Jacques Villeneuve disputou apenas 2 provas e já disse adeus à F-E. |
A Formula-E chegou a
Buenos Aires para a disputa de sua última corrida do atual campeonato na
América do Sul. É a 4ª etapa do certame 2015/2016, que tem o suíço Sébastian
Buemi na liderança da competição, seguido de perto pelo brasileiro Lucas Di
Grassi. E teremos mudanças no grid da categoria na corrida portenha, que será
disputada no circuito montado ao redor do Parque Micaela Bastidas, na capital
da Argentina.
Grande mote da
pré-temporada da categoria, acertando disputar o campeonato da categoria de
carros elétricos monopostos pela equipe Venturi, o canadense Jacques Villeneuve
já deixou a F-E, após apenas 3 etapas, e duas provas disputadas, onde
infelizmente, ele não conseguiu mostrar muita coisa. A rescisão entre o piloto
e a escuderia chegou a um bom termo, de modo que não houve pendências legais
das partes envolvidas. É uma pena, porque a categoria pela primeira vez tinha
em seu grid um ex-campeão da F-1, o que mostrava o aumento do seu interesse por
parte dos pilotos. Por outro lado, é decepcionante ver que Villeneuve tornou-se
uma sombra do que já foi um dia, quando foi campeão da F-Indy original, e
depois ainda chegou ao título da F-1. Seus últimos anos na F-1 já não mostravam
mais o mesmo vigor de sua estréia, anos antes, e de lá para cá, o canadense
virou praticamente um nômade no mundo do esporte a motor, correndo aqui e ali,
mas sem disputar a fundo um campeonato de uma categoria, ou pelo menos, a
mostrar o brilho que o consagrou um dia. No fundo, muitos esperavam que
Villeneuve poderia enfrentar dificuldades neste seu retorno a uma competição de
monopostos, mas que pelo menos disputasse a temporada completa, mesmo que os
resultado fossem magros. Não houve paciência e nem tempo de aproveitar isso.
Oficialmente, ambos, piloto e time, alegaram discordâncias sobre o futuro da
escuderia. Fiquemos com isso, até porque infelizmente é perda de tempo ficar
martelando o assunto, mas todos esperavam um pouco mais de comprometimento do
canadense para com a categoria.
A Venturi não se
demorou a anunciar um substituto, e na prova de amanhã o carro que era do
canadense estará sendo pilotado pelo inglês Mike Conway, que reeditará com
Stéphane Sarrazin a parceria que já tem no mundial de Endurance, pilotando para
a equipe Toyota. Por enquanto, o acordo é válido apenas para a prova argentina,
mas nada impede que o piloto inglês siga no time. Em três corridas, Stéphane
Sarrazin é o 8° colocado na competição, com 16 pontos marcados. Jacques
Villeneuve não conseguiu marcar nenhum ponto nas duas provas que disputou,
lembrando que ele não participou da prova de Punta Del Este devido a um
acidente nos treinos, e a equipe não conseguiu consertar o carro a tempo para a
corrida. No campeonato de equipes, a Venturi ocupa a penúltima colocação, em 8°
lugar, à frente apenas da China Racing, que vem tendo uma temporada abaixo de
todas as expectativas.
Outro time que também
terá um novo piloto no grid é a Aguri, que também dispensou o francês Nathanaël
Berthon, após 3 corridas. Assim como na dispensa de Villeneuve por parte da
Venturi, não foram divulgadas as razões para dispensa do piloto, mas obviamente
seus resultados até agora não empolgaram o time: o francês marcou apenas 4
pontos na primeira prova da nova temporada, em Pequim, ocupando a 15ª posição
no campeonato, enquanto seu companheiro, o português Antonio Félix da Costa é o
9° colocado, com 16 pontos. Para substituir Berthon, o time de Aguri Suzuki
recontratou o mexicano Salvador Duran, que já havia sido piloto da escuderia na
temporada passada, e nesta nova havia acertado para defender a equipe de Jarno
Trulli. Porém, o time do ex-piloto italiano de F-1 fechou as portas após não
conseguir disputar as duas primeiras etapas, e Duran ficou a ver navios, e
agora ganha uma nova chance de seguir na categoria, e o piloto está ainda mais
empolgado porque, depois desta prova em Buenos Aires, a F-E desembarcará na
Cidade do México, dia 12 de março, para a nova etapa do campeonato, e Salvador
está ansioso por correr em seu país na categoria dos carros monopostos
elétricos. No campeonato, a equipe Aguri é a 6ª colocada, com 20 pontos.
Enquanto se comentam
as trocas destes dois pilotos, a atenção principal da F-E está na disputa entre
Sébastien Buemi e Lucas Di Grassi pela liderança da competição. O piloto da
e.dams ainda é o favorito por contar com o melhor carro, tendo vencido as
provas de Pequim e Punta Del Este, mas Lucas Di Grassi tem aproveitado todas as
oportunidades para terminar bem as corridas, e venceu a etapa de Putrajaya. No
ano passado, a corrida portenha teve alguns acidentes e uma disputa alucinada
nas voltas finais pelas primeiras posições que deixou piloto e público sem
saber quem estava em qual posição, tamanhas foram as trocas de posições na
pista na parte final da prova. Além da disputa louca pelas posições após os
líderes enfrentarem problemas mecânicos inesperados ou alheios a seu controle,
o público praticamente lotou as arquibancadas para ver a corrida, e o cenário
tem tudo para se repetir amanhã. Se a corrida vai ser tão empolgante quanto a
do ano passado, não dá para saber, mas que a prova deve ser novamente um
sucesso, isso será, e o público argentino amante do automobilismo faz por
merecer receber novamente a categoria em sua capital, enquanto aqui no Brasil
as prioridades segundo certas "otoridades" são bem outras e altamente
questionáveis, ainda mais no aspecto de integridade moral...
O e-Prix de Buenos
Aires será disputado em 35 voltas no circuito de 2,479 Km montado no
entorno do Parque Micaela Bastidas. O canal pago FoxSports 2 transmite a
corrida ao vivo, a partir das 16:30 Hrs. É hora de ligarem suas tomadas e
acelerarem fundo novamente.
O circuito de Buenos Aires para a F-E é muito apreciado pelos pilotos, e promete boas disputas neste sábado. |
Os pilotos brasileiros venceram
mais uma edição das 24 Horas de Daytona, uma das provas mais famosas e
tradicionais do automobilismo americano. Disputada no último final de semana, a
corrida foi vencida pela equipe Tequila Patrón ESM, com o brasileiro Pipo
Dreani dando um show em sua primeira participação na corrida, competindo ao
lado de Ed Brown, Johannes van Overbeek e Scott Sharp ao volante do protótipo Ligier
JS P2-Honda. Derani, aliás, foi um dos destaques da corrida, assumindo a
liderança da prova logo no início e mantendo um ritmo forte enquanto esteve na
pista. E o paulista de 22 anos fechou a disputa pilotando no último stint da
corrida, quando superou o bólido da equipe Wayne Taylor Racing, e chegou na
frente por uma margem considerada apertada em se tratando de uma corrida de 24
horas: 26s de vantagem, após 736 voltas e 4.216,74 Km de percurso.
Após a vitória, Derani inclusive admitiu que seu carro começou a apresentar
alguns problemas na última parte da prova, como a elevação da temperatura do
câmbio, mas que conseguiu se manter concentrado e seguir firme rumo à vitória.
O desempenho do brasileiro, que resolveu mudar sua carreira para as provas de
Endurance, surpreendeu os donos da escuderia, e pode-se dizer que Derani
estreou nos Estados Unidos com o pé direito fundo no acelerador. Pipo não
cometeu erros e manteve-se com um ritmo fortíssimo na pista, guiando como um
veterano. E ele ainda marcou a volta mais rápida da prova, com o tempo de
1min39s192, para não deixar dúvidas de que estava mesmo com a corrida sob
controle. Uma vitória que certamente será lembrada por muitos fãs do esporte.
Pipo Derani chegou em grande estilo às corridas de endurance americanas, ao vencer as 24 Horas de Daytona logo em sua estréia. |
O triunfo de Derani foi a 3ª
vitória consecutiva de um piloto brasileiro nas 24 Horas de Daytona. Em 2014,
Christian Fittipaldi conseguiu seu segundo triunfo na prova; e no ano passado,
a vitória foi da equipe Chip Ganassi, com Tony Kanaan como um de seus pilotos.
Mas não foi apenas Derani que conseguiu um bom resultado. Rubens Barrichello,
competindo pela equipe Wayne Taylor Racing, ficou com a 2ª colocação da prova,
garantindo uma inédita dobradinha brasileira nos dois degraus mais altos do
pódio. Não fossem problemas enfrentados por suas equipes, Christian Fittipaldi
e Tony Kanaan poderiam ter feito nosso país marcar presença em todo os degraus
do pódio. O carro pilotado pelo time de Kanaan teve problemas durante a
corrida, e depois ficou de fora após um acidente protagonizado por Kyle Larson
numa das curvas do trecho misto do Daytona International Speedway, indo parar
na barreira de pneus com certa violência, que destruiu a frente do protótipo, e
tirando o time vencedor de 2015 da competição deste ano. Já a equipe Action Express
conseguiu manter o seu carro N° 5 na pista, e mesmo com 5 voltas de
desvantagem, ainda conseguiu chegar na 4ª colocação. Vencedor da prova em 2012,
Oswaldo Negri Jr. teve de abandonar a prova durante a madrugada, devido a
problemas mecânicos, depois de conseguir liderar boa parte da corrida,
mostrando que tinha boas chances de reprisar a vitória nesta edição. Na
categoria GTLM, os times dos brasileiros Daniel Serra e Augusto Farfus
terminaram a prova na 10ª e 11ª colocações, respectivamente. E nossos pilotos
prometem mais para 2017. Os americanos que fiquem de sobreaviso: os pilotos
tupiniquins pretendem fazer de Daytona a sua nova praia do automobilismo...
Outros destaques da edição 2016
das 24 Horas de Daytona foi a participação do protótipo Delta Wing da Nissan,
que chegou a liderar a corrida com Katherine Legge ao volante, e dava pinta de
que poderia até vencer a corrida, em que pesasse o seu histórico de
confiabilidade duvidosa. Infelizmente, um acidente protagonizado por Andy
Meyrick em seu turno de pilotagem fez o carro dar adeus à disputa ao sofrer um
acidente com um carro parado na pista durante a parte noturna da prova. O outro
destaque foi a disputa ferrenha pela vitória na classe GTLM, entre os modelos
Corvette dos pilotos Oliver Gavin e Antonio Garcia, que duelaram ferozmente nas
voltas finais pela posição de vitória em sua classe, com o triunfo indo para o
britânico por meros 0s034, levantando a torcida na arquibancada, finalizando em
7° e 8° na classificação geral da prova.
E Pastor Maldonado
"dançou" na F-1. Há algumas semanas já vinham crescendo os rumores de
que a Renault, ex-Lotus, não manteria o piloto venezuelano em seu time no
retorno à categoria nesta temporada. O motivo é mais do que óbvio: em crise,
dilapidada pela má administração do governo bolivariano de Hugo Chávez e
depois, Nicolás Maduro, a PDVSA começou a atrasar os pagamentos acertados com o
time de F-1. E a relação, infelizmente, findou. E sem os pagamentos, Pastor
ficou sem sua vaga na escuderia, que será ocupada por Kevin Magnussen, que já
confirmou o piloto dinamarquês nesta semana. Apelidado de alcunhas como
"Maldonator" ou "Maldanado", pela frequência com que se
meteu em vários acidentes desde que estreou na categoria máxima do
automobilismo, Pastor sempre mostrou muita velocidade, mas também propensão
para estar no lugar errado na hora errada. Não é exagero afirmar que alguns
pilotos se sentirão aliviados por não ter de dividir as filas do grid com o
impetuoso sul-americano, mas também é verdade que sem Maldonado a F-1 perde um
pouco de sua graça, pois as estripulias cometidas pelo venezuelano, em que pese
serem odiadas por pilotos e equipes, faziam a alegria do público, que sempre
adorou os pilotos estabanados que já guiaram na F-1, saindo do lugar comum e
trazendo por vezes o inesperado ao cenário de uma corrida, fosse no bom ou no
mal sentido. Comparado por várias vezes ao inglês Nigel Mansell, também um
piloto extremamente rápido e propenso a se meter em acidentes, a principal
falha de Maldonado foi não conseguir se livrar o estigma de piloto
"pagante", aqueles que ninguém contrata se não tiver um bom
patrocínio por trás. É verdade que até vários campeões mundiais estrearam na
F-1 nessa condição, mas conseguiram despertar interesse suficiente para deixarem
esse rótulo e serem contratados por seu grande talento e capacidade, mas Pastor
infelizmente não conseguiu se firmar na categoria. O próprio venezuelano
afirmou ter planos de tentar um retorno em 2017, mas creio que será difícil,
ainda mais porque as escuderias hoje tem necessitado mais do que nunca de
pilotos com patrocínio, e se não puder contar com o aporte da PDVSA, melhor
será tentar a sorte em outros campeonatos - e eles existem, que não exijam
tanto aporte por parte do piloto. Maldonado, em 5 temporadas completas
competindo na F-1, disputou 95 GPs, marcou um total de 76 pontos, e seu grande
momento foi no Grande Prêmio da Espanha de 2012, onde largou na pole-position
após a desclassificação do melhor tempo de Lewis Hamilton, e na corrida, travou
uma belo duelo com Fernando Alonso, da Ferrari, e conquistou sua única vitória
na categoria, e a última da equipe Williams. Foi também seu único pódio na F-1.
Maldonado estreou em 2011, substituindo Nico Hulkenberg na equipe Williams,
justamente por causa do vultoso patrocínio da PDVSA. O venezuelano correu para
Frank Williams até o fim da temporada 2013, onde se desentendeu com o time, e
foi para a Lotus, levando os petrodólares de seu país junto com ele. Foi um
tiro pela culatra: a Williams, que em 2013 teve um péssimo ano, se reergueu em
2014, terminando o campeonato na 3ª colocação, enquanto a Lotus, em crise, teve
um ano para esquecer. Em 2015, apesar de alguns resultados melhores em relação
ao ano anterior, o time inglês continuou capengando financeiramente, enquanto
Pastor via seu ex-time, a Williams, disputar novamente um bom campeonato.
Infelizmente, a fama de batedor pesou na sua reputação mais do que sua
velocidade, caso contrário ele teria sido mantido na escuderia. Mas também
deve-se culpar a própria F-1, cujos gastos de competição continuam muito
elevados, e com vários times não podendo prescindir de pilotos com muito
patrocínio, o que os leva a optar primeiro pelo dinheiro, e depois pelo
talento. Nos velhos tempos, quando os custos não eram astronômicos como hoje,
as escuderias tinham mais possibilidades de fazer o reverso da equação, mas
hoje em dia, a realidade é bem diferente. Mas o mundo do automobilismo é bem
vasto, e Maldonado, com um pouco de sorte, achará o seu lugar neste ano, e que
consiga dar seguimento à sua carreira.
Sem grana, não corre. Maldonado está fora da F-1 em 2016. Ponto alto da carreira foi a vitória no GP da Espanha em 2012, batendo Fernando Alonso perante seu público. |
Nenhum comentário:
Postar um comentário