quarta-feira, 31 de agosto de 2011

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA – AGOSTO DE 2011

            Hoje se encerra o mês de agosto, então eis aqui a minha mais edição da Cotação Automobilística, com um balanço dos principais acontecimentos do esporte a motor deste mês. Como de costume, fiquem à vontade para concordar/discordar, dar opiniões, sobre as avaliações apresentadas, que serão apresentadas de forma sucinta, do modo de sempre, em três classificações: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). Então, vamos ao texto, e até a próxima avaliação, no mês que vem...


EM ALTA:

Equipe Penske: enfim, a Penske conseguiu, ainda que por apenas uma prova, mostrar a força dos velhos tempos. O pódio do GP de Sonoma, disputado no último domingo no Infineon Raceway, foi monopolizado pelos pilotos de Roger Penske. Venceu Will Power, com Hélio Castro Neves em 2° e Ryan Briscoe em 3°. A última “trinca” da escuderia havia sido conquistada em Nazareth, em 1994, na F-Indy, com vitória de Paul Tracy, seguido de Al Unser Jr. e Émerson Fittipaldi. Power está apenas 26 pontos atrás de Dario Franchiti, e faltando 4 provas para o fim do campeonato, se a Penske conseguir manter esta eficiência, poderá conquistar o seu primeiro título na IRL desde a conquista de Sam Hornish Jr. em 2006, quando foi piloto da escuderia.

Romain Grossjean: o piloto francês conquistou em Spa, na Bélgica, o título antecipado de 2011 da GP2, e com isso credencia-se a ser o principal rival de Bruno Senna na luta por um lugar na equipe Renault, já neste ano. Como oficialmente o piloto brasileiro só foi confirmado para as provas da Bélgica e da Itália, a possibilidade de Grossjean, que já teve uma chance na escuderia em 2009 e acabou queimado pela experiência, que se revelou desastrosa após o escândalo de Cingapura, pode ganhar uma nova oportunidade n F-1, e o piloto, assim como seus defensores, e eles são fortes dentro da Renault, garantem que desta vez ele estará muito melhor preparado para encarar a principal categoria automobilística do mundo. O título da GP2 é uma boa credencial. Se não andar este ano, para 2012, a aposta em Romain é praticamente certa, caso Robert Kubica não consiga retornar à competição.

Sebastian Vettel: o piloto alemão ruma firme para seu bicampeonato, ainda mais depois da excelente vitória na Bélgica, onde teve de ser preciso e suave para contornar problemas potenciais de pneus para conquistar sua 7ª vitória no ano sem dar chances à concorrência na pista. A única dúvida é em qual GP Sebastian vai liquidar a fatura. Com 92 pontos de vantagem, a única certeza é que isso não vai acontecer em Monza, próxima etapa do Mundial, pois ainda haverá 150 pontos em jogo depois da Itália.

Casey Stoner: Se na F-1 ninguém parece conseguir impedir o bicampeonato de Sebastian Vettel, na MotoGP quem consegue segurar Casey Soner? O piloto da Honda conquistou em Indianápolis sua 3ª vitória consecutiva no campeonato, alcançando já 7 triunfos no atual campeonato e deixando o atual campeão Jorge Lorenzo cada vez mais para trás. A vantagem do piloto já é de 44 pontos para seu rival espanhol, e não fosse sua vantagem também relativamente folgada para os demais pilotos, Lorenzo até que poderia começar a se preocupar em defender sua vice-liderança do campeonato. Faltando ainda 6 corridas para encerrar o certame de 2011, a disputa deve pegar fogo entre Stoner e Lorenzo. Mas o australiano está em ponto de bala, e superá-lo não vai ser nada fácil...

Michael Schumacher: Mesmo que tenha sido apenas por uma corrida, por ocasião da comemoração dos 20 anos de sua estréia na F-1, na Bélgica o heptacampeão mundial mostrou toda a garra e velocidade que fizeram dele o maior vencedor da história da categoria. Largando em último (24°) após bater na classificação logo no começo por perder uma das rodas, Michael pilotou como nos velhos tempos, e fez sua melhor corrida desde que retornou à F-1 no ano passado. Terminou em 5° lugar, deixando para trás Nico Rosberg, que largou bem lá na frente (5°) e chegou até a liderar a corrida no início, até ser superado por Sebastian Vettel, Fernando Alonso & Cia. Será que enfim veremos Schumacher voltar a dar seus shows de velocidade? Mesmo que o carro da Mercedes não seja o melhor do grid, estava faltando vermos Michael dar estes espetáculos que eram rotineiros em seus tempos de Benetton e Ferrari. Se o heptacampeão tirou de vez a ferrugem que faltava, Nico Rosberg que se cuide na escuderia. E a concorrência que se prepare para algumas dores de cabeça...



NA MESMA:

Dario Franchiti: o piloto escocês cometeu seu primeiro erro crasso no campeonato deste ano da IRL, ocasionando o seu abandono na prova de New England. Com a vitória de Will Power em Sonoma, a vantagem na classificação do piloto da Ganassi diminuiu bastante, e faltando apenas 4 corridas para fechar o campeonato, Dario precisará mostrar toda a sua capacidade nas provas restantes para resistir ao ataque do rival, com quem já andou batendo rodas durante o ano. Se a Ganassi mantiver sua eficiência, Dario costuma se garantir na pista, e mesmo com a vantagem menor, sua experiência nos momentos de decisão conta muito a seu favor. O escocês ainda é o piloto a ser batido, e pode se tornar o primeiro tetracampeão da Indy Racing Legue se faturar o caneco de 2011, o que não é nada desprezível.

Lewis Hamilton: o piloto da McLaren, por mais que queira, parece não conseguir se manter livre de confusões, seja sozinho, seja com outros pilotos. Nas duas últimas etapas, prejudicou a si mesmo em oportunidades que poderiam ter resultado até em vitórias em ambas as corridas. Na Hungria, rodou quando liderava a corrida, e por ter posto outros carros em perigo, levou uma punição que arruinou suas chances de vitória; já na Bélgica, tocou em Kamui Kobayashi e saiu da pista, dando adeus à corrida. Não é apenas o arrojo por vezes excessivo que faz com que Hamilton seja o pior inimigo de si próprio, mas su propensão a andar achando que não há mais ninguém além de si na pista, o que o leva a se enroscar demais com os outros pilotos em situações que normalmente não seriam necessários tantos toques e encostadas. Em Hungaroring, o problema não foi apenas rodar, mas dar um cavalo-de-pau para retornar ao sentido correto no meio dos carros que vinham vindo na pista, e quase provocar um acidente sério envolvendo diversos pilotos. Em Spa, após ultrapassar a Sauber de Kobayashi, deveria ter prestado mais atenção para ver se já tinha ultrapassado totalmente o japonês. Pelo menos Hamilton admitiu que errou nestas oportunidades e pediu desculpas à equipe pelo ocorrido. Mas ele precisa mostrar que aprendeu com isso e evitar novas confusões. Nestas últimas duas provas, a conseqüência óbvia foi cair para a 5ª posição no campeonato, sendo superado por Jenson Button na classificação, mesmo sendo mais veloz que seu compatriota na pista.

Sebastian Loeb: o multicampeão do Mundial de Rali renovou com a equipe Citroen por mais 2 anos. A relação, que já dura desde a estréia de Loeb na categoria, em 2001, completou 10 anos de grande sucesso, com nada menos do que 7 títulos e 66 vitórias na principal categoria off-road do automobilismo mundial. Loeb admitiu que por pouco não ingressou no projeto da Volkswagen, que fará sua estréia oficial em 2013 nos ralis, mas que no final sua longa relação com os franceses se fez presente. Péssima notícia para os adversários, que vão continuar tendo de encarar a fera da Citroen nas estradas mundo afora. E seu companheiro de equipe, Sebastien Ogier, nem pode comemorar direito sua vitória sobre Loeb no rali da Alemanha, última prova do campeonato, disputada semana retrasada, ao saber que terá seu mesmo companheiro por mais 2 anos...

Provas da F-1 na Europa: Bernie Ecclestone continua com sua ganância na cobrança dos direitos de realização de uma corrida de F-1, e com isso, a prova da Turquia, em Istambul, já não fará mais parte do calendário da categoria já em 2012. Em seu lugar, entrará a nova etapa de Austin, nos Estados Unidos. O Bahrein está de volta, com a sua prova, cancelada este ano em virtude dos protestos populares, e na Bélgica, circulou o boato de que a prova de Spa passaria a ser revezada com Paul Ricard, que voltaria à F-1. Os promotores belgas estão irritados com a crescente exigência de aumentos nos direitos exigidos pela FOM, e como em breve deve entrar também a Rússia no certame, é preciso arrumar vagas, nem que seja preciso atirar pela janela provas tradicionais em lugares como a Bélgica. Enquanto isso, corridas em locais totalmente insossos e sem tradição automobilística continuam tendo seus GPs, um vez que seus governos não se incomodam em pagar as taxas absurdas exigidas pelo cartola-mor da F-1...

Provas dos EUA na MotoGP: contando atualmente com duas etapas da categoria MotoGP em seu território, os Estados Unidos continuarão sediando duas corridas em 2012. Além da corrida disputada no circuito californiano de Laguna Seca, o novo circuito de Austin, no Texas. atualmente em construção, também irá sediar uma corrida da categoria máxima do automobilismo. O novo Circuito das Américas tem um contrato assinado para sediar uma prova da MotoGP por 10 anos a partir de 2013, e no ano que vem, Laguna Seca deverá receber as motos em duas ocasiões. Com isso, quem ficará de fora será Indianápolis, que perderá a corrida de motos, tendo este mês provavelmente sua última etapa disputada no mais famoso circuito americano. Os fãs, contudo, não deverão sentir saudades da turma de Casey Stoner, Valentino Rossi & Cia., uma vez que o público da corrida foi ínfimo este ano, com a grande maioria de suas arquibancadas praticamente vazias no dia da corrida.



EM BAIXA:

Felipe Massa: Largar na frente de Fernando Alonso nas últimas corridas até poderia significar que o piloto brasileiro está determinado a recuperar um pouco do terreno perdido desde que o piloto espanhol chegou ao time italiano. Mas terminando a corrida muito atrás de Alonso em ambas as ocasiões, mesmo levando os percalços sofridos em consideração, só deixam a cotação de Felipe ainda pior. Mesmo tendo a afirmação de que seu contrato valerá até o fim de 2012, Massa não vai conseguir ir muito longe se continuar nesta tocada. Com a indicação indireta de que estará fora de Maranello em 2013, é hora de mostrar serviço na pista, do contrário, Felipe pode ir se preparando para dar adeus à F-1, ou na melhor das hipóteses acabar em alguma Virgin ou Hispania da vida...

Comando da Indy Racing League: Por mais que tentem negar, não há como refutar que esta “nova” Indycar ainda é uma sombra do que a “verdadeira” Indycar foi um dia: uma categoria que chegou a fazer até incômodo na F-1, tamanha a sua popularidade e disputas freqüentes entre vários pilotos, a F-Indy que vimos na década de 1990. Esta “nova” Indycar tem muito a fazer para se livrar da herança “maldita” de ser a velha IRL, categoria dissidente da F-Indy criada por Tony George por birra de querer ser o dono único de tudo, uma vez que era dono da prova mais importante, a Indy500. E o que se viu em New England, com confusões em relação ao procedimento de relargada e às atitudes em relação à chuva foi algo totalmente amadorístico e desconexo. Foi preciso vários pilotos rodarem e baterem – felizmente, sem gravidade, para se tomar a atitude mais correta, que pasmem, era contra o regulamento, o que provocou um protesto das equipes Ganassi e Newmann-Hass. Outra coisa errada foi instituir o procedimento de largada em fila dupla após as bandeiras amarelas, um potencial chamariz para novas confusões e acidentes. Para piorar, os pilotos ainda são punidos por demonstrarem estar irritados. Ano passado foi Hélio Castro Neves a ter sua vitória em Edmonton garfada por uma regra besta, e ainda ser repreendido e multado por “atitude antisocial” ou coisa que o valha por ter ficado possesso com a situação. Desta vez, quem levou o pito foi Will Power, indignado com a relargada absurda na pista úmida de New England. Power mostrou os dedos médios para as câmeras e levou advertência, está sob observação e coisa e tal. A IRL quer virar uma F-1 piorada, afinal? Depois, não fiquem perguntando porque a categoria nõ consegue reerguer-se...

Equipe Williams: o time que foi o maior vencedor da F-1 na década de 1990 parece não conseguir mais se encontrar nesta temporada. Além de não conseguir corrigir um mínimo de performance no fracassado modelo FW33, a escuderia ainda proíbe seus pilotos de falar com a imprensa fora dos horários oficiais no fim de semana do GP da Bélgica, sob a alegação de que viu notícias ruins serem divulgadas na imprensa nos últimos tempos. Se eles tivessem um pouco de competência e conseguissem dar a seus pilotos um equipamento mais decente, talvez o time não tivesse que ler notícias ruins sobre si, pois no momento, infelizmente, não há praticamente nada de positivo a se falar da equipe do velho Frank Williams. Deveria anunciar logo de uma vez a renovação de seus pilotos e partir para novas bases do carro de 2012, pois do atual nada há para se aproveitar. E quem criticar Rubens Barrichello por estar desanimado com a situação, o que queriam, afinal? Que ele ficasse alegre vendo todo o esforço que faz não dar quase nenhum resultado. Nélson Piquet também ficou profundamente desapontado ao ver todo o seu intenso trabalho de desenvolvimento feito na Benetton em 1991 ter sido quase à toa, pois o carro não evoluiu significativamente durante todo o ano. Se Piquet dizia que a situação era uma porcaria, todos elogiavam por sua sinceridade...já Barrichello é tachado de fracassado e derrotista, entre outras coisas. O futuro da Williams, até certo tempo atrás ainda esperançoso de melhores dias, começa a parecer muito mais tenebroso e negro...

Campeonatos nacionais de automobilismo: O automobilismo brasileiro vai muito mal quando o assunto são monopostos. Enquanto a Stock Car monopoliza as atenções, e a F-Truck se vira com rara competência, os campeonatos da F-3 e F-Future tem os grids mais minguados de que se tem notícia. Na etapa da Campo Grande do Sul-Americano de F-3, o grid teve apenas 9 carros, e apenas 7 cruzaram a linha de chegada. Apenas 4 equipes alinharam para a corrida, todos com pilotos brasileiros unicamente. Já a F-Futuro, categoria criada por Felipe Massa, também tivemos apenas 9 pilotos no grid da etapa de Interlagos, com igualmente apenas 7 carro recebendo a bandeirada. Somando as duas categorias, as únicas de monopostos hoje no Brasil, temos apenas 18 carros, um número ínfimo. Um grave sinal de que algo precisa ser feito para se recuperar o automobilismo nacional, pois do contrário, em breve, não teremos mais pilotos de monopostos no país. E de lembrar que, 20 anos atrás, o prestígio da F-3 brasileira era tamanho que o vencedor do campeonato já ganhava de bônus a Superlicença da FIA, o que o credenciava a já correr na F-1, se conseguisse contrato com algum time. Enquanto isso, na sua pomposa festa de 50 anos, a CBA apregoa aos 4 ventos que o automobilismo nacional está mais forte do que nunca e blá, blá, blá, na maior conversa para francês ver...afinal, Jean Todt, presidente da FIA, era o convidado de honra da festa desvairada da entidade que representa o automobilismo, ou melhor o que resta do automobilismo neste país...

Etapa brasileira na GT1: Tendo estreado no Brasil no ano passado, com uma etapa disputada no circuito de Interlagos, a categoria GT1 confirmou este mês de agosto o cancelamento da etapa nacional, que será substituída por uma prova em Pequim, que será disputada no circuito de Goldenport, no dia 23 de outubro, data que seria da prova brasileira, que este ano seria disputada no autódromo de Pinhais, em Curitiba. Para 2012, o calendário da categoria ainda está sendo estudado, e não há garantias de que o Brasil volte a integrar o certame.

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