quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

ARQUIVO PISTA & BOX - AGOSTO DE 1997 - 01.08.1997



            Trazendo novamente mais um de meus antigos textos, esta coluna foi publicada em 1° de agosto de 1997, e dissertava sobre os times centenários em vitórias na F-1, que se resumiam a apenas 3 nomes na história da categoria: Ferrari, McLaren, e Williams, sendo esta a última a atingir o patamar de 100 triunfos, obtido pela vitória de Jacques Villeneuve no Grande Prêmio da Inglaterra daquele ano. Curiosamente, as três escuderias ainda são as únicas hoje a exibir um plantel de vitórias acima dos três dígitos. A Ferrari atualmente contabiliza 224 vitórias, um número turbinado pelos anos de domínio de Michael Schumacher na primeira metade da década passada. A McLaren segue na segunda colocação, com 182 vitórias; já a Williams, apesar da escassez de triunfos que experimentou nos últimos 10 anos na categoria, ainda se mantém na 3ª posição, com 114 vitórias.
            Das potências atuais da F-1, a Mercedes conta com 45 vitórias, enquanto a Red Bull, muito mais jovem, detém 50. Mesmo assim, ainda estão longe da Lotus, que ainda possui a 4ª marca, com 81 triunfos. Os números das demais escuderias que já venceram na categoria não são tão vistosos. Pelo andar das coisas na categoria máxima do automobilismo, Mercedes e Red Bull ainda vão demorar a ingressar no clube das vencedoras com mais de 100 triunfos, mas é questão de tempo, e pelo menos por enquanto, a Mercedes está em vantagem para diminuir essa diferença, e mesmo assim, ainda vai levar várias temporadas, no ritmo atual de domínio.
            Fiquem agora com o texto, e boa leitura...


O CLUBE DAS CENTENÁRIAS

            A Fórmula vive grandes momentos atualmente. Está recuperando boa parte de sua competitividade e os grandes duelos da categoria estão muito próximos de retornar. Mas, alheios a tudo isso, muitas outras disputas ocorrem na F-1, em nível mais discreto. Uma destas disputas, por exemplo, é a que vou contar aqui hoje, e que envolve as equipes centenárias da F-1.
            Estas escuderias tem este nome pelo fato de serem os times que já acumularam mais de 100 vitórias na F-1 até hoje. E a lista é bem restrita, pois só 3 times conseguiram até agora esta marca: Ferrari, McLaren e Williams. Cada equipe em anos diferentes, com pilotos diferentes e motores idem.
            O primeiro time a romper a barreira dos 100 triunfos foi, como não poderia deixar de ser, a Ferrari. O time mais carismático de todo o mundo do automobilismo atingiu sua 100ª vitória no Grande Prêmio da França de 1990, com Alain Prost ao volante de uma Ferrari 641/B, no circuito de Paul Ricard. O segundo time a atingir esta marca foi a McLaren, com uma vitória espetacular de Ayrton Senna em Interlagos no GP do Brasil de 1993, ao volante de um McLaren MP4/8 Ford. E o último time a atingir a marca de 100 vitórias foi a Williams, que alcançou este número com a vitória de Jacques Villeneuve no Grande Prêmio da Inglaterra deste ano, em Silverstone, pilotando um Williams FW19 Renault.
            Alguns pontos comuns marcam todas estas escuderias. Todas são times de ponta da F-1 há vários anos. Com exceção da McLaren e da Williams, que começaram de baixo, apenas a Ferrari já estreou na F-1 como um nome de respeito. Estas equipes também são as que mais venceram campeonatos na F-1. Levando-se em conta que já foram disputados até o GP da Alemanha domingo passado 617 GPs desde o início do campeonato mundial de F-1 em 1950, só estas 3 escuderias já venceram quase a metade de todos as corridas disputadas até hoje. Depois destes 3 times, a equipe que mais venceu foi a lendária Lótus, que acumulou 79 vitórias. Como a Lótus infelizmente faliu, demorará muito tempo até que outro time venha a atingir esta marca; a Benetton só tem 26 vitórias até agora. Outros times que já venceram foram a Ligier (atual Prost) e a Tyrrel, que foi um time de ponta em seus primeiros anos, mas hoje está relegada ao pelotão intermediário.
            Tendo estreado em 1950, a Ferrari só alcançou sua primeira vitória em 1951, no Grande Prêmio da Inglaterra, em Silverstone, com o argentino José Froilan Gonzalez, ao volante de uma Ferrari 375-2S. A 100ª vitória veio no 463º GP disputado pela escuderia, 39 anos, 11 meses e 25 dias depois de seu primeiro triunfo, acumulando 1.563 pontos neste período, o que dá uma média de 3,38 pontos por GP, além de 108 poles-positions, 8 títulos de pilotos e 8 de construtores. O primeiro título da escuderia foi em 1952, com Alberto Ascari, pilotando uma Ferrari 500.
            Segunda colocada no ranking da F-1, a McLaren levou menos tempo para atingir sua 100ª vitória. O primeiro triunfo do time, que estreou na F-1 em 1966, foi no GP da Bélgica de 1968, em Spa-Francorchamps, com um McLaren M7A Ford, com seu fundador Bruce McLaren ao volante. De lá até o GP do Brasil de 93, a McLaren atravessou 380 GPs, totalizando 78 poles, 1.649,5 pontos (média de 4,34 pontos por corrida), além de 7 títulos de construtores e 8 de pilotos, no espaço de 25 anos, 9 meses e 17 dias. O 1º título do time veio apenas em 1974, com Émerson Fittipaldi pilotando o lendário McLaren M23 Ford.
            A Williams, última equipe a atingir 100 vitórias, levou menos tempo ainda. Da primeira vitória da equipe que estreou em 1973 (ainda com o nome Iso; o nome Williams só seria efetivado em 1977, ano oficial da fundação da Williams Grand Prix Engineering), veio no GP da Inglaterra de 1979, com Clay Regazooni pilotando um Williams FW07 Ford. A 100ª vitória, no mesmo GP e mesmo circuito (Silverstone) veio 17 anos, 11 meses e 29 dias depois, tendo o time de Frank Williams acumulado até a presente data nada menos do que 371 GPs, 1.861,5 pontos (média de 5,02 pontos por corrida), 8 títulos de construtores e 6 títulos de pilotos. Alan Jones deu à escuderia o seu primeiro título em 1980, pilotando um Williams FW07 Ford.
            Como se pode notar pelos números, são os times mais vitoriosos da F-1 em toda a sua história. São também os times com maior estrutura na categoria. Dispõem de patrocínios milionários e contam com pilotos competentes. Vários nomes de peso da história da categoria ajudaram na conquista das vitórias de todas estas escuderias. A lista é extensa: Alain Prost, Nélson Piquet, Juan Manuel Fangio, Émerson Fittipaldi, Niki Lauda, Ayrton Senna, Nigel Mansell, Damon Hill, Gilles Villeneuve, Keke Rosberg, Alan Jones, Gerhard Berger, Michele Alboreto, Carlos Reutteman, etc. Sem dúvida uma história composta pelos maiores astros de toda a categoria.


Gerhard Berger tem mesmo a fama de acabar com determinados jejuns. A espetacular vitória em Hockenhein no último domingo pôs fim a um jejum de 26 corridas sem nenhuma pole ou vitória para a Benetton. O último triunfo da escuderia, com pole e vitória, tinha sido no GP do Japão de 1995, em Suzuka, com Michael Schumacher. Foi também o fim de um jejum para o próprio piloto, cuja última vitória tinha sido justamente na pista alemã, em 1994, com a Ferrari. Já o time de Maranello, naquele GP, também via o fim de um jejum bem longo, pois não vencia uma corrida desde o GP da Espanha de 1990. E não foi a primeira vez que Berger acabou com um jejum na Ferrari: em 1987, o piloto austríaco deu à Ferrari, em Suzuka, no Japão, a primeira vitória do time desde o triunfo de Michele Alboreto no GP daAlemanha de 1985, disputado em Nurburgring.


Na F-CART, Alessandro Zanardi conseguiu uma vitória espetacular na US500, em Michigan. O italiano da equipe Ganassi agora lidera o campeonato com 127 pontos, 6 a mais do que Paul Tracy, que chegou em 4º e acumula 121 pontos. Gil de Ferran fez mais uma corrida competente e agora é o 3º colocado no mundial, com 106 pontos, após subir ao pódio na 3ª colocação em Michigan.


Na F-3000 Internacional, tivemos dobradinha brasileira no pódio em Hockenhein. Ricardo Zonta conseguiu sua 2ª vitória na categoria, seguido de Max Wilson, que obteve um excelente 2º lugar. Jamie Davis, líder do certame com 22 pontos, ficou em 3º. Zonta assumiu a vice-liderança com 21 pontos. Max Wilson é o 5º colocado, com 11 pontos.


Ano passado, por volta desta altura do campeonato, a Ferrari tinha pego o apelido de “esquadrilha da fumaça”, por causa das constantes quebras de seus motores. Este ano o título ficou para outra equipe. Qual? Stewart! O estouro dos seus motores Ford em Hockenhein, especialmente o do carro de Jan Magnussen, foi espetacular...
 

Nenhum comentário: