sexta-feira, 25 de agosto de 2023

F-1 2023: O QUE AINDA ESPERAR?

Max Verstappen disparando na frente enquanto o resto do pelotão se digladia entre si, sem conseguir ameaçar o bicampeão: roteiro que deve ser mais uma vez a tônica do fim de semana no GP da Holanda.

            A F-1 encerra suas férias de verão e volta à pista hoje, com os primeiros treinos para o Grande Prêmio da Holanda, em Zandvoort, e as expectativas para o restante da temporada não são muito animadoras. O tricampeonato de Max Verstappen e o título de construtores da Red Bull já são favas praticamente sacramentadas, nada podendo mudar esse panorama. E nem se pode culpar o time dos energéticos ou o piloto holandês por isso, já que estão fazendo apenas o seu trabalho. O problema são os adversários, que não conseguem se entender e evoluir com a eficiência necessária para oferecer alguma resistência ao poderio rubrotaurino. Se no ano passado a Ferrari ainda deu esperanças de complicar a situação, este ano está ainda pior, pois até Sergio Perez caminha com alguma folga para ser vice-campeão, apesar do período de baixa em várias provas recentes.

            Fala-se que a F-1 não está oferecendo um campeonato empolgante, mas isso é relativo. O domínio de Verstappen é acachapante? É, menos para os torcedores holandeses, que estão em delírio com a fase massacrante de seu ídolo, da mesma maneira como os brasileiros não viam problema nenhum quando Ayrton Senna pulverizava seus adversários na pista nos anos de domínio da McLaren décadas atrás. Pode-se reclamar da hegemonia recente da Mercedes, mas o time alemão não vinha exercendo seu domínio com a mesma eficiência da Red Bull, o que ainda dava certo alento de competição em alguns momentos, o que não acontece hoje, onde até mesmo os demais times não conseguem providenciar sequer assunto relevante para discussão, aumentando a sensação de tédio geral que se vivencia.

            Estamos tendo sim uma boa disputa, mas ela está restrita ao “melhor do resto”, envolvendo Mercedes, Ferrari, Aston Martin, e agora, a McLaren também entrando na parada, pela forma demonstrada nas últimas corridas. O time de Woking, contudo, tem uma tremenda desvantagem pelo modo péssimo como iniciou o ano, e agora, tem de correr muito atrás do prejuízo, o que deve levar vários GPs para incomodar o restante desse pessoal. A Aston Martin, que começou o ano como provável segunda força, despencou nas últimas corridas, onde suas atualizações não surtiram os efeitos esperados, e de grata surpresa na competição, agora luta para se manter evidente nesta disputa, onde seu maior trunfo é a capacidade de pilotagem de Fernando Alonso, já que Lance Stroll não consegue se manter ao nível do espanhol, como se previa desde o início. A Ferrari parece ter encontrado algum vigor, mas o time ferrarista parece perdido em si mesmo, não conseguindo agregar suas forças para achar uma constante de performance que lhe permita assumir a segunda colocação com muita firmeza. E temos a Mercedes, que já se dignou que só pode lutar pelo vice-campeonato de construtores, e pela 3ª colocação de pilotos, e até que tem se mantido bem, graças aos esforços de sua dupla de pilotos, em que pese não ter conseguido apresentar os progressos esperados com a mudança do conceito do W14 para um projeto mais “convencional”.

A F-1 está chata? Os torcedores holandeses não tem a mesma opinião...

            Por melhores que estes times tenham se apresentado durante o ano, em algum momento, mesmo assim, eles não foram capazes de ameaçar de fato a Red Bull, tendo de se contentar em, no máximo, roubar uma pole-position aqui e ali, o que não diz muita coisa, já que nas corridas, o ritmo superior do modelo RB19 se impõe, e Verstappen tem vencido quase todas as corridas, não importa de qual posição largue. Perez, por sua vez, não fede nem cheira: o time dos energéticos não pode nem criticar tanto o mexicano porque ele não está colocando a posição de Verstappen em risco no campeonato, sendo que Helmut Marko já falou na cara dura que a hierarquia de posições é mais benéfica ao time do que deixar seus pilotos duelarem. O mexicano até começou o ano com muita força, quase igualando o bicampeão holandês na classificação, ou ficando perigosamente perto de disputar o título, até se enrolar sozinho em Mônaco, e perder o rebolado a partir dali, chegando até mesmo a ficar com a vice-liderança em perigo em determinado momento. Se mantiver a forma exibida nas últimas etapas, deve ficar bem mais tranquilo na vice-liderança daqui em diante, enquanto os rivais mais próximos não se entendem. Esta disputa pela posição de segunda força até que poderia servir de redenção parcial das emoções da competição, mas como dizia Ayrton Senna, “o segundo colocado é o primeiro dos derrotados”, então ninguém parece estar dando bola para este duelo, até porque todo mundo promete melhoras, mas nada de efetivo acontece, e mesmo assim, só deram breves sustos, mas nenhum resultado que coloque a posição dominante da Red Bull em efetivo perigo na competição.

            Mas é claro que estamos falando do panorama visto até a prova da Bélgica. De lá para cá, tivemos o período de férias, e nos poucos dias em que as equipes puderam trabalhar, certamente efetuaram estudos de atualizações para trazer a seus carros, e o momento de colocar isso na pista é agora, , para ver os resultados o quanto antes. A questão é se tais atualizações conseguirão promover alguma mudança no atual status quo do campeonato, ou se teremos mais do mesmo. Aston Martin, Mercedes, Ferrari, McLaren, todos estes times demonstraram capacidade de lutar pelas primeiras colocações em algum momento do ano, mas se mostraram igualmente incapazes de demonstrar constância de performances, numa gangorra de desempenho irregular, enquanto a Red Bull corre solta na frente, cada vez mais dominante. Quem será que voltará melhor depois deste período de descanso? Só veremos algumas respostas mais confiáveis neste sábado, quando equipes e pilotos começam a se preparar com mais afinco para a classificação e os acertos de corrida. Mas o panorama geral é de vermos mais um domínio sem oposição da Red Bull, com Verstappen dando tudo de tudo para vencer em casa, e fazer a torcida ficar maluca mais uma vez.

            No segundo pelotão, nem dá para falar muita coisa. A Alpine, pela enésima vez, prometeu muito e entregou pouco, e após a prova belga, fez uma rapa geral na cúpula da equipe, demonstrando uma crise que não vai ajudar em nada a resolver os problemas enfrentados pela escuderia, que a exemplo da McLaren, também começou o ano com uma performance medíocre, mas tinha encontrado certo rumo, e vinha melhorando, até ser atropelada pela rival inglesa, e com um desempenho também irregular, se ver perdida no meio do campeonato, onde terá de se contentar com uma mera 6ª posição no campeonato de construtores, mais pelo fato de que os demais times piores classificados não demonstrarem a mínima capacidade de reação do que pelo mérito do time francês. Pierre Gasly e Esteban Ocón fazem o que podem, mas acabam sendo tragados pela performance inconstante do time, que até poderia engrossar o coro do segundo pelotão, mas não conseguiu chegar lá como se esperava.

Aston Martin, Ferrari e Mercedes: quem vai ficar na frente desta luta pela posição de 2ª força na temporada 2023?

            A Alfa Romeo segue na banguela, sem maiores expectativas até a chegada efetiva da Audi como nova proprietária. A marca italiana que deu nome à antiga Sauber nos últimos anos já comunicou que muda seu aporte para a Haas em 2024, e o time sediado em Hinwill promete melhorias no carro que devem resultar em um ganho de 0s3, a conferir. Por enquanto, o time ganha mais notoriedade pelo que Valtteri Bottas tem feito fora da pista pelo que seus pilotos tem conseguido dentro dela. Pelos lados da Haas, o time conseguiu fazer um carro veloz para classificação, e ruim de corrida, detonando os pneus, o que faz com que eles até larguem bem, mas vão caindo pelas tabelas nas corridas. De positivo mesmo, só a confirmação da manutenção da dupla titular para a próxima temporada, pelo bom desempenho de ambos na equipe, mesmo que os resultados finais ainda deixem a desejar. Especialmente porque seus pilotos atuais não tem se acidentado como os novatos que o time teve recentemente, o que já ajuda e muito em uma escuderia cujas finanças andam na corda bamba, sendo que Guenther Steiner tem se posicionado como um dos principais adversários à entrada de novos times na F-1, por motivos mais do que óbvios: além de não querer perder dinheiro na repartição dos lucros, teme ser superado pelas novas equipes que entrarem, lembrando que se fosse assim, nem a Haas teria conseguido entrar no grid anos atrás.

            A Williams está tendo um ano melhor, mas nada muito empolgante. O time, que já foi um dos maiores vencedores da F-1, ainda luta para sair do fim do grid, mas pelo menos neste ano, mesmo voltar ao meio do pelotão não é um objetivo realista. Alexander Albon tem feito o que pode, mas Logan Sargeant deve terminar o ano como pior piloto do grid, agora que Nyck De Vries foi demitido da Alpha Tauri. Sargeant, em que pese ter sido uma aposta do time inglês em um piloto “da casa” tem sorte de a Williams não ser um time tão indócil quanto é a Red Bull, portanto ainda terá algumas corridas para tentar melhorar, e provar que pode estar no grid em 2024, do contrário, pode ir se preparando para tentar outra categoria para competir.

            E temos a Alpha Tauri, com dois pilotos precisando mostrar o que valem. Yuki Tsunoda quer seguir na F-1, e Daniel Ricciardo busca por uma nova oportunidade da Red Bull provavelmente em 2025, e para isso, tem que se virar com o pior carro do grid. Por enquanto o australiano se deu melhor na Hungria, e ficou no empate na Bélgica, em uma disputa complicada tanto para ele quanto para o piloto japonês. O australiano quer voltar a estar em evidência, mas depois do que demonstrou na McLaren, terá de provar que ainda merece tal status, portanto, a sorte está lançada.

Depois de um início de ano catastrófico, a McLaren acertou o rumo e se intrometeu na briga pelo posto de 2ª força do grid, mas ainda tem muito atraso na pontuação para tirar.

           
Bom, qualquer coisa na prova holandesa que não for uma vitória de Verstappen poderá ser uma grande surpresa. O circuito é complicado, e de difícil ultrapassagem, e se o holandês largar na frente, acabou-se a corrida, ou até mesmo se largar de trás, diante da forma e do carro que tem na temporada atual. Fica a dúvida de quem irá completar o pódio, se Perez fazer o seu trabalho, e terminar em 2º, uma obrigação para o carro que tem, e se o time o apoiar devidamente. Gostaria de estar mais animado, mas enfim, é o que temos para o momento. Creio que melhores emoções, somente em 2024, e isso se os demais times conseguirem acertar em seus projetos. Com a dominância atual, mesmo as restrições impostas pela FIA pelo time da Red Bull ter excedido o limite do teto de gastos em 2021 pouca eficácia terá. O time dos energéticos pode até já parar de evoluir o modelo atual, porque os títulos já estão quase encaminhados. Resta saber quando a fatura será fechada em definitivo. E aí pensemos em quem vai terminar em 3º no ano, porque é o que sobrará para nos contentarmos. Não dá para esperar nada mais de 2023, infelizmente...

 

 

Felipe Massa entrou com processo contra a FIA e a FOM pela perda do título de 2008, alegando a manipulação do resultado da etapa de Singapura daquele ano. A empreitada do piloto brasileiro se baseia em uma declaração de Bernie Ecclestone de que o cartola, e por tabela, a FIA, já saiam da maracutaia perpetrada pela Renault ao fazer Nelsinho Piquet bater de propósito para forçar a entrada do Safety Car, e assim, dar chance de Fernando Alonso vencer a corrida, o que acabou acontecendo. Segundo o ex-manda-chuva da F-1, nada foi feito na época para evitar escândalos e prejuízos à imagem do campeonato da categoria máxima do automobilismo mundial. A denúncia da tramóia só viria a público no ano seguinte, quando Nélson Piquet, pai de Nelsinho, denunciou o esquema após a Renault despedir seu filho, o que motivou punições a Flavio Briatore e Pat Simmonds, além de uma forte multa ao time francês. Massa quer compensação financeira alegando que a manipulação daquela corrida o fez perder o título da temporada para Lewis Hamilton, que superou o brasileiro por 1 ponto no campeonato. Não deve dar em nada, e muito menos possível ter uma alteração no resultado da prova e do campeonato, que não foi perdido pelo brasileiro naquela corrida especificamente, mas em toda a temporada. É uma luta solitária de Felipe, onde até seu ex-time, a Ferrari, praticamente não se manifesta a favor da pretensão do brasileiro. Torcedores dividem-se nas opiniões, com alguns apoiando a atitude de Massa, e outros condenando, como se algo pudesse ser feito 15 anos depois do ocorrido, e lembrando que Felipe acabou derrubado na corrida por seu próprio time, que no pit stop em bandeira amarela, o liberou antes da hora, e Massa voltou para a pista com a mangueira de reabastecimento ainda presa ao carro, o que o fez perder muito mais tempo, arruinando sua performance na corrida. Conforme já dissertei em outra ocasião, nada há a fazer a respeito, até porque a alteração mais justa neste caso seria desclassificar o time favorecido na ocasião, a Renault, fosse da prova de Marina Bay, ou de todo o campeonato, o que não mudaria a classificação final, com Hamilton ainda sendo o campeão da temporada de 2008, e Massa, o vice. Anular o resultado da corrida prejudicaria os demais times participantes, que correram conforme as circunstâncias, e teriam todos os motivos para manter os resultados alcançados no GP, e que por tabela teriam o direito de se contrapor a este tipo de decisão, que só beneficiaria o brasileiro, alçando-o ao título da temporada. Dividir o título com Hamilton também não seria correto, uma vez que o piloto inglês e seu time na época, a McLaren, nada tiveram a ver com a história. Mas, como o mote hoje em dia é malhar Hamilton, há quem afirme que ele deveria ter o título cassado e entregue a Felipe até, no mais ridículo dos argumentos, alegando que ele foi beneficiado pela lorota de Singapura, uma corrida onde ele não foi o vencedor, apenas o 3º colocado. O pessoal parece perder a noção das coisas ultimamente, afirmando fatos que estão longe da realidade, ou colocando argumentos sem lógica, quando se trata de criticar o heptacampeão. Os “fãs” de automobilismo já souberam fazer críticas de maneira mais construtiva e objetiva, e não apenas fazer execração pública de alguém...

 

 

A Indycar entra na reta final da temporada 2023, e neste domingo terá a prova de Gateway, último circuito oval do campeonato, com largada programada para as 16:30 Hrs. deste domingo, com transmissão ao vivo pela TV Cultura e ESPN4, além do Star+. Álex Palou vem firme para tentar conquistar o bicampeonato, que poderá ser finalizado já no domingo, contanto que ele abra vantagem de mais de 108 pontos para o vice-líder, já que a pontuação máxima por corrida é de 54 pontos, sendo 50 pela vitória, 1 pela pole-position, 1 por liderar uma volta, e 2 por liderar o maior número de voltas. Scott Dixon é o atual vice-líder da competição, 101 pontos atrás do espanhol, enquanto Josef Newgarden ocupa a 3ª colocação, com 105 pontos de desvantagem. Será que Palou encerra a fatura domingo, ou a decisão vai para Portland? Dificilmente deve ir para Laguna Seca, prova final da temporada.

 

 

Simon Pagenaud segue fora da prova de Gateway, e a Meyer Shank continua com Linus Lundqvist como substituto do piloto francês, que parece não encerrar a temporada deste ano competindo, depois do forte acidente sofrido em Mid-Ohio. Quem também mudou seus pilotos foi a Rahal/Letterman/Lanigan, que dispensou Jack Harvey do time, e em Gateway contará com Conor Daly no carro que pertencia ao inglês.

Nenhum comentário: