições das 24 Horas de Daytona. O primeiro foi Raul Boesel, em
1988, quando integrou a equipe oficial da Jaguar para a corrida, ao lado dos
pilotos Martin Brundle, Jan Lammers, e John Nielsen, conduzindo o modelo XJR-9
da marca inglesa, com um percurso total de 4.170,9 Km. O segundo
triunfo de um brasileiro seria em 2004, com Christian Fittipaldi, defendendo a
equipe Bell Motorsports, conduzindo um modelo Doran JE4-Pontiac, ao lado dos
pilotos Terry Borcheller, Forest Barber, e Andy Pilgrim, com um percurso de 3.013,9 Km. Christian
repetiria a vitória na prova 10 anos depois, na edição de 2014, agora
competindo pela escuderia Action Express Racing, junto com os pilotos João
Barbosa e Sébastien Bourdais, ao volante de um Coyote-Corvette DP, com um
percurso total de 3.981,8
Km. Antes do bi de Christian, seu compatriota Oswaldo
Negri Junior faturou a edição de 2012, com o time da Michael Shank Racing, ao
lado dos pilotos A. J. Allmendinger, John Pew, e Justin Wilson, conduzindo um
modelo Riley MkXXVI-Ford, com um percurso de 4.359,9 Km. A última
vitória foi no ano passado, com Tony Kanaan, correndo pela Chip Ganassi Racing,
ao lado de Scott Dixon, Kyle Larson, e Jamie McMurray, competindo com um modelo
Riley MkXXVI-Ford, onde percorreram um total de 4.239,6 Km.
Sete pilotos brasileiros
disputarão as 24 Horas de Daytona neste final de semana. Christian Fittipaldi,
Oswaldo Negri Junior, Pipo Derani e Tony Kanaan, estarão competindo na classe
Prototype. Na classe GTLM, teremos a participação de Augusto Farfus e Daniel
Serra. E Rubens Barrichello também irá participar da prova, competindo pela
classe Prototype. Os torcedores que quiserem acompanhar a corrida, o canal pago
Fox Sports 2 vai transmitir duas janelas da corrida ao vivo: no sábado, a
partir de 17h, até cerca de 19h30; e no domingo, a partir da 15h até a chegada
e a premiação. Fiquem ligados! E boa sorte a todos os nossos pilotos.
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