Voltando
com um de meus antigos textos, este foi publicado no dia 25 de julho de 1997, e
o assunto era o Grande Prêmio da Alemanha, a ser disputado no veloz circuito de
Hockenhein, que naqueles tempos ainda exibia toda a sua beleza e desafio, ao
contrário dos dias de hoje, depois que a pista foi lobotomizada em nome dos
mesquinhos interesses comerciais da TV e da FOM. Claro, alegaram também
segurança, mas isso soa mais como papo furado. Sou um dos que sentem grandes
saudades dos trechos da floresta desta pista, que depois que veio em sua nova
configuração, perdeu completamente a graça e seu charme. Fiquem com o texto, e
em breve tem mais...
O CIRCUITO DA FLORESTA
Começam
hoje os treinos oficiais para o Grande Prêmio da Alemanha no circuito de
Hockenhein. Com dois pilotos da cada em times de ponta e mais um que promete
muito em um time médio, os alemães estão eufóricos com sua atual supremacia na
F-1. A perspectiva é de lotação máxima no circuito durante todo o fim de
semana. Só para o domingo são esperadas cerca de 150 mil pessoas no autódromo.
E
a pista de Hockeinhein promete muito. O traçado por ser meio monótono, mas é
desafiador no quesito técnico. Depois de Monza, é praticamente mais veloz
circuito do calendário. Suas longas retas exigem praticamente tudo dos motores.
A velocidade passa fácil dos 300 Km/h em alguns trechos. O ponto mais veloz é
logo após a 1ª curva depois da reta dos boxes, onde os carros em aceleração
máxima atingem os 330 Km/h.
Não
é exagero dizer que este circuito é para motores fortes. Sem um bom propulsor,
não dá para fazer muita coisa por aqui. A importância do motor é tanta que,
dependendo do carro, vale meia vitória. Foi o caso, por exemplo, de 1994,
quando Gerhard Berger venceu aqui, tirando a Ferrari de um longo jejum. O carro
italiano não era páreo para a Williams e a Benetton, mas as longas retas do
circuito foram ideais para que o potente motor V-12 da Ferrari empurrasse
Berger e Jean Alesi para a primeira fila do grid naquele ano. O V-12 italiano
despejava toda a sua potência calculada em 815 HPs nas retas. Michael
Schumacher, por exemplo, com o motor Ford Zetec-R V-8 de sua Benetton tinha um
déficit de 15 Km/h nas retas para os carros da Ferrari. O alemão recuperava
terreno nas curvas, mas nas retas não conseguia acompanhar para tentar uma
ultrapassagem.
O
circuito é dividido em duas partes distintas: temos o trecho que fica dentro do
estádio do circuito, o chamado Motodron, onde se pode acomodar mais de 100 mil
pessoas em suas arquibancadas. É aqui neste setor que ficam os boxes, paddock,
sala de imprensa, a reta dos boxes e a grande maioria do público. É também o
trecho “lento”, com curvas de baixa. Mas isto é menos de um terço da pista; o
restante fica separado, quando a pista do autódromo invade a Floresta Negra,
onde o circuito se encontra. Na parte da floresta, os pilotos ficam sós com o
verde ao seu redor, entremeados por alguns pequenos trechos de arquibancadas.
As retas são cortadas por algumas chicanes, umas rápidas, outras mais lentas.
Depois de tudo, a pista retorna ao estádio, para concluir a volta. Hockenhein é
o 2º circuito mais longo do calendário, com um traçado total de 6,823 Km. O
percurso da prova é de 45 voltas, totalizando 307,035 Km. Devido às longas
retas no trecho da floresta, os motores costumam ser exigidos em sua rotação
máxima durante 75% do percurso.
O
acerto do carro pede pressão aerodinâmica mínima, para ganhar velocidade nas
retas. Quem tem um motor potente pode se dar ao luxo de pôr um pouco mais de
asa para não sacrificar o carro nas curvas, mas quem não tem motor forte
praticamente tem de arriscar nas curvas, pois as retas são indispensáveis para
as tentativas de ultrapassagens, precisando de toda a velocidade final não
apenas para tentar uma ultrapassagem, mas para se evitar ser passado também.
Desde 1986,
Hockenhein é sede permanente do GP da Alemanha. A última prova que não foi
realizada neste circuito foi em 1985, quando Nurburgring sediou o GP alemão. E
a prova foi vencida pela Ferrari, com Michele Alboreto. E este ano a Ferrari é
a mais cotada para vencer, não só por contar com o melhor piloto da F-1,
Michael Schumacher, como por tem enfim um bom carro, talvez o melhor desde o
chassi 641/2 que levou Alain Prost ao vice-campeonato em 1990, mas que foi o
melhor carro daquela temporada.
Hockeinhein fica no sul da Alemanha, à beira da Floresta Negra, na
cidade de mesmo nome, que se separa do circuito por uma rodovia. Ao norte, a
estrada leva a Frankfurt; para o sul, chega-se a Stuttgart, e também a
Estrasburgo, na França. As rodovias alemãs são impecáveis, o que faz com que
nos recordemos, com infelicidade, de algumas estradas existentes pelo Brasil
que nossos políticos insistem em chamar de rodovias...
A FIA oficializou esta semana o cancelamento do GP de Portugal. Para a
inclusão da etapa, seria necessário o voto de todas as escuderias, o que não
foi conseguido. Fica para 98...
A F-CART prepara-se para disputar a prova mais badalada do campeonato
deste ano, a US500, no Michigan International Speedway, o circuito mais veloz
do mundo. A prova de 1996 foi vencida por Jimmy Vasser, que também foi o
pole-position. Este ano, ao contrário de 96, Vasser não é o favorito na corrida,
condição que cabe a seu companheiro de equipe, Alessandro Zanardi. Outros
pilotos na parada pela vitória são os brasileiros Gil de Ferran e André
Ribeiro, que depois do pódio em Toronto, está disposto a recuperar o atraso no
certame. Maurício Gugelmim e Raul Boesel também são nomes fortes para a
corrida, assim como Michael Andretti, Paul Tracy, Christian Fittipaldi, Bobby
Rahal e Greg Moore.
Começam as definições de pilotos para a F-1 em 1998. Giancarlo
Fisichella já está acertado para correr pela Benetton. Ral Schumacher continua
na Jordan ao que tudo indica. Rubens Barrichello segue na Stewart. Michael
Schumacher e Eddie Irvinne ficam na Ferrari. Jacques Villeneuve deve permanecer
na Williams. Até o momento, são duvidosas as posições de Heinz-Harald Frentzen,
Gerhard Berger, Jean Alesi, Jarno Trulli, Shinji Nakano, etc. Começaram as
trocas de pilotos, que só tem data para terminar no final do ano e talvez
apenas em 98...
Mais uma dobradinha brasileira na Indy Lights na prova de Toronto.
Hélio Castro Neves faturou mais uma vitória, enquanto Tony Kanaan, que foi pole
na prova, ficou em 2º lugar. Ambos se distanciaram ainda mais na liderança do
campeonato.
Em Enna-Pergusa, na Itália, também tivemos dois brasileiros no pódio da
etapa da F-3000 Internacional. Ricardo Zonta foi o 2º colocado, e Max Wilson
terminou em 3º. A próxima corrida do campeonato é neste final de semana aqui em
Hockenhein, como preliminar da F-1...
Na última segunda-feira, dia 22, fez um ano que morreu Franco Lini,
decano da imprensa especializada de F-1 e praticamente o jornalista que mais
GPs cobriu desde a estréia da F-1. Vítima de câncer, Lini era uma excelente
pessoa e sempre mantinha o bom humor nas entrevistas e durante o resto do
serviço. Sua falta é muito sentida até hoje.
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