sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

DAKAR 2016 EM AÇÃO


"A Odisséia", no cartaz de promoção do Dakar, resume bem o espírito de competição e dificuldade do rali, que este ano cruza percursos apenas na Argentina e Bolívia.

            Ano novo, e lá se vão os "loucos do deserto" acelerando de novo, como muita gente se refere aos competidores do Dakar, o mais difícil e famoso rali do mundo, que desde 2009 é disputa na América do Sul, depois que o norte da África ficou potencialmente perigoso demais devido à proliferação de animais que se dizem "religiosos" defendendo sua versão radical do islamismo, entre outras besteiras que pregam. E, no que depender da organização da prova, o rali deverá continuar por aqui ainda por vários anos. Felizmente, o sul de nosso continente foi um substituto mais do que à altura para os desafios que eram proporcionados no norte do continente africano, o que manteve a fama do Dakar como a mais difícil prova de competição off-road do planeta.
            A edição 2016, contudo, teve vários percalços, antes e durante a competição, que chega hoje ao seu 6° dia de competição, com uma etapa de largada e chegada em Uyuni, cidade localizada no Departamento de Potosí, na Bolívia, capital da Província de Antonio Quijarro: serão mais de 540 Km de percurso especial para carros e motos, e quase 300 Km para os competidores de caminhões. Amanhã, todos saem de Uyuni com destino a Salta, onde os competidores terão um dia de descanso no domingo, antes de pegarem no batente de novo, rumo a Rosário, ponto final do rali, no dia próximo dia 16, após mais de 9 mil quilômetros percorridos.
            Chile e Peru ficaram de fora desta edição do Dakar. Os dois países andinos tiveram problemas com desastres naturais, e preferiram concentrar seus recursos na recuperação das áreas atingidas. A saída de ambos deixou a prova sem uma etapa em deserto propriamente, que era uma das grandes tradições do rali. Com isso, a competição ficou restrita à Argentina e à Bolívia, após a organização da competição precisar repensar praticamente toda a prova. Apesar da decepção dos competidores pela ausência dos trechos de deserto, a prova continua sendo extremamente atrativa para os pilotos, equipes e fábricas. Para a largada, no dia 02 de janeiro, tínhamos nada menos do que 136 motos, 45 quadriciclos, 111 carros, e 55 caminhões, para a disputa da 37ª edição do Dakar, com participantes de nada menos do que 60 países, com os franceses ocupando o maior plantel, com 15,7% dos participantes, pouca coisa à frente dos holandeses, que estão presentes com 15% dos competidores. Os argentinos, aproveitando que a prova é disputada em seu país, são o terceiro maior número de participantes, com 12,6%, seguidos pelos espanhóis, com 7,6% de competidores.
            Resolvido o impasse, a prova do Dakar enfrentou outro problema: as chuvas torrenciais que castigam a Argentina neste início de ano acabou forçando a organização a cancelar ou alterar as primeiras etapas. E não foi o único problema que surgiu: a piloto chinesa Guo Meiling, que pilotava um Mini, perdeu o controle de seu carro na etapa de prólogo que abria a disputa do rali, e acabou avançando sobre o público à beira do percurso, atropelando 10 pessoas, sendo que 3 delas foram hospitalizadas em estado grave. Meiling ficou em estado de choque com o ocorrido, e a organização optou por cancelar a etapa de prólogo da competição.
            Quando a competição começou realmente pra valer, quem começou a dar seu show foi Sébastien Loeb, o grande campeão do Mundial de Rali, com 9 títulos consecutivos. Estreante no Dakar, competindo pela equipe oficial da Peugeot, Loeb venceu 3 das primeiras etapas na competição de carros, e embora os concorrentes tenham reagido nas últimas etapas, o francês ainda permanece na liderança de sua categoria, tendo vencido mais uma etapa nesta quinta-feira, em um duelo mais do que renhido com Carlos Sainz, outra fera do rali. E Stéphane Peterhansel também chegou disposto a mostrar quem é que manda no pedaço, ao vencer a 4ª etapa, mas até ontem, ainda ocupava a 2ª posição, atrás de Loeb na classificação dos carros. Carlos Sainz vem na 3ª colocação, e o catariano Nasser Al-Attyiah, que foi campeão nos carros no ano passado, vem na 4ª posição. E a disputa entre eles promete ser bem ferrenha até a chegada em Rosario.
Mesmo sem as dunas do deserto do Atacama, os pilotos continuam acelerando firme. E voando com seus carros como de costume...
            O primeiro dia de competições a fundo também pregou um grande susto em um time de competidores. O caminhão Renault número 509 da equipe formada por Martin Van Den Brink, Rijk Mouw, e por Peter Villemsen, pegou fogo, ficando completamente destruído, mas felizmente sem resultar em ferimentos de seus ocupantes, que tiveram, obviamente, de encerrar sua participação na competição. Na quarta-feira, outro susto: o piloto Pierre Alexandre Renet, que competia na categoria motos, sofreu um acidente, sofrendo um traumatismo craniano e perdendo a consciência. Felizmente, o piloto foi levado para o hospital após a piloto Laia Sanz prestar ajuda e acionar, com algumas dificuldades, o pessoal de resgate da prova. O piloto seguia internado, mas sem fraturas decorrentes do acidente.
            Para os brasileiros, este é mais um Dakar com resultados aquém do esperado. Jean Azevedo, em sua 18ª participação no rali, optou por ajudar seu time ao ceder o radiador de sua moto para seu companheiro de equipe Javier Pizzolito, seu companheiro de equipe. O brasileiro havia sofrido um forte tombo no dia 4, logo na primeira etapa especial, e as sequelas do acidente limitaram sua performance, além dos danos no seu equipamento. Sem maiores expectativas na competição, ocupando a 96ª posição na categoria motos, o brasileiro optou por ajudar seu time, e retirou-se da prova, ao fornecer a peça de sua moto para o colega de equipe prosseguir na competição. Melhor sorte no ano que vem, então. Com quase duas décadas de experiência no Dakar, não é a primeira vez que Azevedo passa por este tipo de contratempo, e possivelmente não será a única, mas ele demonstra grande espírito de equipe e solidariedade com seus colegas de competição, algo muito valorizado neste rali.
            Quem também precisou deixar cedo o rali foi o time brasileiro formado por Guilherme Spinelli e Youssef Haddad, cuja carro apresentou problemas no motor decorrentes da entrada de água ocorrida ainda na etapa do prólogo. Isso provocou superaquecimento no óleo do propulsor e na água do sistema de refrigeração, e lá se foi mais uma edição do Dakar para ambos.
            Mas foi justamente Marcelo Medeiros, que vinha surpreendendo na competição, na nos quadriciclos, quem teve o maior azar. O piloto maranhense, que vinha na 2ª colocação, acabou sofrendo um acidente na etapa entre San Salvador de Jujuy e Uyuni. Medeiros sofreu uma queda e fraturou a clavícula. O ferimento acabou com sua excelente prova na competição, onde fazia sua estréia no Dakar. Uma pena, pois vinha andando muito bem. Mas são as desventuras do rali: tudo pode acontecer. E pelo menos é de se salientar que o ferimento não foi grave, e o brasileiro poderá se recuperar completamente e voltar para a disputa em 2017. Mas até o fechamento desta coluna, Marcelo ainda cogitava voltar para a disputa, segundo o site oficial do Dakar. Mesmo que consiga retornar, porém, a chance de um bom resultado já era, e o mais sensato mesmo é deixar a competição, até porque Medeiros ainda teria metade da competição pela frente, e em terrenos bem difíceis. Competir num quadriciclo sem estar em plenas condições, e numa prova complicada como o Dakar, pode ser forçar demais a sorte.
O mau tempo complicou o início do rali, com chuvas torrenciais inviabilizando parte das etapas iniciais.
            E o Dakar costuma ser implacável com seus competidores. Ainda temos metade da competição pela frente, e muitos ficarão pelo caminho, como outros competidores que já tiveram o desprazer de dizer adeus à competição nesta primeira semana de disputa. Mais do que nunca, chegar ao fim do rali é considerado uma verdadeira vitória, um triunfo sobre as várias adversidades que marcam a competição, onde nada é fácil, e o duelo com a natureza, desbravando seus caminhos e trilhas, envolve um misto de beleza, respeito, e espírito de aventura, tentando domar o indomável. E sempre com o pé do acelerador lá no fundo!


Max Mosley, ex-presidente da FIA, declarou esta semana que gostaria que os motores da F-1 fossem mais duráveis. Na sua opinião, isso derrubaria os custos da produção destes motores, tornando-os mais acessíveis, defendendo a utilização de apenas 2 motores por temporada para cada piloto. Por mim, prefiro ir na direção contrária: os pilotos precisam ter mais unidades à sua disposição, pois se com 4 motores por ano já tivemos vários pilotos punidos por excederem o limite, com 2 isso só aumentaria. Pior, faria os fabricantes tornarem-se ainda mais conservadores no desenvolvimento dos propulsores, e as chances de quebra, neste aspecto, ficariam ainda mais difíceis, inclusive com queda da performance, a fim de deixar as unidades mais duráveis. O público, por sinal, já demonstrou que quer motores mais potentes, e carros mais arrojados, que ofereçam maiores desafios e possibilidades de disputa na pista. Com limites ainda mais rigorosos em termos de durabilidade, os fabricantes vão ficar mais arredios do que nunca na hora de desenvolver seus projetos, e isso se estende também às escuderias. A F-1 precisa encontrar sim um novo rumo, mas para isso, precisa sair da camisa de força em que se enfiou, e essa batalha por durabilidade começou justamente na gestão de Mosley, cujo objetivo era cortar custos, permitindo que os times menores tivessem melhores condições financeiras de se manter na competição. O resultado foi que os times menos abastados continuaram perdendo para os times mais fortes, e com os carros cada vez menos "quebráveis", aumentaram exponencialmente o número de provas onde os abandonos foram mínimos, ou até mesmo inexistentes, o que só ajudou a tornar mais enfadonha a categoria.


Enquanto não começam os testes para a temporada 2016, a equipe de A. J. Foyt confirmou neste mês de dezembro que manterá a sua dupla de pilotos de 2015 por mais um ano. O japonês Takuma Sato, que ficou em 14° lugar na classificação, com 323 pontos, fará sua 4ª temporada pelo time do heptacampeão da antiga F-Indy, e terá como colega novamente o Jack Hawksworth, que foi o 17° colocado, com 256 pontos.


E Dani Pedrosa, que terminou o campeonato da MotoGP 2015 na 4ª colocação, depois de um início de ano complicado na competição, está enrolado com a Receita federal espanhola, que segundo notícias, teria nada menos do que 6 milhões a cobrar do piloto da equipe oficial da Honda. Segundo o que foi divulgado, Pedrosa tenta fazer um acordo de pagamento com a Fazenda espanhola, mas até agora não conseguiu dobrar as autoridades públicas. Seria melhor se Pedrosa acertasse essa pendência logo... Em países do Primeiro Mundo, o bicho pega pesado quando o assunto é sonegação. Basta lembrar o caso de Hélio Castro Neves, que alguns anos atrás quase foi parar na cadeia americana por dívidas com o Leão nos Estados Unidos. E Dani que fique esperto, pois ultimamente o fisco espanhol tem feito marcação em vários nomes importantes do esporte, entre eles o argentino Messi e o brasileiro Neymar, que também estão sendo acusados de evasão fiscal. E a Receita espanhola promete não dar mole, até porque ultimamente o mundo do futebol vem dando vários exemplos de casos de corrupção e negócios escusos. E eles não serão complacentes como algumas autoridades brasileiras...


Depois de estipular a meta de vencer pelo menos duas corridas no campeonato do ano passado, e conseguir vencer 3 corridas, além de obter o vice-campeonato de construtores, a Ferrari vai ser bem mais ambiciosa nesta temporada da Fórmula 1. O presidente Sergio Marchionne, é quem já avisa que nada menos do que o título é esperado para 2016, revelando que os objetivos de reorganização da escuderia foram não apenas atingidos em 2015 como até superados. Portanto, para a temporada que se inicia em março, a nova meta é bater a Mercedes e lutar efetivamente pelo título. Maurizio Arrivabene, que comanda o time de F-1, afirmou que a fala de Marchionne é mais do que natural, e que não existe pressão adicional por isso quando se refere aos preparativos do time para o próximo campeonato. De fato, o time italiano conseguiu executar em 2015 um belo campeonato, livrando-se principalmente do ambiente carregado dos últimos anos, que certamente não ajudava a facilitar o trabalho da escuderia italiana. Mas, pela reestruturação pela qual o time passou, com mudança da cúpula administrativa, inclusive de todo o grupo Ferrari, do setor técnico e de pilotos da escuderia, o ano era mesmo dedicado a uma recuperação das condições de competitividade do time. Muitos não botavam fé de que a escuderia vermelha se portasse tão bem, no que foi uma agradável surpresa, com todos sabendo cumprir tão-bem quanto possível seus papéis. Arrivabene se mostrou mais do que capaz de comandar o retorno do time às primeiras colocações, e Sebastian Vettel "vestiu" o espírito do time em tempo recorde para ajudar a vencer 3 provas no ano, e cativar todo o time. Com tudo devidamente azeitado e engrenado, as cobranças este ano realmente serão bem maiores. Falta combinar com a Mercedes, porém, para se avançar bem mais do que o visto em 2015, e o time alemão certamente tem outras idéias. E se o ano não for tão bom em resultados, veremos como ficarão as cobranças de Marchionne em cima do time. Esperemos que os bons ares vistos no ano passado continuem, até porque o clima na F-1 já anda mais do que carregado nos últimos tempos...

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