quarta-feira, 31 de julho de 2013

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA – JULHO DE 2013



            E o mês de julho praticamente chegou ao fim. E, como sempre acontece todo fim de mês, chegou a hora de fazermos mais uma edição da COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA, com um pequeno balanço do que andou agitando o mundo da velocidade nas últimas semanas. O esquema do texto segue o padrão de sempre: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). Uma boa leitura a todos, e no mês que vem, estarei de volta com mais uma edição da Cotação. E até breve com novos textos por aqui...



EM ALTA:

Marc Márquez: O garoto prodígio da MotoGP andava um pouco cabisbaixo depois de sua primeira vitória na categoria, em Austin, e parecia ter sido dominado por Dani Pedrosa dentro da equipe da Honda. Mas com Pedrosa tendo seus problemas, Márquez partiu para o ataque, e venceu de forma contundente as duas últimas etapas, assumindo a liderança do campeonato e já livrando 16 pontos de vantagem sobre seu companheiro de equipe e deixando até mesmo Jorge Lorenzo, que também teve seus momentos ruins neste mês de julho, a 26 pontos de distância. Ainda tem muito chão pela frente até o encerramento da competição, em Valência, e é cedo para apontar o garoto como favorito destacado ao título, mas Marc voltou a se tornar o protagonista do campeonato, e os rivais vão ter novamente de encarar um osso duro pela frente.

Scott Dixon: O piloto neozelandês da equipe Chip Ganassi deu uma verdadeira arrancada neste mês de julho no certame da Indy Racing League, ao vencer consecutivamente as corridas de Pocono, e as duas provas realizadas em Toronto. Além de levar o time do velho Chip a vencer novamente, Dixon assumiu a vice-liderança da competição, que até então era disputada pelos pilotos do time de Michael Andretti, e se torna a mais nova e séria ameaça ao líder da competição, o brasileiro Hélio Castro Neves, que tem mantido a cabeça fria a pontuado em todas as provas de forma consistente. Bicampeão em 2003 e 2008, Dixon havia ficado na sombra de seu companheiro de equipe Dario Franchiti nas últimas temporadas, mas do ano passado para cá, parece ter recuperado a velha forma e vem mostrando muito mais desempenho que o escocês. E se mantiver o ritmo demonstrado nas últimas etapas, podem apostar que Scott vai buscar o tricampeonato.

Lewis Hamilton: Quando o campeão de 2008 trocou a segura McLaren pela incerta Mercedes, todos apostavam que Lewis iria passar um bom tempo longe das glórias das vitórias. Pois o atual campeonato está mostrando que, apesar de algumas previsões de que dias difíceis esperavam pelo inglês no time alemão, também demonstra que a aposta de Hamilton está se pagando: ele venceu a prova da Hungria com autoridade, e apesar de ainda não poder falar abertamente em lutar pelo título, está muito mais à vontade na Mercedes do que jamais esteve na McLaren em muito tempo. Pilotando com a mesma garra e tenacidade de sempre, Lewis mostra que a Mercedes fez bem de contratá-lo, e embora ele não tenha a mesma capacidade de liderança de Fernando Alonso, está conseguindo ajudar a levar sua nova escuderia para a frente na luta pelas vitórias. Se o modelo W04 conseguir ser mais dócil com os pneus, vai dar muito trabalho aos concorrentes.

Daniel Ricciardo: O piloto australiano foi eleito por Christian Horner, o chefe da Red Bull, como uma das opções para substituir Mark Webber no time em 2014, além de Kimmi Raikkonen. Isso significa que Jean-Eric Vergne no momento está descartado para subir ao time principal, e deu uma tremenda moral a Ricciardo, que até o presente momento, não pareceu ser muito melhor do que seu companheiro francês na Toro Rosso, tendo inclusive marcado menos pontos que Vergne. Mas é preciso ser realista: a Red Bull quer alguém para comboiar Sebastian Vettel, e não para dividir espaço com o atual tricampeão. Uma parceria com Raikkonen, em que pese a amizade do finlandês com Vettel, poderia ser explosiva, e apesar de sua aparente postura liberal e jovial, o time dos energéticos já andou pegando os vícios da F-1, e certamente vai querer alguém que ande bem, mas não tão bem quanto Sebastian. Claro que Ricciardo pode surpreender e até se mostrar muito mais incômodo do que Raikkonen, mas no momento, só de ser cogitado como uma das duas únicas opções já é um tremendo feito para Daniel.

Rali dos Sertões: A edição 2013 da maior prova de competição cross-country do Brasil mostra que a competição cresce a cada ano, não apenas em número de participantes, mas também em prestígio internacional. Só este ano largaram mais de 180 competidores em mais de 120 veículos, divididos em 5 categorias, e contando com nomes renomados do gênero a nível internacional, como Stéphane Peterhansel, Cyril Despres, e Marc Coma, nomes com larga experiência no maior rali do mundo, o Dakar. Peterhansell, ao lado de seu navegador, Jean-Paul Cottret, aliás, foram os campeões do Dakar 2013, e encabeçam a lista dos favoritos para vencer o Rali dos Sertões. Nas motos, Despres também é o principal favorito, tendo vencido já duas edições da prova nacional. Para a edição deste ano, os competidores tiveram mais de 4 mil quilômetros de percurso, nos Estados de Goiás e Tocantins, divididos em 10 etapas. É a 21ª edição da competição, que já se tornou uma das mais importantes do Brasil e até mesmo do mundo no gênero.



NA MESMA:

Ferrari: O time de Maranello parece seguir a mesma sina este ano vista nas últimas temporadas: não consegue ter um carro com desempenho constante. Se no ano passado começou com um modelo que deixava até seus pilotos incapazes de disputar o Q3 nas classificações, e depois conseguiu evolui-lo ao ponto de em determinado momento ser o melhor carro da temporada, para novamente perder desempenho, este ano o time italiano começou o campeonato muito melhor, mas em contrapartida, pareceu perder fôlego nas últimas provas, a ponto de ter sido superado em performance por Mercedes e Lótus, e vendo a Red Bull se distanciar ainda mais no campeonato. O time promete reagir a partir da Bélgica, mas o discurso já vem sendo repetido nas últimas corridas, e o que temos visto foi Alonso apenas colher as sobras dos adversários...

Hélio Castro Neves: O piloto brasileiro da Penske segue liderando o campeonato da Indy Racing League, procurando sempre chegar em boas posições pontuáveis, como fez na rodada dupla de Toronto. Mas Helinho tem de procurar voltar a vencer para neutralizar com mais força os eventuais rivais, que continuam fortemente à espreita, e que acaba de ganhar o reforço de Scott Dixon, um adversário talvez ainda mais perigoso do que Ryan Hunter-Reay, Marco Andretti, ou James Hinchcliffe. Helinho tem procurado correr com a cabeça, e procurado ficar longe de encrencas nas corridas. Tem funcionado, mas em algumas provas, precisa melhorar seu desempenho, mesmo que não visando a vitória, como em Pocono, onde teve uma performance apenas mediana. Aumentar a diferença na classificação é vital, e para sua sorte, seus adversários até agora não conseguiram demonstrar a mesma constância do brasileiro. Mas isso pode mudar, e as chances de finalmente conquistar o título, ficarem novamente adiadas...

Equipe Williams: O time de Frank Williams finalmente saiu do zero este ano, graças ao 10° lugar de Pastor Maldonado no GP da Hungria, mas não há razão para comemorar: o carro continua, como diria Nélson Piquet, uma merda. Maldonado só pontuou graças ao abandono de Nico Rosberg, e à punição de Nico Hulkenberg, que com certeza terminariam à sua frente, e nem citei Adrian Sutil, que também não teve o resultado que esperava na corrida. E Frank Williams ainda teve que ver seu outro piloto abandonar com o motor fumegante, andando sempre no pelotão de trás. O time contratou Pat Symonds para dar um jeito na área técnica da escuderia, mas este ano já foi literalmente para o vinagre, e o time precisa agora ver se vai chegar a 2014, quando terá motores Mercedes turbo.

Felipe Nasr: Nosso futuro candidato a piloto de F-1 segue na luta para tentar o título da GP2, e pelo menos teve um fim de semana produtivo na Hungria, quando conseguiu reduzir a desvantagem para Stefano Coletti para apenas 6 pontos. Mas o problema principal é que Nasr até o momento não venceu este ano na GP2, e apenas manter a constância e regularidade pode não ser o suficiente para chegar ao título. Com os times da F-1 observando o que acontece na competição, a falta de vitórias também pode comprometer um pouco a impressão que se tem do piloto brasileiro. Felipe faz bem em esquecer a F-1 e preferir se concentrar em vencer o campeonato da GP2 por enquanto, pois o título da categoria é certamente um belo cartão de visitas para quando chegar a hora de negociar sua entrada na categoria máxima do automobilismo. Espera-se que essa concentração o faça conseguir as vitórias que faltam para definitivamente credenciar-se como vencedor para tentar vaga na F-1. O duro é que, para entrar na F-1 hoje em dia, o dinheiro está valendo muito mais do que o talento apenas...

Equipe Lótus: O time de Enstone voltou a fazer ótimas corridas na Alemanha e na Hungria, e Kimmi Raikkonen assumiu a vice-liderança na classificação com dois pódios em 2° lugar. A escuderia também se aproxima rapidamente da Ferrari na tabela de construtores, e parece ter boas chances de manter-se firme na luta entre os primeiros colocados. Mas, se os resultados andam bons nas corridas, as classificações precisam ser melhores, a fim de capitalizarem com a excelente performance de economia de pneus que o chassi E21. Na Hungria, Raikkonen teve de partir de 7° lugar para chegar ao pódio, e a luta com os demais pilotos certamente fez perder tempo para chegar aos ponteiros. O time também precisa que Romain Grossjean tenha ou mais sorte, ou não se meta em confusões na corrida, como aconteceu em Hungaroring, onde teve falta de sorte e quase arruma confusão séria em disputa de posições. O ponto positivo é que seu maior trunfo, Raikkonen, tem tudo para permanecer no time, apesar da tentadora vaga que se abrirá na Red Bull em 2014...



EM BAIXA:

Will Power: O piloto australiano da equipe Penske decididamente não consegue se acertar nesta temporada na IRL. Sem vencer há mais de um ano, o australiano por vez ainda tem conseguido um ou outro resultado satisfatório, mas vem levando um banho de Hélio Castro Neves na atual temporada, e isso parece ter mexido com seus brios. Prova disso foram as corridas da rodada dupla de Toronto, onde sempre esteve perto de ser um dos vencedores da prova, ou terminar no pódio, mas que no finalzinho, andou cometendo erros crassos que não apenas fizeram naufragar suas chances de um bom resultado, como ainda o jogaram bem para trás na classificação de ambas as provas. Como resultado, Power é apenas o 10° colocado na classificação, com 273 pontos. Helinho, seu companheiro na Penske, lidera a competição, com 425 pontos. Será que Power ainda consegue reagir?

GP de F-1 em New Jersey: E ainda não será em 2014 que a Costa Leste americana terá seu tão sonhado (por Bernie Ecclestone, claro) Grande Prêmio de Fórmula 1. Na incerteza de sofrer outro cancelamento por falta de verbas para pagar suas exorbitantes taxas de direitos para sediar uma corrida, o chefão da FOM resolveu aceitar a oferta de Dietrich Mateschitz e levar a F-1 de volta a Zeltweg, na Áustria, onde o dono da Red Bull reformou o antigo autódromo A-1 Ring. A força dos dólares garantidos dos energéticos enfim dobrou o velho Bernie, que ainda queria ver a nova corrida americana, mas com um limite na casa das 20 corridas por temporada, e com mais uma prova para estrear no ano que vem, era preciso jogar pelo seguro. Resta agora saber quem vai dançar para a entrada dos russos em 2014...

Saúde financeira na F-1: E a crise econômica por pouco não fez mais um time de F-1 fechar. A Sauber acabou fechando uma parceria com um grupo de investidores da Rússia, e com isso, a escuderia suíça, que no ano passado teve sua melhor participação no campeonato, escapou de praticamente fechar as portas. Um sinal pra lá de preocupante, pois se mesmo com todo o bom desempenho em 2012, só conseguiu patrocínios decorrentes da presença de Esteban Gutierrez em seu carro este ano, imagine se não conseguisse mostrar resultados? E podem surgir mais vítimas: a Williams pode perder o patrocíonio polpudo da PDVSA se Pastor Maldonado se cansar da baixa performance dos carros de Grove. E se o venezuelano partir, quem vai segurar os papagaios de Frank Williams? Valtteri Bottas conta com algum aporte financeiro, mas o grosso do time neste momento está sendo bancado pela estatal venezuelana de petróleo. Tendo sido, há anos atrás, a escuderia mais poderosa da F-1, sem dúvida os últimos tempos têm sido implacáveis com a Williams. O horizonte não parece muito animador, infelizmente, a se continuar gastando tanto na F-1, ainda mais com a escassez de patrocinadores dos últimos tempos...

Felipe Massa: O piloto brasileiro está de volta àqueles dias em que as coisas não dão certo como deveriam. Felipe vem tendo vários problemas nas últimas corridas: sofreu acidentes em Mônaco e Montreal, e acabou sendo uma das vítimas dos estouros de pneu na Inglaterra, além de sofrer uma rodada logo no início do GP da Alemanha e ficar de fora da corrida. E na Hungria, uma disputa de posição mais ferrenha com Nico Rosberg fez com que seu bico ficasse ficasse danificado, comprometendo parte de sua performance, e ainda por cima seu time ainda insistiu em não trocar a peça. Com isso, os rumores de que o brasileiro pode, de novo, estar com os dias contados em Maranello voltaram, e a presença de nomes potenciais disponíveis no mercado para 2014 só ajuda a apimentar os boatos. Massa, claro, diz que não está preocupado com isso, e ainda tem um bom número de provas para reverter esse momento desconfortável, que nem chega perto do que o brasileiro viveu no ano passado, e que conseguiu superar com méritos na fase final do campeonato. Mas não deixa de ser novamente incômodo voltar a ter sua posição teoricamente em risco na Ferrari. Infelizmente, Massa declarou na Hungria que prefere sair da F-1 se não tiver um carro que lhe permita vencer, e no momento, opções em outros times estão bem escassas, e com Felipe em aparente desvantagem por não estar sendo considerado sequer como opção por outras escuderias, se não renovar com a Ferrari, Massa pode realmente ficar de fora da categoria.

Jorge Lorenzo: o atual bicampeão da MotoGP teve um mês de julho para esquecer. Acidentou-se forte em Assen, fraturando a clavícula, foi operado, e correu na base do sacrifício, no fim de junho. Mas na corrida seguinte, em Sachsenring, na Alemanha, acidentou-se de novo, ferindo a mesma clavícula, e precisando se submeter a nova cirurgia, ficando de fora da corrida. Voltou a competir em Laguna Seca, onde foi 6° colocado. Ainda em recuperação, viu o rival Marc Márquez vencer as últimas corridas e abrir uma boa vantagem na classificação, e a expectativa, pelo menos ainda para a próxima corrida, em Indianápolis, é de pelo menos tentar minimizar o prejuízo, uma vez que somente em setembro o piloto espanhol deverá estar recuperado totalmente. Isso se pelo menos não sofrer nenhum novo acidente, o que complicaria a situação. As quedas podem ter determinado o fim das chances de lutar pelo tricampeonato este ano. Se por um lado Dani Pedrosa também se acidentou e também está se recuperando neste momento, por outro lado, Márquez está aproveitando como nunca a chance de abrir vantagem, que poderá ser muito difícil de reverter mais adiante. Ah, e para aumentar o calvário de Lorenzo, Valentino Rossi já está a apenas 20 pontos atrás, e querendo muito passar à frente na classificação do campeonato. Desgraça pouca é bobagem...

 



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