Em
mais um texto da seção Arquivo, trago este que foi publicado no dia 02 de
agosto de 1996. O assunto era um pequeno balanço da disputa dos títulos dos
campeonatos da F-1 e F-Indy naquele ano. Finda a prova da Alemanha na F-1,
havia apenas 5 corridas para fechar o ano, muito diferente dos dias de hoje. Na
F-Indy, também havia muita expectativa na disputa do título, em um momento de
alta popularidade de um certame que hoje não existe mais, tendo sido substituído
pela rival IRL. Completando a coluna, algumas notas sobre os acontecimentos
recentes do momento no círculo do automobilismo. Uma boa leitura a todos...
HORA DE FAZER CONTAS
Findo
o Grande Prêmio da Alemanha de Fórmula 1, e faltando agora apenas 5 provas para
terminar o mundial de 1996, começam os cálculos para estimar até onde a disputa
do campeonato pode se prolongar. Na F-Indy, o clima é igual, faltando apenas 4
etapas a se findar o torneio.
Começando
pela F-1, ninguém mais duvida que o título de construtores seja da Williams. Se
marcar apenas mais 2 pontos na próxima etapa do campeonato, na Hungria, o time de
Frank Williams assegurará matematicamente o título de construtores. O time mais
próximo, a Benetton, precisaria vencer todas as corridas faltantes em
dobradinha, e ainda torcer para que a Williams não marcasse mais nenhum ponto
para levar o título por uma diferença mínima. No momento, a Williams soma 125
pontos, contra apenas 47 da rival que a derrotou em 95.
Já
no que se refere ao campeonato de pilotos, apenas na Bélgica o campeonato
poderá ser decidido matematicamente. Damon Hill tem 21 pontos de vantagem sobre
Jacques Villeneuve, e só poderá ser superado, na melhor das hipóteses, por
ocasião do GP da Itália. A liderança do inglês, entretanto, deve aumentar nas
próximas etapas. Se vencer em Budapeste, Hill ficará a apenas 9 pontos do
título, se Villeneuve não conseguir marcar nenhum ponto.
E
os demais pilotos? Não podem fazer mais nada além de assistir à luta particular
dos pilotos da Williams. Jean Alesi está a 42 pontos de desvantagem de Hill,
enquanto Michael Schumacher, o atual campeão mundial, encontra-se 47 pontos
atrás do inglês. As chances matemáticas existem, mas só um milagre permitiria a
reação de ambos no campeonato. Com isso, eles tratam de se preocupar mais é com
suas posições no certame. Entre Alesi, 3º no mundial, e Berger, seu colega de
equipe e 7º colocado na classificação, tudo pode mudar nas próximas 5 etapas.
Alesi está apenas 15 pontos na frente de Berger, e entre estes 15 pontos
encontra-se Michael Schumacher, David Couthard, e Mika Hakkinem. O mesmo vale
para suas equipes: Benetton, McLaren e Ferrari estão bem equilibrados na tabela
de construtores.
Já
pelos lados da F-Indy, a coisa ainda mais complicada. Jimmy Vasser está com Al
Unser Jr. em seus calcanhares. A diferença é de apenas 1 ponto (Vasser tem 112
e Al Jr., 111). Com 4 etapas ainda pela frente, com 88 pontos em jogo, ainda
estão na disputa Gil de Ferran (com 92 pontos), Christian Fittipaldi (com 87),
Michael Andretti (73), Alessandro Zanardi e Greg Moore (ambos com 72 pontos),
André Ribeiro (71), e mais vários outros pilotos. O grosso da disputa,
entretanto, deve ficar mesmo entre Al Unser Jr. , Gil de Ferran e Jimmy Vasser.
O piloto da Chip Ganassi, porém, perdeu em Michigan a melhor oportunidade para
aumentar a sua vantagem. Todas as provas restantes serão disputadas em circuitos
mistos, onde a concorrência tem se dado muito melhor. Um pouco por fora, vem a
dupla da equipe Newmann/Hass, Christian Fittipaldi e Michael Andretti, que
podem embolar a situação nas etapas finais.
Independente
de todas estas contas, os pilotos aceleram fundo nas corridas finais, tanto na
F-1 quanto na F-Indy. Afinal, a esperança é a última que morre, e no
automobilismo, nenhum piloto que se preze desiste de lutar até o fim.
Émerson Fittipaldi, felizmente, já passa bem, depois de sofrer o mais violento
acidente de toda a sua carreira, durante a disputa das 500 Milhas de Michigan,
pela F-Indy. O acidente, motivado de maneira irresponsável por Greg Moore, por
pouco não teve conseqüências mais graves. Nosso campeão, entretanto, só deverá
voltar a competir, na melhor das hipóteses, em 97. A recuperação deve levar
cerca de 2 meses, no mínimo.
Agora é definitivo: Gil de Ferran muda de equipe para 97 na F-Indy. A
equipe ainda não está definida. O motivo é que Jim Hall resolveu mesmo fechar a
sua escuderia ao término desta temporada, e se aposentará do automobilismo. A
opção mais plausível é a Walker, que perderá Robby Gordon, mas ganhará o motor
Honda, caso contrate o piloto brasileiro.
A Penske não gostou muito do resultado das 500 Milhas de Michigan.
Apesar do 4º lugar de Al Unser Jr. na corrida, o acidente com Émerson
Fittipaldi deixou Roger Penske muito indignado com a atitude de Greg Moore, e
está exigindo uma punição para o canadense. Isso sem falar que Paul Tracy, o
outro piloto do time, bateu forte no treino de sábado e teve o pescoço
imobilizado, com ferimentos similares aos de Émerson, mas menos graves. Fora os
danos nos pilotos, lá se foram também dois carros, o que deve manter os
mecânicos da fábrica da Penske bem ocupados nos próximos dias.
Só para refrescar a memória: não foi a primeira vez que Greg Moore se
envolveu em confusões com os Fittipaldi; em Long Beach, o piloto
canadense acertou o carro de Christian Fittipaldi numa tentativa estúpida de
recuperar sua posição, perdida instantes antes para o brasileiro. Ambos foram
parar no muro. Émerson, que passava pelo local pouco depois, acabou levando as
sobras, ao passar por cima de pedaços da suspensão do carro do sobrinho, e ter
de abandonar a corrida por causa disso. Christian, que ficou bravo à beça no
momento, quase partiu para a briga com Moore, mas os fiscais de pista apartaram
os dois.
“Eu devia tê-lo nocauteado em Long Beach!”, declaração de Christian Fittipaldi
em relação ao que Greg Moore aprontou desta vez em Michigan...
O treino de classificação do GP da Alemanha de F-1 reservou boas
surpresas em seu final. Quando a torcida e Michael Schumacher preparavam-se
para comemorar a pole na corrida, Damon Hill surgiu do nada e, numa volta
demolidora, como Ayrton Senna costuma fazer, derrubou a concorrência. O ânimo
da torcida esfriou ainda mais quando Gerhard Berger, logo a seguir a Hill,
tirou o alemão da primeira fila de largada. Na corrida, a emoção ficou por
conta de Hill e Berger, que lutaram roda a roda pela vitória até o motor do
austríaco deixá-lo a pé quase no finalzinho da corrida. Destaque para
Schumacher, que conseguiu chegar ao final da prova, mas com atuação pífia. Não
fossem as quebras de Berger e Mika Hakkinem, o bicampeão teria amargado um 6º
lugar irrisório perante sua torcida...
Rubens Barrichello confiava na força do motor Peugeot para atingir um
bom resultado em Hockeinhein, mas finda a corrida, estava desiludido: o carro
estava sem tração e sem estabilidade. “Se não fomos bem aqui, onde mais
iremos?”, declarou o piloto brasileiro, em desânimo.
Gerhard Berger anda mesmo azarado. Depois do estouro do motor Renault
que jogou por terra sua magnífica atuação em Hockeinhein, agora foi a vez do
piloto ter o seu jato particular apreendido pelas autoridades austríacas, sob
alegação de falta de pagamento de alguns impostos...
Heinz-Harald Frentzen e Rubens Barrichello são os nomes mais cotados no
mercado de pilotos para a próxima temporada. Tudo dependerá, entretanto, se a
Williams dispensar Damon Hill e se a nova motivação de Gerhard Berger fazer
Flavio Briatore mantê-lo no time da Benetton em 1997...
Nenhum comentário:
Postar um comentário