Comemoração da vitória da Chip Ganassi em Pocono feita em grande estilo: 100 triunfos com o patrocínio da Target. |
A
corrida de Pocono, disputada domingo passado, e válida pelo campeonato 2013 da
Indy Racing League, teve bons motivos para fazer valer o dia para os amantes do
automobilismo. Em primeiro lugar, foi a estréia de um grande circuito
superspeedway no calendário da categoria, e que há muito tempo estava fora do
certame das categorias Indy, tendo sediado sua última prova em 1989, na F-Indy,
e de lá para cá tendo como maior atração duas provas de 500 milhas da Nascar. O
visual da pista de Pocono é espetacular, permitindo aos carros atingirem
altíssimas velocidades, e a largura da pista, em especial na reta dos boxes, dá
a impressão de que os carros parecem até miniaturas. E Pocono marcou a volta da
Chip Ganassi ao lugar mais alto do pódio, de onde andava ausente desde Mid-Ohio
no ano passado. E em ambas as ocasiões, foi o neozelandês Scott Dixon o
vitorioso. Foi uma vitória tripla para Chip Ganassi, uma vez que Charlie
Kimball foi o 2° colocado, da equipe “B” Nordisk Ganassi, seguido por Dario
Franchiti, parceiro de Dixon, em seu primeiro bom resultado do ano. E a vitória
do time de Chip foi também histórica, por ter sido o 100° triunfo da equipe
contando com o patrocínio da Target, patrocinador que sempre esteve presente no
time de Chip Ganassi, desde sua fundação.
Trata-se
de uma marca importante, e que reforça a identidade da parceria entre a Target
e Chip Ganassi, desde que este estreou seu time de competição na F-Indy
original em 1990, tendo como piloto o conterrâneo Eddie Cheever. Floyd “Chip”
Ganassi Jr. já tinha sido piloto na categoria, correndo pela escuderia de Pat
Patrick, até sofrer um forte acidente em Michigan, em 1984. Recuperado, Ganassi
encerrou sua carreira de piloto, mas seguiu no automobilismo, associando-se a
Patrick Racing, que para o lugar do americano contratou o brasileiro Émerson
Fittipaldi, que seria campeão com o time em 1989. No mesmo ano, Chip desfez sua
parceria com Pat Patrick, e em 1990, estreava no campeonato com sua Chip
Ganassi Racing. Contando desde o início com o patrocínio da Target, iniciava-se
ali uma parceria que se mantém firme até hoje.
A estréia da Chip Ganassi Racing, em 1990, já contava com o apoio da Target no carro de Eddie Cheever. |
No
ano seguinte, tendo Jimmy Vasser e Brian Herta como pilotos, o time voltou a
ficar em posições intermediárias na competição. Para 1996, o time ganharia o
reforço dos motores Honda e do italiano Alessandro Zanardi, e a partir daí,
Chip Ganassi daria um novo status à sua escuderia. A combinação técnica
Reynard/Honda/Firestone mostrou ser o melhor conjunto da categoria, mas a
afinação, acerto e desenvolvimento dos carros atingida pelo time de Chip foi a
mais eficiente de todas, e Jimmy Vasser conquistou o primeiro campeonato da
história da escuderia. E não foi apenas Vasser que brilhou: Alessandro Zanardi
foi a revelação da temporada, terminando em 3° lugar. A Chip Ganassi agora era
o time a ser batido.
O
domínio se repetiu nos anos seguintes, com o bicampeonato de Zanardi
(1997/1998) e o título de Juan Pablo Montoya (1999). Em 2000, Chip fez uma nova
parceria com técnica com a Lola e a Toyota, mas a Penske, usando a combinação
Reynard/Honda/Firestone foi a campeã. Mesmo assim, Montoya ainda venceu 3
provas, mostrando que a Ganassi havia se tornado de fato um time de ponta. O
ano de 2001 foi mais difícil, mas o time ainda venceu corrida, agora com o
brasileiro Bruno Junqueira, apesar de ficar apenas em 16° no campeonato. Mesmo
com todos os altos e baixos que o time eventualmente sofria, e com alguns
patrocínios mudando, a Target sempre se manteve firme e fiel ao time, numa
solidariedade poucas vezes vista no mundo do automobilismo mundial. Em 2002, o
time seria vice-campeão com Bruno Junqueira, em sua última participação na
F-Indy.
Para
2003, a
Chip Ganassi mudou para a Indy Racing League, onde já tinha feito participação
apenas nas 500 Milhas
de Indianápolis, e competido com um time próprio durante a temporada de 2002.
Agora dedicada apenas à IRL nos monopostos, o time voltou a mostrar sua força:
foi campeã com Scott Dixon, repetindo o feito em 2008. Nos anos seguintes, a
escuderia monopolizou a disputa do campeonato com a rival Penske, conquistando
3 títulos consecutivos com o escocês Dario Franchiti em 2009, 2010 e 2011.
Desde a adoção do novo chassi DW-12 da Dallara, o time tem tido dificuldades em
recuperar a forma dominadora de antes, mas a grande estrutura montada nos bons
anos de sucesso por Chip Ganassi tornam a escuderia hoje uma das grandes forças
do automobilismo americano, competindo atualmente com 4 pilotos na IRL,
contando com Scott Dixon e Dario Franchiti no time “principal”, e Charlie
Kimball numa estrutura “B” intitulada Nordisk/Ganassi.
Até
domingo passado, foram 90 vitórias contando ambas as categorias Indy, a F-Indy
e a IRL. Mas Chip Ganassi não resumiu sua participação a estes dois
campeonatos. Em 2001, Chip expandiu suas atividades, criando um time para
competir na Nascar, a Stock Car americana. O sucesso na Nascar não foi tão
freqüente como na Indy, mas o time venceu algumas corridas nesta competição,
obtendo 4 triunfos na série ARCA, e uma na Sprint Cup. Mais proeminente foram
as incursões de Chip no campeonato da Grand-Am, onde conseguiu 5 vitórias, e na
prova mais destacada de todas, as 24 Horas de Daytona. E em todas estas
participações, a Target, eterna parceria de Chip Ganassi, sempre esteve
presente.
Uma
das maiores redes de supermercados dos Estados Unidos, a Target só perde para a
rede do Walmart, a maior cadeia de supermercados do país. Originária da Dayton
Hudson Corporation, uma empresa fundada em 1902 no Estado de Minnesota, a
primeira loja com o nome Target foi aberta em 1962, tornando-se, ao longo dos
anos, a maior divisão da Dayton Hudson, que no ano 2000 mudou seu nome para
Target Corporation. Neste ano, a Target iniciou suas operações no Canadá, já
tendo até o momento mais de 100 lojas abertas no vizinho do norte dos Estados
Unidos. Durante a década de 1990,
a Target foi a principal rival no ramo de lojas de
varejo da K-Mart, durante o campeonato da F-Indy. A K-Mart patrocinava a equipe
Newmann-Hass, uma das potências da categoria, e encontrou um rival à altura na
Target, apesar de só a partir de 1996
a Ganassi se tornasse de fato uma potência no
campeonato. Mas a K-Mart deixou a equipe de Carl Hass e Paul Newmann, que na
década passada deixou de contar com o apoio da loja de departamentos, ao passo
que a Chip Ganassi e a Target nunca se separaram, e continuam firmes até hoje.
A
ligação da Target com Chip Ganassi atingiu um número histórico de vitórias nos
certames em que estiveram presentes, e isso é admirável. Talvez apenas a
ligação da Marlboro com a Ferrari tenha sido tão vitoriosa, embora atualmente a
Phillip Morris tinha apenas um menção implícita nos carros vermelhos, em
virtude da proibição da propaganda tabaqueira na F-1. Chip e a Target já estão
juntos há quase 25 anos, e mesmo que o time não esteja hoje na mesma posição
dominante de outros anos, a parceria segue firme e forte, e quem sabe ambos
estejam juntos daqui a outros 25 anos. Pode parecer sonhar alto demais, mas a
América sempre se caracterizou por permitir que certos sonhos se tornassem
realidade.
Os
parabéns a Chip Ganassi e sua escuderia, e à Target pela marca alcançada,
mostrando que fidelidade e solidariedade, nos bons e maus momentos, ainda são
possíveis de serem encontrados no mundo do automobilismo.
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