sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

EQUIPE PENSKE, 50 ANOS



            O aniversário de fato é só na semana que vem, mas as festividades já começaram na semana passada na sede da escuderia, em Mooresville, na Carolina do Norte. É nesta cidade que fica a sede a Penske Racing Team, que no próximo dia 5 de fevereiro, comemora nada menos do que 50 anos de existência, uma marca que deve ser admirada e respeitada no mundo do automobilismo, ainda mais pelo fato de seu fundador, Roger Penske, continuar à frente do time até hoje, e segundo ele, sem planos de se aposentar. Sim, o "Capitão", como Roger é conhecido, esteve sempre à frente de seu time desde a primeira prova disputada, as 24 Horas de Daytona de 1966, quando seu time estreou nas competições automobilísticas americanas, tendo participado de inúmeros certames e modalidades nestas 5 décadas de existência.
            Nascido em 20 de fevereiro de 1937, e próximo de completar 79 anos, Roger Penske havia sido piloto de competições entre o final dos anos 1950 e a primeira metade da década de 1960. Por volta de 1965, ele pendurou o capacete para se dedicar ao projeto de ser dono de uma equipe de competições, a Penske Racing Team, que estrearia no ano seguinte.
            Competindo nos campeonatos da Can-Am e Trans-Am, Roger Penske estreou na Fórmula Indy original em 1968, e de lá só saiu em 2002, quando partiu para a Indy Racing League, onde está até hoje. Em 1969, o time de Roger conquistou sua única vitória nas 24 Horas de Daytona, com um modelo Lola T70 Mk.3B-Chevrolet conduzido por Mark Donohue e Chuck Parsons. Na categoria Trans-Am, Mark Donohue conquistou o título em 1968 e 1969. Já na Can-Am, o time de Roger faturou os campeonatos de 1972 e 1973 com Mark Donohue, pilotando os modelos Porsche 917 desenvolvidos pela escuderia.
Com Mark Donohue, o time de Roger Penske venceu a Can-Am em 1973.
            Nem a F-1 esteve imune às investidas de Roger Penske. Mas, ao contrário de suas empreitadas geralmente vitoriosas em outros campeonatos, a aventura de Penske na categoria máxima do automobilismo não rendeu frutos, muito pelo contrário. Foram 48 Gps disputados entre 1974 e 1977, onde obteve apenas uma única vitória, com John Watson em Zeltweg, na Áustria em 1976, e um total de 23 pontos marcados sem contar a participação em duas provas em 1971, com carros de terceiros. E teve uma perda fatal, a de seu grande amigo e piloto Mark Donohue, em um acidente na pista de Zeltweg, em 1975. Desapontado com a categoria, e ainda ressentido pela perda de Donohue, Penske retirou-se da F-1, para nunca mais retornar, preferindo concentrar-se nas competições automobilísticas dos Estados Unidos, em especial a Fórmula Indy original.
A F-1 não foi fácil para a Penske, que ainda perderia seu piloto mais estimado, Mark Donohue, em um violento acidente na Áustria, em 1975.
            E os números da Penske não são modestos. Contando apenas as categorias Indy, o time de Roger venceu nada menos do que 13 campeonatos. Foram 11 títulos na Fórmula Indy original, com as conquistas de Tom Sneva (1977 e 1978), Rick Mears (1979, 1981, 1982), Al Unser (1983 e 1985), Danny Sullivan (1988), Al Unser Jr. (1994), e Gil de Ferran (2000 e 2001). Na Indy Racing League, as conquistas até agora foram modestas, tendo vencido apenas os campeonatos de 2006 (Sam Hornish Jr.) e 2014 (Will Power). Mas é nas 500 Milhas de Indianápolis, a corrida mais famosa dos Estados Unidos, que Roger tem o orgulho de acumular nada menos do que 16 triunfos, o primeiro deles em 1972, com Mark Donohue, pilotando um McLaren M16B com motor Offenhauser. Um novo triunfo viria em 1979, com Rick Mears, com o modelo Penske PC-6 Cosworth. Mears repetiria seu triunfo na Indy 500 mais 3 vezes, em 1984, com um modelo March 84C Cosworth; em 1988, com um modelo Penske PC-17 Chevrolet; e 1991, com o modelo Penske PC-20 Chevrolet. Em 1981, Bobby Unser, ao volante do modelo Penske PC-9B Cosworth, também brilharia na Brickyard Line de Indianápolis. Uma nova vitória viria em 1985, com Danny Sullivan conduzindo um March 85C Cosworth. Dois anos depois, em 1987, Al Unser seria vencedor com o modelo March 86C Cosworth de Roger Penske. Em 1993, o brasileiro Émerson Fittipaldi engrossaria as estatísticas da escuderia ao obter seu segundo triunfo em Indianápolis, coduzindo o modelo Penske PC-22 Chevrolet. Vale lembrar que o primeiro triunfo de nosso bicampeão de F-1, em 1989, também foi conquistado por um carro produzido por Roger Penske, mas adquirido pela Patrick Racing, o que motivou Roger a declarar, naquele ano, que ele tinha vencido a prova "com o carro errado", fazendo graça com o triunfo de Émerson pilotando um carro produzido por seu time. Em 1994, foi a vez de Al Unser Jr. repetir o triunfo de seu pai na Indy 500 ao volante da Penske, com o modelo Penske PC-23 Mercedes-Benz 500I, com o qual o time dominou a corrida por completo, só não fazendo dobradinha devido a uma estranha batida de Émerson Fittipaldi, que liderava com quase uma volta de vantagem, na parte final da prova. Uma nova vitória viria apenas em 2001, com o brasileiro Hélio Castroneves, com um Dallara IR-01 Oldsmobile, que repetiria o triunfo no ano seguinte, conduzindo um Dallara IR-02 Chevrolet. Em 2003, no ano em que pendurou o capacete como piloto de monopostos, o brasileiro Gil de Ferran, com um modelo G-Force GF09 Toyota, também se juntaria ao rol de pilotos de Roger Penske que beberam o famoso leite da vitória da Indy500. Em 2006, no ano em que conquistou seu último título na Indy Racing League, Sam Hornish Jr., com um Dallara IR-05 Honda HI6R, também cruzou a Brickyear Line na primeira colocação. Em 2009, Hélio Castroneves, com um Dallara IR-05 Honda HI9R, espantaria o azar que ameaçava terminar com sua carreira no automobilismo ao conquistar seu 3° triunfo em Indianápolis. E no ano passado, o colombiano Juan Pablo Montoya conseguiu para Roger o seu último triunfo em Indianápolis, ao volante do modelo Dallara DW12 Chevrolet. Foram conquistadas também 17 pole-positions na prova. Contando ambas as categorias Indy, a Penske possui nada menos do que 1.463 provas disputadas, com 177 vitórias, e 231 pole-positions.
Com Donohue, a Penske conquista em 1972 sua primeira vitória na Indy500.
            Já na Nascar, apesar de competir desde 1972 na Stock Car americana, na divisão principal, a Penske não esteve presente todos estes anos, tendo deixado a competição ao final de 1977 para retornar em 1991. Mesmo assim, contabilizou até o fim do ano passado nada menos do que 93 triunfos na Sprint Cup, embora tenha conquistado apenas um título. Na categoria XInfinity Series, a estréia foi em 1997, contabilizando 52 vitórias e um título. Tem participado também na Truck Series, onde entrou em 1996, e também na V-8 Supercars, na Austrália.
            Grandes campeões já dirigiram para Penske. Só na F-Indy, podemos citar Rick Mears, Al Unser (pai), Al Unser Jr., Bobby Unser, Mario Andretti, Johnny Rutherford, Danny Sullivan, entre outros. Penske constituiu um dos maiores times de competição automobilística de todo o planeta, com uma estrutura comparável à de poucas organizações no ramo
Com Rick Mears, a Penske venceu 4 Indy500 e 3 campeonatos na Fórmula Indy.
            Cinco pilotos brasileiros já competiram pelo time de Roger Penske. Émerson Fittipaldi foi o primeiro, defendendo a escuderia de Roger de 1990 a 1996, quando encerrou sua carreira competindo em um time formado pela associação de Roger Penske com Carl Hogan. Em 1998, André Ribeiro disputaria a temporada pela Penske, aposentando-se da carreira de piloto ao fim do ano. Em 1999, Tarso Marques defendeu a escuderia em algumas provas. No ano 2000, a escuderia alinharia seu time com uma dupla brasileira, Gil de Ferran e Hélio Castro Neves, onde permaneceram juntos por 4 temporadas, até a aposentadoria de Gil ao fim de 2003. Helinho já se tornou o piloto com mais tempo de escuderia na Penske, onde compete desde o ano 2000 até hoje, e está firme para iniciar sua 17ª temporada no time.
            E é o brasileiro quem define o espírito de equipe, de comprometimento, de comunhão, que existe na Penske, pelo fato de Rogerter feito da sua equipe a continuidade da casa de cada um de seus integrante, com tudo virando uma grande família. Penske consegue motivar a todos mesmo nos piores momentos do time. Não é de procurar culpados para um fracasso ocorrido, mas de pensar no dia seguinte, rever o que ocorreu de errado, e procurando que todos se esforcem para seguir adiante ainda melhor. "Ele olha sempre para o futuro", resume Hélio, com a confiança de que desfruta no time há 17 anos, ao qual declara "dever pelo menos um título de campeão" ao patrão que sempre esteve ao seu lado, mesmo quando o piloto brasileiro esteve encrencado com a justiça americana por supostas evasões fiscais e esteve perto de ser preso em 2009. Hélio faltou a apenas uma corrida, mas na prova seguinte, tão logo foi inocentado pela corte, já Penske havia deixado seu jato particular pronto para buscar o piloto, e seu time, preparado o carro para quando o brasileiro chegasse e já pudesse ir para a pista. Uma atitude que poucos tomariam. Hélio já venceu 3 vezes a Indy500, o que significa muito para Roger, e já foi vice-campeão 4 vezes, já passou perto de cumprir sua promessa. Quem sabe esse ano...?
Em todas as corridas, Roger Penske está sempre nos boxes, comandando seu time, com fôlego invejável. Com Hélio Castro Neves, já venceu mais 3 vezes as 500 Milhas de Indianápolis.
            Desde cedo Penske foi incentivado por seu pai a ser um empreendedor, e isso o levou a desenvolver um grande tino comercial. Quando pendurou o capacete, já era dono de uma concessionária de automóveis, e não parou mais. Hoje, a Penske Racing Team é apenas a ponta do iceberg da Penske Corporation, um conglomerado de várias empresas, com atuação principal em transportes, logísticas e comércio de carros e setores ligados à área. Seu entusiasmo e otimismo são de dar inveja a muita gente mais nova, e mesmo nos dias de hoje, sendo um homem extremamente rico, nos fins de semana das provas da Indy, Roger está sempre presente, junto à mureta, coordenando pessoalmente o seu time e as estratégias de corrida de um de seus pilotos, ao lado dos demais responsáveis pelo time de competições, como Tim Cindric, um de seus homens fortes na condução da equipe Penske. Como sempre esteve nestas 5 décadas de existência de seu time de competições. Roger poderia facilmente deixar seus subordinados tocarem a escuderia, mas é sempre ele que está lá chefiando tudo. Não é falta de confiança em seus homens, muito pelo contrário: Roger é apaixonado pela competição, e faz questão de estar junto de seus comandados, trabalhar tanto quanto eles, incentivar todos, estar firme no ambiente ardoroso da competição. Como um grande general de um exército, Roger Penske prefere ficar na linha de frente, em meio ao combate, travando o duelo juntamente com seu mais raso soldado de infantaria, a se acomodar atrás de uma escrivaninha e permanecer em um escritório confortável.
            E ainda tem outro fator extremamente positivo que só aumenta a admiração por Penske é o seu modo simples de atender a todos, sem frescuras ou picuinhas. Ele sempre está tão acessível quanto possível, e sua simplicidade, educação e carisma pouco indicam o poderio financeiro de que ele dispõe, ainda mais se compararmos com alguns cartolas de outras categorias do esporte a motor.
            E, mesmo com quase 80 anos, ele reafirma que não tem planos de parar tão cedo. E garante que a meta de sua escuderia é sempre buscar a vitória, e enquanto tiver orçamento e patrocinadores que o apoiem, seu time estará firme na pista, buscando dar o seu melhor, ele garante. Portanto, não é por acaso que a Penske está comemorando seus 50 anos de existência. Penske é um homem como poucos, e enquanto ele sentir-se disposto, e decidido a manter seu espírito de competição, podem apostar que sua escuderia, seja em qual categoria for, estará entrando na pista firme com o objetivo de dar o melhor de si.
            Um parabéns mais do que merecido para a Penske, e seu fundador, porque eles certamente têm muitas razões para comemorar. Afinal, 50 anos de uma história ininterrupta no mundo do automobilismo, com o mesmo comandante e administração, não são para qualquer um. Parabéns, Penske!
Com o amigo Mark Donohue, Roger Penske comemora a vitória nas 500 Milhas de Pocono em 1971.


Os pilotos brasileiros já venceram 5 edições das 24 Horas de Daytona. O primeiro foi Raul Boesel, em 1988, quando integrou a equipe oficial da Jaguar para a corrida, ao lado dos pilotos Martin Brundle, Jan Lammers, e John Nielsen, conduzindo o modelo XJR-9 da marca inglesa, com um percurso total de 4.170,9 Km. O segundo triunfo de um brasileiro seria em 2004, com Christian Fittipaldi, defendendo a equipe Bell Motorsports, conduzindo um modelo Doran JE4-Pontiac, ao lado dos pilotos Terry Borcheller, Forest Barber, e Andy Pilgrim, com um percurso de 3.013,9 Km. Christian repetiria a vitória na prova 10 anos depois, na edição de 2014, agora competindo pela escuderia Action Express Racing, junto com os pilotos João Barbosa e Sébastien Bourdais, ao volante de um Coyote-Corvette DP, com um percurso total de 3.981,8 Km. Antes do bi de Christian, seu compatriota Oswaldo Negri Junior faturou a edição de 2012, com o time da Michael Shank Racing, ao lado dos pilotos A. J. Allmendinger, John Pew, e Justin Wilson, conduzindo um modelo Riley MkXXVI-Ford, com um percurso de 4.359,9 Km. A última vitória foi no ano passado, com Tony Kanaan, correndo pela Chip Ganassi Racing, ao lado de Scott Dixon, Kyle Larson, e Jamie McMurray, competindo com um modelo Riley MkXXVI-Ford, onde percorreram um total de 4.239,6 Km.


Sete pilotos brasileiros disputarão as 24 Horas de Daytona neste final de semana. Christian Fittipaldi, Oswaldo Negri Junior, Pipo Derani e Tony Kanaan, estarão competindo na classe Prototype. Na classe GTLM, teremos a participação de Augusto Farfus e Daniel Serra. E Rubens Barrichello também irá participar da prova, competindo pela classe Prototype. Os torcedores que quiserem acompanhar a corrida, o canal pago Fox Sports 2 vai transmitir duas janelas da corrida ao vivo: no sábado, a partir de 17h, até cerca de 19h30; e no domingo, a partir da 15h até a chegada e a premiação. Fiquem ligados! E boa sorte a todos os nossos pilotos.

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