"A Odisséia", no cartaz de promoção do Dakar, resume bem o espírito de competição e dificuldade do rali, que este ano cruza percursos apenas na Argentina e Bolívia. |
Ano novo, e lá se vão
os "loucos do deserto" acelerando de novo, como muita gente se refere
aos competidores do Dakar, o mais difícil e famoso rali do mundo, que desde
2009 é disputa na América do Sul, depois que o norte da África ficou
potencialmente perigoso demais devido à proliferação de animais que se dizem
"religiosos" defendendo sua versão radical do islamismo, entre outras
besteiras que pregam. E, no que depender da organização da prova, o rali deverá
continuar por aqui ainda por vários anos. Felizmente, o sul de nosso continente
foi um substituto mais do que à altura para os desafios que eram proporcionados
no norte do continente africano, o que manteve a fama do Dakar como a mais
difícil prova de competição off-road do planeta.
A edição 2016,
contudo, teve vários percalços, antes e durante a competição, que chega hoje ao
seu 6° dia de competição, com uma etapa de largada e chegada em Uyuni, cidade
localizada no Departamento de Potosí, na Bolívia, capital da Província de
Antonio Quijarro: serão mais de 540
Km de percurso especial para carros e motos, e quase 300 Km para os competidores
de caminhões. Amanhã, todos saem de Uyuni com destino a Salta, onde os
competidores terão um dia de descanso no domingo, antes de pegarem no batente
de novo, rumo a Rosário, ponto final do rali, no dia próximo dia 16, após mais
de 9 mil quilômetros percorridos.
Chile e Peru ficaram
de fora desta edição do Dakar. Os dois países andinos tiveram problemas com
desastres naturais, e preferiram concentrar seus recursos na recuperação das
áreas atingidas. A saída de ambos deixou a prova sem uma etapa em deserto
propriamente, que era uma das grandes tradições do rali. Com isso, a competição
ficou restrita à Argentina e à Bolívia, após a organização da competição
precisar repensar praticamente toda a prova. Apesar da decepção dos
competidores pela ausência dos trechos de deserto, a prova continua sendo
extremamente atrativa para os pilotos, equipes e fábricas. Para a largada, no
dia 02 de janeiro, tínhamos nada menos do que 136 motos, 45 quadriciclos, 111
carros, e 55 caminhões, para a disputa da 37ª edição do Dakar, com
participantes de nada menos do que 60 países, com os franceses ocupando o maior
plantel, com 15,7% dos participantes, pouca coisa à frente dos holandeses, que
estão presentes com 15% dos competidores. Os argentinos, aproveitando que a
prova é disputada em seu país, são o terceiro maior número de participantes,
com 12,6%, seguidos pelos espanhóis, com 7,6% de competidores.
Resolvido o impasse, a
prova do Dakar enfrentou outro problema: as chuvas torrenciais que castigam a
Argentina neste início de ano acabou forçando a organização a cancelar ou
alterar as primeiras etapas. E não foi o único problema que surgiu: a piloto chinesa
Guo Meiling, que pilotava um Mini, perdeu o controle de seu carro na etapa de
prólogo que abria a disputa do rali, e acabou avançando sobre o público à beira
do percurso, atropelando 10 pessoas, sendo que 3 delas foram hospitalizadas em
estado grave. Meiling ficou em estado de choque com o ocorrido, e a organização
optou por cancelar a etapa de prólogo da competição.
Quando a competição
começou realmente pra valer, quem começou a dar seu show foi Sébastien Loeb, o
grande campeão do Mundial de Rali, com 9 títulos consecutivos. Estreante no
Dakar, competindo pela equipe oficial da Peugeot, Loeb venceu 3 das primeiras
etapas na competição de carros, e embora os concorrentes tenham reagido nas
últimas etapas, o francês ainda permanece na liderança de sua categoria, tendo
vencido mais uma etapa nesta quinta-feira, em um duelo mais do que renhido com
Carlos Sainz, outra fera do rali. E Stéphane Peterhansel também chegou disposto
a mostrar quem é que manda no pedaço, ao vencer a 4ª etapa, mas até ontem,
ainda ocupava a 2ª posição, atrás de Loeb na classificação dos carros. Carlos
Sainz vem na 3ª colocação, e o catariano Nasser Al-Attyiah, que foi campeão nos
carros no ano passado, vem na 4ª posição. E a disputa entre eles promete ser
bem ferrenha até a chegada em Rosario.
Mesmo sem as dunas do deserto do Atacama, os pilotos continuam acelerando firme. E voando com seus carros como de costume... |
O primeiro dia de
competições a fundo também pregou um grande susto em um time de competidores. O
caminhão Renault número 509 da equipe formada por Martin Van Den Brink, Rijk
Mouw, e por Peter Villemsen, pegou fogo, ficando completamente destruído, mas
felizmente sem resultar em ferimentos de seus ocupantes, que tiveram,
obviamente, de encerrar sua participação na competição. Na quarta-feira, outro
susto: o piloto Pierre Alexandre Renet, que competia na categoria motos, sofreu
um acidente, sofrendo um traumatismo craniano e perdendo a consciência.
Felizmente, o piloto foi levado para o hospital após a piloto Laia Sanz prestar
ajuda e acionar, com algumas dificuldades, o pessoal de resgate da prova. O
piloto seguia internado, mas sem fraturas decorrentes do acidente.
Para os brasileiros,
este é mais um Dakar com resultados aquém do esperado. Jean Azevedo, em sua 18ª
participação no rali, optou por ajudar seu time ao ceder o radiador de sua moto
para seu companheiro de equipe Javier Pizzolito, seu companheiro de equipe. O
brasileiro havia sofrido um forte tombo no dia 4, logo na primeira etapa
especial, e as sequelas do acidente limitaram sua performance, além dos danos
no seu equipamento. Sem maiores expectativas na competição, ocupando a 96ª
posição na categoria motos, o brasileiro optou por ajudar seu time, e
retirou-se da prova, ao fornecer a peça de sua moto para o colega de equipe
prosseguir na competição. Melhor sorte no ano que vem, então. Com quase duas
décadas de experiência no Dakar, não é a primeira vez que Azevedo passa por
este tipo de contratempo, e possivelmente não será a única, mas ele demonstra
grande espírito de equipe e solidariedade com seus colegas de competição, algo
muito valorizado neste rali.
Quem também precisou
deixar cedo o rali foi o time brasileiro formado por Guilherme Spinelli e
Youssef Haddad, cuja carro apresentou problemas no motor decorrentes da entrada
de água ocorrida ainda na etapa do prólogo. Isso provocou superaquecimento no
óleo do propulsor e na água do sistema de refrigeração, e lá se foi mais uma
edição do Dakar para ambos.
Mas foi justamente
Marcelo Medeiros, que vinha surpreendendo na competição, na nos quadriciclos,
quem teve o maior azar. O piloto maranhense, que vinha na 2ª colocação, acabou
sofrendo um acidente na etapa entre San Salvador de Jujuy e Uyuni. Medeiros
sofreu uma queda e fraturou a clavícula. O ferimento acabou com sua excelente
prova na competição, onde fazia sua estréia no Dakar. Uma pena, pois vinha
andando muito bem. Mas são as desventuras do rali: tudo pode acontecer. E pelo
menos é de se salientar que o ferimento não foi grave, e o brasileiro poderá se
recuperar completamente e voltar para a disputa em 2017. Mas até o fechamento
desta coluna, Marcelo ainda cogitava voltar para a disputa, segundo o site
oficial do Dakar. Mesmo que consiga retornar, porém, a chance de um bom
resultado já era, e o mais sensato mesmo é deixar a competição, até porque
Medeiros ainda teria metade da competição pela frente, e em terrenos bem
difíceis. Competir num quadriciclo sem estar em plenas condições, e numa prova
complicada como o Dakar, pode ser forçar demais a sorte.
O mau tempo complicou o início do rali, com chuvas torrenciais inviabilizando parte das etapas iniciais. |
E o Dakar costuma ser
implacável com seus competidores. Ainda temos metade da competição pela frente,
e muitos ficarão pelo caminho, como outros competidores que já tiveram o
desprazer de dizer adeus à competição nesta primeira semana de disputa. Mais do
que nunca, chegar ao fim do rali é considerado uma verdadeira vitória, um
triunfo sobre as várias adversidades que marcam a competição, onde nada é
fácil, e o duelo com a natureza, desbravando seus caminhos e trilhas, envolve
um misto de beleza, respeito, e espírito de aventura, tentando domar o
indomável. E sempre com o pé do acelerador lá no fundo!
Max Mosley, ex-presidente da FIA,
declarou esta semana que gostaria que os motores da F-1 fossem mais duráveis.
Na sua opinião, isso derrubaria os custos da produção destes motores,
tornando-os mais acessíveis, defendendo a utilização de apenas 2 motores por
temporada para cada piloto. Por mim, prefiro ir na direção contrária: os
pilotos precisam ter mais unidades à sua disposição, pois se com 4 motores por
ano já tivemos vários pilotos punidos por excederem o limite, com 2 isso só
aumentaria. Pior, faria os fabricantes tornarem-se ainda mais conservadores no
desenvolvimento dos propulsores, e as chances de quebra, neste aspecto,
ficariam ainda mais difíceis, inclusive com queda da performance, a fim de
deixar as unidades mais duráveis. O público, por sinal, já demonstrou que quer
motores mais potentes, e carros mais arrojados, que ofereçam maiores desafios e
possibilidades de disputa na pista. Com limites ainda mais rigorosos em termos
de durabilidade, os fabricantes vão ficar mais arredios do que nunca na hora de
desenvolver seus projetos, e isso se estende também às escuderias. A F-1
precisa encontrar sim um novo rumo, mas para isso, precisa sair da camisa de
força em que se enfiou, e essa batalha por durabilidade começou justamente na
gestão de Mosley, cujo objetivo era cortar custos, permitindo que os times
menores tivessem melhores condições financeiras de se manter na competição. O
resultado foi que os times menos abastados continuaram perdendo para os times
mais fortes, e com os carros cada vez menos "quebráveis", aumentaram
exponencialmente o número de provas onde os abandonos foram mínimos, ou até
mesmo inexistentes, o que só ajudou a tornar mais enfadonha a categoria.
Enquanto não começam os testes
para a temporada 2016, a
equipe de A. J. Foyt confirmou neste mês de dezembro que manterá a sua dupla de
pilotos de 2015 por mais um ano. O japonês Takuma Sato, que ficou em 14° lugar
na classificação, com 323 pontos, fará sua 4ª temporada pelo time do
heptacampeão da antiga F-Indy, e terá como colega novamente o Jack Hawksworth,
que foi o 17° colocado, com 256 pontos.
E Dani Pedrosa, que terminou o
campeonato da MotoGP 2015 na 4ª colocação, depois de um início de ano
complicado na competição, está enrolado com a Receita federal espanhola, que
segundo notícias, teria nada menos do que 6 milhões a cobrar do piloto da
equipe oficial da Honda. Segundo o que foi divulgado, Pedrosa tenta fazer um
acordo de pagamento com a Fazenda espanhola, mas até agora não conseguiu dobrar
as autoridades públicas. Seria melhor se Pedrosa acertasse essa pendência
logo... Em países do Primeiro Mundo, o bicho pega pesado quando o assunto é
sonegação. Basta lembrar o caso de Hélio Castro Neves, que alguns anos atrás
quase foi parar na cadeia americana por dívidas com o Leão nos Estados Unidos.
E Dani que fique esperto, pois ultimamente o fisco espanhol tem feito marcação
em vários nomes importantes do esporte, entre eles o argentino Messi e o
brasileiro Neymar, que também estão sendo acusados de evasão fiscal. E a
Receita espanhola promete não dar mole, até porque ultimamente o mundo do
futebol vem dando vários exemplos de casos de corrupção e negócios escusos. E
eles não serão complacentes como algumas autoridades brasileiras...
Depois de estipular a meta de
vencer pelo menos duas corridas no campeonato do ano passado, e conseguir
vencer 3 corridas, além de obter o vice-campeonato de construtores, a Ferrari
vai ser bem mais ambiciosa nesta temporada da Fórmula 1. O presidente Sergio
Marchionne, é quem já avisa que nada menos do que o título é esperado para 2016,
revelando que os objetivos de reorganização da escuderia foram não apenas
atingidos em 2015 como até superados. Portanto, para a temporada que se inicia
em março, a nova meta é bater a Mercedes e lutar efetivamente pelo título. Maurizio
Arrivabene, que comanda o time de F-1, afirmou que a fala de Marchionne é mais
do que natural, e que não existe pressão adicional por isso quando se refere
aos preparativos do time para o próximo campeonato. De fato, o time italiano
conseguiu executar em 2015 um belo campeonato, livrando-se principalmente do
ambiente carregado dos últimos anos, que certamente não ajudava a facilitar o
trabalho da escuderia italiana. Mas, pela reestruturação pela qual o time
passou, com mudança da cúpula administrativa, inclusive de todo o grupo
Ferrari, do setor técnico e de pilotos da escuderia, o ano era mesmo dedicado a
uma recuperação das condições de competitividade do time. Muitos não botavam fé
de que a escuderia vermelha se portasse tão bem, no que foi uma agradável
surpresa, com todos sabendo cumprir tão-bem quanto possível seus papéis. Arrivabene
se mostrou mais do que capaz de comandar o retorno do time às primeiras colocações,
e Sebastian Vettel "vestiu" o espírito do time em tempo recorde para
ajudar a vencer 3 provas no ano, e cativar todo o time. Com tudo devidamente
azeitado e engrenado, as cobranças este ano realmente serão bem maiores. Falta
combinar com a Mercedes, porém, para se avançar bem mais do que o visto em
2015, e o time alemão certamente tem outras idéias. E se o ano não for tão bom
em resultados, veremos como ficarão as cobranças de Marchionne em cima do time.
Esperemos que os bons ares vistos no ano passado continuem, até porque o clima
na F-1 já anda mais do que carregado nos últimos tempos...
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