sexta-feira, 28 de abril de 2023

MUDANÇAS NA SPRINT

A pista de Baku, no Azerbaijão, receberá a primeira corrida Sprint da temporada 20123, e agora com novas regras para o fim de semana de GP.

            Desde que foram implantadas na temporada 2021, como uma forma de sair do formato tradicional dos fins de semana de GP, e tentarem proporcionar mais disputa e emoção ao fim de semana de competição, até o presente momento as corridas Sprint não mostraram a que vieram, com a única exceção do Grande Prêmio do Brasil, onde foi realizada nos últimos dois campeonatos, sendo que nas outras provas onde o formato foi utilizado não resultou em melhor competição e espetáculo no fim de semana.

            Por isso mesmo, o formato, que será utilizado em seis etapas na temporada deste ano, terá novidades a partir deste fim de semana em Baku, primeira corrida onde será utilizado na temporada 2023. Se até o ano passado havia uma classificação “primária”, que definia a ordem de largada para a corrida curta de sábado, e esta, definia por sua vez a ordem de largada da corrida principal, no domingo, a partir de agora, as provas Sprint passarão a ser praticamente uma disputa à parte no fim de semana de GP.

            No novo esquema, que passa a valer já a partir de hoje, teremos na sexta-feira o primeiro treino livre, e mais tarde, já o treino de classificação, com os tradicionais Q1, Q2, e Q3, que irá definir o grid da prova de domingo. Sim, domingo! E amanhã, sábado, teremos apenas uma classificação “compacta”, de apenas meia hora de duração, que irá definir o grid unicamente da prova Sprint de sábado. Este novo treino seguirá o mesmo formato do treino costumeiro de classificação, dividido em Q1, Q2, e Q3, mas com tempo de duração reduzido em 1/3. E com uma regra adicional: no Q1 e Q2, todos irão à pista com compostos médios, e no Q3, todo mundo irá de macios. De resto, tudo continua igual: a prova Sprint terá duração de um terço do GP de domingo, com os oito primeiros colocados pontuando, mas o seu resultado não mais definirá o grid da corrida principal. E sem treino livre no sábado.

            Com a medida, a F-1 pretende dar maior impulso às disputas da Sprint, sendo que uma das críticas que estas provas vinham recebendo era de que não estavam surtindo efeito em promover maior disputa e emoção ao fim de semana de GP. Os pilotos, receosos de algo dar errado, não estariam entrando fundo nas disputas destas provas de sábado, pelo temor de comprometer a corrida de domingo, o que poderia se dar na forma de uma posição de largada pior, ou de danificar o carro. A nova regra faz com o resultado da Sprint não mais influencie na prova de domingo, o que deve aliviar os pilotos para competirem mais a fundo, sem medo de que um incidente ou azar acabe por comprometer a corrida de domingo. Teoricamente, isso ajuda os pilotos a se soltarem mais.

            Mas não é bem assim, e alguns acontecimentos das provas Sprint vão sim impactar na corrida do domingo. As regras do regulamento foram revisadas com as novas normas das corridas Sprint, e entre as novidades, se o piloto cometer alguma infração passível de punição para cumprir na próxima corrida, este castigo já será aplicado na corrida de domingo mesmo. Assim, por exemplo, um toque no carro de outro piloto, que resulte em 5s de punição na Sprint, ou perda de posições no grid, de acordo com a avaliação dos comissários, será pago no primeiro pit stop da corrida de domingo, ou no grid de largada.

            Outra coisa que inibe um pouco os pilotos também é o risco de sofrer um acidente, seja lá por qual motivo for, e comprometer o carro, lembrando que se houver uma batida, os mecânicos terão que recuperar o bólido, e dependendo de como for o acidente, mesmo recuperado, o carro poderá ter sua performance e confiabilidade comprometida. Se o piloto já estiver fora da zona de pontuação da Sprint, ele certamente vai se arriscar menos para garantir que seu carro esteja íntegro para o dia seguinte, caso avalie que tentar disputar posições mais à frente não seja viável. E também não podemos esquecer de outro problema, que é o desgaste dos carros e seus diversos componentes, um assunto sempre lembrado pelos times quando precisam rodar mais do que o necessário no fim de semana. Não é porque os resultados da prova Sprint passam a não influenciar a corrida de domingo que os bólidos sofrerão menos desgaste. Se a situação valer a pena, quem estiver disputando boas posições na corrida curta pode até submeter seu carro a um maior desgaste, dependendo das circunstâncias.

            Na prática, poderia se dizer que, com o novo sistema, os carros andam menos no sábado, já que não teremos o treino livre, e a classificação para a Sprint é de menos tempo, de modo que os pilotos só poderão dar uma ou duas voltas lançadas buscando sua posição para a corrida curta, já que o regulamento também obriga a cada parte do novo treino o uso de um composto novo. Mas, o alívio não é tanto assim como apregoam. Em um treino livre, os pilotos não ficam na pista o tempo todo, saindo para dar algumas voltas, voltando aos boxes para checagem dos dados e ajustes no set up, e voltando à pista. E a corrida Sprint é a pé embaixo, sem paradas no box, e sem tempo para se implantar uma “estratégia” de corrida, pelo seu tempo curto.

            Uma coisa que não muda é o regime de parque fechado. Após o fim do treino de classificação na sexta-feira, os carros não poderão mais ter seu set up alterado, devendo cumprir o treino de classificação compacto da prova Sprint, bem como a corrida curta, com o mesmo ajuste, que continua mantido para a prova de domingo. Se for feita alguma alteração nos bólidos, estes perdem seu lugar no grid, tendo de largar do fundo do pelotão, tanto na prova Sprint, como também na corrida de domingo.

O GP do Brasil foi a única prova onde as corridas Sprint ofereceram maior emoção ao público presente.

            Então, vamos aos fatos: os times terão apenas um treino livre hoje, para acertarem seus carros para todo o fim de semana, sejam as qualificações, sejam as corridas, do sábado e do domingo. Todo mundo terá que usar o treino livre ao máximo para tentar ajustar o carro, e achar a configuração já para a classificação, que vai ser realizada hoje mesmo. Esse ajuste dos carros vai ter de ser aceitável para o ritmo pé embaixo da prova Sprint, e também para a corrida do domingo, onde estratégia e performance ditam o desempenho dos pilotos. Vai ser um belo tiro no escuro para alguns, e os acertos precisarão ser, redundamente falando, “certeiros”. Quem não conseguir encontrar um bom ajuste poderá ter todo o fim de semana comprometido. E isso apenas no trabalho normal. E se algum carro encrencar durante o treino livre, ou haver algum acidente? Ferrou geral se isso acontecer.

            Em teoria, isso pode embaralhar os trabalhos, e quem sabe, alavancar as disputas e promover mais emoção nas corridas, caso os times favoritos acabem errando seus ajustes, enquanto outros, com mais sorte e competência, podem se sobressair. Já tivemos uma corrida com apenas um treino livre, em Ímola, em 2020, numa experiência feita para ver como se saia um fim de semana de GP, mas o que vimos não fugiu muito do script de um final de semana convencional. A nova proposta para as etapas com provas Sprint praticamente repete esse esquema, como se tivéssemos de fato apenas dois dias para o GP, sexta e domingo, com a prova Sprint ficando totalmente à parte ocupando o sábado. Pode funcionar? Teoricamente, sim. Na prática, só vendo mesmo. Mas tem um detalhe que pode complicar a situação, para melhor, ou para pior, que é o palco escolhido para o novo sistema da prova Sprint, que é a pista de Baku, um circuito de rua, tradicionalmente um lugar com muito mais potencial para termos acidentes do que um circuito convencional. Erros de pilotos ou azares são penalizados com muito mais rigor pelos muros próximos à pista, e com zonas de escape em menor número do que em um autódromo. Se o pior ocorrer, isso pode comprometer completamente os resultados, de modo que não dará para avaliar, pelo menos neste primeiro final de semana, se as alterações foram positivas ou não. Ou pode tudo virar pelo avesso, e as confusões deixarem tudo ainda mais imprevisível do que poderia ficar.

            A MotoGP, que resolveu implantar provas Sprint em todas as etapas da temporada, já mostrou que se a aposta é válida quando as coisas dão certo, pode virar uma furada quando dá errado. Vimos vários pilotos se machucando em algumas disputas, e desfalcando seus times nas provas de domingo, e até seguintes. OK, moto é uma coisa, e carros são outra, mas toda corrida é um risco a mais, e não vai ser uma mudança como as feitas que de um momento para o outro a idéia das Sprints vire um fenômeno, por mais que os pilotos tenham achado a idéia mais plausível em relação ao que vinha sendo feito até aqui. A F-1 parece querer promover a emoção a qualquer custo, e isso pode levar a equívocos claros, mesmo tudo sendo amplamente discutido entre todo mundo. E a FIA, convenhamos, anda muito em baixa recentemente, pelos atropelos cometidos, numa atitude mais do que duvidosa para tentar chacoalhar a situação. Sempre vai haver momentos chatos nas corridas, e fins de semana sonolentos. Não dá para ter show e espetáculos de tirar o queixo em todas as corridas. Não é que não se deva experimentar coisas novas, mas como fazê-las sem parecer algo destrambelhado, e completamente inconveniente. Tornar tudo muito mais agitado, e imprevisível, também tem seu limite.

Por ser uma pista de rua, Baku não perdoa erros, como Charles LeClerc (Ferrari) sentiu em 2019, o que pode se complicar com menos tempo para se acertar o carro ou menos chances na classificação.

            Outra mudança importante, porém, ainda que insuficiente, foi o acordo de ampliação do número de unidades de potência que cada piloto poderá dispor durante a temporada. Das miseráveis 3 unidades, os pilotos agora poderão ter 4 unidades durante o ano, sem sofrer punições. Continua sendo um número ridicularmente baixo, para a extensão do campeonato, de mais de 20 corridas, o que obriga cada unidade a ter de durar um mínimo de 5 provas, mas é um avanço, ainda que tímido, da FIA em usar o bom senso, o que parece andar em falta na entidade nos últimos tempos, dado o número de atitudes imbecis que que vem tomando. Mesmo assim, esse aumento foi tomado mais como uma compensação pelo aumento das provas Sprint no ano, que passaram a ser seis, contra as três ocasiões anteriores. Se levarmos em conta que cada prova Sprint tem a duração de um terço de um GP normal, isso significa que seis corridas curtas equivalem a dois GPs “normais”, a mais para serem disputados no ano, então, esse aumento não dá em praticamente nada, proporcionalmente falando. Um número mais conveniente a ser adotado deveria ser de 5 unidades, o que também nem é tanto assim, lembrando novamente que em 2013, no último ano dos propulsores aspirados, o limite era de 8 propulsores por piloto, e olha que já era uma tecnologia mais do que testada e comprovada. Hoje, com a complexidade que envolve os atuais propulsores da F-1, mesmo essa nova quantia de unidades disponíveis para cada piloto continua sendo ridicularmente baixa, de modo que até o fim do ano, todo mundo terá de pagar punição por uso de unidades excedentes, o que deveria ser uma exceção, mas tem virado regra nos últimos anos. Se equipes, pilotos e fabricantes continuarem com a pressão, quem sabe a FIA tome algum jeito, e amplie o número para o próximo campeonato. Mal não iria fazer...

            Vamos ver como as coisas vão se desenrolar... Boa sorte a quem precisar...

 

 

Enquanto a Ferrari chegou a Baku sem atualizações para seu carro, o que todos aguardam é a repaginação do bólido da Mercedes, que depois do desempenho abaixo das expectativas já na primeira prova, resolveu abandonar o conceito geral do carro, e tentar uma mudança significativa para buscar recuperar a performance de antigamente. É consenso que o modelo da Ferrari tem mais potencial do que foi demonstrado até aqui, restando mais à escuderia saber trabalhar melhor com seu carro, enquanto o bólido do time alemão pareceu incorrer nos mesmos erros verificados no ano passado. Com ambos os times se vendo superados por uma surpreendente Aston Martin, eles trataram de se mexer, cada um à sua maneira, para tentar reagir no campeonato, que já é visto como novamente perdido e nas mãos da Red Bull mais uma vez. Quem vai conseguir mostrar serviço primeiro nesta tentativa de reação no campeonato?

 

 

Surgiu uma fofoca de que a Liberty Media poderia “comprar” a Indycar, e transformar a categoria de monopostos dos Estados Unidos em show “acessório” e categoria de acesso para a F-1. Claro que a Indycar mais do que rápido negou qualquer veracidade da informação, mas tal acontecimento seria tremendamente improvável. Falando em tom de brincadeira, em postagens nos forúns e redes sociais sobre o assunto, respondi que seria mais fácil Roger Penske “comprar” a Liberty Media, e ficar com a F-1 de brinde no negócio. E aí, como ficariam as coisas? Seria bem engraçado...

 

 

A MotoGP chega à Europa para a disputa do GP da Espanha, no tradicional circuito de Jerez de La Frontera, na região da Andaluzia. A prova contará com maus uma ausência, mas também com um retorno. Enea Bastianini passou pela verificação dos médicos, e foi considerado apto para retornar à competição, de onde estava afastado após se acidentar na etapa inicial da temporada, em Portimão, Portugal, voltando a ocupar seu lugar no time de fábrica da Ducati. Já Marc Márquez, que havia fraturado ossos de uma das mãos após se acidentar no mesmo final de semana, ainda não irá retornar neste final de semana, com seus médicos, e o próprio piloto, preferindo manter a prudência, dando mais tempo para uma recuperação completa. Assim, seu retorno agora deve ocorrer apenas na próxima corrida, no GP da França, em Le Mans, próxima etapa da competição, daqui a duas semanas. Para o lugar da “Formiga Atômica”, a Honda escalou Iker Lecuona. O time da Honda ainda terá Stefan Bradl competindo como wild card neste final de semana, ao lado do titular Joan Mir. Quem ainda não tem previsão de retorno é Pol Spargaró, que se acidentou forte em Portimão, fraturando a mandíbula, que passou por cirurgia recente, entre outros ferimentos, e continuará desfalcando o time da Tech3, sendo substituído por Jonas Folger. A corrida Sprint, e a prova de domingo, terão transmissão ao vivo do canal pago ESPN 4, bem como do sistema de transmissão Star+, a partir das 10:00 Hrs., pelo horário de Brasília.

 

 

A Indycar disputa neste final de semana sua primeira corrida em circuito misto na temporada 2023. É o GP do Alabama, no circuito de Barber. A prova terá largada a partir das 16:00 Hrs. deste domingo, com transmissão ao vivo pela TV Cultura, e pelo canal pago ESPN 3, além do sistema de transmissão Star+. Na TV Cultura, Gefferson Kern segue na narração, mas como Bia Figueiredo tem corrida no domingo, o posto de comentarista será exercido por Fabio Seixas na transmissão deste final de semana.

A bela pista de Barber, no Alabama, recebe a primeira corrida da Indycar 2023 em circuito misto.

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