Hora
de trazer mais um de meus antigos textos, e o de hoje foi publicado em 08 de
agosto de 1997, dissertando sobre a realização do Grande Prêmio da Hungria de
F-1, na pista mais travada do calendário da categoria, à exceção de Mônaco. De
lá para cá o circuito melhorou um pouco em infraestrutura, teve sua reta dos
boxes alongada em mais algumas centenas de metros, mas continuou extremamente
travado e muito difícil de se ter ultrapassagens. E continua firme até hoje no
calendário, por incrível que pareça. Mas mesmo a prova húngara consegue ter
seus momentos de grande emoção, especialmente se a chuva der as caras, o que
costuma embaralhar as estratégias de pilotos e equipes. No resto, mais algumas
notas rápidas e outros acontecimentos na semana do mundo do esporte a motor.
Uma boa leitura do texto, e em breve tem mais...
CURVAS A RODO
Enfim,
chegou a hora da Fórmula 1 fazer sua visita ao Leste Europeu. Na década
passada, esta ocasião era uma visita à “Cortina de Ferro”, como eram conhecidos
os países comunistas europeus. Agora, na segunda metade da década de 1990, como
o comunismo já era, este termo passa a fazer parte da história apenas. É o
Grande Prêmio da Hungria de F-1, disputado desde 1986.
É
um GP de grandes atrativos, a começar pela capital húngara, Budapeste, cortada
pelo célebre Rio Danúbio. Budapeste é a mais bonita cidade do Leste Europeu,
tendo até recebido o apelido de “Paris do Leste”. Não é difícil concordar com
esta afirmação.
Mas
se a cidade é maravilhosa, não se pode dizer o mesmo do circuito onde é
realizada a corrida. O autódromo de Hungaroring tem cerca de 3,92 Km de
extensão, onde neste domingo os F-1 percorrerão nada menos do que 77 voltas,
totalizando 305,536 Km de percurso. O problema não é de infraestrutura, mas de
desenho da pista: o circuito é feito de curva após curva. Praticamente só há 2
trechos de reta: um em frente aos boxes e o pequeno trecho da reta oposta. Fora
isso, o circuito é uma sucessão de curvas.
Com
tantas curvas, Hungaroring é a pista mais travada da F-1, à exceção de Mônaco.
A média horária não é alta, e o traçado exige um acerto todo especial dos
carros. Praticamente o caminho inverso do último circuito, Hockeinhein. Lá era
necessário ter o máximo de velocidade de ponta, em virtude de suas longas retas
e poucas curvas. Aqui é exatamente o contrário: precisa-se de estabilidade em
curva acima de tudo. O problema é que os pontos de ultrapassagem praticamente
inexistem, fora a reta dos boxes, único ponto favorável às ultrapassagens no
traçado.
Todas
estas particularidades também ajudam em um ponto crucial: exigem maior habilidade
do piloto. E também exigem do carro um requisito todo especial, que é a
estabilidade. O motor é aspecto secundário neste circuito em termos de potência
máxima. Isso proporciona a melhor oportunidade para os times que não dispõem de
motores possantes obterem um bom resultado, como é o caso da Stewart e a
TWR-Arrows. Se o chassi for estável, cabe ao piloto mostrar todo o seu braço e
habilidade para ganhar performance que não seria possível obter por exemplo em
Hockenhein, devido ao fato de que lá o motor potente é o componente mais
importante.
E
a prova de que o que mais vale neste circuito é o piloto encontra embasamento
no fato de que Ayrton Senna é o maior vencedor deste GP. Senna venceu em 1988,
1991 e 1992, sendo estes dois últimos GPS em condições inferiores de
equipamento. Valeu o braço e a habilidade do brasileiro numa altura em que a
Williams tinha o melhor carro já naquele ano. Mas coube a outro brasileiro a
honra de estrear o degrau mais alto do pódio húngaro em 1986: Nélson Piquet,
que venceu a prova de inauguração do GP depois de um duelo espetacular com
Ayrton Senna, perante um púbico até hoje recorde para o GP da Hungria: mais de
200 mil torcedores. Piquet também repetiria a vitória em 1987. Damon Hill foi o
único além de Piquet a vencer duas vezes, em 1993 e 1995. Nigel Mansell venceu
a prova em 1989; Thierry Boutsen faturou o primeiro lugar em 1990; Michael
Schumacher venceu em 1994, e Jacques Villeneuve venceu aqui no ano passado. Por
equipes, a Williams tem 6 vitórias (1986, 1987, 1990, 1993, 1995 e 1996); a
McLaren venceu 3 (1988, 1991 e 1992); e Ferrari (1989) e Benetton (1994)
chegaram na frente 1 vez cada uma.
Com
tantas curvas e a dificuldade de ultrapassagens, largar na frente e fazer a 1ª
curva antes da concorrência já é meio caminho andado para vencer a corrida, mas
é preciso ainda ter sorte com os retardatários, que incomodam sempre que
começam a aparecer. Tanta disputa às vezes costuma favorecer bons pegas entre
diversos pilotos. Só em 1990, por exemplo, em determinada altura da corrida
havia nada menos do que 6 pilotos em briga direta pela liderança da corrida,
numa prova memorável. E espero que domingo possamos ver novamente uma disputa
desta proporção...
A F-CART disputa neste fim de semana as 200 Milhas de Mid-Ohio, no segundo
melhor circuito misto da temporada, o Mid-Ohio Sports Car Course, em Lexington,
Ohio. O circuito tem 3,62 Km de extensão, e a prova tem um total de 83 voltas,
resultando em 297,728 Km de percurso. Alessandro Zanardi foi o pole-position e
também o vencedor da corrida no ano passado. E depois da vitória em Michigan, o
italiano é o grande favorito para repetir o feito domingo em Mid-Ohio, mas há
um brasileiro que promete entrar firme na briga: Gil de Ferran. Um indício
desta confiança foram os excelentes tempos conseguidos pelo piloto brasileiro
semana passada em testes feitos em Road America, outro circuito misto. Mas, treino é
treino, e corrida é corrida...
Na F-3000 Internacional, Ricardo Zonta recuperou a liderança do
campeonato, após terminar a prova de Zeltweg em 2º lugar. A vitória ficou com o
colombiano Juan Pablo Montoya, com uma vantagem de apenas 0s469 sobre Zonta.
Ricardo lidera o campeonato com 27 pontos; Montoya assumiu a vice-liderança com
23,5 pontos. A próxima etapa é dia 23 agora em Spa-Francorchamps, na Bélgica,
como preliminar da F-1.
Na 10ª etapa da Indy Lights, disputada no circuito de Trois-Riviéres,
no Canadá, deu mais uma vitória brasileira, desta vez com Tony Kanaan, que
assumiu a vice-liderança do campeonato, apenas 8 pontos atrás de Hélio Castro
Neves, que não completou a prova. A próxima etapa é em Vancouver, dia 31 de
agosto, como preliminar da F-CART...
A BMW prepara seu retorno à F-1. O anúncio oficial deve sair em Zeltweg
ou em Nurburgring.
Tudo indica que a fábrica alemã, que conquistou o primeiro
título da Era Turbo em 1983, com Nélson Piquet ao volante do Brabham BT52,
voltará à F-1 a partir de 1999, equipando os carros da Williams, que correrão
em 1998 ainda com os motores Renault, preparados pela Mecachrome. E correm boatos
de que a Honda também fará o seu retorno oficial à categoria na mesma data, se
não antes.
Variando um pouco do assunto, no Mundial de Motovelocidade 500cc, a
coisa está tão monótona que não tem nem graça. De todas as provas deste ano,
Michael Doohan venceu todas, à exceção de uma corrida, onde ficou “apenas” em
2º lugar. E domingo passado, no Rio de Janeiro, não foi exceção: o australiano
venceu mais uma corrida de ponta a ponta, apesar da forte pressão do japonês
Tadaiuky Okada, que pressionou Doohan por boa parte da prova inteira. Alexandre
Barros acabou caindo na última curva, na última volta, quando disputava a 8ª
posição...
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