E
o mês de julho praticamente chegou ao fim. E, como sempre acontece todo fim de
mês, chegou a hora de fazermos mais uma edição da COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA, com
um pequeno balanço do que andou agitando o mundo da velocidade nas últimas
semanas. O esquema do texto segue o padrão de sempre: EM ALTA (caixa na cor
verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro).
Uma boa leitura a todos, e no mês que vem, estarei de volta com mais uma edição
da Cotação. E até breve com novos textos por aqui...
EM ALTA:
Marc
Márquez: O garoto prodígio da MotoGP andava um pouco cabisbaixo depois de sua
primeira vitória na categoria, em Austin, e parecia ter sido dominado por Dani
Pedrosa dentro da equipe da Honda. Mas com Pedrosa tendo seus problemas,
Márquez partiu para o ataque, e venceu de forma contundente as duas últimas
etapas, assumindo a liderança do campeonato e já livrando 16 pontos de vantagem
sobre seu companheiro de equipe e deixando até mesmo Jorge Lorenzo, que também
teve seus momentos ruins neste mês de julho, a 26 pontos de distância. Ainda
tem muito chão pela frente até o encerramento da competição, em Valência, e é
cedo para apontar o garoto como favorito destacado ao título, mas Marc voltou a
se tornar o protagonista do campeonato, e os rivais vão ter novamente de
encarar um osso duro pela frente.
Scott
Dixon: O piloto neozelandês da equipe Chip Ganassi deu uma verdadeira arrancada
neste mês de julho no certame da Indy Racing League, ao vencer consecutivamente
as corridas de Pocono, e as duas provas realizadas em Toronto. Além de levar o
time do velho Chip a vencer novamente, Dixon assumiu a vice-liderança da
competição, que até então era disputada pelos pilotos do time de Michael
Andretti, e se torna a mais nova e séria ameaça ao líder da competição, o
brasileiro Hélio Castro Neves, que tem mantido a cabeça fria a pontuado em
todas as provas de forma consistente. Bicampeão em 2003 e 2008, Dixon havia
ficado na sombra de seu companheiro de equipe Dario Franchiti nas últimas
temporadas, mas do ano passado para cá, parece ter recuperado a velha forma e
vem mostrando muito mais desempenho que o escocês. E se mantiver o ritmo
demonstrado nas últimas etapas, podem apostar que Scott vai buscar o
tricampeonato.
Lewis
Hamilton: Quando o campeão de 2008 trocou a segura McLaren pela incerta
Mercedes, todos apostavam que Lewis iria passar um bom tempo longe das glórias
das vitórias. Pois o atual campeonato está mostrando que, apesar de algumas
previsões de que dias difíceis esperavam pelo inglês no time alemão, também
demonstra que a aposta de Hamilton está se pagando: ele venceu a prova da
Hungria com autoridade, e apesar de ainda não poder falar abertamente em lutar
pelo título, está muito mais à vontade na Mercedes do que jamais esteve na
McLaren em muito tempo. Pilotando com a mesma garra e tenacidade de sempre,
Lewis mostra que a Mercedes fez bem de contratá-lo, e embora ele não tenha a
mesma capacidade de liderança de Fernando Alonso, está conseguindo ajudar a
levar sua nova escuderia para a frente na luta pelas vitórias. Se o modelo W04
conseguir ser mais dócil com os pneus, vai dar muito trabalho aos concorrentes.
Daniel
Ricciardo: O piloto australiano foi eleito por Christian Horner, o chefe da Red
Bull, como uma das opções para substituir Mark Webber no time em 2014, além de
Kimmi Raikkonen. Isso significa que Jean-Eric Vergne no momento está descartado
para subir ao time principal, e deu uma tremenda moral a Ricciardo, que até o
presente momento, não pareceu ser muito melhor do que seu companheiro francês
na Toro Rosso, tendo inclusive marcado menos pontos que Vergne. Mas é preciso
ser realista: a Red Bull quer alguém para comboiar Sebastian Vettel, e não para
dividir espaço com o atual tricampeão. Uma parceria com Raikkonen, em que pese
a amizade do finlandês com Vettel, poderia ser explosiva, e apesar de sua
aparente postura liberal e jovial, o time dos energéticos já andou pegando os
vícios da F-1, e certamente vai querer alguém que ande bem, mas não tão bem
quanto Sebastian. Claro que Ricciardo pode surpreender e até se mostrar muito
mais incômodo do que Raikkonen, mas no momento, só de ser cogitado como uma das
duas únicas opções já é um tremendo feito para Daniel.
Rali
dos Sertões: A edição 2013 da maior prova de competição cross-country do Brasil
mostra que a competição cresce a cada ano, não apenas em número de
participantes, mas também em prestígio internacional. Só este ano largaram mais
de 180 competidores em mais de 120 veículos, divididos em 5 categorias, e
contando com nomes renomados do gênero a nível internacional, como Stéphane
Peterhansel, Cyril Despres, e Marc Coma, nomes com larga experiência no maior
rali do mundo, o Dakar. Peterhansell, ao lado de seu navegador, Jean-Paul
Cottret, aliás, foram os campeões do Dakar 2013, e encabeçam a lista dos
favoritos para vencer o Rali dos Sertões. Nas motos, Despres também é o
principal favorito, tendo vencido já duas edições da prova nacional. Para a
edição deste ano, os competidores tiveram mais de 4 mil quilômetros de percurso,
nos Estados de Goiás e Tocantins, divididos em 10 etapas. É a 21ª edição da
competição, que já se tornou uma das mais importantes do Brasil e até mesmo do
mundo no gênero.
NA MESMA:
Ferrari:
O time de Maranello parece seguir a mesma sina este ano vista nas últimas
temporadas: não consegue ter um carro com desempenho constante. Se no ano
passado começou com um modelo que deixava até seus pilotos incapazes de
disputar o Q3 nas classificações, e depois conseguiu evolui-lo ao ponto de em
determinado momento ser o melhor carro da temporada, para novamente perder
desempenho, este ano o time italiano começou o campeonato muito melhor, mas em
contrapartida, pareceu perder fôlego nas últimas provas, a ponto de ter sido
superado em performance por Mercedes e Lótus, e vendo a Red Bull se distanciar
ainda mais no campeonato. O time promete reagir a partir da Bélgica, mas o
discurso já vem sendo repetido nas últimas corridas, e o que temos visto foi
Alonso apenas colher as sobras dos adversários...
Hélio
Castro Neves: O piloto brasileiro da Penske segue liderando o campeonato da
Indy Racing League, procurando sempre chegar em boas posições pontuáveis, como
fez na rodada dupla de Toronto. Mas Helinho tem de procurar voltar a vencer
para neutralizar com mais força os eventuais rivais, que continuam fortemente à
espreita, e que acaba de ganhar o reforço de Scott Dixon, um adversário talvez
ainda mais perigoso do que Ryan Hunter-Reay, Marco Andretti, ou James
Hinchcliffe. Helinho tem procurado correr com a cabeça, e procurado ficar longe
de encrencas nas corridas. Tem funcionado, mas em algumas provas, precisa
melhorar seu desempenho, mesmo que não visando a vitória, como em Pocono, onde
teve uma performance apenas mediana. Aumentar a diferença na classificação é vital,
e para sua sorte, seus adversários até agora não conseguiram demonstrar a mesma
constância do brasileiro. Mas isso pode mudar, e as chances de finalmente
conquistar o título, ficarem novamente adiadas...
Equipe
Williams: O time de Frank Williams finalmente saiu do zero este ano, graças ao
10° lugar de Pastor Maldonado no GP da Hungria, mas não há razão para
comemorar: o carro continua, como diria Nélson Piquet, uma merda. Maldonado só
pontuou graças ao abandono de Nico Rosberg, e à punição de Nico Hulkenberg, que
com certeza terminariam à sua frente, e nem citei Adrian Sutil, que também não
teve o resultado que esperava na corrida. E Frank Williams ainda teve que ver
seu outro piloto abandonar com o motor fumegante, andando sempre no pelotão de
trás. O time contratou Pat Symonds para dar um jeito na área técnica da
escuderia, mas este ano já foi literalmente para o vinagre, e o time precisa
agora ver se vai chegar a 2014, quando terá motores Mercedes turbo.
Felipe
Nasr: Nosso futuro candidato a piloto de F-1 segue na luta para tentar o título
da GP2, e pelo menos teve um fim de semana produtivo na Hungria, quando
conseguiu reduzir a desvantagem para Stefano Coletti para apenas 6 pontos. Mas
o problema principal é que Nasr até o momento não venceu este ano na GP2, e
apenas manter a constância e regularidade pode não ser o suficiente para chegar
ao título. Com os times da F-1 observando o que acontece na competição, a falta
de vitórias também pode comprometer um pouco a impressão que se tem do piloto brasileiro.
Felipe faz bem em esquecer a F-1 e preferir se concentrar em vencer o
campeonato da GP2 por enquanto, pois o título da categoria é certamente um belo
cartão de visitas para quando chegar a hora de negociar sua entrada na
categoria máxima do automobilismo. Espera-se que essa concentração o faça
conseguir as vitórias que faltam para definitivamente credenciar-se como
vencedor para tentar vaga na F-1. O duro é que, para entrar na F-1 hoje em dia,
o dinheiro está valendo muito mais do que o talento apenas...
Equipe
Lótus: O time de Enstone voltou a fazer ótimas corridas na Alemanha e na
Hungria, e Kimmi Raikkonen assumiu a vice-liderança na classificação com dois
pódios em 2° lugar. A escuderia também se aproxima rapidamente da Ferrari na
tabela de construtores, e parece ter boas chances de manter-se firme na luta
entre os primeiros colocados. Mas, se os resultados andam bons nas corridas, as
classificações precisam ser melhores, a fim de capitalizarem com a excelente
performance de economia de pneus que o chassi E21. Na Hungria, Raikkonen teve
de partir de 7° lugar para chegar ao pódio, e a luta com os demais pilotos
certamente fez perder tempo para chegar aos ponteiros. O time também precisa
que Romain Grossjean tenha ou mais sorte, ou não se meta em confusões na
corrida, como aconteceu em Hungaroring, onde teve falta de sorte e quase arruma
confusão séria em disputa de posições. O ponto positivo é que seu maior trunfo,
Raikkonen, tem tudo para permanecer no time, apesar da tentadora vaga que se
abrirá na Red Bull em 2014...
EM BAIXA:
Will
Power: O piloto australiano da equipe Penske decididamente não consegue se
acertar nesta temporada na IRL. Sem vencer há mais de um ano, o australiano por
vez ainda tem conseguido um ou outro resultado satisfatório, mas vem levando um
banho de Hélio Castro Neves na atual temporada, e isso parece ter mexido com
seus brios. Prova disso foram as corridas da rodada dupla de Toronto, onde
sempre esteve perto de ser um dos vencedores da prova, ou terminar no pódio,
mas que no finalzinho, andou cometendo erros crassos que não apenas fizeram
naufragar suas chances de um bom resultado, como ainda o jogaram bem para trás
na classificação de ambas as provas. Como resultado, Power é apenas o 10°
colocado na classificação, com 273 pontos. Helinho, seu companheiro na Penske,
lidera a competição, com 425 pontos. Será que Power ainda consegue reagir?
GP
de F-1 em New Jersey: E ainda não será em 2014 que a Costa Leste americana terá
seu tão sonhado (por Bernie Ecclestone, claro) Grande Prêmio de Fórmula 1. Na
incerteza de sofrer outro cancelamento por falta de verbas para pagar suas
exorbitantes taxas de direitos para sediar uma corrida, o chefão da FOM
resolveu aceitar a oferta de Dietrich Mateschitz e levar a F-1 de volta a
Zeltweg, na Áustria, onde o dono da Red Bull reformou o antigo autódromo A-1
Ring. A força dos dólares garantidos dos energéticos enfim dobrou o velho
Bernie, que ainda queria ver a nova corrida americana, mas com um limite na
casa das 20 corridas por temporada, e com mais uma prova para estrear no ano
que vem, era preciso jogar pelo seguro. Resta agora saber quem vai dançar para
a entrada dos russos em 2014...
Saúde
financeira na F-1: E a crise econômica por pouco não fez mais um time de F-1
fechar. A Sauber acabou fechando uma parceria com um grupo de investidores da
Rússia, e com isso, a escuderia suíça, que no ano passado teve sua melhor
participação no campeonato, escapou de praticamente fechar as portas. Um sinal
pra lá de preocupante, pois se mesmo com todo o bom desempenho em 2012, só
conseguiu patrocínios decorrentes da presença de Esteban Gutierrez em seu carro
este ano, imagine se não conseguisse mostrar resultados? E podem surgir mais
vítimas: a Williams pode perder o patrocíonio polpudo da PDVSA se Pastor
Maldonado se cansar da baixa performance dos carros de Grove. E se o
venezuelano partir, quem vai segurar os papagaios de Frank Williams? Valtteri
Bottas conta com algum aporte financeiro, mas o grosso do time neste momento
está sendo bancado pela estatal venezuelana de petróleo. Tendo sido, há anos
atrás, a escuderia mais poderosa da F-1, sem dúvida os últimos tempos têm sido
implacáveis com a Williams. O horizonte não parece muito animador,
infelizmente, a se continuar gastando tanto na F-1, ainda mais com a escassez
de patrocinadores dos últimos tempos...
Felipe
Massa: O piloto brasileiro está de volta àqueles dias em que as coisas não dão
certo como deveriam. Felipe vem tendo vários problemas nas últimas corridas:
sofreu acidentes em Mônaco e Montreal, e acabou sendo uma das vítimas dos
estouros de pneu na Inglaterra, além de sofrer uma rodada logo no início do GP
da Alemanha e ficar de fora da corrida. E na Hungria, uma disputa de posição
mais ferrenha com Nico Rosberg fez com que seu bico ficasse ficasse danificado,
comprometendo parte de sua performance, e ainda por cima seu time ainda
insistiu em não trocar a peça. Com isso, os rumores de que o brasileiro pode,
de novo, estar com os dias contados em Maranello voltaram, e a presença de
nomes potenciais disponíveis no mercado para 2014 só ajuda a apimentar os
boatos. Massa, claro, diz que não está preocupado com isso, e ainda tem um bom
número de provas para reverter esse momento desconfortável, que nem chega perto
do que o brasileiro viveu no ano passado, e que conseguiu superar com méritos
na fase final do campeonato. Mas não deixa de ser novamente incômodo voltar a
ter sua posição teoricamente em risco na Ferrari. Infelizmente, Massa declarou
na Hungria que prefere sair da F-1 se não tiver um carro que lhe permita
vencer, e no momento, opções em outros times estão bem escassas, e com Felipe
em aparente desvantagem por não estar sendo considerado sequer como opção por
outras escuderias, se não renovar com a Ferrari, Massa pode realmente ficar de
fora da categoria.
Jorge
Lorenzo: o atual bicampeão da MotoGP teve um mês de julho para esquecer.
Acidentou-se forte em Assen, fraturando a clavícula, foi operado, e correu na
base do sacrifício, no fim de junho. Mas na corrida seguinte, em Sachsenring,
na Alemanha, acidentou-se de novo, ferindo a mesma clavícula, e precisando se
submeter a nova cirurgia, ficando de fora da corrida. Voltou a competir em
Laguna Seca, onde foi 6° colocado. Ainda em recuperação, viu o rival Marc
Márquez vencer as últimas corridas e abrir uma boa vantagem na classificação, e
a expectativa, pelo menos ainda para a próxima corrida, em Indianápolis, é de
pelo menos tentar minimizar o prejuízo, uma vez que somente em setembro o
piloto espanhol deverá estar recuperado totalmente. Isso se pelo menos não
sofrer nenhum novo acidente, o que complicaria a situação. As quedas podem ter
determinado o fim das chances de lutar pelo tricampeonato este ano. Se por um
lado Dani Pedrosa também se acidentou e também está se recuperando neste
momento, por outro lado, Márquez está aproveitando como nunca a chance de abrir
vantagem, que poderá ser muito difícil de reverter mais adiante. Ah, e para
aumentar o calvário de Lorenzo, Valentino Rossi já está a apenas 20 pontos
atrás, e querendo muito passar à frente na classificação do campeonato.
Desgraça pouca é bobagem...
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