E
o mês de janeiro de 2016 já se foi, parecendo ter voado, tal como os bólidos
mais velozes do mundo do esporte a motor. E houve vários acontecimentos neste
primeiro mês do ano, e é hora de alguns deles serem relacionados em mais uma
sessão Flying Laps, com algumas notas destes acontecimentos do mundo do esporte
a motor ocorridas neste último mês, com os tradicionais comentários rápidos.
Portanto, boa leitura para todos, e vejamos o que poderemos ver neste ano de
2016 que começa a acelerar firme. Até mais.
Stéphane
Peterhansel conquistou mais uma vez o rali Dakar, e chegou à marca de 12
títulos na competição do rali mais famoso do planeta. O piloto francês foi
vencedor em 1991, 1992, 1993, 1995, 1997, e 1998, sempre correndo pela Yamaha na
categoria motos. Depois, Peterhansel mudou para os carros, e venceu novamente
em 2004, 2005 e 2007, correndo pela Mitsubishi. Em 2012 e 2013 correndo pela
Mini na categoria carros, ele obteve mais duas vitórias. E este ano, defendendo
a superesquadra montada pela Peugeot, o piloto francês triunfou novamente. A
parada vinha sido disputada entre ele, Carlos Sainz, e Sébastien Loeb, mas o
espanhol e o eneacampeão do Mundial de Rali tiveram problemas de percurso, que
forçaram Sainz a abandonar a competição, e Loeb ficou muito atrás na
classificação, sem chances de voltar a disputar a ponta no acumulado de tempos.
Nasser Al-Attyah, campeão nos carros em 2015, bem que tentou jogar areia nos
planos do piloto francês, mas fechou a competição com um atraso de 35 minutos
para o piloto da Peugeot. Já Loeb, tentando se recuperar na competição, ainda
conseguiu vencer a última etapa do rali, mas na classificação geral, terminou
na 9ª colocação, com nada menos do que 2h22min de desvantagem para Stéphane. Os
brasileiros remanescentes na competição, as duplas Leandro Torres/Lourival Roldan
e João Antônio Franciosi/Gustavo Gugelmin ficaram em 57ª e 58ª lugares,
respectivamente.
Nas motos, a vitória no Dakar 2016 ficou
com o australiano Tom Price, que defendeu a KTM, e chegou ao seu primeiro
título na competição. A KTM, aliás, fez dobradinha nas duas rodas no rali, ao
garantir a segunda posição com o eslovaco Stefan Svitko, que terminou
classificado com cerca de 40 minutos de desvantagem para o australiano. O
chileno Pablo Quintanilla fechou o pódio na 3ª colocação, com quase 49 minutos
de desvantagem para Price. Na categoria dos caminhões, quem levou o troféu da
competição foi o holandês Gerard de Rooy, que chegou ao bicampeonato no Dakar,
competindo pela Iveco, tendo como colegas de competição Darek Rodewald e Moises
Torrallardona. Rooy já havia vencido o rali em 2012. O segundo lugar nos
caminhões ficou com os russos da Kamaz, competindo com o trio Airat Mardeev/Aydar
Belayaev/Dmitry Svistunov, com uma desvantagem de cerca de 1h10min para os
vencedores da marca italiana, que fez a maioria no pódio, ao garantir também o
3° lugar com o trio Federico Villagra/Jorge Perez Companc/Andres Memi, atrás
cerca de 1h41min do peso-pesado vencedor. E nos quadriciclos, quem venceu foi o
argentino Marcos Patronelli, da Yamaha, que fez dobradinha com seu time
oficial, tendo Alejandro Patronelli, irmão de Marcos, em 2° lugar, que ficou
com apenas 5min de desvantagem para o vencedor da categoria. A Yamaha ainda fez
o 3° lugar, com a equipe Rhide, com o sul-africano Brian Baragwanath, distante
1h42min do vencedor. E assim, encerrou-se mais uma edição do Dakar, que promete
voltar em 2017, novamente competindo na América do Sul. A todos que conseguiram
chegar inteiros ao fim da competição, todo o respeito, por mais uma vez
conseguirem superar todas as adversidades e conseguirem cruzar a linha de
chegada, seja em qual posição tiverem conseguido.
A Federação Internacional de
Motociclismo, juntamente com a Honda, decidiram não liberar os dados de
telemetria da moto de Marc Márquez no incidente ocorrido entre o espanhol e
Valentino Rossi na etapa da Malásia, no ano passado, que acabou se tornando o
lance mais polêmico da temporada, por ter resultado na punição de Rossi para a
etapa final, em Valência, onde o italiano precisou largar do fundo do pelotão e
ficou com poucas hipóteses de conseguir conquistar o título da temporada. A
justificativa é para não alimentar mais polêmica sobre o acidente. A Honda
acusou o piloto italiano da rival Yamaha de ter chutado a moto de Márquez na
disputa, fazendo o bicampeão espanhol cair, com base nos dados desta
telemetria. Claro que esta atitude da Honda e da FIM deixa algumas perguntas no
ar, dependendo de que lado as pessoas estão. Alguns dizem que a telemetria
poderia dizer que Rossi seria inocente na história, e se isso fosse confirmado,
as críticas desabariam todas em cima da FIM, pela punição obviamente
injustificada sobre Rossi, que teria sido determinante para ele perder a luta
pelo título para Lorenzo. Para outros, a favor de Márquez, o motivo poderia ser
que a telemetria não falaria nada mais do que o já divulgado por ocasião da
prova malaia, e portanto, nada acrescentaria de relevante à situação. De uma
forma ou de outra, a decisão só ajuda a aumentar a aura de dúvida sobre o
incidente, que certamente fez a decisão do título em Valência ficar em segundo
plano. E, claro, isso acaba respingando em Jorge Lorenzo, que merecidamente ou
não tendo vencido a competição, pode levar para o resto da carreira a dúvida e
foi ou não beneficiado pela punição de forma intencional, algo que o piloto não
merece. Não é só na F-1 que algumas categorias se complicam...
Pietro Fittipaldi vai disputar este ano
a F-3.5 V-8, antiga World Series, e já fechou acordo com a equipe Fortec para
seguir neste novo certame em 2016. No ano passado, o brasileiro defendeu o time
na F-3 Européia, tendo ficado em 17° lugar na competição. E, enquanto o
campeonato da categoria européia não começa, Pietro disputou no último fim de
semana de janeiro a rodada quádrupla do campeonato da MRF Challenge F2000. em
Chennai, na Índia. Com duas vitórias no fim de semana, e mais os triunfos
obtidos anteriormente em Abu Dhabi e Dubai, o brasileiro conquistou o título da
categoria, com 244 pontos, contra 199 da vice-campeã, a colombiana Tatiana
Calderón. Foi um bom início de ano para o brasileiro, que terá uma parada
difícil pela frente, na F-3.5 V-8, mas o neto de Émerson Fittipaldi segue firme
no sonho de chegar à F-1, o que pode acontecer, se tudo der certo, em dois
anos, provavelmente em 2018. Com um pouco de sorte, pode até ser antes, mas é
preciso cuidado com os passos em falso neste momento. De qualquer maneira, o
título conquistado neste mês de janeiro é um bom pontapé inicial para 2016. Que
tudo dê certo e Pietro consiga mostrar o talento que o clã Fittipaldi possui...
McLaren, Ferrari e Red Bull participaram
de dois dias de testes da Pirelli no circuito de Paul Ricard, na França, para
desenvolvimento dos compostos de chuva da fábrica italiana. Utilizando os
carros de 2015, sem nenhum componente dos modelos 2016 em desenvolvimento, a
McLaren mostrou as velhas sequelas do ano passado, quando teve problemas de
motor em seu segundo dia de testes e ficou parada nos boxes boa parte da manhã.
Com a pista molhada artificialmente, o melhor tempo dos dois dias ficou com
Sebastian Vettel, com o tempo de 1min06s750, obtido no segundo dia. No primeiro
dia, Daniel Ricciardo, da Red Bull, havia sido o mais rápido com 1min08s713.
Kimi Raikkonen, sempre no seu estilo, disse que preferiu os compostos de chuva
usados no ano passado, mostrando que os novos compostos não foram muito do seu
agrado. Para a Pirelli, o saldo do teste foi positivo, ainda que com apenas 3
times e 3 carros na pista francesa, que sediou pela última vez um GP de F-1 em
1990. Uma pena não terem treinado no percurso total da pista, usada pela última
vez em 1985, com seus 5,81
Km de extensão. Foi usado o traçado curto usado pela F-1
de 1986 a
1990, com 3,81 Km.
E, pelo andar da situação da F-1 atualmente, este teste é o máximo que os
franceses vão ver de carros de F-1 andando em uma pista de corrida em
território francês. O país está fora do calendário desde 2009, tendo sua última
corrida disputada em 2008 na pista de Magny-Cours. O circuito não deixou
saudades em ninguém, mas Paul Ricard até hoje é lembrado por quem teve a chance
de ver e acompanhar a F-1 por lá...
O tricampeão Sébastien Ogier iniciou sua
corrida pelo tetracampeonato. O piloto francês da equipe Volkswagen abriu a
temporada 2016 do Mundial de Rali, em Monte Carlo, com a vitória, e deixando os
rivais mais uma vez comendo poeira, e neve. Apesar de ter perdido Jari
Matti-Latvala, que abandonou a prova por problemas mecânicos, a Volkswagen
ainda fez dobradinha no pódio com o norueguês Andreas Mikkelsen. Coube à
Hyundai fechar o pódio, com o 3° lugar do belga Thierry Neuville. Ogier lidera
o campeonato com 28 pontos, contra os 19 de Mikkelsen, e os 15 de Neuville.
Tudo bem, o ano está apenas começando, e ainda tem muito chão pela frente até o
encerramento do campeonato, no fim do ano, mas ver Ogier iniciar com uma
vitória que em quase nenhum momento foi contestada durante o fim de semana do
Rali de Monte Carlo já prenuncia que o panorama de 2016 não deverá ser muito
diferente do vivido em 2015 e 2014. Ou os concorrentes tratam de melhorar, ou
passarão o ano vendo apenas a traseira de Ogier...
Jari Matti Latvala, por sinal, não teve
um início de campeonato para celebrar este ano no Mundial de Rali. O piloto
finlandês, além de abandonar o Rali de Monte Carlo, ainda acabou atropelando um
fotógrafo, e ao sair do local do acidente sem sequer prestar algum tipo de
atenção ao ocorrido, acabou punido pela direção de prova com uma multa de 5 mil
euros, além da suspensão por uma etapa do Mundial, com direito a sursis.
Latvala disputará normalmente o Rali da Suécia agora em fevereiro, bem como as
demais provas do campeonato, mas se acabar causando um novo acidente, a
penalidade será aplicada. Não foi divulgada a identidade do fotógrafo
atropelado pelo carro de Latvala, mas foi informado que felizmente não se feriu
gravemente. Acidentes nas provas de rali não são exatamente incomuns, pois em
vários trechos o público fica à beira da estrada, vendo os carros dos
competidores passaram por vezes a centímetros de distância em alguns locais.
Embora sejam feitos esforços para que esse público fique sempre em um local
seguro, por vezes não há como evitar um acidente. Mas, pelo risco envolvido,
caso um competidor exagere e coloque em risco algum expectador, a direção de
prova costuma ser rigorosa nas punições. Latvala, felizmente, saiu dessa com
alguma sorte, assim como o fotógrafo também deu sorte de não ter se machucado
seriamente. Mas já vi cenas de batidas onde competidores acabaram entrando com
seus carros no meio do público, e quando penso neste tipo de ocorrência, é
sorte que não ocorram tantas mortes quando isso acontece. Mas, claro, convém
não abusar da sorte...
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