sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

INICIANDO UM NOVO ANO

            E lá vamos nós para 2016. Com exceção da competição do rali Dakar, há poucas novidades de monta no mundo do esporte a motor neste mês, ainda mais porque a F-1 anda em baixa, e anda realmente morna neste início de ano. Para complicar, notícias mais interessantes da categoria máxima do automobilismo só a partir da segunda metade de fevereiro, quando o times iniciam os escassos testes da pré-temporada. Dá saudade dos velhos tempos, onde na segunda semana de janeiro os times já procuravam os poucos circuitos europeus que não eram afetados pela neve para colocar suas máquinas novamente na pista a fim de iniciar sua preparação.
            Mas não é apenas a F-1 que anda "parada". A outras categorias também estão em sua entressafra, e dentre os campeonatos de monta, o da Indy Racing League é um dos mais chatos, pela insistência da direção do certame em terminar o campeonato no início de setembro, o que deixa a categoria às moscas até março do ano seguinte, praticamente. Neste aspecto, a F-Indy original era melhor, terminando sua competição em novembro, e portanto oferecendo um interregno menos comprido.
            Mas, antes do fim do mês, as coisas começarão a esquentar no panorama das corridas, com a disputa de algumas provas. Teremos o Rali de Monte Carlo, que dá o pontapé inicial para o Mundial de Rali de 2016. Nos dias 30 e 31 deste mês, encerrando janeiro, será a vez das 24 Horas de Daytona, uma das corridas mais tradicionais dos Estados Unidos. Outros campeonatos, como a Nascar, inicia sua competição apenas em fevereiro, que no início também terá a etapa de Buenos Aires da Formula-E. A grosso modo mesmo, até março, ficamos um pouco no marasmo, já que não é apenas a F-1 que anda mendigando seus testes de pré-temporada. Muitas outras categorias também estão apertando o cinto neste quesito, e com isso, ficamos sem ter as tradicionais coberturas e especulações de quem vai se dar bem no ano que se inicia pelo que se vê nos testes de pré-temporada, que muitas vezes nos fazia apostar em cenários inverídicos, mas que era divertido imaginar as possibilidades, sempre pensando no melhor panorama possível que poderia ocorrer.
            Bem, enquanto o mundo do esporte a motor não esquenta seus motores como se deve, listei alguns acontecimentos dos últimos dias para notas e comentários rápidos. E nos vemos na coluna da semana que vem, com algum assunto que seja interessante, ou que pelo menos tenha sido de grande destaque no mundo do esporte a motor. Até lá.


O Brasil não está no calendário da Formula-E, mas Lucas Di Grassi, vice-líder da competição de carros elétricos, deu sua dica de onde a cidade de São Paulo poderia montar um circuito para eventualmente receber a categoria, utilizando as ruas no Parque do Ibirapuera, a principal área verde da grande metrópole brasileira. O piloto brasileiro imaginou um traçado com extensão de 2,1 Km, que utilizaria a área da Avenida Pedro Álvares Cabral como boxes e paddock. Pegaria também um trecho da Avenida República do Líbano, e alguns trechos de ruas internas do parque. O desenho ficou legal, e certamente seria bem interessante se a F-E desembarcasse por aqui também. Acho ridículo Uruguai e Argentina, bem aqui do lado na América do Sul, terem suas corridas, e nosso país não. Mas há que se lembrar que o Rio de Janeiro era cogitado para sediar uma prova, em um circuito que seria montado à beira-mar, na área do Aterro do Flamengo. Mas, as "otoridades" cariocas e esportivas, cegas pelo deslumbramento da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas deste ano, simplesmente deram de ombros para a possibilidade dos carros elétricos desembarcarem na cidade "maravilhosa", e o resultado está aí, com o descrédito de nosso país em relação aos campeonatos automobilísticos de renome internacional. A Copa, em certos aspectos, gerou um belo abacaxi de prejuízos que ainda está sendo pago, e quem quer apostar que os jogos olímpicos vão deixar outros rombos financeiros a serem cobertos pelo poder público? E enquanto isso, os mexicanos se mexeram e já garantiram uma prova para eles no atual campeonato. Depois, quando falam lá fora que o Brasil não é um país sério, alguns imbecis aqui ficam bem irritados...
Traçado imaginado por Lucas Di Grassi para um possível circuito da F-E no Parque do Ibirapuera, em São Paulo.
Enquanto o Brasil segue fora do calendário da F-E, a categoria apresentou essa semana o traçado que irá utilizar para o ePrix de Paris, prova que será disputada no dia 23 de abril, na capital francesa. O circuito será montado ao lado do Palácio dos Inválidos, ao lado do mausoléu de Napoleão Bonaparte, e o Museu das Armas. O traçado terá 1,9 Km de extensão, com dois trechos maiores de retas. O pit line e paddock será montado na Esplanada dos Inválidos, fazendo os pilotos contornarem um trecho em grampo para entrarem e sair dos boxes. Por ser bem curto, o número de voltas deverá ser maior do que nas outras provas, e os pontos de ultrapassagem, nas retas, não deverão ser fáceis, pela pouca extensão das mesmas. O traçado terá 14 curvas no total, e ainda precisa ser homologado pela FIA. Não ficou ruim, mas creio que a pista poderia ser um pouco mais extensa. Circuitos curtos não me agradam muito, além de que as ultrapassagens poderão ser complicadas pelo fato das retas serem bem curta. Mas o visual da capital francesa vai ser o máximo, e já que a F-1 descartou o GP da França de seu calendário há alguns anos, nada melhor do que a F-E fincar pés em Paris, e mostrar que a capital européia mais visitada por turistas também merece respeito. Vive la France!

No rali Dakar 2016, o público estava acompanhando com entusiasmo a disputa entre os pilotos da Peugeot, que montou um supertime para a edição deste ano. E a disputa estava mesmo acirrada entre Sébastien Loeb, Carlos Sainz, e Stéphane Peterhansel na categoria carros, com Loeb surpreendendo na liderança da competição logo em sua primeira participação. Infelizmente, o sonho dos fãs de verem uma final eletrizante começou a desvanecer já na segunda-feira, quando Loeb enfrentou uma quebra em seu modelo 2008 DKR, perdendo tempo precioso para reparar seu veículo, e ficando praticamente de fora da luta pelas primeiras colocações. Na quarta-feira, foi a vez de Sainz ter problemas, desta vez com o câmbio de seu carro, em um problema mais sério, que forçou o campeão da prova de 2010 a dizer adeus à competição deste ano. Sobrou Peterhansel, que está em vias de conquistar o seu 12° título na competição, a menos que o azar acabe abatendo o piloto entre hoje e amanhã e provoque seu abandono ou a perda de pelo menos uma hora na competição. A vice-liderança da prova nos carros é do catariano Nasser Al-Attiyah, vencedor do ano passado, que acumulava ao fim da disputa de ontem uma desvantagem de 51min55s para Stéphane. Loeb continua na competição, mas ocupando a 9ª posição, com 2h25min18s de atraso para Peterhansel.

Infelizmente, este não será um ano em que a edição do rali Dakar passará sem contabilizar uma morte. Um expectador boliviano de 65 anos de idade faleceu no último sábado ao ser atropelado pelo carro pilotado pelo francês Lionel Baud, durante a sétima etapa, disputada entre as cidades de Uyuni, na Bolívia, e Salta, na Argentina. Segundo apuração das autoridades, o torcedor tentou atravessar a rota do rali, e deu azar de vir logo um competidor, que apesar de ter tentado desviar, não conseguiu evitar o atropelamento. A vítima ainda foi socorrida pelo pessoal de resgate médico, mas veio a falecer. Como desgraça pouca é bobagem, Baud ainda abandonou a competição, e sua equipe arrumou seus equipamentos para voltar a Buenos Aires, de onde regressariam para a Europa, mas em Córdoba, o caminhão do grupo acabou envolvendo-se em outro acidente, onde morreu mais uma pessoa, e seis ficaram ferida, em virtude de uma colisão frontal do veículo com um automóvel, provocando um engavetamento com outros cinco carros. Pelo visto, o pessoal do time e o piloto precisam se benzer depois dessa...

No ano passado, a equipe Sauber passou por uma saia justa no Grande Prêmio da Austrália em virtude de um processo movido por Giedo Van Der Garde, que era piloto do time em 2014, e teria contrato válido para correr em 2015. Depois que o time teve até intervenção da justiça australiana, o caso chegou a um acordo, e Van Der Garde recebeu uma compensação pela quebra de seu contrato, que havia sido considerado legal pela Corte de Melbourne. E não é que agora é Adrian Sutil, que foi companheiro de Van Der Garde em 2014 na mesma Sauber, quem está processando a escuderia suíça, pelo mesmo motivo? Sutil, que não está sendo nem um pouco sutil em suas pretensões, quer também uma indenização pelo não-cumprimento de seu contrato, que segundo ele, também o previa como piloto titular da escuderia no campeonato do ano passado. Como a Sauber despachou tanto ele quanto Van Der Garde, substituindo-os pelo pelo brasileiro Felipe Nasr e o sueco Marcus Ericsson, Sutil está processando o time pedindo US$ 3,5 milhões de compensação. Ao que parece, a Corte de Zurique, na Suíça, aceitou o processo, o que significa que ele tem base legal para tanto. A escuderia, claro, defende o seu livre direito de dispensar os serviços do piloto, alegando que ele não correspondeu às expectativas. Mas se de fato a justiça suíça aceitou o processo, isso já vai dar algumas dores de cabeça a Peter Sauber e Monisha Kaltenborn na obtenção de uma solução para o caso. Pelo menos, a situação não será tão urgente quanto a do ano passado, que se desenrolou durante um fim de semana de GP em seus momentos cruciais. Ainda temos dois meses antes da temporada da F-1 2016 começar, então deve haver tempo suficiente para se desmanchar esse novo imbróglio jurídico até lá. Seria prudente a escuderia fazer seus contratos com mais atenção em relação a seus pilotos. Vai que a moda pega...

As turbulências econômicas pelas quais passa a Venezuela podem fazer Pastor Maldonado ficar a pé na temporada 2016 da F-1. A PDVSA, petrolífera estatal venezuelana, estaria atrasada com os pagamentos do patrocínio firmado com o time da ex-Lotus, que volta a ser a escuderia Renault nesta temporada. E sem o polpudo patrocínio dos petrodólares da terra de Nicolás Maduro, Maldonado está com seu lugar a perigo no time dos franceses, que não estão sentindo muita simpatia na presença de Pastor no time. O histórico de problemas e confusões causadas pelo venezuelano estão pesando, e não fosse o patrocínio da PDVSA, Maldonado poderia estar sem lugar na F-1 há muito tempo. Mas, com a crise econômica apertando, e sucateada pelos desmandos políticos do chavismo, a PDVSA virou uma sombra do que era em seus tempos áureos, e na tentativa de salvar a companhia, cortes poderão ser feitos em várias áreas, entre elas o apoio ao esporte. Pelo sim, pelo não, o time francês sediado em Enstone, na Inglaterra, já reiniciou conversas com o dinamarquês Kevin Magnussen, que já teria até um pré-acordo com a escuderia para ser titular em 2017, mas que pode vir a pilotar já neste ano, dependendo de continuarem recebendo ou não a grana da PDVSA. E, com a falta de recursos que deixou muitas dívidas dos últimos anos para serem quitadas, a Renault não vai abrir mão dos dólares da Venezuela para manter Maldonado no time. Se a grana não sair, a preferência é clara: um piloto mais barato, que traga algum patrocínio, e que não tenha um histórico de batidas em demasia. O perfil acaba encaixando com o de Magnussen. Acompanhemos o desenrolar desta que promete ser mais um dramalhão venezuelano neste ano. E olhe que de encrencas a Venezuela já está cheia, e pode ficar ainda mais enrolada...

A última edição da revista Autosprint chegou esta semana às bancas italianas com o slogan na capa "Licença para Vencer", com Sebastian Vettel logo acima numa montagem com o número 667, imitando James Bond, referindo-se à matéria onde traz detalhes técnicos do novo carro que a Ferrari está preparando para a temporada 2016., entre eles um bico mais curto, com suspensão push rod, e cãmbio novos. O time de Maranello é considerado o principal rival da favorita Mercedes para a temporada deste ano, e o presidente do grupo Ferrari já avisou que a meta é conquistar o título da F-1, que não vem para a escuderia desde 2007, quando Kimi Raikkonen foi campeão. Já são 8 anos desde aquele título. Será que eles conseguem isso neste ano? Ainda é cedo para fazermos qualquer análise, mas que eles devem vir forte, eles devem...só não dá para sabermos ainda a força que a Mercedes terá...

Capa da última edição da Autosprint. "O nome é Vettel, Sebastian Vettel"

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