Novamente
com a seção Arquivo, o texto de hoje é do dia 26 de julho de 1996. Era o
fim de semana do Grande Prêmio da Alemanha, e o clima de expectativa entre os
torcedores de Michael Schumacher não era dos melhores, em virtude da avalanche
de problemas mecânicos e resultados ruins que haviam surgido nas últimas
etapas, depois de verem o então bicampeão mundial vencer a prova da Espanha,
debaixo de chuva, e ter dado impressão momentânea de que a Ferrari iria sim
disputar o título, o que acabou não acontecendo, pelo menos naquele ano. De quebra,
ainda várias notas rápidas sobre outros acontecimentos do esporte a motor
naquela semana. Uma boa leitura a todos, e semana que vem tem mais...
OU VAI OU RACHA
A
Fórmula 1 retorna à Alemanha para a 2ª e última prova do ano em terras
germânicas. Depois do GP da Europa, disputado no circuito de Nurburgring, agora
é a vez do Grande Prêmio da Alemanha, a ser disputado no belo circuito de
Hockeinhein, localizado ao lado da cidade de mesmo nome. O clima da torcida
local é de total apreensão e incerteza. Um clima bem diferente do vivido em
abril, durante o GP da Europa.
Em
Nurburgring, a torcida alemã foi à loucura ao ver seu ídolo nacional, Michael
Schumacher, lutando pela vitória curva a curva com a Williams de Jacques
Villeneuve. Para melhorar, Damon Hill, o maior rival de Schumacher nos últimos
anos, ficara em 4º lugar, sem conseguir ameaçar os líderes. A vitória foi de
Villeneuve, mas a torcida comemorou como nunca.
Agora,
entretanto, o clima que impera na torcida alemã não é dos mais agradáveis. Para
piorar o ânimo dos torcedores de Schumacher, a Williams está afinada como nunca
para o veloz circuito alemão, que só perde para Monza em velocidade média alta.
Até a Benetton já mostra mais poderio, insuficiente para ameaçar os carros de
Frank Williams, mas o bastante para superar a Ferrari de Schumacher. Como se
desgraça pouca é bobagem, a escuderia vermelha anda novamente às voltas com
aquela nuvem negra que vive pairando sobre o time e parece não querer sair de
lá. Desde a última corrida disputada aqui na Alemanha, os fãs do bicampeão
mundial foram ao céu, e depois disso, desceram direto para o inferno, sem
escalas...
Na
prova seguinte, em San
Marino, Schumacher conseguiu a pole e acabou em um
convincente 2º lugar. Depois, veio Mônaco, onde o alemão assombrou a todos com
uma pole demoníaca, digna de Ayrton Senna. Um erro infantil do piloto,
contanto, frustrou seus fãs: Schumacher bateu logo na primeira volta. Em
Barcelona, veio a redenção de Michael: debaixo de uma chuva torrencial, o
alemão massacrou a concorrência e ainda viu Hill cometer vários erros e
abandonar a corrida. Estava concretizada a primeira vitória de Schumacher na
Ferrari, e tudo indicava, que daí para a frente, retornar à luta pelo título e
a novas vitórias já era uma realidade. Coitados. Daí em diante, Schumacher,
Irvinne, e a própria Ferrari, passaram a viver um inferno astral que ainda não
acabou. Tanto Schumacher quanto Irvinne nem conseguiram terminar as últimas 3
corridas. Para piorar, o desempenho do time vermelho começou a decair. Na
França, então, foi o cúmulo do ridículo: Schumacher nem conseguiu largar, com
seu motor estourando na volta de apresentação e forçando o bicampeão a dar
adeus à corrida antes mesmo dela começar, ainda mais após conquistar, no braço,
mais uma pole-position. Desgraça de uns, festa de outros: Damon Hill venceu
novamente, enquanto Michael amargava um dos piores vexames de toda a história
da Ferrari. Já em Silverstone, outra atuação pífia, com abandono logo no início
da corrida...
Os
piadistas do circo não deixaram escapar: já apelidaram a equipe italiana de
“esquadrilha da fumaça”. Houve quem dissesse que o time de Maranello, apesar
dos pesares, havia evoluído: se na França Schumacher nem conseguiu largar, em
Silverstone o alemão pelo menos conseguiu andar 2 voltas na pista antes de
quebrar, e andam estimando que domingo o bicampeão consiga dar pelo menos 5 voltas
antes de pifar em Hockeinhein...
Mais
ainda: outro motor foi pro brejo durante testes em Monza na semana passada.
Análise da situação: se fosse o GP da Itália, a torcida italiana iria querer
linchar alguém na Ferrari. Com certeza, a crise está novamente nas vizinhanças
de Maranello.
Pelo
balanço do GP da Inglaterra, a coisa tende a piorar para o lado de Schumacher.
A Benetton já mostra seu avanço e superou a escuderia italiana no campeonato de
construtores, sem falar que a McLaren vem se aproximando rápido. Não vai ser um
fim de semana tranqüilo para o bicampeão alemão, que aqui em Hockeinhein tem
muitas satisfações para dar à sua fiel torcida. Prevê-se excelente público para
domingo, mas dependendo do que acontecer nos treinos de hoje e amanhã, parte do
público pode desaparecer antes mesmo de chegar.
Para
Schumacher, não há meio termo: ou consegue um bom resultado aqui ou vai ter
muita frustração para agüentar até o fim do campeonato. Depois de tantos
resultados de sucesso na Benetton nos últimos dois anos, será que o piloto
alemão vai conseguir segurar essa barra? E a torcida alemã, igualmente
acostumada às vitórias de seu ídolo. Para os torcedores e seu ídolo, vai ser um
final de semana na base do vai ou racha. E tudo indica que poderá rachar mesmo...
Balanço do campeonato até aqui para os pilotos da Williams: Damon Hill
tem 6 vitórias, e Jacques Villeneuve, apenas 2. Contra o canadense pesa-se o
fato de que apenas a vitória de Hill na Austrália foi obtida em cima de
problemas do filho de Gilles em seu carro, enquanto as duas vitórias do piloto
canadense foram obtidas em corridas onde seu companheiro inglês teve problemas.
Nos confrontos diretos, Hill ganhou quase todas.
O brasileiro Tarso Marques vai ser piloto de testes da Arrows até o fim
do ano. Tarso terá a incumbência de desenvolver os novos pneus da Firestone,
que tem planos de estrear na F-1 em 1998, mas possivelmente em 97 ainda . Mas é
só para ser piloto de testes do time. O próprio piloto brasileiro já avisa que
não há nenhuma previsão de pilotar para a Arrows como titular no campeonato de
F-1.
Michael Schumacher já avisa: deve renovar contrato com a Ferrari até o
fim de 1998. Apareceram especulações de que a Mercedes teria oferecido cerca de
US$ 38 milhões para colocá-lo na McLaren em 98, mas o próprio piloto alemão
tratou de desmentir o boato.
E a Peugeot confirma: para 97, seus motores continuam exclusivos da
equipe Jordan. Isso esfria as pretensões dos times que disputavam a preferência
de segunda equipe oficial da fábrica francesa na categoria. Para 98,
entretanto, tudo continua em aberto.
A F-Indy volta às pistas neste fim de semana. Disputam-se as 500 Milhas
de Michigan. O favoritismo vai para os carros com motor Honda e pneus
Firestone. No leque dos requisitos, temos: André Ribeiro, Jimmy Vasser,
Alessandro Zanardi, e Adrian Fernandez, este último com a moral em alta pela
vitória na última corrida, em
Toronto. Por fora, mas mantendo o favoritismo dos motores
Honda, vem Gil de Ferran.
Damon Hill está a fim de recuperar o favoritismo no campeonato, e as
próximas pistas são favoráveis ao inglês. Jacques Villeneuve não conhece as
pistas de Hockeinhein (onde a F-1 corre neste fim de semana), Hungaroring
(Hungria), e Spa-Francorchamps (Bélgica). Já em Monza (Itália) e no Estoril (Portugal),
a parada promete ser dura.
Gary Anderson, projetista da Jordan, vai ter suas funções diminuídas na
equipe. Eddie Jordan está ampliando o staff técnico da escuderia, e Gary vai se
concentrar apenas no projeto do novo EJ197, carro para a temporada do ano que
vem. A centralização das decisões técnicas em Anderson estava dificultando a
evolução técnica da escuderia.
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