Para
começar o ano novo de 2016, trago mais um de meus antigos textos. Este foi
publicado em 18 de julho de 1997, e o assunto era a volta de Jacques Villeneuve
a conquistar uma vitória e impor respeito novamente no campeonato daquele ano,
que começava a ver uma ameaça mais do que real por parte da Ferrari em
conquistar o título. Na verdade, a Williams continuava a ter o melhor carro da
competição, mas seus pilotos, a exemplo do que haviam feito em 1995, não
estavam capitalizando a vantagem de seu equipamento, tendo o piloto canadense
ficado fora de combate nas etapas anteriores por erros próprios, e não por
problemas de performance. E Michael Schumacher, claro, não desperdiçava suas
oportunidades. Mas uma hora, a sorte mudaria de lado, e foi o que se viu na
etapa da Inglaterra, no fim de semana anterior. A disputa seguiria ferrenha até
o fim do ano, com Villeneuve conquistando seu único título na F-1, e a Williams
o seu último campeonato na categoria. E já vão quase 20 anos daquela última
conquista. Será que veremos a tradicional escuderia voltar a vencer um
campeonato? Neste ano, muito provavelmente não, mas quem sabe ainda podemos ter
surpresas? Sonhar ainda é permitido. Boa leitura com o texto, pessoal.
DE VOLTA AO COMBATE
Depois
de ficar duas etapas literalmente fora de combate, o canadense Jacques
Villeneuve voltou a obter um resultado de alto nível ao vencer o Grande Prêmio
da Inglaterra no último domingo. Mas foi preciso muita sorte para que isso
acontecesse, do contrário, a situação do piloto no mundial estaria ainda mais
complicada.
Se
a Ferrari teve sorte nas demais etapas, em Silverstone o azar atacou com tudo,
deixando tanto Michael Schumacher quanto Eddie Irvinne a pé durante a corrida.
Ambos os pilotos podiam complicar muito as coisas para a Williams. Na verdade,
Schumacher já estava se mandando na frente para mais uma vitória, quando teve
problemas no carro. Já Irvinne se aproximava de Villeneuve, podendo ser uma
forte ameaça. Nem mesmo Mika Hakkinen ficou no seu caminho, abandonando pela
quebra do motor Mercedes de sua McLaren.
Até
mesmo Heinz-Harald Frentzen, que tinha começado a ascender na escuderia,
andando sempre à frente de seu colega canadense, retrocedeu na corrida, andando
como um afobado tentando recuperar posições e tocando em outros carros, motivo
que o levou a abandonar a prova inglesa.
A
semana passada foi pródiga em declarações e conversas, especialmente pelos
lados da Williams, onde Villeneuve declarou publicamente que o time não tinha
mais um excelente carro e que a concorrência passava a dar as cartas no
campeonato. O tom das declarações pegou mal na escuderia, visto que os motivos
do mal desempenho de Villeneuve nas etapas anteriores foram provocados por
erros cometidos pelo próprio piloto. No Canadá Jacques bateu logo no final da
2ª volta, quando tentava pressionar Michael Schumacher; em Magny-Cours o
canadense rodou de novo, em nova tentativa de pressionar um competidor à sua
frente, desta vez Eddie Irvinne, da Ferrari. Para quem era apontado com um
piloto muito superior a Damon Hill, o canadense parece ter perdido o tato. Até
seu estilo de corrida e estratégia parecem ter sido esquecidos, pois Schumacher
estava derrotando o canadense com as mesmas táticas que Villeneuve usou para
ser o campeão da F-Indy em 1995: regularidade e constância. A expectativa no
início do campeonato, afinal, era tanta em relação ao favoritismo disparado da
Williams que, depois da corrida da França, a escuderia estaria passando por uma
crise, assustada com o aparente domínio da Ferrari e de Michael Schumacher.
Com
a vitória no GP da Inglaterra, Villeneuve não apenas reergue seu moral como põe
em xeque a capacidade da Williams, que em seu primeiro pit stop fez o canadense
ficar mais de 30s parado no Box devido a problemas na colocação de uma roda.
Isso já foi suficiente para trazer à tona lembranças do que ocorreu em seu
carro em Suzuka no ano passado, onde o piloto perdeu uma das rodas traseiras
poucas voltas depois efetuar uma troca de pneus nos pits.
Seja
como for, Jacques Villeneuve está de volta ao combate, e o próximo round desta
batalha é em Hockenhein, Alemanha. Lá, na casa de Michael Schumacher, vamos ver
se o piloto da Williams recuperou todo o seu moral e confiança.
A F-CART segue em
frente. Depois do veloz GP de Cleveland, disputado no último
domingo, os pilotos da categoria disputam neste final de semana o GP de
Toronto, em um circuito montado nas ruas junto do Centro de Exposições da
cidade. Gil de Ferran, que tem subido ao pódio em todas as últimas provas, está
confiante em poder assumir a liderança do campeonato já nesta corrida, mas a
parada vai ser dura. Paul Tracy, o líder da competição, e Greg Moore, o
vice-líder, são canadenses, e vão dar tudo o que podem perante o seu público.
Quem também entra com força para parada é Alessandro Zanardi, novamente com a
cotação em alta na luta pelo título depois da espetacular vitória em Cleveland.
A Stewart teve em Silverstone o seu pior fim de semana na F-1. Rubens
Barrichello foi o mais lento na classificação para a corrida e teve nada menos
do que 3 motores novos quebrados no fim de semana. Quando tentou fazer sua
classificação no sábado pela última vez, seu motor soltou tanta fumaça na área
dos boxes que ninguém conseguia enxergar direito. Alguns engraçadinhos de
plantão disseram que a Stewart deveria providenciar um novo equipamento: buzina
de nevoeiro...
Damon Hill teve em Silverstone sua melhor atuação do ano, terminando a
corrida em 6º lugar e marcando seu primeiro ponto no campeonato. A bandeirada
de chegada do atual campeão mundial foi mais comemorada do que a do vencedor da
corrida, Jacques Villeneuve. A cotação de Hill está em alta, e tudo indica que
ele deverá voltar para um time de ponta em 1998. Fontes de bastidores dizem que
a McLaren é a favorita na parada.
Por falar em McLaren, o desempenho do time de Ron Dennis finalmente vem
mostrando forte evolução. Jacques Villeneuve, na entrevista coletiva depois da
corrida, alegou que não teria problemas em passar a McLaren de Mika Hakkinen
nas voltas finais da prova, caso ele não tivesse abandonado. Na verdade, não
seria tão fácil como ele alegou: no primeiro trecho do circuito, a Williams era
0s4 mais veloz que a McLaren, mas Hakkinen recuperava a desvantagem no restante
do circuito. Villeneuve se aproximava um pouco nas curvas, mas nas retas a
McLaren mostrava a força do motor Mercedes, que é um propulsor de respeito e
muito potente. Seja como for, foi uma pena que tenha quebrado. A luta pela
vitória da corrida teria tudo para ser espetacular...
Depois do seu excelente desempenho em Silverstone, Alexander Wurz será
o 2º piloto da equipe Sauber pelo resto do campeonato. Gerhard Berger retorna
na próxima corrida ao seu lugar na Benetton, mas um tanto desprestigiado depois
do desempenho do novato que o substituiu em apenas 3 corridas. O mesmo vale
para Jean Alesi, que também não andou fazendo nada de relevante nestas
provas...
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