As atuais unidades híbridas e potência permanecem firmes na F-1 até 2020. |
E parece que os
fabricantes de motores da F-1 conseguiram chegar a um consenso com a FIA e as
escuderias depois de uma série de reuniões na Suíça durante esta semana.
Basicamente, os pontos centrais que teriam sido definidos seria o custo menor
do fornecimento dos propulsores, e sua manutenção até pelo menos 2020. Os
motores alternativos, proposta de Bernie Ecclestone e Jean Todt para tentar
melhorar as condições de competição na categoria, não verão a luz da existência
até a próxima década.
O novo acordo deverá
ser válido a partir de 2018, valendo para as temporadas de 2019 e 2020. A rigor, gosto da
estabilidade técnica que isso dará à F-1 pelos próximos anos, o que deve ser
positivo para a categoria. A mudança técnica radical que estão planejando para
o ano que vem, que incluía os tais motores "alternativos", na minha
opinião, poderia bagunçar um pouco mais a situação do que já anda bagunçado.
Não que a F-1 não precise de correções no aspecto técnico, mas torno a repetir
que as regras de competição são o principal problema na categoria, e não
exatamente o aspecto técnico das novas unidades de potência que são utilizadas
desde 2014.
Claro que seria
importante a F-1 dispor de novos fornecedores de motores, até porque o número
atual é muito baixo. Mercedes, Honda, Ferrari e Renault procuraram garantir nas
reuniões que todos os times serão abastecidos. O fato das regras técnicas
ficarem estáveis até 2020 deveria ser um bom incentivo para novas marcas
investirem na categoria no fornecimento de propulsores, não necessariamente em
termos de propulsor "alternativo", mas na entrada de novas unidades
nos padrões já conhecidos. Mas aí, como já mencionei, as regras de competição,
e não as de construção, em vigor, é o que anda espantando pretendentes a engrossar
a lista de fornecedores. Isso infelizmente foi algo não tratado na reunião, ou
pelo menos, não conseguiu passar a ponto de ser visto como essencial. Mas houve
algo a se comemorar, pelo menos na redução do custo das unidades.
Pelos acordos
firmados, o valor dos motores deve cair quase pela metade, passando dos atuais
mais de 20 milhões de euros anuais para o máximo de 12 milhões de euros. Já é
um bom começo, que certamente vai ajudar a desafogar um pouco o aperto
financeiro pelo qual passa praticamente metade do grid da categoria. Não é
solução para tudo, mas apenas um passo na direção certa. Infelizmente, pontos
do regulamento, pelo menos no que foi divulgado, continuam como estão, sendo o
limite de 4 unidades por ano para cada piloto um dos pontos que deveriam ser
revistos, entre vários outros.
Reclamações dos fãs
com relação à potência dos motores atuais infelizmente batem de frente com a
limitação de unidades, o que significa que o ponto central será sua
durabilidade e confiabilidade, e para isso não ser comprometido, a evolução de
performance das unidades de força será menor do que a desejada. Falava-se de
retomar o uso de motores de mil cavalos em 2017, mas as atuais unidades turbo
não estão tão longe assim dessa marca. Computados a unidade turbo e seus
sistemas de recuperação de energia, pode-se estimar a potência dos mesmos hoje,
na melhor das hipóteses, em cerca de 850 HPs. Não é um valor baixo, se levarmos
em consideração que no seu último ano de existência, na década passada, as
unidades V-10 aspiradas de 3,0
litros chegavam a pouco mais de 900 HPs, atingindo
aproximadamente as 20 mil rotações por minuto. Em outras palavras, os
equipamentos atuais, com as unidades V-6 de 1,6 litros, girando a
cerca de 13 mil rotações, se mostra muito mais eficiente do que os antigos
motores. Mas mesmo a evolução gradual do equipamento, nas regras atuais, deve
garantir que as unidades atinjam mais de 900 HPs de potência em 2017, o que não
estaria de todo mal. Vale lembrar que os novos motores podem chegar às 15 mil
rotações, folga que só não é utilizada por questão da durabilidade e
fiabilidade. pela limitação de 4 motores por piloto.
Se a FIA soltar um
pouco as amarras de evolução dos motores, que permanecem bem restritos, as
fábricas poderão promover bons avanços nesta área, mas o tema da economia e
redução de custos permanece um grande obstáculo, e dificilmente a FIA irá
liberar as mudanças que as fábricas podem realizar além dos limites atuais. E,
depois de conseguir a redução do valor de venda dos motores, as fábricas
certamente ficarão mais reticentes em promover avanços de performance significativos,
pois isso demandaria mais gastos, e certamente, uma cobrança maior pelas
unidades. Mas seria bom se liberassem o uso de mais unidades por piloto: apenas
4 por temporada é um número absolutamente ridículo, e não é a primeira vez que
falo isso aqui.
Economia é importante,
mas os maiorais andam exagerando em alguns aspectos. Uma das decisões para
reduzir custos é limitar o número do sistema de transmissões do carro que os
pilotos terão à sua disposição, que deve ser de apenas 3 conjuntos para a
temporada. E adivinhe o que acontece com o piloto que exceder o limite de
unidades? Punição com perda de posições no grid.
É esse percalço de
limitação de gastos, implantado a ferro e fogo, que está estrangulando a oferta
de novas unidades. Os motores podem ser complexos e complicados, mas a
tecnologia das novas unidades híbridas está sendo desvendada: hoje, elas são
muito mais acessíveis e menos complexas de entender do que eram há dois anos
atrás. O domínio da nova tecnologia, que atraiu as fábricas para o desafio, com
o intuito de implantarem essa tecnologia ecologicamente mais correta em suas
linhas de montagem, vai se estendendo a cada dia. E certamente outras fábricas
tem interesse em reforçar sua posição neste quesito. Mas o regulamento da F-1
não lhes é atraente.
Cito talvez o exemplo
mais óbvio de todos: a Red Bull andou cortejando a Volkswagen recentemente,
tencionando obter um propulsor mais eficiente que o Renault para seus carros. A
base de seu projeto certamente seria utilizar a tecnologia da Audi, já
amplamente desenvolvida no Mundial de Endurance, que usa unidades híbridas
similares às da F-1. Mas, a Volkswagen acabou se metendo em seus próprios
rolos, o que inviabilizou o acordo. Mas, mesmo antes disso, a Audi já
desdenhava da F-1, alegando que a categoria máxima do automobilismo não lhe
dava atratividade suficiente para fazer parte da competição. No entanto, a Audi
está firme na Endurance, com seu protótipos híbridos, que em nada ficam a dever
à tecnologia de competição da F-1. O problema então não é exatamente a
tecnologia. É o modo como a F-1 se encontra atualmente, cheia de frescuras no
regulamento técnico de competição. Coisas como limites de unidades, e de
desenvolvimento, além de outra chatices que a fábrica de Ingolstadt prefere
simplesmente evitar de se meter. Em outras palavras, maior liberdade de
atuação, sem a camisa de força em que a F-1 se enfiou nos últimos tempos.
São frescuras que não
existem no Mundial de Endurance, ou são muito menores. Em tempos em que a F-1
não era cheia de idiotices como essas, as fábricas estavam loucas para
ingressar na categoria, quase chegando a fazer fila para entrar. Só não havia
mais pretendentes porque a F-1, em sua escalada de custos, ficou reduzida a
quase 10 times na maioria dos últimos 15 anos. Hoje, pelo rumo atual imposto,
até marcas que lá já estiveram, como Peugeot, BMW, ou Toyota, nem querem saber
mais da F-1. E no caso da Audi, ainda falo de uma marca com conhecimento
considerável de tecnologia das unidades híbridas turbo de competição, o mesmo valendo
para a Porsche, que foi campeã do Mundial de Endurance no ano passado, e que
também não tem a F-1 como interesse de competição.
E se quem tem know-how
para fazer bonito na brincadeira não está a fim de entrar no jogo pelas
frescuras das limitações de trabalho impostas, o que dizer que marcas, ou
preparadores independentes que precisariam de liberdade para atuarem em seus
projetos, conhecê-los, dominar sua tecnologia e desenvolvê-los, além de
fornecer a um preço acessível, se ele sabe que se entrar, é quase uma via de
mão única, com pouquíssimas chances de corrigir seus desvios e de implantar
melhorias de acordo com a necessidade? Os motores "alternativos", por
serem mais simples, despertaram a atenção, até porque certamente enfrentariam
menos dificuldades de se tornarem mais competitivos do que os motores híbridos.
Foi uma proposta de solução interessante, mas que exigiria bater de frente com
os atuais fornecedores, que com sua força atual, seria bem mais complicado de
implantar.
Mais viável seria descomplicar
o regulamento de competição, de forma que novos fabricantes se sentissem
atraídos a entrar na categoria, algo extremamente necessário em virtude do
vexame visto pela Honda em todo o ano passado, com uma unidade que não oferecia
nem potência e nem confiabilidade. E, amordaçada pelo regulamento, sem poder
corrigir a unidade da forma como isso deveria ser tratado. Que fabricante vai
embarcar nessa canoa literalmente furada? Se o regulamento fosse mais liberado,
prevendo desenvolvimento, se não livre, mas muito mais acessível aos
fabricantes, estes certamente poderiam se sentir tentados a desbravar o
desafio, com a possibilidade de efetuarem as correções necessárias no projeto,
o que não é permitido quase pelo regulamento de competição. Mas isso, por incrível
que pareça, não foi discutido literalmente. E, sem que estas regras sejam
modificadas, deixando a categoria mais livre para atuar no desenvolvimento
técnico, tão cedo não veremos novos participantes na lista de fornecedores.
Infelizmente, as especificações
técnicas dos atuais motores híbridos já são um grande desafio, exigindo que
quem queira fornecer este tipo de equipamento precise de uma boa base
financeira para atuar no seu fornecimento. A Cosworth, que fabricou o lendário
V-8 aspirado que revolucionou a categoria nos anos 1960, o fez através de um
financiamento proporcionado pela Ford, que deu nome ao motor. O investimento
não foi caro para os resultados proporcionados, mas hoje tal atitude exige
somas bem mais amplas, que não são acessíveis a muitos. A própria Cosworth já
declarou que tem um projeto de unidade híbrida para competir na F-1 atual, mas
que não tem os recursos necessários para construir e desenvolver o equipamento.
E se a Cosworth, com toda a sua reputação, não tem esses recursos, dificilmente
outra companhia independente teria, a menos que seja financiada por alguma
empresa que possua estes recursos.
Mas, novamente,
voltamos ao mesmo problema de sempre: a limitação de desenvolvimento imposta
pelo regulamento de competição. E aí, quem vai querer botar a cara para quebrar
se não oferecer um equipamento competitivo, e não poder desenvolvê-lo?
A F-1 já foi
extremamente ágil e rápida no seu desenvolvimento técnico e criação e adaptação
de conceitos. Hoje está empacada quando precisa encontrar uma solução para o
beco sem saída em que se enfiou, que exige soluções conhecidas e até óbvias,
mas às quais não consegue, ou não quer, implementar. A redução dos custos foi o
único ponto positivo resultante dessas reuniões, o que deve ajudar um pouco as
finanças combalidas de meio grid. E nem mencionei outra regra simples que
poderia ser implantada, mas que certamente nem veio a ser discutida, por
motivos talvez mais do que previsíveis dos fabricantes: a de obrigar cada marca
a fornecer unidades idênticas para todos os seus times competidores, evitando
que a Mercedes abasteça Williams e Force India com unidades menos eficientes, o
que a Ferrari também pode fazer com Sauber, Hass, Toro Rosso, e Manor. Isso já
ajudaria muito a competitividade na pista.
Idéias simples, mas
que parecem muito complicadas para a categoria máxima do automobilismo
atualmente. A que ponto a F-1 chegou...
As equipes da MotoGP começam a se
preparar para a temporada 2016. Em Barcelona, na última segunda-feira, a Yamaha
fez a apresentação de sua escuderia oficial para a temporada deste ano,
contando com o atual campeão Jorge Lorenzo, além do vice-campeão da temporada
passada, Valentino Rossi. A apresentação, feita na sede da Movistar,
patrocinadora principal da escuderia de Ywata, contou com a apresentação do
novo modelo YZR-M1, com o qual Lorenzo e Rossi disputarão a temporada. Para
Valentino Rossi, o campeonato é uma nova oportunidade de vencer novamente, e
garante que este não deverá ser o ano de sua aposentadoria, tendo planos de
permanecer competindo em 2017. O piloto italiano garante que já superou a
desilusão da perda do título de 2015 e que está com mais fome de vencer do que
nunca. Para Valentino, um dos pontos em que a Yamaha precisará melhorar é na
velocidade final, considerada um dos pontos fracos no ano passado. Mas o piloto
também levantou dois pontos importantes no campeonato desta temporada, como os
novos pneus da Michelin, um pouco mais largos do que os Bridgestone utilizados
até o ano passado, bem como a nova centralina eletrônica padrão que as equipes
deverão utilizar. No fim da semana que vem, a categoria faz sua primeira sessão
coletiva de testes, na pista de Sepang, na Malásia. Apesar do clima
"cordial" entre Lorenzo e Rossi, há quem garanta que o clima na escuderia
continua quente entre ambos. Veremos se eles voltarão a se bicar na pista na
abertura do campeonato, marcada para o dia 20 de março na pista de Losail, no
Qatar.
Quem também fez sua apresentação
oficial para a temporada 2016 da categoria rainha do motociclismo foi a Pramac,
equipe satélite da Ducati, que compete com os modelos da fábrica italiana. O
evento foi realizado em Siena, na Itália, na última quarta-feira. A escuderia
também apresentou sua dupla de pilotos para o campeonato, que será formada por
Scott Redding e Danilo Petrucci. Ambos irão competir com a mesma especificação
técnica usada no ano passado pelas Ducati oficiais de fábrica, que foram
conduzidas por Andrea Dovizioso e Andrea Iannone. A Pramac está celebrando 15
anos de sua estréia na competição, ocorrida em 2002, e todos no time estão
otimistas em conseguir realizar uma boa temporada. No ano passado, Danilo
Petrucci ficou em 10° colocado no mundial, com 113 pontos, enquanto Yonny
Hernandez foi o 14°, com 56 pontos. Hernandez foi substituído por Scott Redding
para esta temporada. A escuderia foi a 6ª colocada na classificação de equipes
em 2015.
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