sexta-feira, 5 de agosto de 2011

VETTEL CORRENDO SOLTO

            Depois de um corridaço em Nurburgring, na Alemanha, pouca gente esperava ter a mesma satisfação na Hungria, ainda mais que o travado circuito de Hungaroring nunca foi muito favorável à prestação de boas provas, a não ser as tradicionais “procissões” onde ninguém conseguia ultrapassar ninguém quase. Havia esperanças de que os novos pneus de baixa duração da Pirelli, a asa móvel e o kers pudessem mexer um pouco com a mesmice que o circuito húngaro costuma proporcionar, mas para alegria geral de todos, São Pedro resolveu aparecer no dia da corrida, e mesmo ficando por pouco tempo, foi o suficiente para bagunçar as coisas e nos proporcionar outro espetáculo de competição como há muito não se via na Hungria.
            Quem se deu melhor acabou sendo justamente Jenson Button, que sobreviveu às condições desafiadoras da pista escorregadia e úmida para conseguir vencer o seu 200° Grande Prêmio na F-1, e reafirmar-se na luta pelo vice-campeonato. Mas, apenas a confirmar o que já falei na coluna da semana passada, o resultado da Hungria apenas reforça a dia de que Sebastian Vettel está correndo solto rumo ao seu bicampeonato. Embora não vença já há 4 corridas, o atual campeão mundial está aumentando sua vantagem na classificação, e agora detém nada menos do que 85 pontos para seu mais direto perseguidor na tabela, justamente seu companheiro de equipe Mark Webber. E Button, que reforça sua posição na luta pelo vice-campeonato, está distante de Vettel exatos 100 pontos. E entre Webber e Button ainda temos Fernando Alonso e Lewis Hamilton. E agora, são apenas 8 corridas para fechar o campeonato.
            Nessa conta, se considerarmos Mark Webber, ele precisa tirar praticamente 10,625 pontos por corrida de Vettel. No caso de Button, a matemática é mais complicada: Jenson precisaria descontar 12,5 pontos por prova. Isso também dá uma idéia de como é difícil também para Alonso e Hamilton o desafio de tentar conquistar o título deste ano. A vantagem de Vettel já se tornou tão grande que ele apenas precisa administrar seus resultados para conquistar seu segundo caneco, mas para sua sorte, a não ser que aconteça um desastre, como ele deixar de pontuar por mais de uma corrida seguida, seu trabalho está sendo facilitado por seus próprios concorrentes. Mark Webber, Fernando Alonso, Lewis Hamilton e Jenson Button estão se engalfinhando nas últimas corridas, e embora Button tenha vencido 2 provas, ele é quem mais está atrás na pontuação, tendo abandonado também 2 corridas nestas últimas 4 provas. Nas outras corridas, vitória de Fernando Alonso e Lewis Hamilton, que nas demais corridas, alternaram abandonos com resultados menos vigorosos. Mark Webber, por sua vez, não consegue deslanchar apesar do ótimo carro que tem, e no meio de toda esta briga, Vettel continua somando seus pontos com relativa tranqüilidade. Seu pior resultado foi na Alemanha, onde terminou em 4°, e até o presente momento, seu único erro nas corridas foi justamente no Canadá, quando sucumbiu à pressão de Button e rodou na última volta, perdendo uma vitória que parecia certa, mas ainda assim, terminou em 2° lugar com facilidade.
            Button, Alonso, Webber e Hamilton estão duelando entre si, e com isso, Vettel vai desgarrando cada vez mais na dianteira. Sua vantagem vai subindo pouco, é verdade, mas a cada etapa, vai diminuindo a chance da concorrência se recuperar. Há 2 corridas atrás, ao findar a prova da Inglaterra, a vantagem do alemão da Red Bull era de 80 pontos sobre o mais próximo colocado. Agora, é de 85 pontos. Só que antes, eram 10 corridas ainda pela frente; agora, além da dianteira ter aumentado mais 5 pontos, são 2 corridas a menos para descontar a diferença. E, para piorar a situação, se em 2010 Vettel cometeu diversos erros nas corridas, que quase comprometeram sua disputa do título, este ano, com exceção do Canadá, como relatado acima, ele não cometeu um erro sequer. Continuando neste ritmo, sem se envolver em confusões, e garantindo pontuações satisfatórias com o carro que tem em mãos, o que significa que pode correr pelo pódio em todas as etapas que faltam, ou ainda vencer corridas, é questão de tempo até Vettel encerrar matematicamente a disputa do título.
            Mesmo não sendo dominante, o carro da Red Bull é muito competitivo, e Vettel tem demonstrado aproveitar as oportunidades que estas corridas sem poder vencer tem oferecido. Teria sido 5° colocado em Nurburgring, mas um pit stop desastroso da Ferrari tirou Felipe Massa de sua frente; e em Hungaroring, a rodada de Hamilton em momento crucial da corrida lhe permitiu chegar em 2° lugar. E nada impede que Vettel volte a vencer na atual temporada: os desempenhos de McLaren e Ferrari ficaram bem parelhos ao da Red Bull, o que significa que qualquer um pode vencer as corridas restantes no campeonato. O problema é que os opositores potenciais, além de se digladiarem entre si, tem tido um comportamento de performance mais irregular. Hamilton que o diga: após vencer de maneira categórica na Alemanha, estava repetindo a dose na Hungria, mas uma rodada em um momento crucial da corrida arruinou boa parte de seu esforço, fazendo-o perder posições e ter de recuperar o terreno perdido, acabando em 4° lugar. Alonso, que venceu em Silverstone, também discutiu a vitória na Alemanha, mas foi incapaz de repetir o mesmo desempenho na Hungria, salvando um pódio mais pela sorte do que pela performance. E Button, como já falado acima, venceu duas vezes, mas abandonou outras duas, perdendo importantes chances de pontuar.
            As chances de Vettel encerrar o campeonato antes do tempo ainda são grandes. E agora, com as “férias” de agosto, tudo ficará ainda mais incerto quanto ao restante do campeonato. A Red Bull admitiu que o lance da proibição dos difusores aquecidos tirou seu foco de atenção no mês de julho, mas agora com a normalidade de volta, que ninguém duvide que Adrian Newey já colocar suas idéias em ordem e que a Red Bull possa surgir em Spa de novo na frente da concorrência, voltando a exibir, se não toda, parte da supremacia vista nas primeiras corridas do ano. Mas, mesmo que o equilíbrio de forças visto nas últimas corridas acabe se mantendo, Sebastian só tem que manter a cabeça fria e continuar pontuando como vem fazendo. È até exagerado dizer que o campeonato já acabou, pois tudo ainda pode acontecer. Na hipótese de um abandono de Vettel, tudo pode mudar, e o campeonato pegar fogo de verdade na disputa das etapas que faltam.
            Por isso, apesar de uma certeza quase absoluta – a de que Vettel será bicampeão este ano, tudo o mais são incertezas, com a forte expectativa de que o restante do campeonato pode ser muito mais emocionante do que o que já foi mostrado até agora. Pode até voltar o marasmo do domínio da Red Bull, mas isso não tem nenhuma garantia. E, nesse momento, não ter garantia de nada do que pode vir a acontecer nas 8 corridas restantes é a garantia de que este é o melhor campeonato em muitos anos recentes da Fórmula 1.
            Que venham as férias de verão europeu, portanto...


A Stock Car disputa neste domingo, em Interlagos, a Corrida do Milhão, cujo prêmio ao vencedor será justamente de R$ 1 milhão. E uma das atrações da etapa deste ano será a presença do ex-campeão de F-1 Jacques Villeneuve, que disputará a corrida como convidado especial, pela equipe Mico’s Racing. Além de ter de resolver o que fazer com a chicane que atencede a curva do Café, que foi reformada ao contrário, a participação do piloto canadense é uma bela promoção para a etapa. Mas convenhamos, Mico’s Racing é um nome bem sugestivo para uma escuderia, e muitos já estão apostando que Jacques pode mesmo pagar um tremendo mico na corrida da categoria brasileira...Mas para não dizer que a participação de Villeneuve não será interessante, o filho do lendário Gilles vai pilotar um carro todo vermelho, e levará o número que seu pai imortalizou na Ferrari, o 27. De qualquer maneira, vai ser interessante rever Villeneuve em Interlagos, onde ele venceu em 1997 correndo pela Williams na F-1, no ano em que foi campeão da categoria...

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