quarta-feira, 10 de agosto de 2011

ARQUIVO PISTA & BOX – SETEMBRO DE 1994 – II

            Continuando com a publicação de minhas antigas colunas, eis aqui a segunda coluna que escrevi no mês de setembro de 1994. O assunto da coluna destacava como o campeonato de F-1 daquele ano havia tido sua emoção e disputa “resgatada” meio que à força, e como Damon Hill aproveitou a oportunidade para embolar a disputa, que ninguém imaginava no início do ano que atingiria tal nível. E vamos ao texto...

DISPUTA QUENTE

Adriano de Avance Moreno

            O campeonato da F-1 vai pegar fogo. Esta é a definição do que vamos ter nas últimas 3 etapas do ano. É verdade que a emoção foi resgatada à força pela FIA, com a punição de Michael Schumacher por 2 corridas, por causa das mancadas e tropeços da Benetton, que custou ao alemão 4 corridas perdidas (as 2 de suspensão, e 2 de desclassificação), mas enfim teremos uma forte disputa. Apesar disso, o ano ainda não se recuperou do forte baque dos acontecimentos de Ímola.
            Damon Hill conseguiu tudo o que queria, reduziu a vantagem de Schumacher para apenas 1 ponto, e agora tem a grande chance de ser campeão, mas chegou a hora de o inglês mostrar que merece o título. O piloto alemão tem muito mais talento que Hill, e vai ser um páreo duríssimo nas provas finais. Não só Hill, mas a própria Williams vai ter de mostrar estar apta para conquistar o título. Por sua parte, a escuderia está preparada para tentar novamente não só vencer o título de pilotos, como também o de construtores, agora que passou à frente da Benetton na classificação do campeonato. Benetton e Williams vão decidir tudo no final da temporada, e as perspectivas indicam que talvez a coisa só fique decidida na Austrália, em Adelaide, a última prova do ano, algo que só aconteceu em 1986, quando Alain Prost, Nélson Piquet e Nigel Mansell chegaram para a prova australiana disputando o título, que acabou ficando com Prost.
            Tanto a Williams quanto a Benetton já estão preparando suas armas e neste ponto o time do velho Frank Williams está em vantagem: enquanto a Benetton só pode confiar no seu excelente carro e no talento de Schumacher, a Williams já conseguiu reverter boa parte de seu atraso técnico no chassi FW16, Hill está mais motivado do que nunca, e para finalizar, terá Nigel Mansell para ser o escudeiro de Hill nas provas finais. Pode até ser que Mansell não esteja em sua melhor forma, mas o “Leão”, sem dúvida, será um companheiro de equipe muito mais eficiente para Hill do que o holandês Jos Verstappen para Schumacher na Benetton.
            Jerez de La Fronteira, palco do GP da Europa, é um circuito travado, que deve favorecer a Benetton, mas se Hill conseguir sair na frente, provavelmente terá a corrida em suas mãos. No mínimo, Schumacher não terá mais aquelas corridas tranqüilas do início do ano, e chega a hora de vermos como o alemão se comportará sob pressão na pista. Já tivemos um exemplo este ano, na Alemanha, onde vimos Michael tentar tudo para passar a Ferrari de Gerhard Berger, o que resultou num motor estourado. Está na hora de Schumacher mostrar que tem cabeça fria, além de braço.
            Quem vem evoluindo bem é a McLaren. Os motores Peugeot parecem ter sua durabilidade confirmada, tanto que o time de Ron Dennis conseguiu subir ao pódio nas últimas 3 corridas, todas as vezes com Mika Hakkinen, que vem se confirmando como novo piloto TOP na F-1. Martin Brundle também tem mostrado resultados, conseguindo pontuar regularmente. Já Rubens Barrichello, da Jordan, vem mostrando também todo o seu talento, conseguindo dois 4° lugares nas últimas corridas. Esta é a melhor temporada da Jordan na F-1, e tem tudo para crescer mais em 95, se for confirmada a utilização do motor Ford Zetec-R. JJ Letho parece estar acabado para a categoria. O finlandês, que sempre surpreendeu nas equipes anteriores que defendeu, não teve sorte com a Benetton este ano. O fortíssimo acidente que sofreu no início do ano parece ter feito Letho perder a garra e parte das condições físicas necessárias para guiar um F-1.
            A Lótus teve uma brilhante atuação em Monza, mas os problemas que afligem uma das mais tradicionais escuderias da F-1 retornaram no Estoril, mas há possibilidades de melhora no fim do túnel escuro que a Lótus atravessa nos últimos anos em relação a 95. Será que a equipe conseguirá se reerguer novamente. Para muitos fãs da história da categoria, tomara!

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