quinta-feira, 18 de julho de 2013

DIXON NA COLA



Dixon: três vitórias consecutivas e a vice-liderança no campeonato.

            O campeonato da Indy Racing League promete pegar fogo no restante do ano. Se Hélio Castro Neves continua liderando a competição, o brasileiro da Penske ganhou um novo adversário potencialmente perigoso após a rodada dupla disputada no último final de semana em Toronto, no Canadá. O neozelandês Scott Dixon venceu com categoria as duas provas disputadas no centro da metrópole canadense, e levando em consideração que ele já havia vencido a corrida disputada em Pocono, na semana passada, o retrospecto sugere uma ameaça potencial fortíssima, afinal, foram 3 vitórias consecutivas do piloto da Ganassi.
            Com o resultado, Dixon assumiu a vice-liderança do campeonato, com 396 pontos. Helinho lidera o certame, com 425 pontos, uma diferença que pode ser considerada pequena, se lembrarmos que uma vitória vale 50 pontos. Até as etapas de Toronto, a maior ameaça a Hélio vinha dos pilotos da Andretti: Ryan Hunter-Reay e Marco Andretti vinham se revezando nos bons resultados, e ora um era o vice-líder, ora o outro. Um pouco mais atrás, o canadense James Hinchcliffe também era uma ameaça potencial, pois havia vencido 3 corridas e só não estava tão perto do brasileiro porque não tinha a mesma constância dos demais colegas de time. Mantendo-se sempre em bons lugares na pontuação, Hélio vinha sustentando a liderança da competição, aproveitando que os rivais não conseguiam manter a mesma regularidade.
            Mas a trinca de vitórias de Dixon preocupa. Se o neozelandês venceu com base na estratégia a primeira corrida de Toronto, na segunda prova ele praticamente venceu a etapa de ponta a ponta. Helinho também fez uma boa apresentação sobretudo no domingo, quando afirmou que teve seu melhor carro no ano. De fato, o brasileiro assumiu a segunda posição na largada, e lá ficou a prova inteira, sem ser ameaçado por ninguém, mesmo nas relargadas. Mas Helinho foi incapaz de ameaçar Dixon na luta pela vitória: o piloto da Ganassi simplesmente detonou toda a concorrência. Bicampeão da IRL, Dixon pode ser um adversário mais perigoso que os demais pilotos, pela experiência, e também pela estrutura da Ganassi, que parece ter finalmente se entendido com o novo chassi DW-12, utilizado desde o ano passado. Dixon ficou na sombra no time nos últimos anos, quando foi eclipsado por Dario Franchitti, que venceu 3 campeonatos consecutivos em 2009, 2010, e 2011, mas no ano passado o escocês não exibiu a mesma forma com o novo carro, ao passo que Dixon parece ter tido mais sintonia com as reações do novo modelo adotado pela categoria.
            Tanto é que, no ano passado, Dixon foi 3º colocado no campeonato, com 2 vitórias, enquanto Franchitti foi apenas o 7º colocado, vencendo apenas a Indy500. Este ano, Scott já assumiu a vice-liderança, venceu 3 vezes, e Franchitti ocupa só a 7ª posição, sem ter vencido nenhuma corrida. Poderia se dizer que o resultado em Toronto seria derivado de um excelente acerto do time da Ganassi para a pista de rua da cidade, mas a vitória anterior, obtida com uma trinca da Ganassi no pódio de Pocono, foi conseguida em um oval gigante. A próxima corrida do campeonato é em Mid-Ohio, e foi lá que Dixon venceu pela última vez no ano passado. Se a Ganassi mostrar boa forma no circuito de Lexington, estará confirmada que é uma nova e potencial ameaça ao possível título de Hélio Castro Neves.
            Independente de quem seja o adversário, a Penske e Helinho precisam melhorar de ritmo. O brasileiro tem apenas uma vitória no campeonato, enquanto os rivais mais próximos, Dixon e Hunter-Reay, já venceram mais de uma corrida. Para afastar qualquer ameaça dos concorrentes chegarem mais perto, o brasileiro precisa vencer novamente, e a Penske tem que conseguir dar a seu piloto um carro nas melhores condições possíveis, além de ter sempre uma boa estratégia para as corridas. Ainda tem muito chão pela frente até o encerramento do campeonato em outubro, na pista de Fontana, e quanto mais dianteira Helinho puder conseguir, melhor para suas disputas, podendo evitar alguns riscos potenciais, como se envolver em algum acidente. E, o mais importante: não perder a cabeça em nenhum momento.
            Falando em perder a cabeça, Will Power, companheiro do brasileiro na equipe Penske, está mostrando que este não é mesmo seu ano. Disputando sua pior temporada desde que virou titular integral na Penske, o australiano jogou para o alto duas oportunidades de bons resultados na rodada dupla de Toronto: na primeira corrida, em disputa estabanada com Dario Franchiti pelo terceiro lugar, errou feio a freada no fim da reta oposta e acertou a barreira de pneus, despencando para a 15ª posição na classificação final da prova de sábado; no domingo, o australiano vacilou na relargada a 2 voltas do final, patinou com seu carro e acabou provocando um engavetamento que levou também Ryan Hunter-Reay e Takuma Sato, e jogando fora um possível 3° lugar para acabar classificado apenas em 18°. Depois de 3 temporadas em que deixou Helinho na sobra dentro da Penske, o brasileiro este ano já está mais de 150 pontos na frente. Ainda há tempo de Power se recuperar para tentar uma reação e apagar a má temporada, mas se não puser a cabeça no lugar, vai ser difícil. Perder os últimos 3 campeonatos sempre na última corrida parece ter deixado Power meio fora de foco.
            E perder o foco é algo que dificilmente acontecerá com Dixon. O neozelandês costuma sempre manter a cabeça fria, e não é de desperdiçar oportunidades. Se a Ganassi enfim encontrou o rumo para acertar seus carros, será o mais forte adversário contra o piloto brasileiro. A favor de Helinho, está o fato de poder esperar que seus rivais troquem lutas entre si, enquanto procura marcar o maior número de pontos possível. Mas, como já mencionei, é vital voltar a vencer corridas, para minimizar os riscos.
            Desde que chegou à Penske, Hélio já foi vice-campeão da IRL em duas oportunidades, enquanto viu seus companheiros de equipe conquistarem 3 campeonatos. Gil de Ferran foi bicampeão da F-Indy original em 2000 e 2001; e Sam Hornish Jr. foi campeão da IRL em 2006, naquela que foi a última conquista da Penske de um campeonato. Disputando seu melhor campeonato dos últimos anos, o brasileiro tem que caprichar para finalmente conquistar o tão sonhado título da categoria. Uma oportunidade que não pode ser perdida.


Principal rival de Helinho na luta pelo título até Toronto, o atual campeão da IRL, Ryan Hunter-Reay teve um fim de semana para esquecer nas etapas da cidade canadense, com resultados pífios que o fizeram ficar mais distante do brasileiro na classificação do campeonato, além de perder a vice-liderança para Scott Dixon. Mas é bom não subestimar o poderio da escuderia de Michael Andretti, que apesar de não ter tido um bom fim de semana em Toronto, ainda é a equipe que mais venceu no ano, com 5 vitórias.


Enquanto isso, na F-1, a equipe Marussia confirmou esta semana que usará os novos motores Ferrari V-6 turbo a partir de 2014. A escuderia é a única que ainda usa os motores Cosworth V-8, depois que a Hispania faliu no fim do ano passado. Sem recursos para desenvolver um motor turbo, a Cosworth deixará a F-1 pela segunda vez na última década. No próximo ano, a F-1 terá apenas 3 marcas de motor nas equipes do grid: Mercedes, Renault, e Ferrari.


O péssimo ano da Williams já teve seu primeiro “crucificado”: Mike Coughlan, diretor técnico desde 2011 do time inglês, foi demitido esta semana. Para seu lugar, foi contratado Pat Symonds. Como de costume, Frank Williams disse que Symonds tem todas as condições de elevar a capacidade técnica do time. Coughlan também foi recebido com elogios deste tipo quando chegou à escuderia em 2011. Nada como um dia depois do outro...

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