sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

ARQUIVO PISTA & BOX - JULHO DE 1997 - 18.07.1997



            Para começar o ano novo de 2016, trago mais um de meus antigos textos. Este foi publicado em 18 de julho de 1997, e o assunto era a volta de Jacques Villeneuve a conquistar uma vitória e impor respeito novamente no campeonato daquele ano, que começava a ver uma ameaça mais do que real por parte da Ferrari em conquistar o título. Na verdade, a Williams continuava a ter o melhor carro da competição, mas seus pilotos, a exemplo do que haviam feito em 1995, não estavam capitalizando a vantagem de seu equipamento, tendo o piloto canadense ficado fora de combate nas etapas anteriores por erros próprios, e não por problemas de performance. E Michael Schumacher, claro, não desperdiçava suas oportunidades. Mas uma hora, a sorte mudaria de lado, e foi o que se viu na etapa da Inglaterra, no fim de semana anterior. A disputa seguiria ferrenha até o fim do ano, com Villeneuve conquistando seu único título na F-1, e a Williams o seu último campeonato na categoria. E já vão quase 20 anos daquela última conquista. Será que veremos a tradicional escuderia voltar a vencer um campeonato? Neste ano, muito provavelmente não, mas quem sabe ainda podemos ter surpresas? Sonhar ainda é permitido. Boa leitura com o texto, pessoal.


DE VOLTA AO COMBATE

            Depois de ficar duas etapas literalmente fora de combate, o canadense Jacques Villeneuve voltou a obter um resultado de alto nível ao vencer o Grande Prêmio da Inglaterra no último domingo. Mas foi preciso muita sorte para que isso acontecesse, do contrário, a situação do piloto no mundial estaria ainda mais complicada.
            Se a Ferrari teve sorte nas demais etapas, em Silverstone o azar atacou com tudo, deixando tanto Michael Schumacher quanto Eddie Irvinne a pé durante a corrida. Ambos os pilotos podiam complicar muito as coisas para a Williams. Na verdade, Schumacher já estava se mandando na frente para mais uma vitória, quando teve problemas no carro. Já Irvinne se aproximava de Villeneuve, podendo ser uma forte ameaça. Nem mesmo Mika Hakkinen ficou no seu caminho, abandonando pela quebra do motor Mercedes de sua McLaren.
            Até mesmo Heinz-Harald Frentzen, que tinha começado a ascender na escuderia, andando sempre à frente de seu colega canadense, retrocedeu na corrida, andando como um afobado tentando recuperar posições e tocando em outros carros, motivo que o levou a abandonar a prova inglesa.
            A semana passada foi pródiga em declarações e conversas, especialmente pelos lados da Williams, onde Villeneuve declarou publicamente que o time não tinha mais um excelente carro e que a concorrência passava a dar as cartas no campeonato. O tom das declarações pegou mal na escuderia, visto que os motivos do mal desempenho de Villeneuve nas etapas anteriores foram provocados por erros cometidos pelo próprio piloto. No Canadá Jacques bateu logo no final da 2ª volta, quando tentava pressionar Michael Schumacher; em Magny-Cours o canadense rodou de novo, em nova tentativa de pressionar um competidor à sua frente, desta vez Eddie Irvinne, da Ferrari. Para quem era apontado com um piloto muito superior a Damon Hill, o canadense parece ter perdido o tato. Até seu estilo de corrida e estratégia parecem ter sido esquecidos, pois Schumacher estava derrotando o canadense com as mesmas táticas que Villeneuve usou para ser o campeão da F-Indy em 1995: regularidade e constância. A expectativa no início do campeonato, afinal, era tanta em relação ao favoritismo disparado da Williams que, depois da corrida da França, a escuderia estaria passando por uma crise, assustada com o aparente domínio da Ferrari e de Michael Schumacher.
            Com a vitória no GP da Inglaterra, Villeneuve não apenas reergue seu moral como põe em xeque a capacidade da Williams, que em seu primeiro pit stop fez o canadense ficar mais de 30s parado no Box devido a problemas na colocação de uma roda. Isso já foi suficiente para trazer à tona lembranças do que ocorreu em seu carro em Suzuka no ano passado, onde o piloto perdeu uma das rodas traseiras poucas voltas depois efetuar uma troca de pneus nos pits.
            Seja como for, Jacques Villeneuve está de volta ao combate, e o próximo round desta batalha é em Hockenhein, Alemanha. Lá, na casa de Michael Schumacher, vamos ver se o piloto da Williams recuperou todo o seu moral e confiança.


A F-CART segue em frente. Depois do veloz GP de Cleveland, disputado no último domingo, os pilotos da categoria disputam neste final de semana o GP de Toronto, em um circuito montado nas ruas junto do Centro de Exposições da cidade. Gil de Ferran, que tem subido ao pódio em todas as últimas provas, está confiante em poder assumir a liderança do campeonato já nesta corrida, mas a parada vai ser dura. Paul Tracy, o líder da competição, e Greg Moore, o vice-líder, são canadenses, e vão dar tudo o que podem perante o seu público. Quem também entra com força para parada é Alessandro Zanardi, novamente com a cotação em alta na luta pelo título depois da espetacular vitória em Cleveland.


A Stewart teve em Silverstone o seu pior fim de semana na F-1. Rubens Barrichello foi o mais lento na classificação para a corrida e teve nada menos do que 3 motores novos quebrados no fim de semana. Quando tentou fazer sua classificação no sábado pela última vez, seu motor soltou tanta fumaça na área dos boxes que ninguém conseguia enxergar direito. Alguns engraçadinhos de plantão disseram que a Stewart deveria providenciar um novo equipamento: buzina de nevoeiro...


Damon Hill teve em Silverstone sua melhor atuação do ano, terminando a corrida em 6º lugar e marcando seu primeiro ponto no campeonato. A bandeirada de chegada do atual campeão mundial foi mais comemorada do que a do vencedor da corrida, Jacques Villeneuve. A cotação de Hill está em alta, e tudo indica que ele deverá voltar para um time de ponta em 1998. Fontes de bastidores dizem que a McLaren é a favorita na parada.


Por falar em McLaren, o desempenho do time de Ron Dennis finalmente vem mostrando forte evolução. Jacques Villeneuve, na entrevista coletiva depois da corrida, alegou que não teria problemas em passar a McLaren de Mika Hakkinen nas voltas finais da prova, caso ele não tivesse abandonado. Na verdade, não seria tão fácil como ele alegou: no primeiro trecho do circuito, a Williams era 0s4 mais veloz que a McLaren, mas Hakkinen recuperava a desvantagem no restante do circuito. Villeneuve se aproximava um pouco nas curvas, mas nas retas a McLaren mostrava a força do motor Mercedes, que é um propulsor de respeito e muito potente. Seja como for, foi uma pena que tenha quebrado. A luta pela vitória da corrida teria tudo para ser espetacular...


Depois do seu excelente desempenho em Silverstone, Alexander Wurz será o 2º piloto da equipe Sauber pelo resto do campeonato. Gerhard Berger retorna na próxima corrida ao seu lugar na Benetton, mas um tanto desprestigiado depois do desempenho do novato que o substituiu em apenas 3 corridas. O mesmo vale para Jean Alesi, que também não andou fazendo nada de relevante nestas provas...

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