Trazendo
novamente mais um de meus antigos textos, esta coluna foi publicada em 1° de
agosto de 1997, e dissertava sobre os times centenários em vitórias na F-1, que
se resumiam a apenas 3 nomes na história da categoria: Ferrari, McLaren, e
Williams, sendo esta a última a atingir o patamar de 100 triunfos, obtido pela
vitória de Jacques Villeneuve no Grande Prêmio da Inglaterra daquele ano.
Curiosamente, as três escuderias ainda são as únicas hoje a exibir um plantel
de vitórias acima dos três dígitos. A Ferrari atualmente contabiliza 224
vitórias, um número turbinado pelos anos de domínio de Michael Schumacher na
primeira metade da década passada. A McLaren segue na segunda colocação, com
182 vitórias; já a Williams, apesar da escassez de triunfos que experimentou
nos últimos 10 anos na categoria, ainda se mantém na 3ª posição, com 114
vitórias.
Das
potências atuais da F-1, a
Mercedes conta com 45 vitórias, enquanto a Red Bull, muito mais jovem, detém
50. Mesmo assim, ainda estão longe da Lotus, que ainda possui a 4ª marca, com
81 triunfos. Os números das demais escuderias que já venceram na categoria não
são tão vistosos. Pelo andar das coisas na categoria máxima do automobilismo,
Mercedes e Red Bull ainda vão demorar a ingressar no clube das vencedoras com
mais de 100 triunfos, mas é questão de tempo, e pelo menos por enquanto, a
Mercedes está em vantagem para diminuir essa diferença, e mesmo assim, ainda
vai levar várias temporadas, no ritmo atual de domínio.
Fiquem
agora com o texto, e boa leitura...
O CLUBE DAS CENTENÁRIAS
A
Fórmula vive grandes momentos atualmente. Está recuperando boa parte de sua
competitividade e os grandes duelos da categoria estão muito próximos de
retornar. Mas, alheios a tudo isso, muitas outras disputas ocorrem na F-1, em
nível mais discreto. Uma destas disputas, por exemplo, é a que vou contar aqui
hoje, e que envolve as equipes centenárias da F-1.
Estas
escuderias tem este nome pelo fato de serem os times que já acumularam mais de
100 vitórias na F-1 até hoje. E a lista é bem restrita, pois só 3 times
conseguiram até agora esta marca: Ferrari, McLaren e Williams. Cada equipe em
anos diferentes, com pilotos diferentes e motores idem.
O
primeiro time a romper a barreira dos 100 triunfos foi, como não poderia deixar
de ser, a Ferrari. O time mais carismático de todo o mundo do automobilismo
atingiu sua 100ª vitória no Grande Prêmio da França de 1990, com Alain Prost ao
volante de uma Ferrari 641/B, no circuito de Paul Ricard. O segundo time a
atingir esta marca foi a McLaren, com uma vitória espetacular de Ayrton Senna
em Interlagos no GP do Brasil de 1993, ao volante de um McLaren MP4/8 Ford. E o
último time a atingir a marca de 100 vitórias foi a Williams, que alcançou este
número com a vitória de Jacques Villeneuve no Grande Prêmio da Inglaterra deste
ano, em Silverstone, pilotando um Williams FW19 Renault.
Alguns
pontos comuns marcam todas estas escuderias. Todas são times de ponta da F-1 há
vários anos. Com exceção da McLaren e da Williams, que começaram de baixo, apenas
a Ferrari já estreou na F-1 como um nome de respeito. Estas equipes também são
as que mais venceram campeonatos na F-1. Levando-se em conta que já foram
disputados até o GP da Alemanha domingo passado 617 GPs desde o início do
campeonato mundial de F-1 em 1950, só estas 3 escuderias já venceram quase a
metade de todos as corridas disputadas até hoje. Depois destes 3 times, a
equipe que mais venceu foi a lendária Lótus, que acumulou 79 vitórias. Como a
Lótus infelizmente faliu, demorará muito tempo até que outro time venha a
atingir esta marca; a Benetton só tem 26 vitórias até agora. Outros times que
já venceram foram a Ligier (atual Prost) e a Tyrrel, que foi um time de ponta
em seus primeiros anos, mas hoje está relegada ao pelotão intermediário.
Tendo
estreado em 1950, a Ferrari só alcançou sua primeira vitória em 1951, no Grande
Prêmio da Inglaterra, em Silverstone, com o argentino José Froilan Gonzalez, ao
volante de uma Ferrari 375-2S. A 100ª vitória veio no 463º GP disputado pela
escuderia, 39 anos, 11 meses e 25 dias depois de seu primeiro triunfo,
acumulando 1.563 pontos neste período, o que dá uma média de 3,38 pontos por
GP, além de 108 poles-positions, 8 títulos de pilotos e 8 de construtores. O
primeiro título da escuderia foi em 1952, com Alberto Ascari, pilotando uma
Ferrari 500.
Segunda
colocada no ranking da F-1, a McLaren levou menos tempo para atingir sua 100ª
vitória. O primeiro triunfo do time, que estreou na F-1 em 1966, foi no GP da
Bélgica de 1968, em Spa-Francorchamps, com um McLaren M7A Ford, com seu
fundador Bruce McLaren ao volante. De lá até o GP do Brasil de 93, a McLaren
atravessou 380 GPs, totalizando 78 poles, 1.649,5 pontos (média de 4,34 pontos
por corrida), além de 7 títulos de construtores e 8 de pilotos, no espaço de 25
anos, 9 meses e 17 dias. O 1º título do time veio apenas em 1974, com Émerson
Fittipaldi pilotando o lendário McLaren M23 Ford.
A
Williams, última equipe a atingir 100 vitórias, levou menos tempo ainda. Da
primeira vitória da equipe que estreou em 1973 (ainda com o nome Iso; o nome
Williams só seria efetivado em 1977, ano oficial da fundação da Williams Grand
Prix Engineering), veio no GP da Inglaterra de 1979, com Clay Regazooni
pilotando um Williams FW07 Ford. A 100ª vitória, no mesmo GP e mesmo circuito
(Silverstone) veio 17 anos, 11 meses e 29 dias depois, tendo o time de Frank
Williams acumulado até a presente data nada menos do que 371 GPs, 1.861,5
pontos (média de 5,02 pontos por corrida), 8 títulos de construtores e 6
títulos de pilotos. Alan Jones deu à escuderia o seu primeiro título em 1980,
pilotando um Williams FW07 Ford.
Como
se pode notar pelos números, são os times mais vitoriosos da F-1 em toda a sua
história. São também os times com maior estrutura na categoria. Dispõem de
patrocínios milionários e contam com pilotos competentes. Vários nomes de peso
da história da categoria ajudaram na conquista das vitórias de todas estas
escuderias. A lista é extensa: Alain Prost, Nélson Piquet, Juan Manuel Fangio,
Émerson Fittipaldi, Niki Lauda, Ayrton Senna, Nigel Mansell, Damon Hill, Gilles
Villeneuve, Keke Rosberg, Alan Jones, Gerhard Berger, Michele Alboreto, Carlos
Reutteman, etc. Sem dúvida uma história composta pelos maiores astros de toda a
categoria.
Gerhard Berger tem mesmo a fama de acabar com determinados jejuns. A
espetacular vitória em Hockenhein no último domingo pôs fim a um jejum de 26
corridas sem nenhuma pole ou vitória para a Benetton. O último triunfo da
escuderia, com pole e vitória, tinha sido no GP do Japão de 1995, em Suzuka,
com Michael Schumacher. Foi também o fim de um jejum para o próprio piloto,
cuja última vitória tinha sido justamente na pista alemã, em 1994, com a
Ferrari. Já o time de Maranello, naquele GP, também via o fim de um jejum bem
longo, pois não vencia uma corrida desde o GP da Espanha de 1990. E não foi a
primeira vez que Berger acabou com um jejum na Ferrari: em 1987, o piloto
austríaco deu à Ferrari, em Suzuka, no Japão, a primeira vitória do time desde
o triunfo de Michele Alboreto no GP daAlemanha de 1985, disputado em
Nurburgring.
Na F-CART, Alessandro Zanardi conseguiu uma vitória espetacular na
US500, em Michigan. O
italiano da equipe Ganassi agora lidera o campeonato com 127 pontos, 6 a mais
do que Paul Tracy, que chegou em 4º e acumula 121 pontos. Gil de Ferran fez
mais uma corrida competente e agora é o 3º colocado no mundial, com 106 pontos,
após subir ao pódio na 3ª colocação em Michigan.
Na F-3000 Internacional, tivemos dobradinha brasileira no pódio em Hockenhein. Ricardo
Zonta conseguiu sua 2ª vitória na categoria, seguido de Max
Wilson, que obteve um excelente 2º lugar. Jamie Davis, líder do certame com 22
pontos, ficou em 3º. Zonta assumiu a vice-liderança com 21 pontos. Max Wilson é
o 5º colocado, com 11 pontos.
Ano passado, por volta desta altura do campeonato, a Ferrari tinha pego
o apelido de “esquadrilha da fumaça”, por causa das constantes quebras de seus
motores. Este ano o título ficou para outra equipe. Qual? Stewart! O estouro
dos seus motores Ford em Hockenhein, especialmente o do carro de Jan Magnussen,
foi espetacular...
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