Já
estamos no final do mês de fevereiro, e logo terão se passado dois meses de
2016. Os principais campeonatos estão para começar em março, mas estes
primeiros meses do ano não ficaram isentos de alguns acontecimentos, inclusive
com a pré-temporada da F-1 tendo ligado seus motores nesta semana. E como é de
praxe, é hora de voltar à Cotação Automobilística, fazendo a tradicional
avaliação do panorama do mundo do esporte a motor nestes meses de janeiro e fevereiro, no
velho esquema de sempre nas avaliações: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA
(caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). Portanto, uma
boa leitura para todos...
EM ALTA:
Stéphane
Peterhansel: O piloto francês venceu mais uma edição do rali Dakar, e chegou ao
seu 12° triunfo no mais famoso rali do mundo. A batalha de Peterhansel foi
facilitada pelos problemas que acometeram seus companheiros de competição na
prova, Sébastien Loeb e Carlos Sainz, mas as provas off-road não são medidas
apenas pela velocidade, mas também pela capacidade, ou sorte, de evitar se
meter em confusões ou sofrer infortúnios, e Stéphane conseguiu chegar ao fim da
competição, sempre com uma tocada firme e controlando a diferença para
potenciais adversários inesperados, depois que Loeb e Sainz ficaram
impossibilitados de lhe dar combate. E Peterhansel avisa que em 2017 vai querer
vencer de novo. Seu currículo de títulos no Dakar é de impor respeito, e isso
não pode ser subestimado...
Sébastien
Ogier: O atual tricampeão do Mundial de Rali já iniciou a batalha pelo 4°
título, e para desespero dos rivais, ele não pretende dar colher de chá para a
concorrência. O piloto da Volkswagen já tem duas vitórias nas duas etapas
disputadas até aqui em 2016, e podem apostar que ele não vai se contentar
apenas com isso. Ogier lidera a competição com 56 pontos, com uma vantagem de
23 pontos sobre Andreas Mikkelsen, o vice-líder. Pelo visto, novidades na
competição, só em 2017, e olhe lá...
Sébastien
Buemi: O piloto suíço da equipe e.dams não venceu a etapa de Buenos Aires da
F-E, mas deu o seu recado: vai ser difícil segurá-lo na luta rumo ao título da
categoria nesta temporada. Buemi largou em último no e-prix da capital
argentina, por problemas na classificação, mas na prova partiu para cima de
todo mundo, e só não venceu a corrida porque encontrou um inspirado Sam Bird no
seu caminho, que venceu a corrida portenha e ajudou a tornar o campeonato um
pouco mais equilibrado, impedindo uma disparada maior do piloto suíço. Ainda
tem muito chão pela frente, é verdade, mas pelo andar da situação, ou os
concorrentes melhoram, ou Buemi é capaz de vencer o certame até com alguma
antecedência. Por enquanto, isso não dá pinta exata de acontecer, mas as
chances estão aumentando nesta direção...
Pipo
Derani: O piloto brasileiro estreou com o pé direito no acelerador no
automobilismo dos Estados Unidos, e venceu com categoria uma das mais famosas
corridas das Américas, as 24 Horas de Daytona, pilotando um protótipo LMP2 da
equipe Tequila Patrón. Derani assumiu a liderança da prova logo no início, e
mostrou um ritmo forte e sem cometer erros, e após as trocas com seus
companheiros de equipe, coube a brasileiro conduzir o carro na fase final da
prova, recebendo a bandeirada com uma pilotagem segura e firme. Antes com sonho
de chegar à F-1, Derani é mais um piloto brasileiro que deu uma guinada em sua
carreira, procurando lugares mais acessíveis de competir. E as provas de
endurance mostram que Pipo já achou o seu lugar ao sol na competição.
Brasileiros
nas 24 Horas de Daytona: Se os torcedores nacionais ainda sonham com uma
vitória tupiniquim na mais famosa corrida de endurance do mundo, as 24 Horas de
Le Mans, pelo menos do lado de cá do Atlântico, eles podem ficar mal
acostumados. O triunfo de Pipo Derani nas 24 Horas de Daytona, obtido no final
do mês de janeiro deste ano, foi o 3° triunfo consecutivo de times com pilotos
brasileiros ao volante na tradicional prova de endurance disputada em Daytona.
Em 2014, Christian Fittipaldi venceu a corrida pela segunda vez, repetindo o
feito de 2004; em 2015, foi a vez de Tony Kanaan triunfar na corrida. E olha
que em 2012, Oswaldo Negri Jr. chegou em primeiro lugar. E ainda temos de
ressalvar que os brasileiros fizeram dobradinha em Daytona este ano na
categoria protótipos, com Rubens Barrichello a ficar em 2° lugar com o time do
qual participou. Apesar da crise que se abate sobre o automobilismo nacional,
nossos profissionais da velocidade, antigos e novos, continuam mostrando seu
talento mundo afora, com mais êxito em alguns lugares do que em outros, mas
sempre mostrando que ainda temos o que mostrar no mundo do esporte a motor.
NA MESMA:
Lucas
Di Grassi: O piloto da equipe Audi ABT segue firme na vice-liderança do
campeonato da F-E, e conseguiu mais um pódio na etapa de Buenos Aires, tendo
marcado pontos em todas as corridas até agora, e subindo sempre ao pódio. Mas
Lucas não se ilude, e sabe que vencer Sébastien Buemi e a equipe e.dams vai ser
uma parada dura, como comprovou a etapa da capital argentina, onde não
conseguiu segurar sua posição quando sofreu o ataque de Buemi. O 3° lugar foi o
pior resultado do brasileiro até agora no atual campeonato, e o receio é de que
os concorrentes comecem a dar trabalho, se a Audi ABT não melhorar o seu
desempenho. Graças à regularidade e constância, Lucas ainda está bem próximo de
Buemi na pontuação, mas nada garante que o suíço não escape nas próximas
provas.
Críticas
à F-1: Bastou a pré-temporada começar para Bernie Ecclestone voltar a dar
declarações que chamam a atenção por seu conteúdo. O chefão da FOM disse em
letras garrafais esta semana que a F-1 está pior do que nunca, e que ele não
pagaria para ir a um autódromo assistir a uma corrida da categoria. Ainda é um
pouco cedo para dizer que a F-1 este ano vai ser ruim, mas se Bernie acha que o
ingresso para ir a um autódromo assistir às corridas não vale a pena, que tal
ele baixar então as taxas exorbitantes que sempre anda cobrando para quem quer
sediar um GP? Se ele diz que não levaria sua família para assistir a uma
corrida, pode-se inferir duas observações: as corridas são ruins, e se são
ruins, o ingresso não vale a pena, e é caro demais. Taxas mais acessíveis talvez
resultassem em ingressos mais baratos, e quem sabe, mesmo com corridas ruins,
os autódromos enchessem mais, o que pelo menos ajudaria a minimizar um pouco a
sensação de crise da categoria. Mas alguém aqui acha que ele vai cobrar
menos...? Imagina só...
Renault,
equipe e motor: A Renault está de volta como time oficial na F-1, mas a
temporada de 2016 deverá ser tão complicada como foram a performance de suas
unidades de potência nos últimos dois anos. No caso dos motores, existe a
chance de as mudanças promovidas nos propulsores resultarem em um aumento de
performance, mas no ano passado todo mundo também achava isso. Para a Red Bull,
a esperança é que a preparação terceirizada encomendada a Mario Illen, da Ilmor
Engineering, possa contornar parte do déficit de performance exibido no ano
passado. Já com relação ao time de F-1, o novo modelo R16 terá muito trabalho
pela frente para se tornar competitivo, já que foi concebido inicialmente para
usar o motor da Mercedes, quando o time ainda era a Lotus em 2015, pra não
mencionar que o desenvolvimento já não foi feito adequadamente devido à crise
financeira pela qual a escuderia passava. E, pelo que mostrou até agora nos
primeiros testes da pré-temporada, apesar de alguns brilhos ocasionais, é de
esperar que os franceses vão ter um ano de muito trabalho mesmo. Mas, claro,
eles já visam 2017, portanto, é bom não ficar com altas expectativas deles este
ano. Pelo menos com relação ao time de F-1...
Visual
dos carros da F-1: Mantido o atual regulamento técnico, os novos bólidos 2016
da categoria não apresentam grandes inovações visuais em relação a seus
antecessores. Alguns carros, como o da Williams, inclusive, dão a sensação de
nem terem sido mexidos, dada a semelhança com o modelo 2015. É preciso um olhar
atento para identificar as mudanças em alguns modelos, enquanto em outros, como
a Ferrari, as diferenças são mais perceptíveis, em que pese a nova pintura
adotada pelo time italiano este ano ser bem diferente da de 2015, o que ajudou
a relevar os pontos novos do bólido rosso. E, quem torcia o nariz para aqueles
bicos com "narizes" ou protuberâncias, eles continuam presentes em
vários modelos. Quem sabe em 2017, com mudanças no regulamento técnico que
estão sendo definidas, os carros fiquem mais "bonitos"...
Tentando
achar soluções para a crise da F-1: Não é de hoje que falam que a categoria
máxima do automobilismo anda chata e precisa reencontrar o seu rumo. O problema
é o que fazer para achar esse rumo, ainda mais quando o que se propõe é tornar
um pouco mais complicado do que já é a categoria. Assim, não é de admirar que
tenha surgido a proposta do novo modo de treino de classificação nestes últimos
dias, com uma espécie de mata-mata cronometrado a partir de certo momento do
Q1, Q2, e Q3. Se de um lado forçaria os times a mandarem logo seus pilotos para
a pista, por outro deixa mais complexo e difícil de entender para o público a
sistemática que vai ditar a exclusão dos mais lentos, além de poder produzir
alguns disparates que poderiam ser contraproducentes para o seu real propósito.
Mas enquanto isso, nada de simplificar regras imbecis que a categoria anda
seguindo, além de mudar a postura arrogante e de queixo empinado com que a F-1
encara tudo e todos à sua volta. Não basta ter vontade de mudar, é preciso
saber o que precisa ser mudado, e na opinião de muitos, o treino de
classificação atualmente não é um dos problemas pelos quais a F-1 anda perdendo
sua atratividade...
EM BAIXA:
Pastor
Maldonado: O piloto venezuelano ficou a pé na F-1. Sem o patrocínio da PDVSA,
que enfrenta grave crise administrativa, além dos baixos preços do petróleo no
mercado mundial, a equipe Renault não pensou duas vezes em dispensar os
serviços de Pastor e confirmar em seu lugar o jovem Kevin Magnussem,
ex-McLaren. Infelizmente, o histórico de confusões de Maldonado pesaram mais do
que seus dotes de velocidade, para não mencionar que a F-1 anda cada vez mais
sedenta de patrocínios trazidos por pilotos.
Nelsinho
Piquet: O campeão da F-E continua com seu calvário na segunda temporada da categoria,
onde seu time, a China Racing, continua tentando achar o rumo para recuperar
sua competitividade. Infelizmente, apesar de uma performance mais animadora nos
treinos de classificação da prova de Buenos Aires, o resultado na corrida não
foi dos melhores, e Piquet ficou novamente fora dos pontos, enquanto seu
companheiro de equipe Oliver Turvey se saiu um pouco melhor e marcou mais
alguns pontos, já chegando a 10, enquanto Nelsinho por enquanto tem apenas 4. A temporada tem tudo para
continuar complicada para o brasileiro...
Yasuhisa
Arai: O chefe do projeto da Honda na F-1 em 2015 foi dispensado pela direção da
fábrica japonesa, que tenta dar a volta por cima na competição na temporada
deste ano, com uma versão completamente revisada de sua unidade de potência
junto ao novo chassi MP4/31 da McLaren. Arai e Ron Dennis tiveram alguns
bate-bocas na temporada passada, com o chefão do time inglês tentando oferecer
alternativas para melhorar mais rapidamente o desenvolvimento da unidade de
força nipônica, no que sempre foram recusadas por Arai. Por mais que os
japoneses tenham orgulho de sua disciplina e paciência, não há como negar que
os resultados obtidos ficaram abaixo de qualquer expectativa, até mesmo para o
famoso padrão de paciência oriental.
Pré-temporada
"diet" da F-1: Se o pessoal já chiava do reduzido número de dias de
testes que a F-1 vem tendo em suas pré-temporadas desde 2009, este ano está
sendo ainda pior: serão apenas 8 dias de carros na pista, ao invés dos 12
utilizados no ano passado. E sem variar de pista: tudo será feito na pista de
Barcelona, onde os times terão duas sessões de 4 dias, para acertar seus
carros, antes de embalar tudo e partir para a Austrália, onde o campeonato
começa dentro de um mês. E, se o tempo é curto, acho ridículo ainda manterem a
regra de colocar apenas um carro de cara time na pista. Os times preferem isso,
mas dado o tempo exíguo da pré-temporada, ter os dois carros rodando na pista
ao mesmo tempo deveria ser mais produtivo e permitir um aproveitamento melhor
da pré-temporada. Saudade dos velhos tempos, quando não existiam essas firulas
na categoria...
Estados
Unidos no calendário da MotoGP: Os EUA tiveram, em tempos recentes, nada menos
do que 3 corridas no calendário da MotoGP. Os circuitos que sediavam as etapas
eram Laguna Seca, na Califórnia; Austin, no Texas; e Indianápolis, em Indiana.
Bem, Laguna Seca caiu fora há pouco tempo atrás, e para o calendário deste ano,
foi a vez da corrida disputada no traçado misto de Indianápolis ser rifado da
competição. Em seu lugar entrou o GP da Áustria, a ser disputado no Red Bull
Ring, em Zeltweg. Com isso, os Estados Unidos agora tem apenas a etapa de
Austin no calendário deste ano da classe rainha do motociclismo, a ser
disputada no Circuito das Américas, marcada para o dia 10 de abril.
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